Coaching Motivação Vida em Geral

Em Busca de Propósito

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Porquê. Isso mesmo, por quê?

Me refiro ao porquê por trás do que pensamos, sentimos e fazemos. Propósito, essa palavra tão festejada nos últimos cinco a dez anos, como consequência da explosão das oportunidades de autoconhecimento. E não é pra menos, pois conhecer nossos valores e nosso propósito tem o poder de dar sentido à vida (não é à toa que esse tem sido o foco, a base e o início de qualquer processo de coaching).

“Um nobre propósito inspira sacrifício, estimula a inovação e encoraja a perseverança.”
Gary Hamel

Entretanto, trata-se de um tema bastante controverso e não há um consenso geral entre autores sobre como achá-lo. Prefiro pensar que existem diversas estradas que levam ao mesmo destino e que os múltiplos conceitos são complementares. Essa é, particularmente, a minha abordagem.

Comecemos pelo começo.

Nosso propósito está intimamente ligado aos nossos valores. Sugiro que, antes de seguir adiante, dê uma olhada nesse texto. Lá, eu explico a importância de conhecê-los e ajudo você nessa descoberta.

Vejamos agora alguns pontos que considero conceitos, premissas e informações importantes para essa jornada.

Primeiro, você pode chegar à conclusão de que tem mais de um propósito ou porquê.

Em segundo lugar, como tudo na vida, ele pode mudar.

“Qualquer ideia, plano ou propósito pode ser colocado na mente através da repetição do pensamento.”
Napoleon Hill

Terceiro, pergunte-se: estou deixando a vida me levar, como um barco na correnteza ou tenho planejado a minha existência? Isso nos leva ao ponto seguinte.

Em quarto lugar, é bem provável  que você tenha diversos bloqueios que não lhe permitem enxergar dentro de si fundo suficiente para encontrar o seu porquê.

E está tudo bem!

Somos levados pela sociedade, pelos grupos (sistemas) aos quais pertencemos, pela doutrina, trabalho, religião, casamento, família, escola, faculdade… A casar com um esterótipo de homem ou mulher, de ter um trabalho específico (normalmente atendendo à vontade da família), ter um carro do ano, gostar das músicas que pessoas perto de nós gostam, comprar roupas de alguma marca, assistir ao que nossos amigos assistem, a ler o que nossos amigos leem, comer uma dieta específica… E por aí vai.

Isso acontece porque o ser humano tem uma razão antropológica, com milhões de anos de evolução por trás, de se organizar em grupos. Isso ocorreu no nosso passado em benefício de nossa sobrevivência, continua ocorrendo e é, através de características assim, que identificamos os grupos aos quais pertencemos.

“Quando você está cercado por pessoas que compartilham um compromisso apaixonado em torno de um propósito comum, tudo é possível.”
Howard Shultz

Se esses pontos nos fazem agir de forma específica, terminam influenciando quem somos. Pense em tudo isso como um ruído de fundo que, quando está alto demais, deixamos de escutar a nossa voz interior, aquela voz que sai do nosso verdadeiro eu.

Por último, entenda que não conhecer o seu propósito não é desculpa para desistir de tudo, travar ou procrastinar. Falarei mais sobre isso no próximo texto… Mas a ideia aqui é: continue respirando! Você chegou até aqui e sobreviveu. Muita coisa acertada você fez. Parabéns! Chegou a hora de dar mais um passo, de subir de nível.

Prontos para começar?

Vamos lá!

A primeira coisa que você precisa fazer é sair desse modo automático de comportamento. Quando estamos no meio do furacão, soterrados de responsabilidades, trabalho, família e tantas outras coisas, dificilmente olhamos para dentro de nós mesmos. Trazer a questão à tona, ao consciente, por si só já é, muitas vezes, metade do caminho.

Você precisa encontrar um tempo para você, um tempo para esvaziar a mente e escutar o seu eu. Falei disso recentemente, no texto da semana passada.

Recomendo fortemente que você comece a meditar. A meditação ajuda (e muito!) a acalmar esses pensamentos relacionados ao nosso dia-a-dia que parecem não ter fim e, em alguns casos, são a causa da insônia de muita gente.

“Meditação traz sabedoria; falta de meditação deixa a ignorância. Saiba bem o que o leva adiante, o que o retém e escolha o caminho que leva à sabedoria.”
Buda

Faça tanto tempo quanto achar que deve ou possa. Use seu bom senso! O importante é fazer todos dias. Eu, por exemplo, faço pela manhã, ao acordar. Dependendo da agenda do dia, pode durar de dez minutos a uma hora.

No início, será desafiante conseguir manter a mente livre ou focada. Com o tempo, verá que o desafio desaparece e dá lugar ao foco e a serenidade, que ajudarão você a pensar com mais clareza sobre seu propósito.

Continuando, preciso registrar que gosto muito da abordagem de Simon Sinek, no que diz respeito à descoberta do porquê. Ele escreveu um livro sobre essa jornada em conjunto com mais dois autores, chamado “Encontre O Seu Porquê” que, infelizmente, ainda não possui tradução para português.

“Palavras podem inspirar, mas apenas ação cria mudança. A maioria de nós vive nossas vidas por acidente – vivemos a vida como acontece. Realização vem quando vivemos nossas vidas com propósito.”
Simon Sinek

Nele, defendem que o nosso porquê, o nosso propósito, é filho das nossas experiências passadas e entender como reagimos a cada uma nos dá um excelente indicativo.

Portanto, elenque pelo menos dez situações que ocorreram com você que considere importantes e que tenham de alguma forma lhe impactado, mudado seu comportamento, opinião ou direcionamento, profundamente. Pense naquilo que ocorreu ao longo da sua vida e que talvez o tenha transformado em quem é hoje.

Para lhe ajudar, veja alguns exemplos:

  • Um casamento;
  • O nascimento de um filho(a);
  • A perda de um ente querido;
  • O início de um trabalho;
  • Uma promoção;
  • Um treinamento, curso ou formatura;

Agora, você precisa detalhar cada experiência, à procura de padrões. Eu vejo duas formas de fazer isso: com um parceiro (opção recomendada no livro e por mim) ou escrevendo sozinho(*). A primeira opção é interessante quando existe um ambiente de coaching ou quando você deseja fazer com alguém e esse alguém com você (pode ser um amigo próximo, sua esposa ou marido, etc.).

O passo consiste em você contar, da forma mais específica possível, cada uma das histórias, sem generalizações. Faça o possível para ter em mente uma relação de causa e efeito e evidenciar seus sentimentos durante o processo, transmitindo essas informações ao parceiro.

Ele deve anotar em uma lista os temas principais de cada história, como ajudar ao próximo, quebrar barreiras, superação, cuidar de pessoas, liderar,  contribuir para a sociedade, luta por liberdade, ganhar dinheiro, realização profissional(**), ou algum outro objetivo.

Permitam-me, a partir daqui, me distanciar de Simon Sinek, simplificando as coisas um pouco.

Ao lado de cada tema, seu parceiro deve construir outra lista com os sentimentos relacionados a cada um, que ele conseguiu extrair da respectiva história original. Para ajudar o seu parceiro, considere que cada ação no plano existencial é fruto de um sentimento, que surgiu a partir de um pensamento. Use isso para entender o fluxo e informar ao seu parceiro o sentimento correspondente.

Em seguida, analise a lista de histórias, temas e sentimentos em relação aos seus valores. Perceba quais temas e sentimentos estão alinhados com os principais. Se você foi honesto no exercício de descoberta de valores, de cinco a dez histórias estarão alinhadas com eles. Escolha as cinco principais e de maior impacto. Se você não encontrar pelo menos cinco histórias alinhadas, deve repetir a coleta de mais histórias até que obtenha cinco.

“Seus sentimentos e emoções são seus indicadores mais fortes de que sua vida está se movendo em uma direção com propósito ou não… Portanto, ouça com atenção como você se sente.”
Rebecca Rosen

Essa lista de temas resultante é, na verdade, a lista dos seus motivadores. São aquelas coisas na sua vida que lhe impulsionam, fazem você se mover, dar passos, reagir, sentir, atacar, defender-se.

O próximo passo é ajudar o seu parceiro a construir uma lista de dez a quinze coisas que você odeia, que lhe incomodam,  que você mudaria ou problemas que você deseja que sejam corrigidos, sempre em um âmbito global, como na sua comunidade, na sociedade ou no mundo. Recomendo que você se permita sonhar alto!

Por último, coloque as listas uma ao lado da outra e correlacione os seus motivadores com a lista de problemas. O critério é usar o bom senso e a compatibilidade: ligue o motivador que faz sentido usar para resolver o item da lista de problemas. Você pode ter um motivador ligado a mais de um problema e não deve ligar do problema ao motivador (sempre no sentido motivador -> problema).

Talvez você já tenha percebido aonde chegaremos.

Aquele motivador que está ligado a um maior número de questões que lhe incomodam ou problemas que deseja ver resolvidos é a base do seu propósito!

Olhe para estas ligações e pergunte: como, a partir dessas conexões, posso contribuir e servir?

“A gente só dá o que tem.”
Desconhecido – Provavelmente Isabel Allende

Mas Romulo, servir a quem?

Meu caro, um propósito é justamente isso. Algo em que você é bom, valoriza, tem uma boa motivação por trás (responsável pela maioria de suas ações e alinhado aos seus valores), tem utilidade prática e serve ao próximo, à sociedade ou ao mundo! É a sua contribuição, seu legado para o bem maior.

Por fim, voltando ao Simon Sinek, você pode continuar o exercício mental de tornar o seu propósito algo mais concreto e palpável ao transformá-lo em uma frase.

A base dela deve ser algo como:  Eu ___[contribuição]____ para que ____[impacto]____.

  • [contribuição] está relacionado ao seu motivador
  • [impacto] está relacionado ao problema que quer resolvido e à forma como você servirá

Veja, por exemplo, o que considero o meu propósito:

“Ajudar, de forma inteligente e eficaz, as pessoas a evoluírem como seres, transformando a sociedade e o mundo em um lugar melhor.”

Leia a frase acima. Tente entendê-la. Interprete o que ela significa, a sua profundidade e influência.

Agora, acompanhe meu raciocínio.

Quando leio essa frase, meu peito se enche de uma sensação boa, agradável.

Para mim, ela significa que eu devo ajudar o próximo. Mas a ajuda deve ser inteligente, duradoura, de forma a provocar uma mudança positiva na vida das pessoas. Significa que eu preciso, necessariamente, ter um impacto positivo nelas, incluindo você, meu leitor. O âmago da frase é “servir”.

Entenda a repercussão disso na minha vida. No meu entendimento, denota toda uma série de consequências, de tratar bem as pessoas até escrever esse blog (que, por sua vez, é parte da minha contribuição e surgiu da descoberta do propósito!).

Há uma manifestação de sentido, fundamental em todas as ações que realizo, a partir do momento que uso a ótica do meu porquê para enxergá-las.

E sabe qual o bônus? quando executo ações alinhadas à este propósito, tenho como efeito colateral ficar verdadeiramente feliz, realizado e completo 🙂

Voltemos a você. Agora que conhece potencialmente o seu porquê, sugiro validá-lo. Certamente essa é a etapa mais fácil: aplique o mesmo princípio acima, que usei no meu exemplo pessoal. Como eu, você saberá, no seu íntimo!

Diante das situações da vida que se apresentarem, pense no seu propósito e se ele se encaixa. Pense em suas ações frente ao seu porquê e sinta se você está em um caminho congruente, que faz sentido. A partir do momento que conhecê-lo, ficará claro para você se cada ação lhe aproxima ou não dele.

“O propósito da vida é contribuir de alguma forma para tornar as coisas melhores.”
John Kennedy

Se você tem interesse em se aprofundar, sugiro a seguinte literatura, que foi usada direta ou indiretamente como referência e inspiração para esse texto:


(*)Se você não tiver um parceiro ou optar por escrever, você mesmo realizará as duas funções. Dica: o resultado é melhor com alguém e a razão é simples: a parceiro terá a capacidade de interpretar sua comunicação não-verbal e de enxergar de forma global, coisa que você provavelmente não conseguirá fazer, por estar envolvido emocionalmente.

(**) Tomei cuidado de riscar essas duas opções porque elas devem ser consequência das ações alinhadas entre valores, propósito e vida. Pense em seu propósito como algo maior, que esteja na raiz da sua motivação.

 

 

 

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