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Felicidade, Essa Danada

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O que é felicidade para você?

Eu já ouvi as mais diferentes opiniões. Certamente você também e ouso afirmar que você talvez tenha a sua definição particular.

Eu acredito que a fórmula para a felicidade é extremamente simples, mas desafiante de se por em prática.

“As pessoas tomam diferentes caminhos buscando satisfação e felicidade. Só porque eles não estão no seu caminho não significa que eles se perderam.”
H. Jackson Brown Jr.

Existiu uma época em minha vida onde felicidade era jantar em um bom restaurante. Era tomar um bom vinho, sair com os amigos para beber ou pra balada. Comprar um carro, passar numa prova, dormir…

Ser aceito socialmente, ser aplaudido em uma palestra, ver uma série na TV, jogar videogame, comprar e gastar dinheiro… Porque não incluir ganhá-lo?

Nossa, como pensei no meu sucesso profissional como felicidade! Você certamente já deve ter pensado algo como “tudo que eu preciso na vida é de sucesso profissional”.

Também houve uma época em que felicidade para mim era ter o suficiente para poder fazer uma refeição com minha família. Em um outro momento, conseguir sair do quarto.

Experimentei extremos.

Com a idade (e possivelmente com a maturidade), minha visão de mundo foi mudando. Fui sofrendo decepções aqui e ali e comecei a perceber que minha ideia de felicidade era um pouco vazia ou focada em elementos nada eficientes.

“Felicidade não é algo pronto. Ela surge de suas próprias ações.”
Dalai Lama

O sucesso chegou e foi embora, as coisas se foram. Até os amigos. Obtive sucesso novamente, mais coisas, mais relacionamentos. Vida que segue, ciclos que se repetem.

Eu tinha caído numa armadilha. É fácil demais cair nela, porque tudo que falei acima pode deixar você feliz, mesmo que momentaneamente.

Eu estava obtendo minha felicidade de fontes externas, de coisas que não dependiam só de mim. Coisas passageiras e que, normalmente, custam caro ou dinheiro.

Essa armadilha é muito traiçoeira. Nós somos bombardeados a todo minuto pela sociedade, pela mídia, pelas empresas e um sem número de pessoas e instituições querendo nos dizer o que é felicidade e que ela é composta por todos estes fatores alheios.

Como se não bastasse, alimenta-se o ego, esse grande vilão que precisa ser constantemente domado. O ego cresce e nosso desejo por mais cresce com ele.

“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”
Carlos Drummond de Andrade

Mas não acaba aqui.

Vivemos diariamente conectados às redes sociais que nos perseguem, sabem onde estamos, exatamente o que queremos e desejamos e colocam justamente isso na nossa frente, incitando e exacerbando nossa vontade de suprir aquela necessidade que aparece quando vemos algo em promoção ou quando “brilha” o brilho desejado. Você pode até alegar que não usa redes sociais, mas elas são nada mais nada menos do que um reflexo da sociedade em si.

Através de inúmeras telas que nos assediam, vemos um mundo perfeito de abundância, risos e poses, muitas vezes bem distante da realidade objetiva. Um universo de coisas e situações “ideais” plasticamente, um objetivo de vida feito para nós sob medida, quase divino, primoroso.

Não posso deixar de fora a expectativa social. Tanto temos uma expectativa própria de ser, fazer e estar no mundo perfeito e sermos como os “perfeitos”, quanto a sociedade espera isso de nós.

Esperam a perfeição de nós em casa, no trabalho e no shopping. Na roda de amigos e na igreja, no futebol, no metrô e também nas redes sociais.

Nós assumimos compromissos interpessoais, familiares, sociais, morais, éticos e até religiosos. É claro que isso influencia nossa capacidade de ser feliz.

“Eu não tenho que perseguir momentos extraordinários para encontrar a felicidade – ela está bem na minha frente, se estou prestando atenção e praticando a gratidão.”
Brene Brown

Eu sei, é fácil sucumbir. O sistema é projetado dessa forma. Feito com essa finalidade, empurrar você para dentro do mecanismo, transformá-lo numa das peças, das engrenagens.

Talvez seja por isso que é tão desafiante ser feliz existencialmente, sentir-se de fato realizado.

Talvez seja por isso que a grande maioria acredita que a felicidade está no objetivo, na obtenção de algo exterior… A eterna busca, o eterno correr atrás da cenoura.

Ao sair do ciclo dormir, acordar, trabalhar, comer, trabalhar, comer, dormir, ganhar dinheiro, pagar contas e repetir, eu comecei a me questionar o que de fato é felicidade.

Confesso que passei a torcer para que existisse pelo menos um tipo que não dependesse destes fatores externos. Pensava: “a vida não pode se resumir a isso. A busca por felicidade não pode ser tão efêmera, momentânea e decepcionante.”

Hoje acredito que, de uma forma geral, temos três tipos de felicidade.

Em um extremo, temos a felicidade momentânea ou material, que é associada, sem surpresas, a coisas materiais, necessariamente elementos concretos, tangíveis e externos a nós.  Comumente custa dinheiro e é temporária, porque não dizer curta e incompleta.

Estamos falando de acumular riqueza, comprar coisas (carro, casa, roupas, bolsas e tantos outros objetos), sair com os amigos pra balada, consumir drogas lícitas ou ilícitas e até o sucesso, dependendo de como você chegou lá e da sua definição dele.

“A felicidade não é algo que você adia para o futuro; é algo que você projeta para o presente.”
Jim Rohn

Mais ou menos no meio, temos a felicidade contextual. Apesar de ser também externa, ela é imaterial. Ela depende de contextos e acontecimentos não tangíveis, como a sensação de passar numa prova, ouvir ou dizer um “eu te amo“, a sensação de um abraço apertado, um olhar, um carinho, de estar com alguém, ajudar outros seres ou atos de caridade.

Ela também está presente em pequenas coisas do dia-a-dia e que não encontramos por estarmos muito ocupados e não vivermos no presente. É ver um por do sol, um céu estrelado, é andar no parque, brincar na chuva, molhar os pés no mar e sentir o seu cheiro…

O detalhe aqui é o tempo que você dedica, a emoção positiva envolvida e nenhuma relação com custo ou dinheiro… Mas há uma troca de sentimentos. Você já deve ter percebido que ela também é temporária, apesar de durar mais do que a momentânea.

E, no extremo talvez mais importante, aquela que vem de dentro de nós, que não depende de nada externo e que dura e resiste às nossas dificuldades. Uma felicidade chamada de existencial.

O nome é perfeito para caracterizá-la, pois significa exatamente isso: uma felicidade que, quando ocorre, só precisa que você exista como é, de forma congruente, para que ela se manifeste. Ela é assim porque só depende dos seus valores e do seu propósito.

“A felicidade não depende de nenhuma condição externa, é governada por nossa atitude mental.”
Dale Carnegie

Não há nada de errado em ficar feliz ao sair com amigos, comprar uma bolsa, um carro ou uma casa, beber um bom vinho, ganhar ou gastar dinheiro e tantas outras coisas materiais.

A questão é moldar a sua vida em torno disso e usar a obtenção dessa lista, e de outras coisas exteriores, como a sua prioridade ou fórmula de felicidade. Seria, no mínimo, um jeito ineficaz de viver a vida em busca de ser feliz – uma montanha russa de conquistas, que deixarão você indo da felicidade à sensação de fracasso e incompetência ou vazio, repetindo o ciclo a cada nova conquista… enquanto a sensação de vazio aumenta.

Aqui vai uma dica: se alguém lhe propõe riqueza, ganhos extraordinários, coisas materiais e o sucesso supostamente derivado também de coisas materiais, associando tudo isso a ser feliz ou afirmando que este é o caminho para a felicidade, suspeite. No mínimo, a ideia de felicidade desse alguém é deturpada. Talvez até os valores.

Pode funcionar por um tempo, mas o rebote será doloroso.

E a felicidade existencial? Por que é fácil entendê-la e tão desafiante obtê-la?

A raiz dela é uma coisa simples: o alinhamento entre nossos valores e propósito com as nossas ações.

Veja como ela precede a ideia da obtenção de algo. Ela vem até antes da ação em si.

Trata-se de uma cadeia: valores e propósito – pensamentos – sentimentos – ações.

“Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia.”
Mahatma Gandhi

Ela não custa nada.

O mais absurdo de tudo? Muita gente passa dos 50 anos sem saber quais são os seus valores e o seu propósito. Quando isso acontece, é fácil cair na armadilha.

Eu disse que era fácil entender a equação. Dedique um tempo a descobrir seus valores e propósito. Passe a considerar isso e, a partir do momento em que você torná-los conscientes, poderá trabalhar para que suas ações resultantes estejam alinhadas com eles. Mais, entre dedicar seu tempo para obter felicidade momentânea ou contextual, sugiro focar na contextual.

A razão por traz disso é que nada material lhe trará uma felicidade real ou uma realização duradoura. Entretanto, ações envolvendo sentimentos positivos e estimulando a felicidade contextual lhe trarão realização. Isso mesmo, as felicidades existencial e contextual estão intimamente ligadas.

Na verdade, ao alinhar valores e propósito com suas ações, você alcançará a felicidade existencial e, como efeito colateral, sua vida será preenchida com momentos de felicidade contextual.

O que é a eternidade afinal, se não momentos que se sucedem até o final de nossas percepções?

“A felicidade não pode ser percorrida, adquirida, usada ou consumida. Felicidade é a experiência espiritual de viver cada minuto com amor, graça e gratidão.”
Denis Waitley

Isso nos traz a outra questão: o tempo é uma ilusão que a mente cria para entender algo que não temos um sentido específico para interpretar. Não existe passado ou futuro. Só existe o momento presente. Provar isso é fácil: você não pode viver o passado ou o futuro, apenas o momento atual.

Entretanto, a mente é capaz de acessar a memória e lembrar do que já foi. Ela também é capaz de imaginar o que pode acontecer e lembrar disso da mesma forma que lembra do passado.

Não podemos mudar o passado, mas devemos aprender com ele. O ato de aprender com ele já implica uma ressignificação de situações desagradáveis. Isto serve de insumo para planejarmos o futuro.

Não sou ingênuo em afirmar que devemos esquecer de tudo e curtir o presente chutando o pau da barraca, como muitos gostam de afirmar ao encher a boca para dizer equivocadamente “carpe diem!”(*)

“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.”
Albert Einstein

A questão é que estamos perdendo a capacidade de viver o presente. Passamos o dia, a tarde, a noite e as madrugadas encharcados de pensamentos sobre o passado e o futuro, em uma quase tortura constante geradora de depressão, ansiedade e aniquiladora da felicidade.

Estamos tão condicionados a viver assim que passamos a impor esse comportamento às pessoas com as quais nos relacionamos, seja pessoalmente ou profissionalmente. Comumente agimos gerando ansiedade para pessoas próximas e nem percebemos.

Entenda que o ato de avaliar o passado e planejar o futuro não pode descontroladamente controlar você. Ele deve ser agendado. Isso mesmo, agendado. Você deve reservar horários em seu dia para pensar sobre os assuntos que necessitam de cuidado e deve tornar isso um hábito.

Deixem eu colocar de uma outra forma: não há nenhum ganho com excesso de ansiedade. Não há nenhum ganho com a insegurança. Não há nenhuma vantagem em não dormir à noite pensando no futuro, sem parar. Ao contrário do que já é aceito socialmente, isso diminui a qualidade de vida e a qualidade dos nossos resultados.

Na prática, nunca desligar, deixar a ansiedade e o stress invadir a sua vida sem início e fim nada mais é do que um sinal gigante de desorganização, falta de planejamento e desrespeito para com a sua saúde. Todos nós vivemos sob pressão, mas não confunda o stress estratégico, momentâneo e um pouco de ansiedade gerada pela pressão diária com a perda do controle ou fazer os outros perderem o controle.

Preciso dizer novamente que isso afeta diretamente a sua capacidade de ser feliz?

“As soluções sempre aparecem quando saímos do pensamento e ficamos em silêncio, absolutamente presentes, ainda que seja só por um instante.”
Eckhart Tolle

Ao reservar tempo para avaliar e planejar, você terá a mente apta a viver o presente. Desenvolver essa capacidade requer foco e prática. Destas, recomendo a meditação como caminho para desenvolver a habilidade de focar no presente e impedir que o turbilhão de pensamentos naturais da sua vida assuma o controle e o leve à ansiedade patológica, geralmente associada à depressão (mal do século XXI).

Voltemos aos compromissos que assumimos.

O que você acha que acontece quando não sabemos nossos valores ou propósito e somos levados pelas circunstâncias da vida a assumir compromissos interpessoais, familiares, sociais, morais, éticos ou religiosos, algo que acontece diariamente?

Sim meu caro, assumimos compromissos potencialmente incompatíveis com nossos valores e propósito, principalmente quando não os conhecemos.

Acho que agora ficou claro porque existe tanta gente infeliz no mundo e que diz não se sentir realizada com sua vida…

“Milhares de velas podem ser acesas de uma única vela e a vida da vela não será encurtada. Felicidade nunca diminui por ser compartilhada.”
Buda

Ao inibir a felicidade existencial de nossas vidas, seja pelo desconhecimento dos nossos valores e propósito ou por pura inconsciência do presente, deixamos de promover a felicidade contextual e recorremos apenas à felicidade momentânea para sermos felizes.

Olhe à sua volta. Analise os posts de seus amigos e conhecidos nas redes sociais. Ouça as conversas em família, no bar, na roda de amigos, no futebol. Sinta o comportamento das pessoas próximas… Veja como é fácil encontrarmos a felicidade associada ao material em todo lugar e como ela é… Lugar comum.

Pense sobre isso. Pense sobre como vem levando a sua vida e que tipo de felicidade vem perseguindo. Sinta como o mundo está influenciando a sua busca.

Talvez você se assuste um pouco no início, mas ao refletir sobre o tema, eu tenho certeza de que fará sentido.

“Não é sobre tudo que o seu dinheiro
É capaz de comprar
E sim sobre cada momento
Sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr
Contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera
A vida já ficou pra trás”

Trem-Bala, Ana Vilela

Recursos Adicionais:

 

(*) “carpe diem”: normalmente as pessoas usam como sugestão para aproveitar o dia ao máximo e, em alguns casos, dado a extremos, como se não houvesse amanhã.

A frase original era mais longa: “Carpe diem, quam minimum credula postero” e significa que você deve viver o agora e não confiar no futuro. Em outras palavras, significa que devemos planejar o futuro agora para colhermos os resultados esperados adiante.

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