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Caos e Renascimento

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Morreu aos quarenta e quatro anos.

Boa pessoa, reclusa, poucos ou nenhum amigo de verdade.

Culpa dele próprio, pensava.

Não cultivou nem preservou.

Muito exigente, julgador, poucos se aproximaram ao longo da vida e, os poucos, mantiveram distância.

Também pensou ser alguém de atrativos escassos. Talvez um pouco de síndrome do impostor, quem sabe.

Temos uma tendência de nos relacionarmos com quem compartilhamos e… ele não compartilhava similaridades com ninguém, aparentemente… não da sua perspectiva egocêntrica.

Não foi dado a realizações grandiosas.

Estudou formalmente até certa idade, iniciou o trabalho cedo… formou sua primeira família que deu certo… por oito anos.

Viu-se desempregado e reconstruiu-se do zero. duas vezes.

Formou outra família que também deu certo por nove anos.

Quando o dinheiro deixou de ser problema, arrumou-os e o dinheiro voltou a ser problema.

Talvez seja por isso que tenha morrido.

Talvez seja pela sede de viver que morra a cada dia.

Morre e renasce.

Assim como você.

Assim como todos nós, que nos reinventamos, que evoluímos, que involuímos, tornando-nos novos a cada momento e matando quem fomos… renascendo a cada ínfimo segundo.

Ele morre há 44 anos. Todos os dias, todas as horas, minutos e segundos…

A cada minúsculo momento, não é mais quem era ou deixou de ser.

A bem da verdade (efêmera) sequer podemos afirmar que foi. Aliás, o que é ter sido, se não uma coleção de estares e momentos presentes?

No momento da concepção da identidade, já era. Não é mais. É outra coisa. Será diferente, fundamentado em quem foi.

Ao morrer, perpetua-se o ciclo da renovação.

Ao ser e renascer, cria-se.

O que deixou de existir se transmuta em uma nova existência. Para cada morte, uma nova pessoa.

Para cada passo dado, uma nova realidade.

E aí, como em um passe de mágica, a compreensão ocorre:

A morte de quem fomos a cada momento e o renascimento de novas identidades e pertencimentos simboliza um ciclo presente em todo o Universo.

Apenas fazemos parte disso ecologicamente.

E se você acha que estamos falando da morte física, do corpo, por favor, leia novamente. Sinta como você tem uma história semelhante dentro de si.

“É preciso ter um caos dentro de si
para dar à luz uma estrela cintilante.”

Friedrich Nietzsche
Assim Falou Zaratustra

Uma frase simples, pequena e que encerra tanta sabedoria, em contexto ou fora dele.

Apropriado falar de caos, nascimento e morte.

De ciclos.

O caos é a sopa primordial que move o Universo…

Estrelas emanam energia e explodem… Criando o tempo todo… expandindo o universo e o Universo…

Tanta coisa tende ao caos e nós, seres humanos, temos o dom de lidar com ele.

Temos o caos dentro da gente e é esse mesmo caos que nos permite morrer e renascer a cada inspiração e respiração.

É esse mesmo caos que nos dá o dom de criar… de uma simples ideia a gerar vida.

Olhe a sua volta e perceba como essa dinâmica está presente em absolutamente tudo… comunhão absoluta.

Sinta como, no fundo… não há morte: há renascimento por toda parte, transformação.

Pode parecer estranho citar Nietzsche em uma época simbolizada pela renovação cristã.

Eu particularmente acho que faz todo o sentido: perspectivas e pontos de vista díspares conjugados com a compreensão e a aceitação são um exemplo prático de seres humanos lidando com o caos de uma forma tão linda…

Nada garante que o próximo ano será diferente do atual… que o dia 26 será melhor ou pior ou mesmo o dia 1o de janeiro.

Só há a garantia de que o futuro é caótico, contido em ciclos de nascimento, morte e que nós temos o poder de colocar em ressonância o caos interno com o caos externo, trazendo ordem ao caminho e desenhando, com nosso exercer do ser, a realidade por vir.

Eu chamo isso de dádiva da criação.

Permita-se morrer a cada dia para dar lugar ao futuro que deseja. Renasça e lembre-se:

Só vivemos as decepções dos caminhos que experimentamos.

Isso pode dar a falsa impressão de que as estradas renunciadas eram mais atraentes, afinal, você não viveu nenhuma das potenciais tristezas ou decepções que lhe aguardavam nas inúmeras alternativas.

Tudo que viveu lhe trouxe até aqui e isso é razão para ser grato!

#OGuiaTardio


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Permita-se Renascer

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Renascer.

Reinventar-se.

No nosso corpo, células nascem e morrem a cada segundo. Como que em uma profecia (terá sido como parte de um plano bem feito ou, quem sabe, fruto de milhares de anos de evolução?) nossa estrutura foi criada fisicamente para morrer e nascer a cada dia e isso não é só uma tendência, é uma característica de estar vivo.

Com o pensamento não é diferente. Nós formulamos pensamentos e, deles, geramos sentimentos que nos movem. A partir daí, criamos conceitos e opiniões. Posições frente ao mundo. Nossa visão de existência projetada em uma tela de fundo.

“O importante não é o que fazemos de nós,
mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós.”
Jean-Paul Sartre

Não é raro quando visões de mundo se chocam. Sou capaz de afirmar que somos assim por design. A troca de ideias, o debate sadio e a argumentação existem para permitir que ideias evoluam, conceitos sejam revistos e opiniões sejam mudadas. Eles existem para nos tirar da zona de conforto, onde nada cresce.

Mas a linha que separa o compartilhamento de ideias da guerra é tênue e móvel. Diante de conflitos de opinião, nos agarramos às nossas crenças de forma irredutível e terminamos por não abrir mão do conflito, muitas vezes por orgulho.

Nos apegamos a conceitos solitários e podres, raramente revisitados. Opiniões por vezes incompatíveis com nosso modus operandi que ocupam a mente e o coração por falta de ação, agarrando-se ao que foi e não é mais. Opiniões, posições e convicções não mudam sozinhas. Elas não morrem de inanição e, no máximo, ficam adormecidas, ocupando espaço valioso e frequentemente não evoluem no mesmo passo que o mundo à nossa volta.

Ceder é a palavra que está intimamente seguida por mudar. Aceitar. Reconhecer. Respeitar. Revisitar nossa existência vez ou outra é fundamental para arejar mente e coração, permitindo que novas ideias sejam consideradas e eventualmente aceitas.

Assim como nosso corpo renasce biologicamente aos poucos, todos os dias, é necessário permitir o fluxo de ideias e convicções, o trânsito de opiniões. Permita-se escutar o próximo até o final de suas frases, acompanhar o raciocínio alheio até o ponto da discórdia preferencialmente muda, aquela que dá oportunidade ao cérebro de acompanhar o raciocínio antes da reação emocional que cega e ensurdece.

Respire fundo.

Questione.

Entenda.

Então, argumente.

Exercício desafiante, mas que rende frutos excepcionalmente gostosos. Um debate de ideias ricas e opiniões inteligentes é um afago na alma, um carinho intelectual, um empurrão evolucional onde todos os participantes saem ganhando.

Mas a melhor parte mesmo é que todos tem a oportunidade de renascer.

Segundo Sartre…

“Para conhecer os homens, torna-se indispensável vê-los agir.”

Nós somos o resultado de nossas ações (e escolhas). Se você não concorda com o existencialismo, há de concordar que é inegável a ligação que existe entre quem somos e nossas ações ou sobre como nos tornamos nossas escolhas.

“A escolha é possível, em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher. Eu posso sempre escolher, mas devo estar ciente de que, se não escolher, assim mesmo estarei escolhendo.”

Dito isso, imagine que pensamentos geram sentimentos, que geram açõesse mudarmos nossos pensamentos, temos a oportunidade única de influenciar nossas ações diretamente e, com isso, mudarmos quem somos, nossa existência, exercendo da forma mais pura, nossa inerente liberdade de ser.

Ao respeitar a opinião do próximo, você tem a chance de avaliar seus próprios conceitos e convicções; tem a chance de renovar sua própria existência e renascer…

Reinventar-se!

Agora reflita: será que em nome da capacidade de ser plenamente, de ser novamente, de renascer ainda mais capaz como uma fênix, não vale à pena abrir mão da intransigência e permitir-se uma nova opinião sequer?