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Uma Conversa Sobre Desafios

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Muitas pessoas me perguntam o que eu faço.

Para alguns, respondo que sou vendedor (uma simplificação extrema)…

Para outros, digo que sou consultor e pergunto: sabe aquela história que, se conselho fosse bom, se vendia? Pois bem. (*)

Em 26 anos de profissão, considero a seleção profissional que fiz, para estar onde estou hoje, a mais desafiante.

Não no sentido de fazer testes, provas, conhecimento em si ou questões técnicas pontuais, mas no envolvimento das pessoas. No meu envolvimento e no de todos os profissionais que me entrevistaram e participaram do processo.

Fiz várias entrevistas por telefone, incluindo com altos gestores e, o que me chamou mais atenção, foi o cunho pessoal das interações. O interesse não era apenas debater minhas qualificações, mas descobrir quem eu era no fundo (usando intencionalmente o verbo no passado porque, claramente, sou uma pessoa diferente hoje).

Durante o processo, a pessoa que viria a ser o meu atual Gestor, falou inúmeras vezes que uma coisa, das mais importantes na seleção, é a contratação de pessoas do bem. Isso me deixou um pouco confuso: na época, perguntava-me qual seria o critério de avaliação em si, para algo tão subjetivo.

A questão também me deixou surpreso e curioso: nunca tinha ouvido algo remotamente parecido desde os 16 anos, quando entrei no meu primeiro estágio.

Hoje eu entendo.

Eu tive uma formação técnica e migrei da área de implantação para a pré-venda em 2006. Aos poucos, fui virando a chave para a área comercial, sempre ligado à empresas de tecnologia direta ou indiretamente, como IBM, Cisco, Symantec, Microsoft, Oracle e HP/HPE (tendo, inclusive, trabalhado nessas duas últimas grande escolas).

Apesar da bagagem e da experiência adquiridas, pouca coisa me preparou para essa jornada. Passei quase a minha vida profissional inteira implementando, desenhando, arquitetando e vendendo soluções de tecnologia, incluindo hardware, software e serviços, mas não tinha vivido a experiência de me envolver com pura propriedade intelectual, pura inteligência e aconselhamento em um nível estratégico, apoiando processos de tomada de decisão que certamente tem impacto na vida de muitas pessoas.

Sem dúvida, conhecer de tecnologia facilitou a caminhada. Entretanto, vender uma ideia tem muito mais a ver com confiança, rapport, empatia e desenvolvimento profissional, pessoal e humano, do que com algo tangível, como um servidor ou software de computador. Não é minha intenção desmerecer uma coisa em favor da outra, apenas evidenciar que são situações totalmente distintas. O valor que nós entregamos é percebido ao longo dos meses, quando as decisões e mudanças estratégicas começam a surtir efeito e resultados práticos.

Último dia de treinamento na Academia da empresa em Fort Myers, FL
Último dia de treinamento na Academia da empresa em Fort Myers, FL

Os primeiros dois meses foram em treinamentos fora do País. Durante todo o período, aquela afirmação do meu atual Gestor não saía da minha cabeça. Na Academia, aprendemos tantas coisas… mas o mais interessante foi começar a perceber que ela tem mérito e não é nada subjetiva.

Comecei a perceber os perfis de cada um. Totalmente heterogêneos: tínhamos na sala de vendedores de tecnologia a da indústria farmacêutica, seguros, carros e até de loja de departamentos.

Tentem adivinhar o que talvez todos tenham em comum?

Pois é.

Let's go on an adventure!
Let’s go on an adventure!

Desde 2010 que atuo em home-office. Trata-se de uma experiência muito interessante e que tem suas peculiaridades e particularidades. Uma delas é a distância natural do escritório e do networking interno. Sua interação com pares se dá em eventos da empresa ou de forma mais objetiva por email e telefone.

Confesso que é um trabalho, muitas vezes, solitário.

Entretanto, converso até hoje com as pessoas com quem fiz a Academia. Trocamos ideias e sugestões de atuação. Realmente nos preocupamos uns com os outros, torcemos pela vitória e comemoramos cada uma delas. Sim, o trabalho é desafiante. Talvez o mais desafiante de todos, mas as pessoas se ajudam e se apoiam.

São pessoas do bem.

Luta do Bem contra o Mal! Oportunidade única que tive de enfrentar Darth Vader no Symposium Gartner de 2017
Oportunidade única que tive de enfrentar Darth Vader no Gartner Symposium 2017

Nos últimos dois anos, tenho aprendido bastante sobre desenvolvimento humano e pessoal, PNL e coaching. De fato, isso vem me permitindo enxergar a realidade de uma forma completamente diferente.

Em paralelo, algo começou a me chamar cada vez mais a atenção: o caráter de desenvolvimento pessoal e profissional presente no desempenhar do meu próprio trabalho.

Imagine trabalhar em uma empresa onde o seu Gestor é treinado em liderança e, ao mesmo tempo, seu mentor. Um lugar onde ele não só cobra o atingimento de metas mas se preocupa com o seu desenvolvimento profissional e pessoal. É importante mencionar que experts em liderança e inteligência emocional da atualidade, como Simon Sinek e Daniel Goleman, pregam que o foco deve ser nas pessoas e liderar significa cuidar delas e não dos números. Entretanto, ainda é raro ver esse comportamento na prática e me sinto privilegiado por ter isso hoje.

Isso me lembra uma pesquisa que li e tantos outros artigos sobre o motivo pelo qual as pessoas deixam seus empregos e a razão número um é a relação com seus chefes e gestores. De fato, esse é uma tese que vem sendo cada vez mais comprovada.

Dezesseis anos atrás, eu aprendi que a única forma de evoluir como ser é sair da zona de conforto. Eu não tinha ferramentas na época e nem até pouco tempo atrás. O que eu sabia era me jogar nos desafios. Comecei a desenvolver um comportamento de procurar por eles e a me entregar, por mais doloroso que fosse. Não foi diferente quando decidi mudar de emprego no início do ano passado.

Eu tinha um emprego excelente. Trabalhava com pessoas fantásticas e considero a empresa em si iluminada e de gente do bem. Sinto saudades e respeito cada uma das pessoas que trabalham lá. Mas quando a oportunidade de fazer algo diferente apareceu diante de mim, eu reconheci como “a grande oportunidade” de desenvolver um lado meu que se encontrava adormecido.

Meu foco era totalmente profissional mas… Nossa, como eu acertei, inclusive em patamares desconhecidos.

Recordo-me de uma máxima que diz que as empresas são feitas de pessoas. Eu já tive experiências traumáticas no passado e nunca essa frase fez tanto sentido.

Reclamamos muito quando encontramos um ambiente de trabalho incompatível com o nosso “eu” e afirmamos coisas como “essa empresa é complicada“, “essa empresa não é honesta” ou “não sou compatível com as práticas daqui” e coisas do gênero e levamos tanto tempo para perceber que essa característica é, provavelmente, herdada da maioria das pessoas que trabalham nela e, você, pode ser uma exceção (ou não).

Eu e minha esposa no Gartner Winners Circle 2016: Evento para os melhores desempenhos em vendas
Eu e minha esposa no Gartner Winners Circle: Evento para os melhores desempenhos em vendas

Isso também é verdade ao contrário: quando a maioria das pessoas que trabalham em um lugar são do bem, a empresa herdará essa característica.

Você pode estar se perguntando porque resolvi contar uma história tão longa para falar de zona de conforto e desafios. Talvez seja minha forma de agradecer ao universo por me guiar numa decisão tão importante e acertada. Talvez seja a minha forma, mais longa, de dizer para você a mesma coisa que Steve Jobs falou, pouco antes de morrer:

“Seu trabalho preencherá uma grande parte da sua vida, e o único caminho para ser verdadeiramente satisfeito é fazer aquilo que você acredita ser um bom trabalho. E a única forma de fazer bons trabalhos é amar o que você faz. Se você ainda não achou, continue procurando. Não se acomode. Assim como com todos os assuntos relacionados ao coração, você saberá quando achar.”
Steve Jobs

Portanto meu caro leitor, se você trabalha odiando as segundas-feiras e comemorando as sextas… Talvez seja a hora de avaliar essa questão. Talvez seja a hora de reconhecer quais os reais motivos que fazem você ser infeliz ou, quem sabe, dificultam tanto essa sua jornada em busca da sua felicidade.

Companheiros de batalha no último Gartner Symposium (2017)
Companheiros de batalha no último Gartner Symposium (2017)

Não estou aqui pregando que o seu trabalho deva, necessariamente, ser a sua fonte de felicidade (abordei o tema notadamente no meu texto anterior sobre o Natal)… mas se você não encontrou o seu porquê, reavalie e, se me permite deixar uma lição dessa história: alçar vôos em rumo ao novo pode ser justamente o desafio que você precisa para entrar na zona de esforço, crescer e ser feliz.

Se você se encontra hoje em uma empresa onde não se sente bem… Já parou para avaliar o que faz você continuar nela? Se você não está satisfeito com o que a empresa lhe proporciona mas, ao mesmo tempo, você está em sua zona de conforto… Será que você não tem mais em comum com a empresa do que gostaria?

Para finalizar, deixo vocês com um dos TEDs mais vistos de todos os tempos: Simon Sinek, falando sobre como líderes inspiram a ação (e de quebra, explicando a importância de encontrarmos o nosso porquê). Coincidência (ou não), vi o vídeo pela primeira vez na Academia.

 

Quer saber mais?

 

 


(*) É um desafio explicar de forma simples, quando o que você entrega é, muitas vezes, estratégico e, de certa forma, intangível.

O Gartner surgiu na década de 70 como uma empresa que ajudava fundos de investimento a avaliar onde colocar seus recursos no recém universo das startups de tecnologia do vale do silício. A partir daí, evoluiu para uma consultoria na área de tecnologia e não parou mais de crescer. Hoje, atua em mais de 90 países oferecendo pesquisas e aconselhamento que ditam o rumo do setor, com uma visão de futuro de 20 anos, sendo não só a maior, como a empresa mais respeitada do mercado onde atua. Com o apoio do nosso aconselhamento, o C-level toma decisões todos os dias que influenciam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

4 comentários

  1. Adoro essa Ted do Simon! <3 Tenho-a guardada nos meus links favoritos. E deu bem para perceber a sua presença no texto. "People don´t buy what you do, they bue why you do it!", surgiu-me na mente assim que li: "Entretanto, vender uma ideia tem muito mais a ver com confiança, rapport, empatia e desenvolvimento profissional, pessoal e humano…"

    Continuação de boas experiências, escritas e de um bom ano! 🙂

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