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Positividade Tóxica?

Quase 3 anos atrás, escrevi um post sobre a positividade e a sua importância.

Foi parar no livro que publiquei em maio de 2020.

Cabe revisitar o tema.

(…)

Semana passada fiz uma enquete no Instagram sobre o termo “positividade tóxica” e recebi dezenas de respostas.

A interação foi tão positiva que decidi fazer um vídeo no canal do Youtube sobre a questão.

Aqui, tenho a oportunidade de dissertar sobre o assunto.

Comecemos com uma consideração filosófica sobre o termo em si: será que podemos usá-lo? Será que “positividade tóxica” faz algum sentido, ou seja, se for “tóxico”, como pode ser “positividade” ou é apenas a forma como se percebe o comportamento do outro?

Em segundo lugar, é necessário falar um pouco sobre rapport de comportamento.

Independente da conotação positiva ou negativa de algo, existe uma tendência de nos comportarmos de forma compatível com os grupos aos quais consideramos pertencer.

Fornecerei dois exemplos típicos.

Você vai a um show e, ao final da apresentação, começam a bater palmas.

Perceba que as palmas começam em ondas… Como um contágio e, se alguém se levantar, é bem provável que outras pessoas se levantem também e até você se sinta compelido a levantar e aplaudir de pé.

Outro exemplo: você está no trabalho, em um grupo de colegas.

Alguém começa a reclamar da empresa e, em poucos segundos, várias pessoas entram na roda e iniciam um ciclo de reclamações.

De uma forma geral, os exemplos podem ser considerados opostos: um positivo e um negativo.

Existem vários estudos que apontam para duas coisas: espelhamos o comportamento dos grupos aos quais pertencemos, dos indivíduos aos quais aspiramos e não só o contágio emocional existe, como influencia nosso modo de agir.

Estar cercado de “positividade” ou “negatividade” terá um efeito sob o nosso próprio comportamento.

É fácil então concluir que, se isso de fato acontece, gerar uma espiral de coisas positivas traz a tendência de se “contaminar” e contaminar os outros com pensamentos, emoções e ações possibilitadoras.

Por outro lado, agir assim tem o potencial de nos distanciar da realidade objetiva.

Ao considerarmos o que é “negativo” em favor do que achamos ser “positivo” (ou o contrário), criamos uma bolha cognitiva em torno de nós que eventualmente prejudicará uma análise factual do que se passa.

Ferrou, então?

Pode ser.

O que acha?

Essas questões podem não ter resposta.

Não no senso comum.

Senso comum são “médias”.

Alías, podem até possuir uma média social associada a elas, mas a sua resposta é a ÚNICA que importa.

Você não é uma média até ela ser tirada.

Ops!

Seja bem vindo. Esse é o caminho.

Crie o seu,

O que é negativo para alguém, podem não ser para outro e não o é para todos. O mesmo argumento pode ser usado com aquilo considerado positivo.

Partindo desse princípio, a potencial toxicidade de uma suposta positividade não só é um campo totalmente subjetivo como resultado de julgamentos.

Em terceiro lugar, voltemos à enquete.

70% das pessoas que responderam atribuíram a positividade tóxica como sendo exercida por um elemento externo – outra pessoa. Ou seja, perceberam a si mesmas como vítimas.

30%, de uma forma direta ou indireta, admitiram fazer parte da equação – associaram o termo à fuga da realidade e a um comportamento prejudicial próprio.

Ambos os casos estão relacionados, apesar de aparentar o contrário.

O momento atual em que vivemos, do início de 2020 para cá (escrevo este texto em agosto de 2020), impôs condições de convívio social e estresse emocional há muito esquecidos.

Estamos diante de um desafio que entrará para a história; uma ameaça real à existência de cada um, um risco invisível que está presente em praticamente todos os lugares, cerceando o ir e o vir, o contato interpessoal, gerando incertezas e questionamentos sérios a respeito da própria sobrevivência, em decorrência de ameaças como o desemprego à morte.

Menciono esse fator porque ele é um perfeito exemplo aplicável à questão do conceito de positividade tóxica.

Aqui, temos a convergência e a relação das respostas da enquete.

Sentir-se com medo, ameaçado, triste, solitário e com sentimentos análogos é natural, faz parte de existir. Não reconhecer esse comportamento em si pode eventualmente gerar um afastamento da realidade. Não reconhecer esse comportamento nos outros pode classificar algumas ações como positividade tóxica.

Além do fato de que o ser humano é um ser de contrastes, somos um caldeirão de emoções.

Portanto, nada mais sadio para a nossa existência do que respeitar o que sentimos, entendendo o que vai dentro da gente e estabelecendo, através desse entendimento, um caminho possibilitador na direção do autoconhecimento.

Entretanto, prepare-se para algum desconforto. Essa jornada levanta questões e põe em dúvida crenças. De fato, se não houver desconforto e questionamentos, não há jornada, muito menos respeito ao que se sente.

Dúvidas são desconfortáveis? Certamente.

Necessárias também, assim como o ato de questionar, algo ativo, consciente, que tem o potencial de trazer mais inquietude e emoções de felicidade, tristeza, raiva e tantas outras reações totalmente naturais.

Talvez você já tenha percebido aonde quero chegar.

Não somos 100% felizes, 100% do tempo, muito menos tristes. Existe muita coisa entre os dois. Portanto, um comportamento 100% do tempo positivo é incongruente com ser humano e pode, sim, ser uma fuga. Talvez daí o termo “positividade tóxica” tenha surgido.

Se por um lado ser positivo permite encarar a vida de forma mais saudável e potencialmente mais feliz, por outro é necessário entender que coisas ruins, negativas e desagradáveis também acontecem, despertando emoções limitantes.

Isso só prova que estamos vivos.

Contudo, é um engano achar que uma coisa exclui a outra.

É um equívoco acreditar que reconhecer os desafios desagradáveis da vida impede alguém de ser positivo, assim como também é um erro crer que ser positivo faz com que se viva no mundo da lua.

Diversos autores abordam esse tema, inclusive contemporaneamente, como Mark Manson (em dois livros que avaliei aqui no blog) e Gabriele Oettingen, apesar de ambos aparentemente não concordarem com a ideia de que não há dicotomia entre ser positivo e fugir da realidade.

Ou seja, não aceite respostas prontas em mídias sociais, em casa ou no trabalho sobre o que é negativo e o que é positivo.

Aliás, se me permite uma sugestão mais abrangente, não aceite respostas prontas sobre nada.

Reserve-se sempre o direito de questionar. Se surgir algum incômodo, entenda a origem dos sentimentos que considera negativos e talvez descubra mais sobre si próprio do que imagina, mantendo um pé na positividade e outro na realidade.

Como disse na descrição do meu canal no Youtube:

Eu não tenho respostas, mas prometo provocar questionamentos apropriados.

 


 

Conteúdo Adicional Recomendado

Livros:

TEDs:

Pesquisas e Publicações:

  • Baumeister, Roy F; Finkenauer, Catrin e Vohs, Hathleen D.: Bad Is Stronger Than Good [Artigo] // Review of General Psychology. – 2001. – 4 : Vol. 5. – pp. 323-370;
  • Dimberg, Ulf; Thunberg, Monika e Grunedal, Sara: Facial Reactions to Emotional Stimuli: Automatically Controlled Emotional Responses [Artigo] // Cognition and Emotion. – 2002. – 4 : Vol. 16. – pp. 449-471;
  • Gross, J.J. & Levenson, R.W. (1997): Hiding feelings: The acute effects of inhibiting negative and positive emotion. Journal of Abnormal Psychology, 107(1), 95-103. doi: 10.1037//0021-843x.106.1.95, PubMed: 9103721;
  • Hasson, Uri; Stephens, Greg e Silbert, Lauren: Speaker–listener Neural Coupling Underlies Successful Communication [Online] // Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA (PNAS) / PubMed. – 26 de 07 de 2010. – 22 de 06 de 2018. – http://www.pnas.org/content/107/32/14425. – PubMed: 20660768;
  • Kraft, Tara e Pressman, Sarah: Grin and Bear It: The Influence of Manipulated Facial Expression on the Stress Response [Artigo] // Psychological Science. – 24 de 09 de 2012. – 11 : Vol. 23. – pp. 1372-1378;
  • Lomas, T.; Waters, L.; Williams, P.; Oades, L.G.; & Kern, M. L. (2020): Third wave positive psychology: Moving towards complexity. The Journal of Positive Psychology. doi: 10.1080/17439760.2020.1805501;
  • Rozin, Paul e Royzman, Edward B.: Negativity Bias, Negativity Dominance and Contagion [Artigo] // Personality and Social Psychology Review. – 2001. – 4 : Vol. 5. – pp. 296-320;
  • Strack, Fritz; Martin, Leonard e Stepper, Sabine: Inhibiting and Facilitating Conditions of the Human Smile: A Nonobtrusive Test of the Facial Feedback Hypothesis [Artigo] // Journal of Personality and Social Psychology. – 1998. – 5 : Vol. 54. – pp. 768-777;
  • Wells, Gary e Petty, Richard: The Effects of Overt Head Movements on Persuasion: Compatibility and Incompatibility of Responses [Artigo] // Basic and Applied Social Psychology. – 1980. – 3 : Vol. 1. – pp. 219-230;
  • Wong, P. T. P. (2011). Positive psychology 2.0: Towards a balanced interactive model of the good life. Canadian Psychology/Psychologie canadienne, 52(2), 69-81. doi: 10.1037/a0022511
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A Diferença Entre Travar e Entrar em Pânico

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Sutil.

Enganosa.

Confusa.

Furtiva, mas importante.

Você estudou, aprendeu, treinou e mudou…. sabe o que fazer, como fazer e quando fazer.

Mas diante da situação que se apresenta, trava.

Os recursos estão lá, mas você não os acessa.

E, por causa disso, pode entrar em pânico.

Agora, imagine outra situação… totalmente nova, para o qual não treinou e não conhece.

O pânico se instala.

Em ambos os casos, não há ação, mas por motivos distintos.

No primeiro caso, o medo deu lugar ao pânico e ele pode surgir por vários motivos.

Dentre eles, síndrome do impostor, baixa autoestima ou a identificação, por seus sentidos e mapa, de estar diante de uma situação ameaçadora demais.

No segundo caso, o pânico surge mais rapidamente, diante de não ter a mínima ideia do que fazer.

Faço questão de apontar as similaridades das duas situações e as breves diferenças porque o que fazer na sequência depende deste entendimento.

Em ambos os casos, quanto mais a emoção dominar, mais tendencioso será o rapto do nosso comportamento por instintos básicos de sobrevivência que sempre extrapolam em duas ações possíveis:

Lutar ou fugir.

Então, a primeira coisa a fazer é descobrir se estamos falando de uma situação conhecida ou não.

Para tanto, é necessário retomar um pouco do controle, tanto quanto possível.

Respire profundamente.

Identifique a emoção despertada. Atribua uma palavra a ela.

Conte até dez, devagar.

Agora, faça-se uma pergunta simples: conheço esta situação?

Treinei para ela?

Preparei-me?

Tenho informações suficientes?

Se sim, você tem os recursos para seguir em frente. O resultado pode ser positivo ou negativo, não importa. É feedback. É insumo e aprendizado em qualquer desfecho.

Caso contrário, peça ajuda… e também aprenda.

“Aquilo que não nos mata, nos torna mais fortes.”
Friedrich Nietzsche

Peraí Romulo… E se fudeu de verdade – não sei o que fazer e não tenho a quem pedir ajuda?

Ainda assim temos opções.

Se há tempo, pense. Estude, prepare-se e crie opções novas. O contrário do medo não é a coragem. É o conhecimento. Temos medo do desconhecido e ao conhecer, a coragem aumenta.

Falei sobre isso quando abordei a procrastinação como sintoma de algo maior e a nossa capacidade de amadurecer emoções.

Perceba que, do início da argumentação até a última frase é possível eliminar praticamente todas as situações do mundo cotidiano onde usualmente travamos ou entramos em pânico.

Se não há tempo, então é exatamente a razão para o qual o instinto de lutar ou fugir existe. Abrace-o.

Lembre-se de duas coisas importantes:

  1. O ser humano tem mais medo de perder do que de não ganhar e isso influencia totalmente as nossas decisões no dia a dia;
  2. Emoção e razão são indissociáveis. O segredo é reconhecer as emoções e entender que elas fazem parte do processo.

Parece simples?

É simples.

É muito mais desafiador aceitar que assim seja.

Achar complexidade onde não existe transfere culpa e invoca a zona de estagnação existencial (ou zona de conforto, se preferir)… coloca na complexidade das coisas a motivo pelo qual achamos que não somos capazes.

 


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Ficção

Pedro

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O despertador tocou à meia noite.

Pedro sabia que estava na hora de ir antes mesmo de bocejar.

Ele abre os olhos, quarto escuro, aperto no peito.

Por um momento, chegou a pensar que a reunião logo mais pela manhã poderia ser algo positivo.

“A vida é louca”, pensa.

Entretanto, os pensamentos seguintes são supostamente racionais e baseados em mais de vinte e cinco anos de carreira.

Experiência que pesa.

Já passou antes por aquele ensaio e… nos últimos quatro anos, aprendeu como ninguém a ler as pessoas.

Veste-se, vai ao aeroporto, embarca.

Tenta dormir, não consegue. Tenta ler, em vão.

Em sua mente, há um sem número de teatros agitados, onde peças de futuros inexistentes repentem-se à exaustão.

Possibilidades, simulações conscientes do que pode acontecer quando, vez ou outra, uma pequena mudança na narrativa cria um novo teatro, uma nova peça, um novo dilema.

Nossa cabeça e a sua incrível habilidade de simular.

Depois de duas horas de vôo, surpreeende-se com um pensamento: como alguns cenários potenciais dias atrás eram carregados de emoções e agora encontram-se ausentes de sensação.

Mas continuam repletos de sentido.

O vôo faz o movimento inverso ao sol. Enquanto pousa, um dia lindo surge pelas janelas do avião, inundando a aeronave com uma luz branca azulada.

É quase possível tocar aquela luz que banha à todos como uma névoa.

Baque, aterrissagem.

Momento presente. Raiz.

Volta à si e agradece.

Por um breve momento, Pedro sente a sensação de gratidão que o faz esquecer de toda a pantomima mental e elocubrações perturbadoras ou não.

“Vamos em frente”, pensa.

No carro, a culpa.

O remoer, o olhar para o passado perguntando a si mesmo o quê poderia ter feito diferente.

Já te conheço, pensa. Sei das suas artimanhas, argumentos e matreirice.

Não obstante, o número de teatros e cenários explode em sua mente, em um fluxo incontrolável de ansiedade e taquicardia.

Então, ele lembra da gratidão e tudo se acalma.

A culpa se encerra por falta de lugar pra ficar.

Lembra do quanto aprendeu. Lembra dos amigos, das conversas, das experiências.

Lembra, principalmente, de ter vivido um ano sem mesquinharia, sem brigas fúteis, sem atritos maiores… sem mal querência.

A gratidão aumenta e supera quase tudo.

Pedro chega, faz o que precisa ser feito e, como esperado, o previsto se realiza.

Para sua surpresa, há calma novamente.

Todos os teatros e cenários desaparecem numa sensação gostosa… um misto de vulnerabilidade e realização.

Como pode ser assim?

Pedro não sabe. Só sabe que se sente vivo e daqui pra frente, há muito trabalho para ser feito.

Retorna para casa mais leve do que nunca…

Pensando que sofrer duas vezes é uma possibilidade bem real.

Mas Pedro já sabia disso: entre saber e exercer, existe mais aprendizado acontecendo a cada segundo.

A cada pensamento, a cada ação.

Qual realidade criamos para nós mesmos?

 


“Pedro” é uma ficção. Qualquer semelhança com fatos, ocorrências, nomes, pessoas ou situações da vida cotidiana ou do passado é mera coincidência. A escolha do nome da crônica foi baseada na lista de nomes mais comuns no Brasil, divulgada pelo IBGE.

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Rédeas

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Como classificamos os acontecimentos em nossas vidas?

Como bons, ruins? Como possibilitadores? Limitantes? Revezes? Certos ou errados?

Como presentes do Universo? De Deus?

Como tragédias?

Não importa como chamemos o que acontece.

Será que… o que importa é como reagimos?

Veremos.

Quero explorar essa percepção.

Na verdade, quero explorar a meta-percepção.

Imagine o primeiríssimo momento consciente de um evento qualquer em sua vida.

Aquele primeiro instante, o exato milésimo de segundo em que chegou ao seu consciente o que aconteceu.

A primeira pontada.

Isso… aquela primeira imagem, o som imperceptivelmente perceptível… a sensação que arrepia (ou nem tanto).

As borboletas no estômago, o frio na espinha…

Neste momento, na fronteira do consciente com o inconsciente, existe uma densa mistura de pensamentos inquietantes e emoções.

Quando registramos o evento, ele vem tomado de toda a carga emocional que acumulamos ao longo dos anos para as situações que o inconsciente julga semelhantes.

Aliás, afirmar que o inconsciente julga algo é uma forçada de barra.

Chamemos de momentos onde a nossa mente inconsciente é capaz de, inocentemente, disparar âncoras emocionais, registros latentes ou há muito perdidos.

Algumas vezes achados até demais, involuntariamente a favor ou contrários à tantas camadas racionais e previamente racionalizadas de justificativas, crenças e supostos saberes.

Hábitos emocionais.

Porrada na cara.

Talvez êxtase, um afago na alma, um prazer repentino e momentâneo, algo agradável.

E tudo isso… muito antes dos dois segundos, nossa biologia inundada por neurotransmissores, adrenalina e uma pancada de outras químicas corporais.

A reação é involuntária.

Quem sabe contradizendo a famosa frase de Charles Swindoll, reagimos.

O que fazemos com a reação muitos autores chamam de inteligência emocional.

Melhor, o que fazemos com a inicial reação.

Percebe como antes dos dois segundos já classificamos o que há por vir?

Já qualificamos a experiência como boa, ruim, favorável ou não.

Sabemos, de fato?

Estamos sendo, desapropriadamente incompatíveis com os objetivos que eventualmente sequer planejamos?

Que resultado efetivo o ser humano é capaz de obter nessa fase, exceto pelas emoções e sentimentos, precursores de ações potencialmente irracionais no plano material, que possam servir de base para uma fundamentada conclusão?

ZERO.

Nenhum.

A equação da inteligência emocional é muito mais fácil e plausível, saída da boca de palestrantes motivacionais e dos livros de autoajuda, do que da realidade que criamos.

Quer tenha preconceituosamente ou estereotipicamente qualificada a situação conforme o mapa que lhe convém, são os resultados advindos do que se apresenta que verdadeiramente podem indicar se houve ganho ou perda… e, somente se, os objetivos estejam formulados.

Sim, algo supostamente “bom” ou “ruim” apenas por comparação do que se já viveu, sem analisar os resultados frente ao planejado dificilmente é uma coisa ou outra.

Complexo?

Nem tanto.

Digamos que… é mais simples do que desejamos e esperamos: a complexidade atribuída pela vontade de permanecer na zona de conforto… que cega.

Uma verdadeira celebração do status quo.

A manutenção do aprendido, uma justificativa para a conservação de energia.

Respire.

Ainda estamos nos dois segundos.

Isso… agora, expire.

Dê-se a liberdade de viver os resultados.

Dê-se a liberdade de viver.

Veja à sua frente as rédeas.

Tome em suas mãos, sinta a textura do couro batendo nas suas palmas.

Ouça o roçar daquele fio de controle correndo entre os dedos.

Isso.

Agora, puxe. Levemente.

Com ele, as emoções correm pelo corpo, unem-se à sua frente e, quando você abrir os olhos, estão sob seu controle.

Passamos dos dois segundos.

Passamos da reação e podemos entrar na meta-reação.

Neste exato momento, o que sente é insumo.

O que sente é matéria tangível para que você chegue numa encruzilhada:

A de decidir ou criar (e decidir).

Opções existem e elas estão diante de você.

Mas você é mais do que a vida lhe serve.

Você é um ser, antes de tudo, capaz de criar.

Então crie.

Crie oportunidades. Crie escolhas e, então, decida.

A partir de agora, você não é mais escravo da percepção momentânea.

Quem é você?

Ache-se. Exerça-se.

Você tem o poder de criar o caminho que o levará aos resultados que deseja.

Aja e quebre o ciclo do que o limita. Aprenda.

Reinterprete a sua realidade emocional através dessas rédeas que agora servem a você e… como qualifica o que promove em sua vida, terá o significado que merece.

Percebe a diferença entre ser passageiro emocional, reciclar reações e ter a chance de ser protagonista?

São em momentos como este que exercer o ser único que somos dá sentido à vida.

A bola é sua. Ou melhor, as rédeas.

#OGuiaTardio
@blogderomulo

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Estímulos, Motivação e Autoajuda

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Tenho uma passagem emblemática na mente: a de um treinador, no topo dos seus pulmões, berrando para um atleta: “vaaaaai, você consegue! Você é capaz! Vaaaaamos! Assim!!! Mais um passo!! Agoooora! Issssoooo!!!!”

Nos últimos quatro anos, mais próximo da indústria da autoajuda, do coaching, das imersões e de várias outras experiências do gênero, algumas até mais espirituais, eu presenciei a mudança chegar na vida de centenas, talvez milhares de pessoas.

É uma indústria que causa transformação: a estratégia muitas vezes consiste em alterar o estado do indivíduo através de estímulos sensoriais, emoções fortes e situações de alto impacto e, aí, permitir percepções valiosas.

O caminho usado é amplamente estudado na psicologia e certamente traz mudanças. Algumas vezes positivas, outras vezes negativas… uma percepção que depende de um enorme número de fatores, como o tempo e o momento analisado, o passado, as experiências e o mapa da pessoa.

Os estímulos são apresentados em múltiplos níveis. Vão desde condições ambientais, passando por experiências comportamentais, novas habilidades, interposição de crenças e valores (ou questionamento de ambos), mudança da própria percepção de ser e de identidade e, em alguns casos, indo até o nível de pertencimento, conexões, social ou espiritual.

Nestes quatro anos, muitos continuam a me perguntar se vale a pena experimentar situações assim.

Só existe uma forma de responder a essa pergunta: para mim, valeu.

Mas a situação é mais complexa e quero fornecer elementos para uma avaliação pessoal.

Vamos por partes.

Talvez o mais importante seja a disposição de olhar para dentro.

Dores crônicas antigas são confortáveis. Se acha que não, examine-as: fortes o suficiente para serem percebidas mas fracas demais para provocar mudança. Nos acostumamos e aprendemos a lidar com elas, exatamente de onde vem o conforto.

Nossa própria identidade já conhecida é muitas vezes um desejo comum: não mexe no que tá quieto; sou assim mesmo e que me aceitem. O corpo humano tende à conservação de energia e mudar gasta energia.

Melhor dizendo, olhar para si e escavar exige coragem. Não se preocupe, apenas a coragem necessária para começar.

Em segundo lugar, temos a confusão frequente de estímulo com motivação.

E, sejamos francos, não são poucos os estímulos.

Eles alteram o estado emocional do indivíduo, fazendo-o crer que tudo é possível, está ao alcance do esforço e do trabalho, basta empenhar-se. Fazendo crer que nada pode parar uma pessoa determinada.

Pode. Ah e como pode! A vida é cheia de surpresas.

A maior força do ser humano não é determinação; é a capacidade de adaptar-se.

Portanto, estímulo que leva a uma suposta e aparente motivação momentânea apenas, é a mesma coisa que potência sem controle.

Gasto de energia.

Alguém berrando frases motivacionais no seu ouvido ou seguir perfis motivacionais nas redes sociais pode até gerar movimento, mas mudança e evolução são outras coisas.

Muito da autoajuda é essa provocação na nossa cara que causa movimento… então, você sai do lugar, age, levanta do sofá e se cadastra na academia, começa a dieta, para de fumar, para de beber, começar a ler, estudar…  mas a iniciativa, o movimento encerra-se dias depois… e nada de verdade muda. Nada em longo prazo e a maioria das pessoas nem percebe, porque nunca avaliou.

Se você já passou pela experiência e acha que estou exagerando, faça uma análise do que alcançou concretamente: você agradecerá a si por ir mais fundo, além do jargão motivacional.

Investigue quais o resultados de fato conseguiu. Isso sim é um excelente exercício para avaliar se o estímulo levou a melhoras e, olha, as emoções exacerbadas podem ocultar os reais resultados: quando estamos excitados, acreditamos que as meras possibilidades já estão realizadas.

Isso leva à motivação propriamente dita.

Os estímulos são externos, a motivação vem de dentro.

Um estímulo pode acordar uma motivação sem precendentes dentro de alguém, mas apenas ele não leva muito longe. Falei sobre isso em outro texto, sobre procrastinação.

Então, se o estímulo serve para uma busca interna, para o aprendizado e para o autoconhecimento, a motivação tão desejada será encontrada ou criada. Mas se ele estiver só, volta-se para o ponto inicial.

Pior, pode-se retornar para o início com a sensação de que muito esforço foi desprendido mas que não se chegou a lugar algum.

Em terceiro lugar, não há garantia alguma de que o estímulo levará à realização, transformação, compreensão ou mudança positiva imediata.

Eu creio que a mudança é eventualmente positiva, mas olhar para dentro pode revelar faces do nosso ser há muito ocultas, conscientemente ou não.

Trata-se de um caminho. Um caminho com algumas estradas perfeitas; outras estradas um pouco esburacadas, à beira de abismos e campos floridos. Uma jornada muitas vezes de lucidez, de tristeza, de raiva, de felicidade… de prazer e de realização.  E tudo bem, faz parte da natureza humana.

Portanto, entenda que não há nada de imediato na evolução e no crescimento.

Percebeu a implicação dessa afirmação?

Os estímulos são momentâneos.

Se eles nos colocam no caminho da evolução, ótimo. De fato, só saberemos ao avaliar os resultados obtidos. Só através deles que saberemos se houve ou não evolução. Eu particularmente não me canso de trazer a minha e a sua atenção à este ponto: quais os resultados conquistados, de curto, médio e longo prazo?

Não vale afirmar que sente-se bem somente.

Pro seu próprio bem e correndo o risco de ser qualificado como racional, meça.

O que considera um bom objetivo ou conjunto de objetivos a ser alcançado?

Emocionais? Materiais? Existenciais? Espirituais?

Chegou lá? Está chegando?

Como ouvi Sri Sri Ravi Shankar[1] falar uma vez… pergunte-se: eu estou mais feliz? Eu estou mais calmo? Quando meu humor se altera por causa das inúmeras coisas desagradáveis da vida, ele retorna à calma e à felicidade mais rápido do que antes? A sensação de pertencer a algo maior e de querer contribuir têm aumentado? A necessidade do material tem diminuído e ter saúde financeira apenas para comprar coisas e momentos se distancia?

Eu acho que muita gente menospreza tudo que é entitulado “autoajuda” justamente por isso.

Por um lado, há um número enorme de gurus vendendo estímulos e, por outro, muitos clientes achando que vão comprar a pílula da felicidade. A tal da modernidade líquida de Bauman[2].

A tão desejada solução externa.

Uma equação lucrativa e, por muitos, considerada exploratória. Junta-se a oferta perfeita para o querer desesperado.

Aqui, há uma consideração importante a ser feita.

Os que procuram as pílulas mágicas, as fórmulas encantadas e os métodos supostamente infalíveis das peças de marketing de treinamentos de autoajuda e das capas dos livros… potencialmente encontrarão decepção.

O sórdido é que a decepção não vem rápido. Demora a perceber que não se sai do lugar e o argumento do marketing vigente é que… se não funcionou, foi porque você não se esforçou o suficiente.

Clóvis de Barros Filho coloca isso muito bem.

  • Os dez passos para a felicidade…
  • A fórmula do sucesso…
  • As cinco maneiras de ser produtivo…
  • As quarenta leis da persuasão…
  • A fórmula de lançamento perfeita…
  • Os sete mandamentos da inteligência emocional…
  • O método infalível para ser rico…
  • Os doze hábitos da venda…
  • O segredo da mente produtiva…
  • Os 48 ensinamentos do poder…

Soam familiares as colocações acima?

Todos elementos externos de uma suposta mudança indolente. Todos argumentos de persuasão e manipulação emocional para vender a solução absoluta (tão absoluta quanto a peça de marketing seguinte).

Pare por um momento e me diga: qual mudança é realmente passiva?

Não se percebe uma incongruência fundamental aí?

Não adianta olhar apenas para fora. Há de se olhar para dentro. Há de se cavar. Autoconhecimento é mudar a partir de si. É enfrentar dores conhecidas, demônios pessoais, esqueletos no armário da alma…

Todas as fórmulas, métodos, passos, segredos, leis, mandamentos e maneiras têm o seu sucesso inteiramente dependente da gente.

Aqueles que procuram tais recursos no intuito de conhecer quem são, mudam de vida.

São os que estão dispostos a mudar verdadeiramente.

São os que estão dispostos a encontrar em si a motivação. A razão, o propósito e… Como já disse Viktor Frankl[3], propósitos podem ser criados. Está TUDO dentro de nós.

Mas Romulo, eu li um livro de autoajuda que mudou a minha vida! Eu fiz um treinamento que me transformou em outra pessoa!

Foi?

Certeza?

Foi o livro que mudou a sua vida?

Foi o treinamento responsável pela transformação?

Conveniente quando fazem isso com a gente, não é mesmo?

O nome “autoajuda” é extremamente apropriado, percebe?

Ajudar a si.

Permita-me entregar-lhe uma nova percepção.

Aliás, mudando de ideia, permitirei que você conclua.

Eu concluirei com parabéns, por ter se permitido e por ajudar-se.

Deixo uma reflexão, correndo o risco mais uma vez de retornar ao tema da motivação:

Diante de tudo que foi dito… se o estímulo é externo e se ele nos leva a agir, estaremos abdicando da nossa capacidade de escolha? Estaremos sendo manipulados ao permitir que estímulos externos guiem nossas ações puramente no emocional?

Será que… conseguimos usar os estímulos ao nosso favor e guiar a nossa evolução de acordo com quem somos, no fundo? Será que, com isso, mudamos quem somos?


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Sobre a Suposta Vingança

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Será o termo vingança forte demais e ausente do vocabulário de muitos de vocês?

Quando penso no termo…. ele cada vez mais está ausente de sentido…. mas apenas no meu eu cognitivo, no racional. Existem algumas ações, digamos, instintivas… reações que acabam justificadas.

Alguém fez ou faz mal a você (parta do princípio de que “mal” é subjetivo).

Instantaneamente, queremos o mal dessa pessoa também.

No mínimo, comparamos o “eu” com o outro… e perguntamos quase que inconscientemente: sou melhor, ou pior?

Se melhor, o ego aplaude.

Se pior, o ego agoniza.

Agora, perceba o fluxo comportamental dessas poucas colocações.

Mal e bem são relativos. Comparar é uma relatividade por definição.

Querer punir alguém porque em alguma concepção houve um “mal” praticado… definitivamente não é uma abordagem sem efeitos colaterais.

Convenhamos: é vingança… e diz mais sobre o agente do que sobre o alvo.

Se você é uma pessoa que sabidamente excluiu essa palavra do seu vocabulário, parabéns… Mas não faz diferença alguma.

Em alguns casos a vingança é inconsciente. “Dar o troco”.

Ela simplesmente acontece e só depois nos damos conta… dessas, na maioria das vezes justificamos como algo inofensivo no próprio conceito ou, pior, nos fazemos acreditar que houve merecimento.

Merecimento?

Quando usamos essa palavra… AUTOMATICAMENTE ha uma implicação: já julgamos.

Opa!

Não existe o conceito de “merecimento” sem o julgamento. Se formos sinceros conosco e com a sociedade, ao determinarmos que somos ou que alguém é merecedor de qualquer coisa que seja, estamos usando a nossa régua para impor uma punição ou recompensa.

O merecimento pode ser alheio, mas o ato de julgar (e a régua), nossos.

Se a base da suposta vingança é o ato de julgar e sentenciar, qual sentido há em perpetrar ações que implicam em vingar-se de si mesmo?

Sim, toda vingança é uma vingança de si.

Correndo o risco de ser clichê, qual benefício há em prejudicar? Em fazer sofrer, além de um prazer momentâneo, cheio de sordidez e sadismo?

O que isso revela sobre a natureza de quem age em nome da vingança?

Muita coisa.

Muita coisa que pode ser totalmente irrelevante.

Aí, qualquer um lê o que está escrito acima e percebe que tudo é, no momento, totalmente sem sentido.

E agradece.

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Falemos Sobre Liderança

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Palavra interessante.

Muda de contexto e muda de significado à todo momento. Ultimamente, sua conotação dança como o vento. Atende às mais variadas necessidades de ser e de exercer.

De poder também. De poder exercer convencimento, seja retórica ou fisicamente e convencer… para obter.

As suas raízes atropológicas e evolutivas são muito bem definidas e com comportamentos óbvios, distantes da dança contemporânea.

O conceito de liderança estava ligado à força física, de ser o “alfa”, à capacidade de defender um grupo em troca de acesso preferencial à comida e ao acasalamento. Bom sistema, como diz Simon Sinek: prospera a carga genérica dos mais fortes.

Essa relação de troca cria secundariamente uma associação do “líder” com “liderados”, gera grupos de relação potencialmente sadia, uma hierarquia e uma noção de seguidores para este líder. Um estado temporário que, originalmente, estava diretamente ligado à capacidade de defender fisicamente o posto de líder, o grupo, reproduzir e, como sabemos, nossa capacidade física e sexual declina com o tempo.

Como Kevin Spacey chegou a dizer, em um episódio de House of Cards, talvez com um senso de ironia premonitório:

“Tudo é sobre sexo, exceto o sexo. Sexo é sobre poder.”

Olhando por uma perspectiva evolutiva eu diria que sexo e estar bem alimentado eram sobre poder e… poder era sobre sexo e estar bem alimentado. A parte da subsistência alimentar como vantagem de liderar foi perdendo o sentido com o tempo e o desenvolvimento da consciência.

Obviamente, a infuência do racional e da sapiência na liderança alterou um pouco sua relação com o poder.

Com o surgimento de funções cognitivas superiores, a concepção de liderança e do poder atrelado migrou para outras circunstâncias. incluindo tudo aquilo relacionado ao racional e ao intelectual, tornando o poder físico menos evidente, menos potente e favorecendo o “poder” psicológico e cognitivo.

O ser humano tem a possibilidade há muitas eras de dar manutenção nesse poder de inúmeras formas. Para citar algumas, temos a empatia, a comunicação persuasiva, o debate verbal (intelectual ou não), temos a coerção, a intimidação verbal e psicológica, temos o assédio, a manipulação, a experiência ou maturidade e tantas outras maneiras, sadias ou não.

Como a concepção de liderança hoje em dia está muito atrelada à obtenção de resultados ou o alcançar de objetivos, a figura do líder sofreu uma infeliz fusão com outras identidades, como a de gestão, coordenação, com cargos e comando.

Então, eis que surge um efeito colateral: a manutenção da suposta liderança pelo poder, com a chancela institucional da busca por resultados e atingimento de metas.

A invariável associação do poder, da liderança, da gestão e do comando criou a busca da liderança através do poder, para chegar aos potenciais resultados.

Será que a sociedade moderna substituiu a alimentação e o sexo (preservação da espécie) – resultados do passado – pelo resultado contemporâneo traduzido no ter ou em alguma moeda da atualidade?

Certamente.

A confusão é tão grande que o ter (que simboliza a posse de qualquer coisa, material ou não) confunde-se com poder. Ao confundir poder com liderar, acha-se que o caminho para o ter é o poder ou liderar (vice-versa).

Ao ter, consegue-se poder, liderança, sexo e subsistência. O ter facilmente substitui o ser. O poder e a liderança associados a uma identidade e não a um estado momentâneo e passageiro em benefício do todo, da comunidade ou do grupo (como era no tempo das cavernas e até um bom tempo depois).

Ter perpetua o poder. Ter perpetua a liderança, que passa a ser imposta e manipulada para que o próprio ciclo se reinicie, afinal, quem detém o poder deseja mantê-lo.

Não me espanto que o poder das hierarquias (potenciais exercícios sociais de níveis de liderança) esteja associado ao sexo nas organizações ou grupos, ainda na atualidade.

Tudo isso não é acaso.

Há uma intenção por trás dessa movimentação. Eu explico em outro post mas, em resumo, algo que transforma você em um ativo transacionável. Isso mesmo: você é usado e vendido como recurso. O próprio “líder” moderno também!

Agora, vamos reconceituar o que vem a ser liderança, considerando as funções cognitivas superiores que nos qualificam como seres humanos.

Voltando ao argumento de líder e liderados, a comunidade surge através da troca empática e da colaboração. Nos primódios, essa relação preservava o grupo frente às ameaças, permitindo a sobrevivência. A contribuição do indivíduo para o grupo preserva o grupo (e o indivíduo) frente aos desafios maiores do que o próprio indivíduo.

A palavra que define isso muito bem?

Cooperação.

Percebam a distinção.

Diante da confusão intencional atual do conceito de liderança, que é usado para transformar pessoas em ativos transacionáveis, o foco do líder passou a ser o poder para extrair dos liderados (seguidores) os resultados esperados.

Mas ser líder não é sobre resultados. Nem sobre a quantidade de seguidores.

“Líderes não criam seguidores. Eles criam mais líderes.”
Tom Peters

Portanto, não confundamos liderança com gestão, comando e hierarquia.

Um líder pode comandar. Um líder pode estar no topo de uma cadeia hierárquica. Ele pode gerir… essas funções ou posições podem ser coincidentemente a responsabilidade da mesma pessoa para um mesmo sistema… mas são coisas distintas.

Líderes não são eleitos ou escolhidos pelo currículo. Líderes surgem do meio do grupo.

Um líder se torna um líder quando decide ajudar as pessoas, quando decide apoiar, fomentar e cultivar culturas sadias. Na verdade, ele deveria ser medido por isso. Você pode ser um líder para os seus pares em um time ou em casa.

O líder deveria estar ao nosso lado.

Mas o que acontece?

O gestor está na pessoa do líder, ele comumente ocupa um alto cargo hierárquico e ele é medido por resultado. Alías, melhor dizendo: ele ascende na hierarquia por causa dos resultados.

Entendem agora o motivo da confusão?

“Nos tornamos líderes no dia em que decidimos ajudar as pessoas a crescer, não os números.”
Simon Sinek

E os números? Todas as empresas e organizações devem necessariamente virar instituições filantrópicas?

É óbvio que não.

Mas isso também não tem a ver com ser líder. Pelo menos não diretamente.

Quando ser líder vira entregar resultados, os resultados desaparecem em médio e longo prazo pois a confiança se esvai. Quando ser líder vira exercer o poder para ter mais, ter para exercer o ego ou perpetuar o ciclo ter-poder-comandar-liderar, a cultura desaparece. Os relacionamentos entre líder e liderado não se aprofundam e o líder substitui o liderado, sempre com foco na cenoura. Sem empatia ou relacionamentos, o grupo se esfacela. A cultura é destruída e valores não conseguem ser mantidos.

Ser líder é sobre o grupo ou tribo, como Seth Godin e Dave logan gostam de colocar.

Ser líder é sobre fazer cada um ser o seu próprio líder e, eventualmente, tornar-se líder.

Ser líder é sobre se importar com as pessoas, sobre empatia, sobre fazer o indivíduo ao seu lado desenvolver-se.

De fato, ser líder é focar nas pessoas em primeiríssimo lugar para que elas cresçam. É estar ao lado de cada um.

Um líder de verdade ajuda e entende os liderados.

Ser líder tem muito mais a ver com altruísmo do que com cifras, ego ou exercício de poder.

Ser líder é inspirar.

A consequência disso? Aí sim, é o resultado!

 

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Amor Próprio

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Parece que quando uma pessoa não tem amor próprio suficiente, cede aos mais variados pensamentos, emoções e ações em favor de ser aceito e ser amado para compensar a falta do primeiro.

Talvez o equilibro seja tênue e o parágrafo anterior leve o leitor a achar que a condição acima é de não ter amor próprio.

Ao realizar uma autoanálise do passado, a impressão que tenho é de que a baixa autoestima provoca um recolhimento desse amor… mas eu não sabia o quanto. Nem por quanto tempo. Talvez apenas o suficiente para que o equilíbrio seja ameaçado.

Até agora. Agora parece que entendi. Que bom que aprendi ao perceber uma mudança potencialmente positiva.

Quando ele se torna suficientemente grande, a cessão ao externo se encerra.

Tendências de pensamentos, emoções e ações mudam, como num estalar de dedos.

Mentira.

Não foi num estalar de dedos.

Demorou.

Como uma bola arremessada ao longe, ela sobe e eventualmente desce… atraída pela força da gravidade.

Se arremessada em um ângulo fechado ou pequeno, dependendo da força, esse ponto onde ela deixa de subir e começa a descer pode ser imperceptível.

Mas ele ocorre.

É como se ele tivesse acabado de ocorrer.

Sinto isso dentro de mim.

Algo mudou, algo profundo aconteceu e eu acho positivo.

Antes só doía… dor sem sentido.

Tá, não tão ausente de sentido, afinal, ela levou ao momento presente.

Mas agora a dor é sinônimo de mudança. E…

De aceitação?

Não. Talvez a aceitação não seja parte da dor, apesar de mudança.

A aceitação parece ser a solução à dor mesmo com toda a mudança.

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A Origem do Famoso Gráfico de Venn do Ikigai

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Você provavelmente já deve ter visto este gráfico por aí:

 

Ele tomou a Internet de assalto em 2014 e, desde então, virou uma febre em grupos de mensagens e nas mídias sociais… até os dias de hoje.

O diagrama tem sido a base para processos de coaching e tem ajudado milhares de pessoas ao redor do mundo a encontrar propósito em suas vidas.

O fato é que, apesar da sua origem ser diferente do que somos levados a crer e a relação com o Ikigai ser tênue, tais origens não invalidam a sua força, muito menos a sabedoria do próprio Ikigai.

Vamos às evidências.

Ao revisar um dos capítulos do meu livro que aborda propósito, fiquei incomodado por não encontrar uma relação direta entre o Ikigai e o conteúdo do gráfico e… após ler livros sobre o tema, percebi que o gráfico surge do nada.

Em 2011 um psicólogo espanhol chamado Andrés Zuzunaga criou o diagrama, que foi usado em 2012/2013 no livro “¿Qué harías si no tuvieras miedo?” de Borja Vilaseca.

Em contato com os administradores do site cosmograma.com em 20/12/2018, recebi rapidamente um email fornecendo mais detalhes como, por exemplo, esse post no Facebook de Andrés Zuzunaga, datado de 04 de junho de 2012, contendo o diagrama original.

Abaixo, você tem a aparição do diagrama (e o conceito dele) no livro de Borja Vilaseca.

Aparição original do gráfico de Venn sobre propósito, no livro de Borja Vilaseca(*)

Aparentemente, o empreendedor e palestrante Marc Winn usou a imagem e em 2014, inspirado pelo Ikigai, gerou uma versão do diagrama que nós conhecemos tão bem, explicando o conceito dele em um post no seu site. Ele inclusive conta a história da criação do gráfico em outro post.

Marc alega que usou inicialmente um gráfico sobre propósito e o conceito que Dan Buettner coloca em seu TED sobre Zonas Azuis. Entretanto, não há nenhuma menção aos elementos do gráfico no TED de Dan Buettner.

Foi, ao analisar os comentários do post original de Marc explicando a situação que cheguei ao livro de Borja Vilaseca.

Isso é uma garantia de que a origem é essa, de fato?

Dificilmente uma garantia, já que gráficos semelhantes existem e podem ter sido usados como fonte de inspiração (ou trata-se de uma grande coincidência).

Evidências: aqui

A lição é:

Se algo faz sentido, não se torna automaticamente verdade.

Agora vamos refletir um pouco sobre o tema.

Alguém teve a curiosidade de pesquisar sobre o assunto para entender as coisas mais profundamente, o contexto e as repercussões, de algo tido como certo por anos…

A notícia boa é que o conhecimento gerado a partir dessa ligação de conceitos, mesmo que não tenha sido explicitada originalmente, parece ser positivo, tornando conhecida mundialmente a concepção do Ikigai. O gráfico não só faz sentido como é útil e aplicável.

Entretanto, ele não representa o Ikigai. O conceito que Borja Vilaseca traz em seu livro é uma coisa… o Ikigai, outra.

Aí, você percebe, pesquisando no Google, que empresas, treinamentos, materiais didáticos, palestras, publicações e um sem número de iniciativas surgiram a partir daí e… ninguém teve a curiosidade de ir atrás das origens da questão.

Mais uma vez… isso invalida a utilidade desse conhecimento?

Eu entendo que não.

Entretanto, não tenho tanta certeza se podemos chamar o gráfico de Ikigai.

Devemos sim agradecer a André Zuzunaga e Borja Vilaseca pelo conceito e, quem sabe, explorá-lo mais. Devemos estudar mais o Ikigai, que é uma filosofia de vida fantástica.

Podemos até agradecer a Marc Winn pelo seu post em 2014 que lançou tanto o conceito do Ikigai quanto o de Borja Vilaseca ao estrelato (mesmo que o próprio gráfico e sua abordagem tenham surgido e sido explicados cerca de um ano antes).

Será que saber disso muda alguma coisa?

Para mim, houve uma mudança. Honrarei em meu livro o que parece ser a fonte correta da informação e do conhecimento.

O gráfico em si? Continua tão importante, mas agora temos evidências de sua origem e os argumentos por trás dele.

E você? O que aprendeu ou conclui com isso? Muda algo pra você?


Leitura recomendada:

 

Atualização em 07/03/2020 12:50 -0300GMT: achei um livro de 2005 que possui um gráfico que pode ter servido de inspiração para o diagrama. Referências aqui e aqui. Notadamente, também achei um post supostamente de 2010 que contém o diagrama. Entretanto, apesar do site colocar a postagem como sendo de 17 de agosto de 2010, não considero uma fonte confiável. O Internet Archive apenas achou a página em 2018.

Atualização 20/12/2018 19:14 -0300GMT: Os administradores do site cosmograma.com responderam à minha solicitação de maiores informações, com um post de Andrés Zuzunaga no Facebook datando de 2012 com o diagrama original.

 

(*) Eu não achei o livro físico. Entretanto, comprei-o no Kindle, de onde retiro a imagem para fins puramente didáticos e ilustrativos dos argumentos aqui presentes, de boa fé. Caso a forma como está sendo apresentado de alguma maneira infrinja direitos reservados, de cópia ou quaisquer outros, basta entrar em contato para que eu remova a imagem.

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Oportunidades, Sorte e Azar (*)

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Você já percebeu que a capacidade de identificar oportunidades na vida é diferente de pessoa para pessoa?

Você pode qualificar as oportunidades na sua vida inicialmente como coisas potencialmente aleatórias e que precisam ser reconhecidas por você… afinal, algo que não consegue ver, ouvir, sentir ou refletir sobre… não é muita coisa, muito menos oportunidade. Para quem não tem o preparo, maturidade ou não está pronto, as oportunidades não existem (elas passam embaixo dos nossos narizes e não percebemos).

Na verdade, mesmo que alguém chegue para você e aponte “olha, tem uma oportunidade ali, na sua frente!”, não adiantará muito.

Preparo significa aprendizado e ele não existe para quem está na zona de estagnação (também conhecida como zona de conforto) ou quem se faz de vítima. Ou seja, ou você é protagonista e responsável para “ter sorte” ou verá a sua vida apenas como consecutivos “azares”.

Aí, durante a caminhada, você pode chegar à conclusão de que, ao ter preparo suficiente, também pode criar oportunidades… e isso tem influência direta sobre o que considerarmos ser sorte ou azar. É isso mesmo! Ao nos preparamos, amadurecemos!

Veja como a sorte e o azar tem conotações diferentes dependendo do ponto de vista e como a referência é sempre a própria experiência, o próprio mapa: se olharmos de nós para nós mesmos, sorte significa um acontecimento positivo para o qual não nos preparamos ou para aquilo que não julgamos ser merecedores.

Já o azar significa não conseguir algo para o qual treinamos, nos preparamos, julgamos ser merecedores ou um infortúnio (acontecimento negativo para o qual não nos preparamos). Olhando de fora, achamos que alguém teve sorte quando consegue algo que nos é difícil e azar quando alguém não conquista aquilo que achamos ser justo.

Perceba também quanto há de expectativas e julgamento numa qualificação de algo como sorte ou azar também. Observe que até os eventos inesperados em nossas vidas podem ser vistos assim!

Quanto mais você se “prepara”, conhecendo-se e conhecendo o mundo a sua volta, maior será a sua capacidade de reconhecer as chances que aparecem, como quem coloca a cabeça para fora dos arbustos e finalmente vê a floresta…

Mas quanto maior o conhecimento e o autoconhecimento, maior será a fronteira entre o que conhece e o que não conhece.

Complicou?

Vamos descomplicar.

Imagine que o seu conhecimento ontem era uma bola de ping-pong.

Se você amarrar um cordão em volta da parte onde ela é mais gordinha, o comprimento do cordão será cerca de doze centímetros (essa é a sua circunferência).

Pense nesse cordão como a fronteira entre o que você conhece (bola de ping-pong) e o que você não conhece (todo o resto além do cordão).

Mas aí você estudou, permitiu-se trocar intelectualmente, preparou-se e, no momento atual, seu conhecimento é maior do que ontem. Ele não é mais uma bola de ping-pong… transformou-se numa bola de basquete.

Amarre um cordão em volta da bola de basquete… verá que ele cresceu para um pouco mais de setenta centímetros!

Ah Romulo, agora eu entendi! Eu assisti a uma apresentação de um palestrante motivacional famoso que diz que cada um tem o que merece, ou seja, se eu estudar, capacitar-me e fizer por onde, colherei frutos!

É, isso às vezes acontece.

Às vezes não.

É a vida!

Do mesmo que jeito que não há forma de prever o futuro, você pode usar o que está nas suas mãos para construí-lo, quando as chances de sucesso aumentarão vertiginosamente. Não fazer nada?

Essa é a garantia de que a sorte não sorrirá para você.

“O encontro da preparação com a oportunidade gera o rebento chamado sorte.”
Tony Robbins


(*) Esse texto é parte do livro “O Guia Tardio

#OGuiaTardio

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O Que Faz Você Mudar?

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Quando criança, você enfiou o dedo na tomada?

Já se queimou cozinhando?

Como ficou o seu coração depois do rompimento do seu último relacionamento ou diante da perda de um ente querido?

Ou diante de uma decepção relacionada a alguém em quem confiava ou da perda de um emprego?

Peço desculpas por ter feito você imaginar as situações acima e talvez até lembrado de algo desagradável.

Agora, me responda: o que há em comum entre os cenários acima?

Se você respondeu “dor” ou “sofrimento”, acertou.

Se você respondeu coisas como “mudança”, “aprendizado” ou “evolução”, acertou também.

Pare por um momento para compreender porque as coisas são desse jeito.

A dor é um mecanismo que surgiu da nossa evolução como animais: trata-se de um alerta, uma mensagem para que nós avaliemos o que está acontecendo. Ela é associada ao evitamento, à intenção de se afastar, tão logo seja descoberta a(s) sua(s) causa(s).

Isso pode acontecer quase que instantaneamente como, por exemplo, ao sentir o fogão aceso, impondo uma temperatura prejudicial ao tecido do seu braço. Em um reflexo, afastamo-nos.

A nossa reação varia muito e está intimamente relacionada à descoberta ou suspeita da causa. Quanto mais fugitiva, maior o desafio em reagir adequadamente. Contudo, a manifestação da dor é, na maioria das vezes, aguda e rápida.

Com as questões imateriais, do coração, do sentimento, dos valores, da ética, da moral e de tantos outros universos que podem dar origem a uma dor também imaterial, a sua manifestação tende a ser inicialmente aguda, transformando-se em crônica.

Em qualquer caso, a mensagem é clara: MUDE ALGO, AGORA! A dor é um indicador claro de que alguma coisa precisa ser feita e é necessário mudar.

“Transformação sem trabalho e dor, sem sofrimento, sem um sentimento de perda é apenas uma ilusão da mudança verdadeira.”
William Paul Young

Dor e sofrimento geram mudança.

Nas últimas três semanas, tenho me deparado com algumas literaturas que me fizeram enxergar algo.

Para explicar, temos que entender algo antes: do mesmo jeito que a dor e o sofrimento geram mudança, a nossa mudança como ser gera dor e sofrimento. Ou seja, há uma transitividade aqui e isso é muito importante.

Alguns autores afirmam que a dor da mudança é, na verdade, a resistência que oferecemos. O argumento é: sem resistência, sem dor. Entendo que essa resistência pode ser minimizada mas não eliminada. Nós, como animais, somos assim: feitos para conservar energia (e mudar gasta energia).

Não há forma de evitar isso. Mas certamente podemos agir para minimizar essa resistência. Autoconhecimento é uma delas.

Tenho escrito copiosamente por aqui sobre a dinâmica entre zona de conforto (que gosto de chamar de estagnação existencial), zona de esforço (que chamo de evolução existencial), dor, sofrimento, aprendizado e evolução.

A dor faz parte do nosso dia-a-dia e é um aprendizado útil saber lidar com isso de forma adequada. Muitos permanecem em uma estagnação existencial justamente para evitar essa dor da mudança.

Pense numa balança com dor e sofrimento de um lado e desejo e mudança (incluindo aprendizado, evolução e resultado) do outro. Se a dor for maior, você não se move. Se o desejo ou a necessidade de mudança forem maiores, você segue.

“É preciso a chuva para florir.”
Tocando em Frente – Almir Sater

Mas existe um outro elemento nessa equação de evolução, talvez o mais importante (se é que é seu interesse obter resultados): motivação.

Ela é uma grande amiga sua. Faz a balança pender para a mudança e, dependendo do seu tamanho, pode permitir suportar níveis inimagináveis de dor e sofrimento. Aliás, pode inibí-los, como um anestésico.

E aí, para contextualizar tudo que foi dito, faço uma pergunta chave: onde você quer chegar? Você quer coisas materiais, dinheiro, sucesso ou fama?

Quer ser mais amoroso, carinhoso, inteligente, culto ou companheiro? Quer mudar como pessoa?

Existe certamente um caminho de dor e sofrimento até chegar lá.

Então, a questão passa a ser: quanta motivação eu tenho dentro de mim para suportar a dor necessária a percorrer o caminho, chegar “lá” e manter ou evoluir o status?

Pense na motivação como a materialização da sua vontade, da capacidade de chegar aonde deseja, de obter o que quer ao manipular a única variável sob seu controle na equação da evolução! (A alternativa é desistir…)

“A mudança acontece quando a dor de permanecer na mesma é maior do que a dor da mudança.”
Tony Robbins

Motivação, essa coisa tão presente na vida de alguns e tão efêmera na vida de outros.

As pessoas tendem a achar motivação em fatores externos, como um pai, mãe, filho, pessoas próximas, dinheiro ou um sem número de coisas materiais. Chega a ser engraçado que muitos considerem de certa forma o objetivo como motivação.

Você chega para um indivíduo e pergunta:

“Qual a sua motivação para ser rico?” “Ah, é nunca mais pagar contas.”

“Qual a sua motivação para vencer na vida?” “Ah, é dar uma vida legal para minha esposa e filhos.”

“Qual a sua motivação para ganhar as olimpíadas?” “Ah, é por causa da minha mãe que era atleta e não conseguiu chegar aqui.”

“Por que você fez esse curso?” “Ah, porque meu pai quis.”

Nãoooooo! Não funciona assim…

“O crescimento é doloroso. A mudança é dolorosa. Mas nada é tão doloroso quanto ficar preso onde você não pertence.”
N. R. Narayana Murthy

Perdoem-me, mas as respostas acima indicam ou ingenuidade, ou desconhecimento dos próprios valores ou falta de rumo (talvez a combinação destes).

  • Nada material deve ser a origem da sua motivação.
  • Sucesso não deve ser a origem da sua motivação.
  • Dinheiro não deve ser a origem da sua motivação.
  • Ninguém deve ser a origem da sua motivação.
  • O que sua família quer não deve ser a origem da sua motivação.
  • O que alguém quer (seja pra você ou não) não deve ser a origem da sua motivação.

Eu costumo dizer que, não importa o que se acha ser uma motivação externa, um valor pessoal a precede.

Seus valores devem ser a origem da sua motivação.

Quando me refiro a pai, mãe ou filhos, penso no valor “família” como origem importante. Dinheiro e coisas materiais podem significar crescimento, estabilidade e até liberdade ou independência.

Qual a importância disso? Muito fácil: fatores externos são comumente passageiros e fraquíssimos diante de motivadores internos. Podemos ser uma fonte inesgotável de perseverança ao usarmos nossos valores como combustível.

Portanto, sugiro fortemente que você descubra quais são os seus. Eu posso ajudar você nessa jornada.

Para finalizar, se esse texto tem a intenção de deixá-lo com uma mensagem, é essa:

Se está doendo, algo precisa mudar.


Leitura sugerida:

(*) Este livro em especial traz uma ótica da vida com a qual não compactuo. Particularmente acho o texto agressivo demais e muitas vezes negativo, trazendo uma visão limitante e focando na problemática e não nas possibilidades. Entretanto, ele possui alguns insights interessantes e muitos podem se identificar com ele. Eu tenho uma teoria a respeito disso: quando estamos em dificuldades, tendemos a achar tudo uma porcaria e a usar uma linguagem muito semelhante. Entendo que pessoas nesse estado se identificarão com a linguagem e com as colocações e isso foi usado como estratégia para torná-lo um best-seller.

Na sequência, Mark Manson lançou outro livro chamado “Fodeu Geral” que, aí sim, é uma obra de arte.

 

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Sente-se Corajoso? Hora de Um Reality Check

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Você acordou corajoso e decidiu ler esse texto.

Chegamos a um ponto onde já temos massa crítica de informações aqui no blog para fazer algumas perguntas realmente importantes e decisivas (bem, pelo menos para algumas pessoas).

Uma checagem de realidade, talvez um wake-up call, deparando-se com as seguintes questões:

  • O que você tem feito com a sua vida?
  • Onde você tem chegado? Que resultados tem obtido?
  • Onde você quer chegar? Que resultados quer obter?
  • Que tipo de pessoa você tem sido em sua existência, até o momento? O que almeja ser?
  • Tem um plano? Está à deriva e não sabe o que fazer? Ou está sendo levado (e tudo bem)?

Você tem medo de fazer estas perguntas? Tem medo das respostas?

Já racionalizou na sua mente que você é de um jeito e não vai mudar?

Já racionalizou para os outros que todos devem aceitar você do jeito que é, porque nunca mudará?

Se você fez essas perguntas pra valer, em um momento de introspecção e deu um friozinho na barriga, continue.

Se você é indiferente a estas questões, por favor, não siga adiante, pois achará perda de tempo. Sugiro, como alternativa, ler esse texto aqui ou esse outro 🙂 Talvez mude de ideia!

Decidiu continuar?

Vamos lá!

Comecemos tornando o texto mais agradável, ao definir um conceito essencial.

Você deve estar cansado de ouvir os termos “zona de conforto” e “zona de esforço”. É, eu sei. Eu entendo você. Tem coisas que são tão repetidas que perdem o sentido. Eu estou cansado de usá-los também… apesar disso não diminuir a importância deles.

Tratam-se de termos que representam ideias complexas. Por isso é tão fácil e cômodo tirá-los da manga.

O que podemos usar no lugar deles?

Vejamos:

Zona de conforto é um estado, status, uma posição, um conjunto de pensamentos, sentimentos e ações (ou ausência delas), permitindo ao ser existir sem supostas ameaças, riscos, nervosismo, ansiedade ou insegurança. É uma zona repleta de, digamos, “tranquilidade” e de mínimo potencial para sofrimento ou dor.

É um lugar onde temos desempenho mediano ou insuficiente, relacionamentos interpessoais mornos ou frios e pouca troca. Aceitar conhecimento, trocar sentimentos e reconsiderar quaisquer coisas em nossas vidas leva ao aprendizado que, em mais ou menos intensidade, causa dor ou sofrimento (e, nesse estado, dor e sofrimento são evitados a qualquer custo).

Podemos até afirmar também que é uma zona onde existe pouco ou nenhum desejo, pois no fim das contas, desejo provoca ação, movimento, mudança e… não queremos sofrer nem gerar ansiedade, não é mesmo?

Isso tem alguns efeitos colaterais.

Lá, não há evolução. Não há crescimento e não há aprendizado. É um lugar estático e sem mudanças perceptíveis ou intencionais. Como afirmei no texto sobre valores, creio que, em alguns casos, há a “involução” do ser, afinal, tudo na vida que não é exercitado, atrofia.

Explicar a zona de esforço agora é fácil: ela é a antítese da zona de conforto.

Nela, há um esforço pela evolução. De fato, só há evolução na zona de esforço. Há um conjunto de pensamentos, sentimentos e (principalmente) ações no intuito de aprender e evoluir. Há mais troca intelectual e sentimental com quem nos cerca. Provoca mudança intencional.

Consequência?

Dor e sofrimento.

Se fosse fácil… (complete a frase).

Existe a consciência de que aprender, mudar e evoluir causam dor e sofrimento, mesmo que você ressignifique isso de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde.

Diante disso, o que são sinônimos para as zonas de conforto e esforço?

Particularmente, gosto de associar a zona de conforto a uma estagnação.  Também me identifico com o existencialismo e, ao adicionar o conceito de que nossas ações são resultados dos nossos sentimentos e pensamentos que as precedem, por que não chamar esse lugar de estagnação existencial?

E como fica a zona de esforço?

Aplicando o mesmo princípio e adicionando uma carga de positividade, acho adequado o termo evolução existencial. Existencial porque a evolução pode ocorrer em diversos aspectos da vida e usar o termo “existencial” abstrai isso para as ações que você de fato desempenha na direção de evoluir, em quaisquer áreas.

Importante registrar que existe uma consideração “filosófica” a ser feita: o resultado das nossas ações, com a intenção de evoluir, pode ser negativo ou a involução (o tiro sair pela culatra), assim como a estagnação pode levar à “atrofia”.

Em prol da simplicidade, vamos considerar que toda ação tem uma intenção positiva e que, mesmo a involução, causada com a intenção de evoluir, é um aprendizado.

Por falar nisso, lembre-se: exercitar a evolução existencial não é garantia de que nada errado acontecerá ou que fracassos não ocorrerão. Significa que eles são aprendizados e insumos para o sucesso. Já na atuação como estagnação existencial, eles são revezes muitas vezes intransponíveis. São barreiras.

Que arrodeio da bexiga Romulo! O que isso tem a ver com as perguntas tão profundas do início?

TUDO.

Para muitos, as perguntas são balela. Destes, tem gente que age assim no sentido de evitar o confrontamento (chame de manter o status quo ou… de estagnação existencial mesmo).

Tem pessoas também que acham mesmo que é balela (suspeito que pela falta de conhecimento ou pela fase em que a pessoa se encontra na vida – veja esse texto e entenderá).

Já o restante, ou está na estagnação existencial por algum outro motivo ou na evolução existencial, conscientemente ou não.

Aliás, as perguntas são um excelente “reality check”. Chame de teste, se preferir. Quem as faz com sinceridade e pensa a respeito descobre que ou está em uma zona ou em outra e termina por acordar. Despertar.

A questão é: o que você fará a partir daí?

“Ignorância é uma benção.”
Thomas Gray

… E você acaba de perdê-la.

Incomoda né? Borboletas no estômago e nem é amor.

Sou da opinião de que a base da evolução existencial é o aprendizado, a troca de pensamentos e sentimentos entre as pessoas, sempre respeitando as opiniões de cada um (que levam ao aprendizado).

Tenha em mente a necessidade de uma argumentação saudável que nem sempre se materializa. Mas ter isso em mente nos ajuda a parar, respirar e voltar ao congruente.

A melhor parte? A sua escolha exerce papel imprescindível. A partir do momento em que torna consciente tudo que foi falado até aqui, você pode escolher com quem convive (e troca), o que estuda e aprende e até com o que mantém contato frequente.

Você pode se deixar influenciar pelo meio, pelas redes sociais, pelas pessoas e comportamentos e tudo serão escolhas suas. Lembre-se, inação é uma escolha.

E, assim como tudo na vida, o que não é usado, decai. O que não é exercitado, murcha. O que não é estimulado, definha.

Com aprender, é a mesma coisa.

Usemos uma história (quase metáfora) para exemplificar.

Eu aprendi com minhas referências familiares que médico bom é médico experiente e que, segundo a consenso então vigente, são os de maior idade.

O tempo foi passando e eu desaprendi essa visão.

Terminei descobrindo que nem sempre é adequado afirmar isso. No fundo, médico bom é médico que se atualiza. Que não parou de aprender. Não parou de evoluir.

A partir daí, percebi que essa questão está presente em todas as profissões. Em algumas mais, em outras menos, dependendo da velocidade com a qual o conhecimento daquela área evolui.

Sou originalmente da área de tecnologia, que tem a condição da evolução rápida como uma parte elementar. Em outras áreas, como na saúde e na legal / jurídica, na média, a tradição fala mais alto.

“A ignorância é a mãe das tradições.”
Gustave Gounouilhou

Perceba como, nessas áreas, há um embate entre os tradicionalistas e os evolucionistas (para não usar um termo mais comum, que pode ser inadequado em algumas situações, como “entre o velho e o novo”).

Podemos até pensar que a tradição é um mecanismo que surgiu naturalmente para proteger o próprio ser humano, à medida que ele envelhece. Com a idade, tudo fica mais desafiante (inclusive aprender) e exercitar hábitos fica mais fácil do que lidar com coisas novas.

Entretanto, se o indivíduo cultivou ao longo do tempo o “hábito” de aprender, ele consegue se manter em evolução e até com mais saúde mental.

Será que você já conseguiu traçar um paralelo entre a questão acima, a estagnação e a evolução existencial?

Sim, estão relacionados.

Se a permanência em uma ou outra zona é consciente ou não…

… Não desejar aprender, manter o status quo e não aceitar a mudança é um forte indicativo de estagnação existencial. Típico comportamento do mindset fixo, explorado por Carol Dweck no seu livro “Mindset“, ou também chamado de mindset defensivo, por Chris Argyris.

… Por outro lado, ter o aprendizado como meta e hábito, questionar o status quo e aceitar a mudança (mesmo que isso inclua atritos, dor e sofrimento), é uma grande evidência da presença na zona de evolução existencial. Comportamento que aponta na direção de um mindset de crescimento (Carol Dweck) ou produtivo (Chris Argyris).

Agora, exploremos as evidências da zona de estagnação existencial no dia-a-dia.

Você convive com pessoas que se comportam como as donas da verdade. Elas apontam as mais diversas razões, como evidências científicas, reportagens, mídia, redes sociais e opiniões alheias para se comportarem de forma irredutível.

O ponto aqui é a resistência à mudança e a característica natural que a acompanha, de não aceitar muito bem a opinião alheia ou sequer deixar o interlocutor falar.

Reage ao que é dito pelo seu interlocutor com argumentos que tentam descredenciá-lo de imediato. O nível de argumentação é baixo e frequentemente está associado a provar que é melhor ou sabe mais.

Uma variação frequente desse comportamento é o ataque mais direto a ideias e pessoas, sem conhecer o assunto (o que caracteriza o preconceito) e usando de adjetivos pejorativos e que tentam desqualificar o tema pela identidade, como “isso/você é” “chato”, “ridículo”, “idiota”, dentre outros.

É aquele indivíduo que não conhece do que está falando mas, não obstante, condena, recusa ou rebaixa.

Outra reação é o afastamento verbal (fechar-se verbalmente), literalmente pedindo ao seu interlocutor para que não aborde o tema, alegando que “não quer saber”, “não interessa” e outros argumentos dessa natureza, frequentemente acompanhados de uma emoção ou exaltação.

Em outras palavras, o fato de alguém estudar bastante sobre algo, e até viver dentro uma determinada área de conhecimento, não lhe dá razão para negar o direito do próximo de se expressar.

Registre-se: não devemos confundir uma presença na estagnação existencial com um posicionamento ou opinião sólida. A diferença é fácil de detectar: uma opinião fundamentada é seguida de argumentação de qualidade e espaço para questionar. Ela não “ataca” pessoas. Se ela não existe e é substituída por adjetivos de rejeição, é um bom indicativo de mindset fixo.

A própria evolução humana (temos milhões de anos para comprovar) é o maior exemplo de que tudo está em constante mudança e nada é eternamente estático. Assumir uma postura estática, irremediável ou intransigente é um dos maiores sinais de estagnação existencial.

Há também a questão do ego.

Egos inflados estão intimamente ligados à estagnação existencial, à intransigência, ao mindset fixo e, em maior ou menor grau, à ausência de humildade, sendo a origem diversa, do sistema ao ambiente. Devo mencionar que muitas pessoas acham que grandes egos estão associados a um comportamento arrogante. Pode acontecer, mas não é a regra.

Por fim, entenda que uma pessoa (incluindo você e eu) pode exibir algum comportamento acima apenas para uma área e, não necessariamente, de forma global. Ainda, pode se comportar na zona de estagnação ou evolução em sua vida pessoal e ter um comportamento oposto na vida profissional (e vice-versa).

Com todo esse conhecimento em mãos, pergunte: conduzo-me, em relação a algum assunto, área, profissionalmente, pessoalmente ou de forma global, exibindo um comportamento ou ações compatíveis com o descrito acima?

Em caso positivo, você conhece seus valores e propósito, sabe que existem coisas que temos que fazer que não estão sempre alinhadas com eles e decidiu conscientemente se manter na estagnação existencial?

Se sim, devemos respeitar a sua decisão.

Não? Você acha que o seu mindset fixo frente a algo é involuntário ou inconsciente e o seu comportamento de estagnação é apenas consequência de você estar sendo levado pelo rio da vida?

Se este é o caso, há muito o que fazer e você tem motivos para ficar especialmente feliz! Acredito que você precisa iniciar uma jornada de autoconhecimento que ajudará a encontrar todas as respostas às questões do início desse texto.

Farei abaixo um roteiro com duas opções: um completo (e mais longo) e outro menor. O completo consiste em todos os textos recomendados, incluindo conceitos importantes para contextualizar e, o menor em verde, que são efetivamente os exercícios de descoberta e autoconhecimento.

Primeiro, alguns conceitos importantes:

  1. Use a metáfora desse texto de ficção (Patrícia) para iniciar a contextualização;
  2. Aprenda (se ainda não sabe!) a importância de sermos positivos;
  3. Entenda como errar e fracassar são mecanismos naturais de evolução. O ser humano evoluiu milhões de anos dessa forma;
  4. Perceba como aprender com outras pessoas, como a troca e a reconsideração de opiniões outrora imóveis, pode ser um renascimento;
  5. Descubra a importância do protagonismo;
  6. Vivemos uma dicotomia de certo vs. errado enquanto o universo é muito mais do que isso;
  7. Conheça o conceito de níveis neurológicos de aprendizado e talvez muitas situações em sua vida ficarão mais claras;
  8. Veja a importância da comunicação e de como somos responsáveis pelo entendimento do que comunicamos;
  9. O conceito de realidade socialmente aceito é ilusório e cada um de nós tem o seu próprio mapa de mundo. Isso tem influência direta em como nos relacionamos com o mundo que nos cerca;
  10. Existe muito menos malícia e maldade no mundo do que realmente somos levados a acreditar.

Em seguida, as ferramentas propriamente ditas:

  1. Como descobrimos os nossos valores?
  2. Como descobrimos o nosso propósito?
  3. Como lidar com a vida, nos colocando em situações onde somos levados a  tratar de coisas que não amamos ou não estão totalmente alinhadas com nossos valores ou propósito?

Não meu querido leitor, não estou de sacanagem.

Para alguns, deixei um enorme dever de casa!

Para outros, talvez uma pontada de curiosidade que levará a uma evolução.

Ainda, existem aqueles que acharão, mesmo depois do aviso, balela.

Tem também aqueles que não sabem como chegaram até aqui por causa da preguiça, quanto mais ler os demais textos e usar as ferramentas! O que importa é que chegou.

Se de alguma forma o que eu disse fez você pensar, eu cumpri minha missão. Se, como resultado desse conteúdo, você descobriu coisas importantes na sua vida ou, quem sabe, mudou-a para melhor… Nossa, estarei eu realizando um sonho e sendo ainda mais grato.

Boa sorte em sua jornada querido(a) leitor(a)!

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O Outro Lado da Moeda

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Tratemos de um tema potencialmente polêmico e impopular.

É raro ver artigos e livros que dão atenção à questão, mesmo que indiretamente.

Durante a minha caminhada de desenvolvimento pessoal, deparei-me com muitos pensamentos e estratégias válidas, amplamente divulgadas e usadas em larga escala, com um bom apelo de marketing, mas que, de certa forma, ignoram um pouco a complexidade do ser humano, da sociedade e do mundo em que vivemos.

Eu acredito fortemente em alguns conceitos que aprendi ao longo dos anos e vivo minha vida pautada neles. No que diz respeito a esse texto, destaco:

Dito isso, perceba como a comunidade da auto ajuda, coaching e motivação repete à exaustão que, para ser feliz e ter sucesso, você deve fazer aquilo que está alinhado aos seus valores, propósito e missão. A frase comum que traduz isso é algo assim:

(*) “Se você trabalhar com o que gosta, não precisará trabalhar mais nunca na vida.”

Já viu ou ouviu isso em algum lugar? É familiar?

Eu concordo com a frase e me incluo nessas comunidades. Escrevi profilaticamente sobre o assunto aqui no blog –  ensinando o caminho das pedras direta ou indiretamente.

Entretanto, existe um lado adicional à equação que não exclui as afirmações e considerações anteriores: é apenas mais um lado, contudo, negligenciado ou omitido.

Essa é a razão deste texto. O outro lado da moeda.

De cara, faço uma constatação: não há lugar para todos se a população da terra conseguir fazer o que gosta. Essa é uma impossibilidade logística, real e, por enquanto, necessária.

Se um dia a sociedade automatizará empregos e necessidades humanas desagradáveis, substituindo-as totalmente por máquinas… Bem, é provável que isso aconteça – mas no momento, isso não nos é contemporâneo. É, sim, uma utopia.

Temos muita coisa que precisa ser feita atualmente em várias esferas da nossa existência que são dolorosas, odiosas, antipáticas, enfadonhas, irritantes, aborrecedoras, entediantes, repulsivas… A lista continua.

O que devemos dizer para as pessoas que desempenham essas tarefas, algumas de forma heroica, solitária e não reconhecida? Que só serão felizes e realizadas se encontrarem sua missão e propósito aí?

Que devem largar o que fazem imediatamente e procurar o que amam?

Que, caso desempenhem suas incumbências sem necessariamente (ênfase nessa última palavra) amarem o que fazem, serão condenadas fatalmente à mediocridade?

Achar propósito e missão, na minha humilde opinião, é a base para uma existência coerente e plena(**). Já alinhar valores, propósito e missão com o que fazemos, apesar de ideal, poucas pessoas conseguem!

Enquanto procuramos esse alinhamento, como se paga as contas? Como sobrevivemos?

Entendo também que as pessoas devem ativamente trabalhar para não só se conhecerem melhor mas realizarem a jornada em busca deste autoconhecimento e alinhamento. Ela nunca deve acabar.

A jornada em si ensina muito e faz o indivíduo amadurecer, o que por si só tem o efeito colateral de influenciar positivamente todas as áreas da vida.

“Você nasce com apenas dois medos: medo de cair e medo de barulho alto. Todo o resto é aprendido. E é muito trabalho!”
Richard Bandler

Tudo isso considerado, de tanto se repetir essa frase(*), acho que alguns andam esquecendo o que significa ser profissional: fazer o que tem de ser feito, dentro das suas atribuições e(***):

  • Que seja trabalho ético e honesto;
  • Dentro da lei;
  • Com responsabilidade;
  • Com condições básicas (risco, local apropriado, ergonomia, etc.);
  • Ausente de assédio moral e com respeito;
  • Mesmo que você não necessariamente ame o que faz.

Na vida pessoal não é diferente. Temos que realizar tarefas incômodas, que não amamos, o tempo todo, todos os dias!

Reflita comigo: o que é viver na zona de esforço, se não fazer coisas novas e certamente dolorosas ou bastante incômodas que, eventualmente, podem se tornar agradáveis e amadas como resultado do nosso crescimento e evolução e da formação de um hábito?

Levando este raciocínio adiante, considere por um momento o seguinte: vivemos dentro de “caixas“, universos individuais limitantes chamados paradigmas. Com o nosso esforço, crescimento e desenvolvimento (doloroso), superamos e quebramos.

A partir daí, teremos um novo paradigma, uma nova série de limitações maiores para serem conquistadas, como resultado da nossa constante presença na zona de esforço.

É, através dessa evolução aflitiva, que empurramos essa fronteira entre paradigmas cada vez mais para frente e para fora.

É até poético ver esse mecanismo em ação – todos nós somos impulsionados a mudar pelo desejo ardente ou pela dor e sofrimento… Para entrar em uma fase penosa e de dor, que é o aprendizado e o crescimento.

Você já se deu conta de que… as paredes do seu atual paradigma existencial são praticamente construídas pelas coisas que considera impossíveis? Trabalhemos essas crenças!

Ainda, quanto mais você trabalha dentro dos seus paradigmas atuais, mais você se sente confortável com eles e mais você transforma o que era antes um desafio em seu hábito.

A evolução está, sempre, em buscar o novo, em aprender, em crescer, em expandir e em se superar.

“É difícil dizer o que é impossível, pois o sonho de ontem é a esperança de hoje e a realidade de amanhã.”
Robert H. Schuller

Agora venha cá, vamos bater um papo.

Devemos fazer apenas o que amamos e esquecer de todo o resto? Paralisar, enquanto não está claro nosso propósito?
É claro que NÃO!

Nosso sucesso depende de amarmos o que fazermos?
Eu particularmente acho que não.

Surpreso?

Amar o que se faz é excepcionalmente bem-vindo, mas definitivamente não é requisito para o sucesso. É muito comum se confundir não amar o que se faz com odiar o que se faz.

Perceba que você pode apenas tolerar ou gostar do que faz e fazê-lo mesmo assim, sendo profissional ou simplesmente cumprindo com suas obrigações.

Isso é errado? Não meu querido leitor, é normal e comum, totalmente aceitável e tudo bem que seja assim.

De fato, isso é o que deveria ser esperado da maioria das pessoas que possuem profissionalismo.

Esse papo todo fatalmente trará a seguinte pergunta à sua cabeça:

Serei feliz apenas se amar o que faço / meu trabalho?
Definitivamente não!

Desde que existam as condições básicas(***) que mencionei acima e que seus valores estejam razoavelmente alinhados com o que faz, você não cultivará um conflito interno deixando-o triste, desmotivado ou vulnerável.

Além disso, você pode procurar a sua felicidade em outro lugar, desde que o que você faz ou o seu trabalho não sejam exatamente elementos antagônicos em relação ao que acredita.

Romulo, eu não amo o que faço. Na verdade, não gosto meeesmo. Todavia, eu continuo, porque tenho pessoas dependendo de mim e contas pra pagar. O que devo fazer?

“Nunca subestime o poder que você tem de levar a sua vida em uma nova direção.”
Germany Kent

Acho que, depois de contextualizar a questão, colocamos o dedo na ferida. Esse é o real ponto, não é? A questão principal para muitos.

Permita-me, antes de mais nada, dar os parabéns: isto significa que você é responsável! Significa, na minha cartilha, que você é um dos heróis invisíveis da vida cotidiana, uma pessoa provavelmente honrada e que cumpre com seus compromissos!

Tudo bem… Obrigado! Mas não sei qual o próximo passo…

Recomendo que você comece descobrindo quais os seus valores base, se você ainda não os conhece.

Quanto mais alinhados estamos com eles, menor a probabilidade de nos sentirmos incompletos e melhor a vida flui. Menor será aquela sensação inexplicável de conflito interno e, ao conhecê-los, você terá uma boa ideia do seu norte.

Se você precisar de ajuda neste processo de descoberta e autoconhecimento, sugiro que leia esse texto.

Em seguida, proponho uma reflexão sobre conhecer o seu propósito ou o porquê por trás da sua existência. Valores e propósito estão intimamente ligados.

Enxergá-los trará uma nova perspectiva e você pode usar esse conhecimento para ir alinhando a sua vida com seu propósito aos poucos.

Eu ajudo você com essa jornada no texto da semana passada sobre o tema.

Ok Romulo… Isto certamente me ajudará a direcionar meus esforços no futuro… Mas o que fazer AGORA?

Veja por exemplo no final do texto anterior, como coloco o meu propósito e mostro a influência dele na minha vida. Aquelas conclusões e insights que mencionei não ocorreram da noite para o dia. A ficha demorou alguns meses para cair.

Francamente, senti-me perdido de início. Quando passei naturalmente a enxergar meus pensamentos, meus sentimentos e ações sob a ótica do meu porquê, as coisas começaram a fazer sentido.

É essa perspectiva que ajudará você a realizar um feito crucial: ressignificar.

“Quanto mais você é positivo e diz: “Eu quero ter uma vida boa”, mais você constrói essa realidade criando a vida que você quer.”
Chris Pine

Percebi que o meu propósito está presente em inúmeras coisas do dia-a-dia, pequenas a grandes… Ele existe quando dou bom dia a pessoas desconhecidas, quando abraço a pessoa querida que traz o meu café aqui na lanchonete.

Ele aparece quando tomo um chopp no aeroporto e tenho uma conversa engrandecedora com pessoas lindas e amáveis e até quando presenteio meu Pai com um livro que certamente o ajudará.

Ele está presente quando oriento alguém no trabalho, quando leio e me capacito no intuito de ajudar os outros ou quando ajudo um amigo a entender algo em sua vida.

Reconheço-o quando uso o conhecimento que tenho no momento para auxiliar a jornada de alguém ou quando participo como voluntário no processo de transformação de pessoas.

Ele também está presente no meu trabalho – lá, percebi que apoio indivíduos e grupos a economizar tempo, dinheiro e a tomar decisões todos os dias, que influenciam positivamente a vida de milhares, talvez milhões de pessoas.

Você pode fazer a mesma coisa. Olhar a vida sob essa lente maravilhosa que contém um novo estímulo, uma nova motivação ou várias!

Emocionei-me ao coletar as fotos para colocar em cada um dos links nos quatro parágrafos acima. Emocionado de felicidade e de realização ao relembrar cada momento. É isso que desejo a você, meu querido leitor: a felicidade que vem de dentro.

Ressignificar é tirar do acontecimento, da memória, do objeto ou da pessoa (no fundo, do que quer que seja, tendo um significado negativo para você), a capacidade de afetar, de trazer ansiedade, nervosismo ou qualquer outro efeito desagradável ou não desejável à você.

Ao olhar para o mundo com olhos de positividade, deixar de olhar para o problema e focar no resultado, na solução, nas coisas boas que são consequência dos seus atos, você se torna capaz de atribuir um novo valor, um novo significado para aquilo que antes era doloroso ou incômodo.

A mente não sabe o que é uma memória real ou imaginação. Depois que você ‘imagina”, aquilo vira uma memória.

Baseado nisso, veja como é simples: a partir do momento em que você começar a usar a sua “lente” do propósito para enxergar estas questões por uma ótica positiva e enriquecedora, o sentimento negativo será aos poucos substituído pela nova referência alimentada. Isso mesmo! Em pouco tempo, você passará a ter uma lembrança agradável!

Quer outro exemplo?

Viajo à trabalho quase toda semana e isso tem um investimento em cansaço. Algumas vezes de carro, outras de avião, podem durar de uma hora a mais de dez horas por trecho.

É muito comum, pessoas em situação semelhante, focarem no lado doloroso. Em fazer a mala, na saudade das pessoas queridas, no cansaço da viagem em si e em tantas outras coisas que podem ser pensadas e ditas.

Ao focarem nisso, geram sentimentos negativos e fatalmente, ações no plano concreto como, no mínimo, muitas reclamações (que iniciam uma espiral negativa).

Ou… o indivíduo pode focar no benefício que traz aos clientes. Pode focar em se superar para dar o melhor para a sua família.

Pode escolher viver no presente e testemunhar coisas lindas que o Universo traz, como essa experiência que descrevi em um texto passado, essa outra, ou até divertindo-se literalmente, como fruto do seu trabalho.

Veja como encaro uma viagem de carro: como uma terapia! É um momento solitário e altamente criativo, que uso para pensar em estratégias, na vida, em como ajudar as pessoas e até em textos para o blog.

Uma viagem de avião? Momento ideal para ler e aprender mais ou conhecer pessoas fantásticas!

A PNL tem algumas  abordagens bem interessantes para a ressignificação. Talvez vire um texto futuro 🙂

Agora, comece você. Descubra o que valoriza, deseja e motiva.

Para alguns, talvez seja a hora de deixar um pouco de lado o preconceito quanto ao tema. Para outros, deixar de evitá-lo, justificando ser balela motivacional e tratar a questão de frente.

No fundo, você sabe que tudo isso faz sentido, não é? Só precisa por em prática e mudar a sua vida.

As ferramentas estão à sua disposição.

Quero terminar esse texto com uma frase de Richard Bandler, um dos pais da PNL:

“Cérebros não são projetados para obter resultados; eles vão em direções. Se você sabe como o cérebro funciona, você pode definir suas próprias direções. Se você não fizer, então alguém o fará.”
Richard Bandler


(**) Em uma nota paralela, como mencionei anteriormente o ofício, é importante registrar que o processo de coaching, por tratar-se de puro autoconhecimento e planejamento, certamente pode ajudar nessa caminhada.

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Em Busca de Propósito

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Porquê. Isso mesmo, por quê?

Me refiro ao porquê por trás do que pensamos, sentimos e fazemos. Propósito, essa palavra tão festejada nos últimos cinco a dez anos, como consequência da explosão das oportunidades de autoconhecimento. E não é pra menos, pois conhecer nossos valores e nosso propósito tem o poder de dar sentido à vida (não é à toa que esse tem sido o foco, a base e o início de qualquer processo de coaching).

“Um nobre propósito inspira sacrifício, estimula a inovação e encoraja a perseverança.”
Gary Hamel

Entretanto, trata-se de um tema bastante controverso e não há um consenso geral entre autores sobre como achá-lo. Prefiro pensar que existem diversas estradas que levam ao mesmo destino e que os múltiplos conceitos são complementares. Essa é, particularmente, a minha abordagem.

Comecemos pelo começo.

Nosso propósito está intimamente ligado aos nossos valores. Sugiro que, antes de seguir adiante, dê uma olhada nesse texto. Lá, eu explico a importância de conhecê-los e ajudo você nessa descoberta.

Vejamos agora alguns pontos que considero conceitos, premissas e informações importantes para essa jornada.

Primeiro, você pode chegar à conclusão de que tem mais de um propósito ou porquê.

Em segundo lugar, como tudo na vida, ele pode mudar.

“Qualquer ideia, plano ou propósito pode ser colocado na mente através da repetição do pensamento.”
Napoleon Hill

Terceiro, pergunte-se: estou deixando a vida me levar, como um barco na correnteza ou tenho planejado a minha existência? Isso nos leva ao ponto seguinte.

Em quarto lugar, é bem provável  que você tenha diversos bloqueios que não lhe permitem enxergar dentro de si fundo suficiente para encontrar o seu porquê.

E está tudo bem!

Somos levados pela sociedade, pelos grupos (sistemas) aos quais pertencemos, pela doutrina, trabalho, religião, casamento, família, escola, faculdade… A casar com um esterótipo de homem ou mulher, de ter um trabalho específico (normalmente atendendo à vontade da família), ter um carro do ano, gostar das músicas que pessoas perto de nós gostam, comprar roupas de alguma marca, assistir ao que nossos amigos assistem, a ler o que nossos amigos leem, comer uma dieta específica… E por aí vai.

Isso acontece porque o ser humano tem uma razão antropológica, com milhões de anos de evolução por trás, de se organizar em grupos. Isso ocorreu no nosso passado em benefício de nossa sobrevivência, continua ocorrendo e é, através de características assim, que identificamos os grupos aos quais pertencemos.

“Quando você está cercado por pessoas que compartilham um compromisso apaixonado em torno de um propósito comum, tudo é possível.”
Howard Shultz

Se esses pontos nos fazem agir de forma específica, terminam influenciando quem somos. Pense em tudo isso como um ruído de fundo que, quando está alto demais, deixamos de escutar a nossa voz interior, aquela voz que sai do nosso verdadeiro eu.

Por último, entenda que não conhecer o seu propósito não é desculpa para desistir de tudo, travar ou procrastinar. Falarei mais sobre isso no próximo texto… Mas a ideia aqui é: continue respirando! Você chegou até aqui e sobreviveu. Muita coisa acertada você fez. Parabéns! Chegou a hora de dar mais um passo, de subir de nível.

Prontos para começar?

Vamos lá!

A primeira coisa que você precisa fazer é sair desse modo automático de comportamento. Quando estamos no meio do furacão, soterrados de responsabilidades, trabalho, família e tantas outras coisas, dificilmente olhamos para dentro de nós mesmos. Trazer a questão à tona, ao consciente, por si só já é, muitas vezes, metade do caminho.

Você precisa encontrar um tempo para você, um tempo para esvaziar a mente e escutar o seu eu. Falei disso recentemente, no texto da semana passada.

Recomendo fortemente que você comece a meditar. A meditação ajuda (e muito!) a acalmar esses pensamentos relacionados ao nosso dia-a-dia que parecem não ter fim e, em alguns casos, são a causa da insônia de muita gente.

“Meditação traz sabedoria; falta de meditação deixa a ignorância. Saiba bem o que o leva adiante, o que o retém e escolha o caminho que leva à sabedoria.”
Buda

Faça tanto tempo quanto achar que deve ou possa. Use seu bom senso! O importante é fazer todos dias. Eu, por exemplo, faço pela manhã, ao acordar. Dependendo da agenda do dia, pode durar de dez minutos a uma hora.

No início, será desafiante conseguir manter a mente livre ou focada. Com o tempo, verá que o desafio desaparece e dá lugar ao foco e a serenidade, que ajudarão você a pensar com mais clareza sobre seu propósito.

Continuando, preciso registrar que gosto muito da abordagem de Simon Sinek, no que diz respeito à descoberta do porquê. Ele escreveu um livro sobre essa jornada em conjunto com mais dois autores, chamado “Encontre O Seu Porquê” que, infelizmente, ainda não possui tradução para português.

“Palavras podem inspirar, mas apenas ação cria mudança. A maioria de nós vive nossas vidas por acidente – vivemos a vida como acontece. Realização vem quando vivemos nossas vidas com propósito.”
Simon Sinek

Nele, defendem que o nosso porquê, o nosso propósito, é filho das nossas experiências passadas e entender como reagimos a cada uma nos dá um excelente indicativo.

Portanto, elenque pelo menos dez situações que ocorreram com você que considere importantes e que tenham de alguma forma lhe impactado, mudado seu comportamento, opinião ou direcionamento, profundamente. Pense naquilo que ocorreu ao longo da sua vida e que talvez o tenha transformado em quem é hoje.

Para lhe ajudar, veja alguns exemplos:

  • Um casamento;
  • O nascimento de um filho(a);
  • A perda de um ente querido;
  • O início de um trabalho;
  • Uma promoção;
  • Um treinamento, curso ou formatura;

Agora, você precisa detalhar cada experiência, à procura de padrões. Eu vejo duas formas de fazer isso: com um parceiro (opção recomendada no livro e por mim) ou escrevendo sozinho(*). A primeira opção é interessante quando existe um ambiente de coaching ou quando você deseja fazer com alguém e esse alguém com você (pode ser um amigo próximo, sua esposa ou marido, etc.).

O passo consiste em você contar, da forma mais específica possível, cada uma das histórias, sem generalizações. Faça o possível para ter em mente uma relação de causa e efeito e evidenciar seus sentimentos durante o processo, transmitindo essas informações ao parceiro.

Ele deve anotar em uma lista os temas principais de cada história, como ajudar ao próximo, quebrar barreiras, superação, cuidar de pessoas, liderar,  contribuir para a sociedade, luta por liberdade, ganhar dinheiro, realização profissional(**), ou algum outro objetivo.

Permitam-me, a partir daqui, me distanciar de Simon Sinek, simplificando as coisas um pouco.

Ao lado de cada tema, seu parceiro deve construir outra lista com os sentimentos relacionados a cada um, que ele conseguiu extrair da respectiva história original. Para ajudar o seu parceiro, considere que cada ação no plano existencial é fruto de um sentimento, que surgiu a partir de um pensamento. Use isso para entender o fluxo e informar ao seu parceiro o sentimento correspondente.

Em seguida, analise a lista de histórias, temas e sentimentos em relação aos seus valores. Perceba quais temas e sentimentos estão alinhados com os principais. Se você foi honesto no exercício de descoberta de valores, de cinco a dez histórias estarão alinhadas com eles. Escolha as cinco principais e de maior impacto. Se você não encontrar pelo menos cinco histórias alinhadas, deve repetir a coleta de mais histórias até que obtenha cinco.

“Seus sentimentos e emoções são seus indicadores mais fortes de que sua vida está se movendo em uma direção com propósito ou não… Portanto, ouça com atenção como você se sente.”
Rebecca Rosen

Essa lista de temas resultante é, na verdade, a lista dos seus motivadores. São aquelas coisas na sua vida que lhe impulsionam, fazem você se mover, dar passos, reagir, sentir, atacar, defender-se.

O próximo passo é ajudar o seu parceiro a construir uma lista de dez a quinze coisas que você odeia, que lhe incomodam,  que você mudaria ou problemas que você deseja que sejam corrigidos, sempre em um âmbito global, como na sua comunidade, na sociedade ou no mundo. Recomendo que você se permita sonhar alto!

Por último, coloque as listas uma ao lado da outra e correlacione os seus motivadores com a lista de problemas. O critério é usar o bom senso e a compatibilidade: ligue o motivador que faz sentido usar para resolver o item da lista de problemas. Você pode ter um motivador ligado a mais de um problema e não deve ligar do problema ao motivador (sempre no sentido motivador -> problema).

Talvez você já tenha percebido aonde chegaremos.

Aquele motivador que está ligado a um maior número de questões que lhe incomodam ou problemas que deseja ver resolvidos é a base do seu propósito!

Olhe para estas ligações e pergunte: como, a partir dessas conexões, posso contribuir e servir?

“A gente só dá o que tem.”
Desconhecido – Provavelmente Isabel Allende

Mas Romulo, servir a quem?

Meu caro, um propósito é justamente isso. Algo em que você é bom, valoriza, tem uma boa motivação por trás (responsável pela maioria de suas ações e alinhado aos seus valores), tem utilidade prática e serve ao próximo, à sociedade ou ao mundo! É a sua contribuição, seu legado para o bem maior.

Por fim, voltando ao Simon Sinek, você pode continuar o exercício mental de tornar o seu propósito algo mais concreto e palpável ao transformá-lo em uma frase.

A base dela deve ser algo como:  Eu ___[contribuição]____ para que ____[impacto]____.

  • [contribuição] está relacionado ao seu motivador
  • [impacto] está relacionado ao problema que quer resolvido e à forma como você servirá

Veja, por exemplo, o que considero o meu propósito:

“Ajudar, de forma inteligente e eficaz, as pessoas a evoluírem como seres, transformando a sociedade e o mundo em um lugar melhor.”

Leia a frase acima. Tente entendê-la. Interprete o que ela significa, a sua profundidade e influência.

Agora, acompanhe meu raciocínio.

Quando leio essa frase, meu peito se enche de uma sensação boa, agradável.

Para mim, ela significa que eu devo ajudar o próximo. Mas a ajuda deve ser inteligente, duradoura, de forma a provocar uma mudança positiva na vida das pessoas. Significa que eu preciso, necessariamente, ter um impacto positivo nelas, incluindo você, meu leitor. O âmago da frase é “servir”.

Entenda a repercussão disso na minha vida. No meu entendimento, denota toda uma série de consequências, de tratar bem as pessoas até escrever esse blog (que, por sua vez, é parte da minha contribuição e surgiu da descoberta do propósito!).

Há uma manifestação de sentido, fundamental em todas as ações que realizo, a partir do momento que uso a ótica do meu porquê para enxergá-las.

E sabe qual o bônus? quando executo ações alinhadas à este propósito, tenho como efeito colateral ficar verdadeiramente feliz, realizado e completo 🙂

Voltemos a você. Agora que conhece potencialmente o seu porquê, sugiro validá-lo. Certamente essa é a etapa mais fácil: aplique o mesmo princípio acima, que usei no meu exemplo pessoal. Como eu, você saberá, no seu íntimo!

Diante das situações da vida que se apresentarem, pense no seu propósito e se ele se encaixa. Pense em suas ações frente ao seu porquê e sinta se você está em um caminho congruente, que faz sentido. A partir do momento que conhecê-lo, ficará claro para você se cada ação lhe aproxima ou não dele.

“O propósito da vida é contribuir de alguma forma para tornar as coisas melhores.”
John Kennedy

Se você tem interesse em se aprofundar, sugiro a seguinte literatura, que foi usada direta ou indiretamente como referência e inspiração para esse texto:


(*)Se você não tiver um parceiro ou optar por escrever, você mesmo realizará as duas funções. Dica: o resultado é melhor com alguém e a razão é simples: a parceiro terá a capacidade de interpretar sua comunicação não-verbal e de enxergar de forma global, coisa que você provavelmente não conseguirá fazer, por estar envolvido emocionalmente.

(**) Tomei cuidado de riscar essas duas opções porque elas devem ser consequência das ações alinhadas entre valores, propósito e vida. Pense em seu propósito como algo maior, que esteja na raiz da sua motivação.

 

 

 

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O Meu Desafio Pessoal Para Entrar no Clube das 5

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A ideia não é nova.

De fato, parece ter surgido há muito tempo. Nos últimos anos, em especial de 2008 para cá, alguns autores tem dado bastante atenção ao tema, como Hal Erod em seu fantástico Milagre da Manhã.

Você pode até já fazer parte do clube e não saber. Ou se não faz, já tentou, certamente.

Estou falando de acordar cedo. Mas digo cedo de verdade, por volta das 5.

Definitivamente, não é pra muitos.

Eu resolvi escrever sobre o assunto porque enxergo a questão por uma ótica um pouco diferente.

É claro que os benefícios relatados por tantos autores, incluindo Robin Sharma, fazem muito sentido (e são bem óbvios), como começar o dia antes da concorrência, ter tempo para se preparar, produtividade… Muitos autores também associam o clube ao sucesso profissional, apontando para grandes nomes executivos e empreendedores que acordam entre 5h e 6h da manhã.

Torço o nariz para essa conclusão e, em princípio, acho o argumento furado, sem considerar uma amostragem decente. É claro que, de todas as pessoas bem sucedidas no mundo, você acabará encontrando um punhado que acorda às 5 da manhã…

O ponto é: acordar cedo é uma decisão que tem uma série de consequências diretas e indiretas excepcionalmente importantes e muito além do óbvio “ter mais tempo para trabalhar”.

Na minha opinião, de uma forma geral, é trazer ordem ao caos. É “criar” tempo para uma agenda já esgotada mas, não necessariamente, com foco no trabalho: o foco deve ser você mesmo (a raiz de tudo), o que potencialmente inclui diversos lados de sua vida, muito na linha do que defende Hal Erod.

É ter um horário absoluto para acordar todos os dias e não ficar à mercê da maré da agenda, das reuniões marcadas pela manhã ou da liberdade de acordar tarde nos fins de semana, feriados e férias. Sim querido leitor, o clube das 5 da manhã é uma prática diária, todos os dias.

É potencialmente compatibilizar o seu corpo com o ambiente… E respeitar milhões de anos de evolução.

Mas para uma pessoa que tem uma péssima qualidade de sono, a coisa não funciona tão bem.

Meu desafio começou quando me mudei para Aldeia, um bairro no subúrbio de Recife, cerca de 40Km da “cidade” e da minha escola. Todos os dias, meu pai me acordava às 5:20h.

Fui uma criança de saúde frágil e com diversas questões respiratórias e alérgicas. Como se não bastasse a dificuldade natural em respirar causada pela rinite alérgica, garganta inflamada, eventual pneumonia e sinusite, os medicamentos da época provocavam muito sono.

Isso atrapalhou meu desempenho escolar também. Manter-me acordado era um desafio gigante.

Com a adolescência, a maioria das questões desapareceu ou caiu em intensidade. Sobrou uma sinusite alérgica que, quando piora, causa enxaqueca e labirintite.

Tudo isso atrapalha muito o sono. Dormir para mim é prioridade máxima, porque acredito que influencia meu desempenho como ser humano.

Decidir entrar no clube das 5 colocou muita coisa em perspectiva.

Durante os últimos 17 anos, venho aprendendo que a raiz para o sucesso em muitas áreas da vida é fazer o corpo e a mente trabalharem bem. Não faz sentido algum querer ter alta performance dormindo pouco, mal, não se exercitando, comendo inadequadamente e não cuidando da mente.

Tudo isso faz parte de uma equação interdependente: se uma coisa sofre, as demais padecem. Meus pais não têm saúde considerada exemplar e a genética está contra mim. Se eu não fizer a minha parte, quem fará?

Talvez entrar para o clube das 5 tenha sido uma das grandes decisões dos últimos dez anos. Comecei a estudar o tema, consultar médicos e especialistas à procura do que fazer. Tenho aprendido um pouquinho todos os dias. Fui inicialmente mal orientado e encontrei um potencial caminho há cerca de 5 anos, quando mudei minha alimentação, suplementação e exercícios físicos.

Certamente isso ajudou.

O diagnóstico e tratamento da sinusite alérgica e seus efeitos colaterais levou bastante tempo e apenas em 2017 chegamos a uma terapia que me trouxe qualidade de vida.

Entretanto, algo muito maior tem uma influência na qualidade do sono (e da vida que levamos): o ciclo (ou ritmo) circadiano.

Tudo começa com um conceito básico: nosso corpo tem um relógio interno que regula uma pancada de funções, como a hora de ter sono, a hora de estar alerta, a hora de caçar, a hora de estar focado, dentre tantas outras, que toma como base, principalmente, a luz do dia e a temperatura.

Ciclo Circadiano. Fonte infográfico: https://vitaminasexpress.com/blog/melatonina/

A nossa produção hormonal, que regula praticamente tudo no nosso corpo, principalmente questões como disposição e sono, é amplamente influenciada por esse ciclo. Para demonstrar isso, basta verificar no infográfico acima quando começa e diminui a produção de melatonina (que leva ao sono) e de cortisol (que leva ao estado de alerta).

Perceba a compatibilidade dos ciclos de sono e alerta com os horários. Veja que, dentro de condições normais, o acordar se dá às 6h e o dormir se dá por volta das 20h. Sim, se você vive em regiões onde o sol nasce mais tarde e se põe também mais tarde, o seu ciclo pode ser afetado (mas pode ser regulado).

De uma forma ou de outra, é fato que compatibilizar a agenda com o seu ritmo circadiano é uma das melhores receitas de qualidade de vida. Respeitar os seus ciclos hormonais e agir de forma compatível também.

Isso me levou a uma série de mudanças secundárias: eu coloco o despertador para 5:15h, horário em que amanhece na região onde moro. Associar o momento de acordar com o início da luz do sol, quando possível, é bastante eficaz.

Cerca de 50% do tempo, acordo entre 4:50h e 5:15 normalmente e desligo o despertador. Quando isso ocorre, eu me levanto da cama. Nos outros 50%, o despertador me acorda. Quando dormi bem, acordar é natural. Quando não dormi bem, acordar é uma tortura.

A primeira mudança ocorreu anos atrás, ao tirar o exercício físico da noite (que estava lá por causa do velho “se der tempo eu vou”) e colocá-lo pela manhã. Com isso, aproveito o ciclo natural de produção de cortisol e testosterona e não atrapalho ou inibo a produção de melatonina, que me dará sono à noite.

De fato, essa é uma das questões mais negligenciadas na sociedade contemporânea. Para dormir bem, você precisa fazer uma higiene do sono, o que significa:

  • Não ter atividades de alto giro cerca de 2:30h à 3h antes de dormir ou, pelo menos, diminuir o ritmo antes desse horário
  • Não interagir com telas a partir das 20h, para poder ter sono e dormir às 22h
  • Evitar estimulantes a partir das 17h (incluindo café)
  • Evitar comer antes de dormir
  • Evitar álcool antes de dormir
  • Evitar quarto iluminado ou quente (lembra da influência da luz e da temperatura no ciclo?)
  • Tentar dormir e acordar nos mesmos horários (não é mera coincidência, isso regula o ritmo circadiano)

Isso lhe trará potenciais 7 horas de sono de qualidade por noite, considerando deitar-se às 22h e levantar-se às 5h.

Eu juro que ouvi alguns de vocês falar algo como “meu trabalho não me larga antes das 20h”. Perceba se você não tem um ou mais destes sintomas:

  • sobrepeso
  • depressão
  • falta de libido ou atividade sexual
  • questões gástricas
  • questões cardíacas
  • diabetes
  • gripes frequentes
  • pescando em reuniões (dormindo em pé)
  • irritadiço / falta paciência

E eles não param por aí. Escolha um ou mais da lista acima, sem mencionar os medicamentos base da sociedade moderna: medicamentos para pressão, colesterol, depressão, ansiedade, impotência, para dormir e para o estômago.

É mais do que comprovado que a qualidade do sono tem uma influência maior ou menor em todos esses pontos.

É óbvio que fazer atividade física e alimentar-se bem são igualmente importantes – eu acredito, contudo, que o sono é algo que está no topo dessa cadeia. Tudo está relacionado! Eu particularmente já tinha cuidado da alimentação e do exercício: faltava-me apenas melhorar o sono (o que potencialmente melhora o resto).

Preciso confessar que, apesar de usar diversas técnicas para conseguir entrar para o clube, tem sido extremamente desafiante.

Algumas dicas que ajudam (algumas são clássicas e outras foram coletadas de diversas fontes, como o livro Milagre da Manhã):

  • Tente descobrir o seu tempo ideal de sono. O meu, por exemplo, é algo em torno de 7 horas. Diminua essa valor do horário que precisa acordar e saberá quando deve dormir;
  • Coloque o despertador longe da cama. Assim, você precisará levantar para desligá-lo. Evite dar soneca (ela envia uma mensagem confusa ao seu cérebro! Ele não sabe qual sua intenção – acordar ou dormir?);
  • Acenda imediatamente a luz. Ela ajuda o corpo a entender que deve acordar (talvez a dica mais importante!);
  • Tome, pelo menos, uns 300ml de água. Seu corpo passou a noite sem ser hidratado;
  • Faça de 10 a 15 polichinelos;
  • Vá imediatamente para o banho ou escove os dentes;
  • Faça o possível para organizar tudo na noite anterior (arrumar a bolsa do trabalho, escolher a roupa… etc.);
  • Se você vive em uma região onde o sol nasce por volta das 5 da manhã, deixe a cortina aberta e permita que o sol entre;
  • Se possível, programe seus exercícios para a manhã;
  • Tenha paciência 🙂

Já percebi que quando consigo fazer o ritual acima, o dia é, certamente, mais produtivo!

Agora, vem a parte boa.

Eis que surge a questão fundamental: o que fazer com o tempo adicional?

Permita-me dizer primeiro o que NÃO fazer: não caia na tentação de queimar esse tempo ocupando-o com a ineficiência (ou eficiência) da organização de sua agenda. Não deixe que as coisas do dia-a-dia escorram para dentro do tempo que você acabou de criar. Antes que isso aconteça, use-o para fazer algo que melhorará o seu desempenho como ser humano.

Vejam algumas sugestões: ler, ir à academia, estudar um assunto do seu interesse que esteja alinhado com seus valores ou sua missão, correr na praia ou na praça e até meditar. Foque em fazer coisas que ninguém faz e, justamente por isso, pode funcionar para você como grande diferencial. Muitas vezes em nossas vidas fazemos o que todo mundo faz, obtemos o resultado que todos obtém e, ainda, nos perguntamos porque as coisas são assim.

Eu estou lhe dando de presente essa nova perspectiva: duas prováveis novas horas por dia para você fazer aquilo que sempre disse que faria mas nunca arrumou tempo. Em um texto passado, argumentei que, se você não tem tempo para algo, é porque decidiu que não era prioridade. Agora é o momento de você tirar a prova.

Ficamos cegos com o operacional das nossas vidas e raramente nos preocupamos com algo fora desse ecossistema. Raramente planejamos ou abrimos espaço para as atividades que nos trarão resultados de longo prazo. Essa é a nossa chance!

Além da natural prioridade, eu intimamente sei como é grande o desafio de acordar às 5 para muita gente. Venho me esforçando diariamente: a cada dia, um pequeno passo. Às vezes consigo, algumas vezes não… mas eu tenho certeza de que chegarei lá.

Confiem em mim, os resultados valem à pena.


Leitura recomendada:

O Milagre da Manhã, Hal Erod
O Clube das 5 da Manhã, Robin Sharma

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A Importância dos Nossos Valores

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Ao longo da nossa vida, há algo por trás das nossas ações que norteiam as decisões que as precedem. Esse mesmo algo é responsável por orientar nossas opiniões e decisões que tomamos, também frente aos desafios e as ações dos outros.

A importância e a influência dos valores em nossas vidas é indiscutível. Mas e se eu disser a você que a grande maioria das pessoas não sabe quais são os seus e age puramente por instinto?

Quaisquer situações que demandem decisões são guiadas por eles; de fato, posso afirmar que influenciam nossos pensamentos, sentimentos e ações em cascata, tem importância gigantesca em nossa existência e são frequentemente negligenciados.

  • Você já se deparou com uma situação onde agiu de uma forma mas não se sentiu bem, ficou em dúvida ou se questionou, percebendo “algo fora do lugar”?
  • Você já viu alguém falar ou agir e ficou com uma sensação estranha, como se algo fosse incompatível ou não se encaixasse?
  • Já se arrependeu de ter falado, feito ou achado algo, sem necessariamente saber o porquê?
  • Já foi rápido em julgar alguém, por quaisquer motivos?

Provavelmente houve uma incongruência entre os seus valores e o que aconteceu e, o fato de você ter se sentido assim, decerto indica que você não os conhece. A grande maioria não sabe sequer lidar com estes cenários.

Eu tenho uma explicação para isso: na sociedade moderna, somos usualmente levados pelas circunstâncias – a pensar, sentir e agir.

A maioria passa a vida sendo levada por essas circunstâncias. Vamos sendo empurrados pela vida numa louca perseguição dos objetivos dos outros e somente aceitamos.

Alguns terminam percebendo a importância dos seus valores e da qualidade de suas decisões cedo ou tarde e passam a respeitá-los.

Em um contexto pessoal(*), temos o nosso primeiro sistema familiar (pais, irmãos, tios, etc.), onde nos dizem o que fazer boa parte dos nossos primeiros 20 anos, talvez até 30. Convém observar que a construção de nossos valores sofre influência fundamental desse sistema que, de uma forma ou de outra, eventualmente os determina.

Caso a pessoa esteja em um contexto pessoal onde o primeiro sistema familiar não existe ou é substituído por outro sistema, os seus valores serão certamente influenciados de forma semelhante pelo contexto que substituí-lo.

Famílias em conflito tendem a ser naturais à ausência de valores claros. É muito importante registrar que valores diferentes entre pessoas não significam necessariamente que uma está certa e a outra errada: temos mais de um valor e a prioridade pode ser distinta.

Enquanto uma pessoa pode valorizar mais a família, outra pode ter uma perspectiva diferente e valorizar mais a sua liberdade. Isso, por si só, pode gerar uma divergência de pontos de vista – não significando que uma ou outra está certa ou errada.

Registre-se: temos a tendência de associar valores a uma questão de certo vs. errado, (o “meu certo” contra o “seu errado”). Para esclarecer essa questão, sugiro a leitura desse texto. Lembre-se: nós vivemos em um mundo de infinitas possibilidades. É plausível afirmar que temos infinitos “certos” para cada situação. Na dúvida? Respeito.

Já em um contexto profissional(*), geralmente começamos subordinados a uma hierarquia, que dita nossas ações por um bom tempo, até termos autonomia gerencial, estratégica ou empreendedora.

Enquanto essa autonomia não vem, nadamos conforme a maré e somos levados a realizar fatalmente os planos dos outros, o que é alinhado a valores alheios e não aos nossos. Claro, isso não significa que existe um conflito entre ambos. A questão é justamente procurar o alinhamento. Mais adiante.

A existência de valores claros na cultura de uma empresa é tão importante que pode ser a razão do seu sucesso ou da sua destruição. Corporações onde os valores são claros, respeitados e alinhados, tem mais estabilidade de longo prazo e sobrevivem às mais diversas crises, sendo normalmente empresas com décadas de existência.

Corporações sem valores claros demonstram um comportamento errático, altos e baixos, conflitos, falhas de comunicação e, comumente, pessoas trabalhando umas contra as outras sem perceber ou uma enorme incidência de retrabalho. Muito comum também é a presença de assédio moral.

Mesmo tendo alguém nos dizendo o que fazer, nossos valores terão uma pequena ou grande influência em nossas ações, dependendo da nossa consciência acerca deles.

É aí que chegamos ao cerne da questão:

O alinhamento entre valores e nossa existência é a chave!

Quando me refiro à existência, penso no existencialismo de Sartre: somos o que fazemos e, principalmente, somos o que fazemos com o que fazem com a gente.

Quando esse alinhamento não existe, toda uma série de consequências negativas vem à tona, desde o desmoronamento de relacionamentos, o baixo desempenho, o isolamento social, a depressão, e até o suicídio. Como esse tipo de relação não é claro, bem como quais são os valores que nos orientam, as pessoas vão levando suas vidas de forma medíocre ou sofrida sem saber porquê.

Para evitar uma situação dessas, você deve descobrir quais são. Observe, contudo, que evidenciá-los traz uma consequência: você provavelmente não conseguirá mais aceitar fazer algo que seja contrário a eles, principalmente aqueles que considerar inegociáveis.

Descobri-los pode ser mais simples do que parece e é um exercício de autoconhecimento.

Tenha um pouco de paciência e esteja disposto a ser sincero com você durante todo o processo, mesmo descobrindo que tem agido, no seu dia a dia, aparentemente contra algum valor.

Esse é um ponto muito importante: durante o exercício, você pode terminar chegando à conclusão de que um valor é contrário a uma ação que desempenha de forma corriqueira e habitual, no ambiente pessoal ou profissional e isso certamente fará com que você passe a questionar a validade de suas ações, seu comportamento, as amizades e relações que tem e até o seu emprego.

Além disso, é certo que as circunstâncias da vida podem alterá-los – eventos traumáticos, marcantes, relacionamentos, experiências profundas ou emocionais de alto impacto, dentre outros fatores, podem fazer você considerar um valor novo ou alterar suas prioridades.

Pense neste processo como um investimento de médio a longo prazo. Pense numa descoberta, que lhe permitirá entender o que lhe faz bem ou mal. O que lhe traz felicidade e realização ou não.

O que fará a respeito, com esse conhecimento? É com você.

Primeiro Passo: O Universo

Sugiro que você pegue papel e caneta ou faça uma planilha no computador, colocando, durante alguns dias, tantos valores quantos considerar válidos.

Não estamos agora procurando quais são ou não os seus, ou qual a prioridade: apenas escreva. Gere um universo interessante de valores, como ética, liberdade, família, dignidade, lealdade, coragem, honestidade, segurança, sucesso, justiça, qualidade de vida, crescimento, amor, fidelidade,  amizade, compaixão, contribuição, caridade, status, humor, prosperidade, dinheiro, poder…

Enfim, tantos quantos conseguir! Se possível, construa a lista tendo em mente as seguintes perguntas: “O que é importante para mim?” “O que é compatível com minhas necessidades?” “Tomo decisões considerando-o?”

Se a lista contém algum nome que você sente ser inadequado, faz você se sentir estranho ou gera rejeição, remova-o.

Dica importante: os melhores valores são aqueles que dependem de você ou sejam internos a você. Se você escolher um valor externo, terá pouco poder sobre a obtenção dele como, por exemplo, popularidade.

Segundo Passo: A Escolha

O objetivo aqui é diminuir o universo de nomes criado. Diante do conjunto de possibilidades, alguns você conseguirá eliminar de cara.

Outros você terá a reação oposta – provavelmente afirmará para si: “este não consigo viver sem“.

A ideia é restar apenas de dez a quinze opções.

Importante: NÃO monte uma lista dos valores que deseja ter, mas uma lista dos valores que você possui!

Para lhe ajudar a escolher, existem algumas técnicas.

A primeira delas é verificar os valores que despertam emoções e sentimentos.

A segunda é prestar atenção naqueles que “mexem” com você, meio que sem explicação.

A terceira e reparar nos valores que talvez tragam à tona um pouco de impulsividade.

Em todos os casos, pense nas situações do seu cotidiano e, ao verificar uma reação impulsiva, reconhecer uma emoção ou sentimento despertado, perceba qual valor, ou conjunto de valores, veio à mente involuntariamente.

Em quarto lugar, pense nos momentos em que se sentiu mais feliz, realizado e orgulhoso.

Em seguida, analise que valores estavam envolvidos nesses momentos e que podem até ter guiado você em cada um deles.

Não tente construir a lista rapidamente. Dê tempo para que as escolhas amadureçam por alguns dias, quem sabe uma semana: dê-se a liberdade de ir alterando à medida que vive a sua vida.

Recomendo uma semana por causa do ciclo natural relacionado: enfrentamos desafios distintos diariamente e o ciclo se repete mais ou menos a cada semana. Assim, você abrirá espaço para viver a maioria das situações “comuns” e verificar como reage.

Terceiro Passo: A Priorização

Novamente, existem algumas maneiras de realizar essa tarefa e priorizar a lista.

É bem provável que uma olhada já lhe permita decidir algum valor em favor de outro.

Compare dois dos valores e se pergunte: numa situação onde eu tenha que colocá-los à prova, qual prevaleceria? Escolha outro valor e compare novamente. Repita até começar a enxergar o que é prioridade.

Para auxiliar, escreva ao lado de cada valor a forma com a qual você exerce ele no seu dia a dia. Escreva também, se você souber, o sistema origem (família? Igreja? Escola? Trabalho? Time de futebol? etc.). O exercício de pensar sobre isso já lhe dará uma pista sobre quais valores são mais importantes, baseados nos sistemas origem mais relevantes para você.

Ordene visualmente da melhor forma que conseguir. Sugiro retornar à tarefa durante uma semana e em horários diferentes. Em alguns dias, é bem possível que a lista acabe ordenada.

Alguns tem tanta certeza dos seus valores quando os confronta que chegam à versão final da lista em poucos minutos (mas não fique triste se ficar em dúvida por um tempo! Neste caso, “o seu jeito é o jeito certo!”)

Atribuir valores numéricos absolutos a cada nome também ajuda. Você pode escolher uma escala de zero a cem e colocar esse peso ao lado do valor na planilha. Não tente racionalizar muito, pois estamos à procura da sua reação emocional ao valor e não de uma racionalização. Depois, é só ordenar a planilha do maior peso para o menor.

Quarto Passo: A Eliminação

É ótimo que tenha chegado até aqui!

Sinto dizer-lhe, contudo, que uma lista com quinze nomes é muito extensa (confesse, a sua tem quinze!).

A boa notícia é que o trabalho já foi feito: despreze os últimos sete valores. Isso mesmo! Aqueles que realmente tem influência na sua vida estão entre os quatro a oito iniciais. Recomendo focar nos cinco primeiros.

E Agora?

Com a lista construída em mente, passe a perceber as situações de sua vida que não são compatíveis e alinhadas com ela. Veja como ficou fácil entender cada situação que lhe incomoda, em maior ou menor grau! Você pode tomar a decisão de mudar o que lhe incomoda ou conviver com ela.

Permita-me adicionar, todavia, que se você está indo contra um valor inegociável (e é bem provável que a lista contenha vários deles), está também abrindo mão da sua felicidade… (talvez lá no fundo do seu ser, você sabe que é o caso).

Avalie igualmente as situações que são agradáveis: você notará que o alinhamento com a sua lista agora lhe é óbvio! Mais, a sua capacidade de tomar decisões que lhe levarão à sua realização e à felicidade acaba de ficar ordens de grandeza maior!

Se você chegou até aqui e realizou o processo, devo parabenizá-lo. Encarar esse desafio e tomar conhecimento dos nossos valores é, certamente, um ato de sabedoria… Mas antes de mais nada, exige coragem.

Deixar a vida nos levar é um comportamento equiparado a viver na zona de conforto. Não conhecer os valores que regem a nossa existência nada mais é do que dar manutenção a esse comportamento.

É muito difundida a ideia de que devemos viver em nossa zona de esforço e que viver na zona de conforto deve ser execrado – notório que viver na zona de conforto é condenado por coaches, palestrantes e tantos livros de desenvolvimento humano e pessoal quanto se pode ler.

Eu tenho uma visão distinta, apesar de, particularmente, acreditar que viver na zona de conforto é, no mínimo, um desperdício.

É necessário conhecer a si próprio e traçar um plano existencial. Um planejamento de vida e de como se deseja vivê-la. Eu não condeno quem deseja viver na sua zona de conforto ou trabalhar para chegar lá e pendurar as chuteiras. Pelo contrário, eu respeito essa decisão!

O que precisa ficar claro são as consequências disso, dessa atitude e comportamento. Não existe aprendizado ou evolução na zona de conforto. Não existe crescimento e, ouso afirmar que, em alguns casos, há a atrofia de certas qualidades humanas.

Não obstante, é um plano existencial válido e, aceitemos, desejado por mais pessoas do que se admite abertamente…

Se esse é o seu plano de vida, parabéns! É provável que você não traga muitas contribuições para a sociedade. Estando isso claro, devemos respeitar a individualidade de cada um e invadir menos os mapas alheios.

Se você fica incomodado de estar na sua zona de conforto e age ativamente para viver fora dela, aceitando mudanças, aprendendo sempre e procurando evoluir, parabéns! Ao conhecer os seus valores, você poderá planejar a sua vida, suas ações e sua existência sadiamente. Você tem coragem de se enfrentar, de mudar e se adaptar… Mesmo que doa…

Você segue em frente… E pode talvez seguir para o próximo passo: descobrir seu propósito.


(*)Nota: alguns coaches e especialistas no tema preferem segregar valores pessoais de profissionais. Eu acredito que temos apenas um conjunto fundamental de valores.

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Persista!

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De acordo com o dicionário, persistir e insistir são sinônimos.

Particularmente, gosto de usá-los de forma diferenciada. Enquanto insistir significa, para mim, continuar sem considerar outros fatores, persistir está mais para perseverança e significa continuar com foco no resultado, mas corrigindo o plano, à medida que se aprende.

Vivemos atualmente sob alguns mantras de auto-ajuda que nos martelam à cabeça diariamente nas redes sociais e um deles afirma, basicamente, que para se ter sucesso é necessário persistir. Continue tentando, continue fazendo, trabalhando, atuando, desempenhando, acordando… Um dia, você chega lá (wherever that might be).

“A maioria dos homens encontram-se com o fracasso por causa da sua falta de persistência em criar novos planos para tomar o lugar daqueles que falharam.”
Napoleon Hill

Entretanto, essa definição carece de um detalhamento, pois a repetição exaustiva disso por coaches e palestrantes motivacionais nos dias de hoje dá a entender que basta não parar para ter sucesso.

Não há dúvidas que ter motivação, agir, cair e levantar, aprender com os erros e continuar em frente são essenciais ao sucesso. De fato, a frase anterior já define de forma bem clara o que penso sobre persistir e a importância de seguir em frente (ação), trabalhada em conjunto com a adequação constante do rumo, levando em consideração o que se aprende com a jornada.

“Sucesso… parece estar conectado à ação. Homens de sucesso mantém-se em movimento. Eles cometem erros, mas eles não desistem.”
Conrad Hilton

O sucesso é um destino que se chega através da estrada do fracasso. Prefiro, inclusive, chamar de jornada de aprendizado e não de fracasso propriamente dito. Como gosto de afirmar, o fracasso faz parte do ser humano by design: ele é parte do nosso mecanismo de evolução!

Assim como potência sem controle não tem muita utilidade, continuar de forma cega, insistindo sem saber se estamos sendo efetivos, não tem sentido e é gasto de energia.

Se me permitem uma sugestão, uma forma prática, fácil e que pode ser feita mentalmente para ajudar a analisar a efetividade de nossas ações é usar o ciclo PDCA:

O conceito por trás do ciclo PDCA é muito simples: PDCA significa Plan, Do, Check, Act, ou Planejar, Executar, Verificar e Agir.

  1. Planeje suas ações;
  2. Execute-as;
  3. Verifique o resultado obtido e compare com as suas expectativas. Avalie se você conseguiu o resultado obtido;
  4. Em caso negativo, implemente as correções necessárias e inicie o processo novamente, voltando ao passo 1. Em caso positivo, Sucesso!

A partir do momento que você emprega algo simples como o PDCA, você passa a ter um processo mental para analisar o que faz e a efetividade de suas ações. Só o fato de você reservar um pouco do seu tempo para planejar antes de executar e avaliar os resultados conscientemente, fará toda a diferença na sua vida! Teste e depois me diga o resultado nos comentários.

“O sucesso não é acidente. É trabalho duro, perseverança, aprendizado, estudo, sacrifício e, acima de tudo, amor pelo que se está fazendo ou aprendendo a fazer.”
Pelé

Como entusiasta da PNL, não poderia deixar de fazer um adendo sobre a semelhança entre o PDCA e o conceito de TOTS. De acordo com a programação neurolinguística, o nosso cérebro faz essa análise em frações de segundo para toda ação, no nível inconsciente. Ao imaginar realizar uma ação, abrimos um TOTS para ela, idealizando o que será feito (Teste). Depois, operamos a ação (Operar), testamos novamente o resultado para saber se houve sucesso (Teste) e, em caso de positivo, damos Saída ao TOTS, encerrando-o.

É como o cérebro trabalha para realizar ações. É como a ação surge da intenção… que surgiu de um sentimento. É como aquele impulso, que surge nas profundidades do seu cérebro límbico, reptiliano, emerge e potencialmente transborda para o mundo aqui fora, tendo sido filtrado ou modificado pela sua racionalidade.

Quando não executamos a ação a contento, temos a chance de corrigir e executar novamente… ou desistir. Se você mentalmente decide fazer algo, não executa a ação correspondente e “deixa pra lá“, o TOTS fica aberto. É como uma instrução mental que fica lá, à deriva em sua mente.

“Deixar sua marca no mundo é difícil. Se fosse fácil, todo mundo faria, mas não é. É preciso paciência, comprometimento e muitas falhas ao longo do caminho. O teste real não é evitar o fracasso, porque você não o fará. É se você deixará que ele lhe endureça ou lhe envergonhe até a inação… Ou se você aprenderá com ele optará por perseverar.”
Barack Obama

Para a PNL, um TOTS que não foi encerrado consome “recursos” mentais. Você precisa executar a ação com sucesso ou mentalmente e conscientemente encerrar o TOTS não executado, justificando-o para si.

Agora imagine quantos TOTS você tem aberto em sua vida. Pense em cada momento no seu dia, na sua última semana ou mês que você pensou em fazer algo, mas não fez.

Pense na academia que você não foi, no carro que não levou na oficina, nos pratos que não lavou, no relatório que não produziu, no cachorro que não deu banho, no médico que não foi, no e-mail que não enviou, no abraço que não deu…

Foque em cada um deles e encerre-os, tantos quantos puder, executando as ações correspondentes ou desistindo daquela tarefa. Depois desse exercício, perceba como você sentirá uma sensação de leveza, de plenitude e de realização.

Existe uma razão biológica e uma antropológica para isso. Ao passo de que liberamos dopamina ao completar tarefas, essa premiação biológica é o que nos impulsiona a seguir em frente, a completar as tarefas do dia a dia, a caçar, a ir atrás de comida, abrigo, subsistência.

Voltando à questão da jornada em direção ao sucesso e a persistência necessária, não é a toa que mencionei o TOTS. O PDCA meio que torna o TOTS consciente e nos permite avaliar com maior foco as mudanças que precisamos implantar para chegar ao sucesso.

Permita-me, meu caro leitor, finalizar colocando o que talvez seja o maior desafio de todos nesse processo: enquanto seguir em frente requer resiliência, motivação, garra, empenho e dedicação, corrigir o rumo muitas vezes requer ressignificar o fracasso, admitir erros e respeitar e aceitar a opinião alheia. Para isso, são necessárias altas doses de humildade.

É extremamente desafiante gerenciar o ego… E a humildade é uma virtude em escassez. Na abundância do primeiro, o segundo certamente sai prejudicado. Quando isso ocorre, a estrada para o sucesso tende a ser preenchida com fracassos muito semelhantes.
Romulo M. Cholewa

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Das Metáforas da Vida e a Nossa Real Visão de Jornada

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Como está a vida, na sua opinião?

Já se deu conta de que é bastante comum usarmos metáforas para qualificar nossa vida pessoal e profissional?

Como andam essas metáforas?

São positivas ou são negativas? São em detrimento de algo ou alguém ou somam positividade? São polarizadas?

A sua vida é uma batalha, uma guerra, onde há mortos, feridos e gente sangrando para todos os lados?

Está repleta de sangue, suor e lágrimas?

Antes de prosseguir, é muito importante diferenciar a luta natural e inerente à nossa vida com a associação dessa luta a situações negativas. Faz parte do ser humano lutar pelo que se acredita, lutar por propósitos e ideais. Lutar contra a natureza e pela nossa sobrevivência. Lutar pelo que achamos ser o certo e contra a maldade. A nossa própria evolução está muitas vezes associada ao lutar, ao vencer e a um sucesso através de vitórias. Somos predadores e por milênios caçamos outros animais para sobreviver.

Sendo mais objetivo: certamente existem momentos em nossas vidas onde essa luta terá consequências para você e para pessoas que você ama. Existem momentos onde os inimigos se apresentarão e você terá que necessariamente lutar contra eles e pelo que você acredita, para sobreviver e proteger os seus.

“Assim que você substituir os pensamentos negativos com positivos, você começará a ter resultados positivos.”
Willie Nelson

Entretanto, o fato de uma situação assim ser possível não significa que temos que usá-la como modelo e padrão para qualificar nosso dia a dia.

Você costuma encarar pessoas da sua família, parceiros de negócio, parentes, clientes ou colegas de trabalho frequentemente como soldados ou inimigos em uma guerra?

Veja como isso diz muito sobre a forma atual como você encara os desafios e, se esse for um hábito seu, pode indicar também uma visão negativa e não muito saudável da vida. Se em algum momento da nossa história a guerra foi relatada com romantismo, convenhamos, não há forma de vê-la positivamente e ela retrata, na minha humilde opinião, o pior estágio que o ser humano pode chegar. Apesar disso, perceba como muita gente à nossa volta usa esse tipo de colocação.

Faça uma auto análise do momento que vive e das pessoas que cercam você: marido, esposa, namorada, chefe, funcionários… Especialmente a forma de se comunicar: você tem pensado ultimamente em um modo polarizado, preto no branco, certo vs. errado?

“Ódio. Já causou muitos problemas nesse mundo mas ainda não resolveu nenhum.”
Maya Angelou

Para que você tenha sucesso é necessário que alguém fracasse? Para que seus planos tenham sucesso, você precisa sacrificar alguém que não cometeu erro algum, direta ou indiretamente? Sua vida resume-se a um campo de batalha com vencedores e derrotados?

Entenda que, apenas em nome da figura de estilo e linguagem, você está sendo levado a instaurar crenças limitantes, dor e dificuldade onde não há necessidade.

Se você ainda acha que está tudo bem, que usar metáforas negativas não tem impacto na sua vida, sugiro ler um pouco sobre o erro de otelo, algo que já mencionei antes. Trata-se de um termo usado inicialmente pelo renomado psicólogo Paul Ekman no livro “Telling Lies“.

Dele, temos duas questões pertinentes aqui: a primeira é a tendência de agirmos como culpados quando sob stress. Em outras palavras, é a tendência de agirmos de forma incompatível com o nosso sucesso ao sentir que fracassaremos.

A segunda é a tendência de ver tudo negativamente se assumirmos uma premissa ou postura negativa. Ao usar metáforas negativas e associar um desafio a situações de perda, confronto e tantas outras, estamos nos condicionando a uma espiral negativa.

Ou seja, iniciamos um ciclo negativo, entramos nele e nós mesmos tornamos difícil sair dele. De fato, nossa realidade passa a ser moldada pela visão negativa que temos. A metáfora pode surgir em um momento doloroso da nossa vida, provocada por uma perda por exemplo, mas ela fomentará a dor e moldará nossa visão de realidade, iniciando uma cadeia de percepções cada vez mais danosa.

 “Não enxergamos as coisas como são; enxergamos as coisas como somos.”
Anaïs Nin

Além disso, ao usar metáforas negativas para exemplificar nossas experiências, adicionamos sofrimento, morte, elementos intransponíveis e somos levados a separar as pessoas com as quais convivemos entre amigos e inimigos. Qual a real necessidade disso? A frase ficar bonita? A colocação ressoar?

Talvez seja a nossa necessidade de provar e mostrar para todos que estamos dando o máximo de nós mesmos ao ponto de sacrificar tudo aquilo que nos é raro e caro?

Um concorrente seu não precisa ser necessariamente um inimigo e você pode aprender muito com o seu comportamento. Quem dirá pessoas que estão ao seu lado! Evite julgá-las como inimigos poque não compartilham da mesma opinião que você. A diversidade não só é necessária como fundamental nos dias de hoje.

Pessoas que pensam diferente, reunidas, tem o potencial para realizar o fantástico. A diversidade é a massa crítica para coisas extraordinárias!
Romulo M. Cholewa

Pensar diferente não torna ninguém seu inimigo (mas é assim que tendemos a nos comportar). Na realidade, trazer uma opinião nova à mesa pode ser o fator fundamental para o SEU sucesso. E se você se permitir mudar de opinião, pode experimentar uma sensação de renovação única!

Então você acha que há malícia e maldade para todos os lados? sugiro ler o texto da semana passada sobre a Navalha de Hanlon.

Se me permite uma sugestão simples e super saudável: use metáforas positivas! Procure encarar os seus desafios e, principalmente, as pessoas ligadas a eles, como parceiros! Elimine barreiras!

Procure associar os seus desafios a coisas prazerosas. Enxergue o bônus e não o ônus. Motive e incentive mostrando o melhor das situações e não pelo medo! Esconda o chicote, trabalhe no sentido da colaboração, do aprendizado constante. Ensine, compartilhe! Dê exemplos de superação, associe a luta de cada um à evolução, ao sucesso, à vitória, à conquista! Mostre o crescimento (profissional, pessoal, material, interno, etc.) que será obtido com o esforço.

Ao tocar nesse tema, permitam-me uma divagação:

Diante de um desafio, de um evento, teremos perdas e ganhos. Em um primeiro plano, conseguimos enxergar apenas a parte racional. Mas o que realmente importa, o driver real, está abaixo da superfície. Ele está escondido no seu cérebro reptiliano, onde está seu instinto, seu sexto sentido. Enxergar isso é fundamental para que você consiga se motivar de forma positiva e usar as metáforas apropriadas. Se você é um líder, é muito importante enxergar isso nas pessoas.

Um exemplo prático do que ocorre tipicamente nas empresas hoje em dia:  um bônus para quem encerrar março com 25% da cota de vendas batida.

Para a maioria das pessoas que lê essa frase, pensará que a motivação é o dinheiro. Agora, tente visualizar o que você pode fazer com esse dinheiro. Pense que você pode colocar seu filho uma escola melhor, fazer aquela viagem com sua esposa, contratar um melhor plano de saúde ou comprar um carro maior para a família.

Uma pessoa que foca no tangível pessoal percorreu metade do caminho. Mas a cereja do bolo é outra. Quem focar nos benefícios que dizem respeito ao bem estar da sua família, acertará em cheio e tornará a pessoa muito mais motivada do que pela cifra em si ou bens materiais.

Um líder que mostra bônus dessa forma para seus colaboradores certamente terá um argumento mais forte e motivará melhor sua equipe, muito mais  do que demitir aqueles que ficarem entre os 20% piores (prática comum hoje em dia, instituída na década de 70 por Jack Welch, então presidente da GE).

Voltando à questão, lembre-se: linguagem, postura e representação interna se influenciam. Isso é totalmente documentado na literatura há dezenas de anos. O que o impede de usar exemplos e metáforas positivas e saudáveis, permitindo que isso permeie a sua existência de forma positiva? Não temos nada a perder.

Ah! Antes que eu me esqueça, vou soltar uma frase aqui para vocês pensarem:

Dizem por aí que…

A felicidade está na jornada e não no destino.

Se as metáforas são a verbalização da sua ideia de jornada, talvez… apenas talvez, seja possível verificar se estamos felizes pela qualidade das metáforas que usamos.

 


A imagem desse texto foi extraída do site DevianArt. O original e detalhes sobre a obra podem ser acessados clicando aqui.
https://djahal.deviantart.com/art/R-U-S-E-Matte-painting-01-184248835

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Mais ou Menos 150

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Você certamente é usuário de redes sociais.

Veja quantos amigos possui em cada uma.

Se você respondeu que tem algo acima de 150 amigos, precisa revisitar a definição de “amizade”.

Uma que gosto bastante, como ponto de partida, é de que uma amizade é, pelo menos, uma relação social estável.

Você consegue dizer isso dos mais de mil contatos que possui ou, como a maioria das pessoas, tem gente lá que nunca viu na vida?

Se você é feito eu, tem uma distinção mental entre contatos em redes sociais e amigos. Isso abre espaço e coerência mental, social e até antropológica para ter pessoas que fazem parte do seu “networking”, mas que não são, necessariamente, amigos.

E isso é muito importante, porque o ser humano precisa de relacionamentos estáveis em qualquer esfera, seja pessoal ou profissional. Temos a necessidade de pertencer a grupos onde nos sintamos seguros.

É, ao pertencer a contextos sociais de segurança, que as pessoas conseguem ousar, sair da caixinha e se tornarem extraordinárias. É, ao não precisar lidar com a sua sobrevivência e outras questões básicas, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, que nos transformamos em nossas melhores versões.

Isso acontece quando estamos dentro de um contexto social ou um grupo onde as pessoas se ajudam mutualmente. É o equivalente, em nosso passado, à troca saudável (e inteligente) entre os que dormem enquanto alguns vigiam.

Quando nos entregamos à efemeridade das redes sociais, estamos sujeitos a esquecer disso. Pior, estamos usando um artifício tecnológico incompetente (uma trapaça) para substituir um mecanismo antropológico construído por milhões de anos de evolução.  Se o nosso foco é uma vida virtual, longe do contato físico, o nosso senso de pertencimento a um grupo, onde existe segurança, se esvai, promovendo o stress contínuo e suas consequências.

As redes sociais fomentam o contato virtual, que é estabelecido sem uma série de elementos essenciais à construção de relacionamentos duradouros.

Para citar alguns, apenas no aspecto estritamente individual, observe que através das redes sociais não olhamos nos olhos, não sentimos cheiro, não percebemos micro expressões faciais, o posicionamento do corpo, a cor da pele ou mudanças suaves de tonalidade. Tão pouco ouvimos o tom, a força e outras características da voz.

Falta a maior parte da comunicação e, sem ela, relacionamentos sólidos não são estabelecidos. Tudo o que eu falei acima e tantos outros sinais são interpretados pelo seu corpo, sua mente e levados em consideração na hora de se relacionar com alguém.

É por esse motivo que algumas pessoas despertam, de início, ou desconfiança ou o contrário, mesmo você não tendo tanta certeza do porquê. Parece ser um feeling, um sentimento ou um sexto sentido quando, na verdade, é o seu corpo tentando se comunicar com você, dando uma resposta a uma análise criteriosa, através da “intuição”.

Mas e o número 150?

Como animais que somos, existe um número limite de pessoas com as quais conseguimos nos relacionar e formar laços estáveis de relacionamento, diante de limitações cognitivas e biológicas.

Esse número varia um pouco, mas se remete à quantidade de indivíduos formando um grupo onde, de uma forma simplista, o senso de pertencimento se estabelece ou onde de fato conhecemos e nos relacionamos ao ponto de lembrar de cada um, incluindo características individuais mais detalhadas. Acima dessa quantidade, os laços se enfraquecem e um novo grupo se forma (ou, pelo menos, deveria).

Conhecido como o número de Dunbar, foi descoberto pelo antropólogo e psicólogo Robin Dunbar na década de 90 e tem servido de base e inspiração para um sem número de descobertas. Mas o mais curioso é que a sua hipótese tem resistido bravamente ao tempo e as múltiplas tentativas de derrubá-la (e, registre-se, não são poucas).

Ele tem sido usado, intencionalmente ou empiricamente, em aplicações que vão desde o âmbito militar até pequenas e grandes corporações, com implicações profundas no que diz respeito às questões de liderança.

Estamos inseridos em contextos pessoais e profissionais globalizados, onde as ferramentas de comunicação permitem contato com um número cada vez maior de indivíduos. As próprias redes sociais são uma boa forma de comunicação. O efeito colateral disso é a tendência de que mais pessoas estejam envolvidas em projetos cada vez maiores.

De acordo com Dunbar, de uma forma geral, essa não é uma boa estratégia. Ter células de até 150 pessoas promove toda uma série de benefícios, que vão desde uma comunicação mais eficaz, uma proximidade entre as partes e um entendimento ímpar, incluindo a ausência de conflitos e discriminação típicos e inevitáveis da natureza humana.

Isto não significa que o número máximo de pessoas envolvidas em um projeto deva ser 150. Podemos ter múltiplas células de até 150 pessoas e uma interface de comunicação e gestão entre elas.

Mas o mais interessante é que o número de Dunbar tem sido efetivamente usado ao longo da história repetidas vezes, muito antes da sua “descoberta” ou dos estudos que o envolvem.

Desde a organização de aldeias primitivas a unidades militares, agrupamentos de até 150 pessoas são uma constante ao redor do mundo, nas mais diversas culturas. E o motivo por trás é simples: são estruturas sociais sólidas, que funcionam muito bem na prática.

Antes de finalizar, permitam-me mencionar dois excepcionais livros sobre liderança que são quase que complementares: “Líderes se Servem por Último” de Simon Sinek e “Tribal Leadership“, de Dave Logan, John King e Halee Fischer-Wright.

Enquanto o primeiro estuda as raízes que fazem alguém se tornar um líder e como construir as bases de uma equipe de sucesso, o segundo é um tratado sobre a maturidade de equipes (seus líderes) e como evoluí-la. Em ambos, o número de Dunbar não só é fundamental como parte prática da história.

Portanto, agora que você conhece o número de Dunbar, ignorá-lo pode não ser uma boa ideia. Se você for um gestor ou líder, agradecerá. Aliás, agradeça ao Robin 🙂

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Quando Se Misturam as Bolas: Coaching, Psicoterapia e Hipnose

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(*) No início de fevereiro de 2018, a Rede Globo, um dos maiores conglomerados midiáticos do planeta, abordou o tema do coaching e da hipnose em uma de suas novelas (“O Outro Lado do Paraíso”) como peça de merchandising, atraindo a atenção da sociedade e, em especial, dos profissionais de coaching, hipnólogos e de saúde / psicólogos.

Quando uma das instituições mais poderosas do País(*) em que vivemos decide abordar um tema em um de seus folhetins típicos, certamente chamará a atenção e atingirá uma fatia gigante da população.

E quando a mesma instituição decide abordar um tema polêmico de uma forma ainda mais polêmica, a coisa pega fogo. Isso já aconteceu inúmeras vezes, com temas como preconceito, família, traição, homossexualismo e tantos outros.

Com coaching não é diferente.

Convenhamos, uma novela tenta retratar o nosso cotidiano. Se foi a intenção do autor retratar essa confusão preexistente, dando destaque à questão (apesar de ter sido uma peça de merchandising), francamente não sei e, por desconhecer a real posição do autor, concedo o benefício da dúvida. Contudo, a confusão entre a psicoterapia, coaching e a hipnose existe na sociedade há algum tempo e precede os holofotes da TV.

Fato desagradável: existe uma área de interseção entre psicoterapia, coaching e hipnose, provocada pela falta de clareza na percepção popular. Também é impossível controlar o que as pessoas de fato fazem. Em outras palavras, além da falta de conhecimento, muitos profissionais não respeitam o que podem ou estão capacitados a fazer.

Além disso, nada impede que alguém seja Psicólogo, Coach e Hipnoterapeuta. De fato, é algo que está se tornando cada vez mais comum.

Coloquemos a novela um pouco de lado. Agora, vejamos algumas definições, partindo do princípio de que eu não sou formado em psicologia. Meu ponto de vista é calçado sobre minha formação em PNL e coaching, o conhecimento que tenho (e busco) sobre desenvolvimento humano e pelos anos de terapia que fiz (e, francamente, por estudar bastante os temas de forma autodidata).

A psicologia mexe com o passado. Você entrará em contato com um conteúdo relacionado a lembranças, situações, sentimentos e, diante da orientação de um profissional, ganhará elementos que lhe permitirão tratar sintomas que estão relacionados a esse conteúdo do passado. O Psicoterapeuta pode potencialmente ajudar a intervir no conteúdo e na forma e as catarses e insights advindas do tratamento podem mudar a vida do paciente.

A psicologia e a psiquiatria são profissões regulamentadas e existem formações universitárias por trás do seus exercícios.

O coaching é orientado ao futuro. É um processo onde o cliente (Coachee) reconhece seu estado atual (através de exercícios e ferramentas de auto conhecimento), define um estado desejado e, usando dinâmicas, exercícios e a orientação do Coach, traça e percorre o caminho até esse estado desejado. O Coach NÃO intervém no conteúdo NEM na forma. Ele NÃO sugere ações, não chega a conclusões pelo Coachee nem toma decisões por ele. Tudo isso é feito pelo cliente. Coaching é autoconhecimento, definição de metas, planejamento, execução e avaliação. Obviamente, isso tem o potencial de mudar a vida do Coachee.

É exatamente por esse motivo que o processo de coaching não exige do Coach conhecimento na área que o Coachee deseja atuar ou trabalhar. Na verdade, não faz a menor diferença, pois não cabe ao Coach ensinar um ofício ao seu cliente, muito menos pegar sua mão e conduzi-lo (para fazer uma analogia, o Coach anda ao lado do Coachee). Se essa é a necessidade, o cliente precisa de uma formação adicional, mentoria ou transferência de conhecimento propriamente dita.

O coaching não é uma profissão regulamentada, apesar de existir alguma padronização relacionada às escolas mais influentes. Entretanto, existem sim diferenças entre as abordagens e entre o conteúdo das diversas formações presentes no mercado. Por exemplo, algumas incluem programação neurolinguística (PNL) e outras não.

A essa altura, você já deve ter ouvido em sua mente a pergunta: mas como assim? Tomando por base as informações acima, psicoterapia e coaching são duas coisas TOTALMENTE diferentes e com objetivos distintos. Pois é, de fato, são!

Agora, falemos sobre hipnose, o que pode ser a raiz do tumulto.

Hipnose é uma ferramenta que pode ser usada tanto no coaching quanto na psicoterapia.

Em primeiro lugar, se você já dirigiu, leu um livro concentradamente ou foi ao cinema e ficou vidrado em um filme, você estava hipnotizado.

Hipnose nada mais é do que um estado alterado de consciência, onde você tem o seu foco em algo, sua atenção periférica e faculdade crítica reduzidas. Alguns autores inclusive defendem que não há a necessidade de alteração de estado; se há um rebaixamento da faculdade crítica, isso pode ser considerado hipnose.

A hipnose vem sendo desenvolvida há séculos. Existem diversos conceitos, tipos, aplicações, teorias e resultados documentados dessa poderosa ferramenta. Como a grande maioria das ferramentas, ela pode ser usada em conjunto com a psicologia, coaching, PNL ou associada a outras estratégias.

A página em português da Wikipedia é muito boa em trazer o embasamento teórico inicial e esclarecimentos adicionais.

Como assim, Romulo? Não pode ser! Eu nunca fui hipnotizado! Eu não acredito em hipnose! Eu sou imune à hipnose! É tudo armação!!!!!111!!!1!!!!11

Meu caro, o assunto é tão estudado que existe até escala de susceptibilidade à hipnose. Fato: 95% da população responde a algum tipo de sugestão hipnótica.

Na realidade, muita gente tem um preconceito enorme contra a hipnose, talvez por causa da hipnose de palco (que é uma coisa totalmente diferente da hipnoterapia) ou dos mitos que circulam em torno do tema.

Dito isso, pode uma pessoa que possui uma formação em coaching e hipnose, usar a hipnose para fazer uma intervenção que apenas um Psicólogo pode? Melhor, que apenas alguém da área de saúde pode?

Sim, pode, mas não deve. Pode ser até preso por isso.

A área de interseção se estabelece porque a hipnose como ferramenta pode ser usada tanto na psicologia / psicoterapia quanto no coaching (apesar do coaching e da psicoterapia serem atividades distintas). De fato, a hipnose pode ser usada como ferramenta em inúmeras situações, desde a hipnose de palco, contra a dor e até para tratar, por exemplo, de várias condições relatadas na psicologia.

O que dá autoridade ao Hipnólogo de usar a hipnose como ferramenta terapêutica é a sua formação em hipnose E em saúde.
O que dá autoridade ao Hipnólogo de usar a hipnose como ferramenta no coaching é sua formação em hipnose E em coaching.

Por ter seu exercício livre, o desalinhamento surge através do fato de que algumas condições devem, em princípio, ser tratadas por alguém da área de saúde, como um Psicólogo ou Psiquiatra (seja usando a hipnose como ferramenta ou qualquer outra – se ele for Psiquiatra e julgar adequado e necessário poderá usar até medicação).

Pode a hipnose ser usada, em um processo de coaching, no caminho de autoconhecimento do Coachee ou para acelerar mudanças? Claro! Desde que não como terapia.

Alberto Dell’Isola, Psicólogo especialista em hipnose,  aborda o tema e fala do assunto nesse vídeo, ao estabelecer a diferença entre terapia e mudança, ou “changework”. Eu poderia explicar aqui em detalhes, mas acredito que ele faz isso tão bem no vídeo que seria como reinventar a roda. Quadrada.

Agora, permitam-me colocar uma verdade incômoda e bem estabelecida:

Através da PNL e da hipnose, é possível ajudar as pessoas a superar certas dificuldades rapidamente (apesar de ambas não serem respostas para tudo como muitos pregam). Isso incomoda muitos psicólogos, que estudaram vários anos numa Universidade e, de repente, se veem numa situação de perder um paciente que, tipicamente, requer (mais adiante) anos de terapia.

Eu particularmente chamo isso de zona de conforto e reconhecer quando estamos em uma, dói. Dói muito mais agir para sair dela. É natural que, com o tempo, o ser humano evolua e, com ele, as abordagens. Alguns psicólogos e psiquiatras tratam pacientes hoje com conceitos ultrapassados, estabelecidos há mais de um século.

Funcionam? Sim! Mas existem caminhos mais rápidos e mais eficientes para certas mudanças, caminhos estes que podem ser, inclusive, usados com as ferramentas terapêuticas que já possuem.

Reflitam comigo: o que impede um Psicólogo, Psiquiatra ou qualquer outro indivíduo, de procurar aprender mais, novas técnicas e adquirir novos conhecimentos, especializando-se em PNL, coaching, hipnose ou qualquer outra coisa que desejar, que possua resultados comprovados?

Zona de conforto?

Preconceito?

Lembrando:

O coaching NÃO intervém no conteúdo NEM na forma. O Coach NÃO sugere ações, não chega a conclusões pelo coachee nem toma decisões por ele. Tudo isso é feito pelo cliente. Coaching é auto conhecimento, definição de metas, planejamento, execução e avaliação.

E se o paciente precisa de terapia, não tem processo de coaching que ajude. Coaches que se posicionam como solução para tudo sem a devida formação são criminosos.

Para finalizar, a disputa entre psicoterapia, coaching e hipnose não é nova e nem é da novela, mas foi evidenciada por ela. Se partirmos do princípio de que novelas focam em assuntos contemporâneos e que incomodam na nossa sociedade, ela fez muito bem o seu papel, trazendo luz à algo controverso. Entretanto, não se esqueçam: tudo foi parte de uma ação de merchandising.

 


 

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O Despertar da Revolução Intelectual

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Atenção: este artigo foi atualizado.

Escrevi originalmente este texto em janeiro de 2018 e ele foi parar no rascunho do livro que publiquei em maio de 2020. Entre janeiro de 2018 e fevereiro de 2020 (fechamento da versão final), sofreu um refinamento necessário e a adição de vários conceitos.

Entretanto, apesar de considerar o texto super importante na minha jornada criativa, não fez tanto sentido diante do contexto dos demais textos do livro e ele terminou não saindo na versão final e publicada. Então, resolvi republicá-lo como uma versão 2.0, contendo aquilo que foi elaborado até fevereiro de 2020.

Portanto, para acessar a versão 2.0 (atualizada) deste texto, clique aqui.


Informação é poder“, diz-se até hoje.

Se analisarmos a revolução industrial, do início do século 19 até a metade do século 20, vimos uma transição gradativa do “foco revolucionário” (se é que podemos chamar assim), calçado pela evolução científica e questões econômicas, para a revolução da informação, algo totalmente presente em nossas vidas.

Enquanto trinta anos atrás o conceito por trás de “informação ser poder” estava relacionado à captura e armazenamento da informação (ela era “poder” pela escassez, pois poucos tinham a capacidade financeira de capturar e armazenar quantidades suficientes de dados), hoje ele está mais ligado ao dar sentido à informação não estruturada.

Qualquer dispositivo móvel hoje em dia não só é capaz de armazenar e processar grandes quantidades de dados como qualquer pessoa tem acesso a estruturas compartilhadas poderosas (como a própria Internet), que permite pesquisar, de imediato, sobre praticamente tudo que vem sendo gerado pela humanidade nos últimos séculos.

Talvez informação tenha deixado de ser poder. Talvez esse poder tenha migrado para outro lugar.

Investiguemos.

Para colocar as coisas em perspectiva, inicialmente temos que imaginar o seguinte cenário: a quantidade de informação produzida nos últimos dois anos é maior do que tudo que já foi produzido pela humanidade em toda a sua história anterior e o ritmo está cada vez mais acelerado.

O foco deixou de ser em “deter” (ou na custódia da informação) para estar no “fazer sentido” dela.

Nos últimos cinco anos, a informação está virando uma commodity (e isso é muito bom). Estamos evoluindo de um cenário industrial, mecanizado e de força bruta para outro, intelectual, que requer cooperação e evolução em escala global.

Cada vez mais, as questões (e as soluções) estão deixando de caber nas mentes individuais e se tornando fruto de cooperações nacionais ou globais (refiro-me a empreitadas comparáveis a colocar o homem na lua).

Situações assim estão se tornando mais comuns. Um exemplo é o desenvolvimento de software, uma prática que a cada dia se torna mais distribuída, permeando países e culturas.

As pessoas estão se dando conta de que um de nossos objetivos aqui na Terra é ser mais do que o indivíduo. É interagir, evoluir como seres, sociedade, entregar ao universo mais do que as nossas somas individuais e obter felicidade e realização com a jornada.

Quando o ser humano coopera, coisas extraordinárias acontecem.

Antes de se perguntar como o assunto foi da revolução industrial para felicidade, perceba como o foco no século passado era econômico e vem migrando para realização e preenchimento das nossas vidas. Acredito ser esse um excelente sinal de maturidade para a humanidade: estamos saindo do operacional, do braçal, da subsistência e do mecânico para o intelecto. Estes sempre existirão, mas está ocorrendo um alinhamento entre benefício econômico, produtividade, realização pessoal, profissional e felicidade.

“As pessoas bem sucedidas fazem o que as pessoas mal sucedidas não estão dispostas a fazer. Não deseje que fosse mais fácil, deseje ser melhor”.
Jim Rhon

Melhor: A revolução industrial foi uma grande padronização e mecanização de ações repetitivas (claro, que exigiu intelecto) mas focada na “produtividade” e na transformação do ser humano em um apertador de botões. Com a evolução dos processos, estamos sendo substituídos.

Entre o núcleo da revolução industrial e o da informação, tivemos outras mudanças que vem servindo como “cola” e evidenciam ocorrências naturais, adaptações necessárias para que a transição ocorra e a humanidade consiga englobar culturalmente e evolucionalmente pessoas, processos, métodos, tecnologias, crenças, identidades e até a fé, diferentes e em estágios distintos de evolução.

Veja por exemplo como, em meados do século 20, o emprego no varejo (inclua aqui o comércio físico em geral, como shoppings, supermercados, lojas de departamento, fast-food e etc.) tornou-se o chão de fábrica do século 19, ou como o desenvolvimento de software vem se tornando nos últimos 5 anos o mesmo chão de fábrica.

Importante notar que, não importa qual a revolução de amanhã, essa “cola” sempre existirá e permeará os tempos e as culturas.

Retornando à questão da padronização e evolução de processos, a revolução da informação teve o seu momento idêntico, onde o ser humano “apertava botões“. De forma semelhante, o advento da inteligência artificial começa a mudar o panorama, assim como a especialização e a automação mudou a indústria.

Em ambos os casos, houve uma comoditização do modus operandi e foi criada uma camada de abstração que hoje nos permite usar elementos de ambas a baixíssimo custo, facilidade, padronização, racionalidade e de forma tão natural que podemos, a partir de agora, passar a nos preocupar com coisas novas. Já ultrapassamos esse barreira para com a revolução industrial e estamos à beira de ultrapassá-la no âmbito da revolução da informação.

O nível de padronização e automação está se tornando tão profundo que ouso afirmar que a próxima revolução estará ligada à quanto tempo o ser humano consegue dedicar-se ao seu processo de tomada de decisão, intelectual e para pensar o novo.

Imagine isso: entraremos em uma era onde a nossa capacidade de concentração, dedicação, cooperação e evolução será uma moeda. Na verdade, já estamos entrando nela e não nos demos conta.

“A pergunta que você deve fazer não é ” O que eu quero? ” ou ” Quais são meus objetivos? “, mas” O que me excitaria? “
Tim Ferriss

Eu tenho quase 43 anos, 27 de profissão e ainda trabalhei no modo revolução industrial de ser. É uma associação completa de produtividade com tempo, que engloba nosso sistema de ensino que, por sua vez, foi criado para treinar apertadores de botões. Ouve-se uma buzina, entra-se numa sala. Buzina, lanche. Buzina, recreio. Buzina, intervalo, buzina, prova… e você cumpre uma carga horária desde criancinha. Você aprendeu, desde pequeno, a respeitar os sinais que determinavam o que fazer até o fim da existência.

O que importava era chegar às 8 e sair as 18, onde você era medido por assiduidade e presença.

Repetição. Momentum. Status quo. Onde fica a criatividade e a inovação? Nosso sistema profissional e educacional, intimamente relacionados, não promoviam, não respeitavam e não tinham lugar para elas.

“Quando fazemos a mesma coisa repetidas vezes, você constrói momento, o que é bom para eficiência mas terrível para a inovação.”
Gus Balbontin

Convenhamos, sabemos que a natureza do trabalho está em franca evolução e mudança. Nos últimos dez anos, cada vez mais temos migrado para um trabalho relacionado a resultados e produtividade.

O tempo, que antes estava nas mãos do empregador e das instituições, está passando gradativamente para as mãos dos indivíduos. Chamemos, por questões didáticas, de mudança do paradigma do tempo. É, através dele, que as pessoas poderão desenvolver-se intelectualmente para abraçar metas cada vez mais audaciosas. Entretanto, com ele vem a responsabilidade de administrá-lo adequadamente, assim como a grande chance de nos alçarmos ao protagonismo.

De fato, sendo mais direto: tempo é uma moeda com lastro absoluto no nosso plano interpessoal, do dia a dia. O tempo não volta e, uma vez investido, ele se transforma e você tem uma perda ou um ganho, determinado por quão bem você investiu. Ao contrário do dinheiro ou bens, não há como gerar mais tempo (e o tempo ocioso é a maior perda de todas: ele vai embora sem transformação alguma).

“É o tempo que você desperdiçou em sua rosa que faz da sua rosa tão importante”.
Antoine de Saint-Exupéry

É aí onde entra o conceito por trás do talvez maior furto e do maior processo de enganação já realizados contra a humanidade.

Permita-me esclarecer.

Com a reconfiguração do paradigma do tempo em favor do indivíduo, as organizações e governos começaram a perder o acesso a mais de 50% do tempo de vida das pessoas. Chegar a esse número é fácil: você deveria dormir oito horas (desconto-as do total porque particularmente não considero dormir uma atividade pessoal ou profissional).

Desconte os intervalos do trabalho, alimentação e deslocamento e o que sobra é uma dicotomia temporal entre trabalho (expediente e horas extras) e vida pessoal (restante). Deixei o número em 50% como margem para ter uma zona que acomode os fins de semana, feriados e os workaholics.

Com isso, passa a ser cada vez mais importante onde você escolhe investir seu tempo. Lembre-se, outrora uma decisão tomada pelos outros, essa decisão está cada vez mais nas mãos do indivíduo (mas não sem esforço).

Vou ensinar como gerenciar o tempo eficientemente. Coloque todas as suas altas prioridades em uma lista e as baixas em outra. Depois, faça tudo das duas listas até isso te matar, do contrário, você é um perdedor.

Essa movimentação, sem dúvida alguma, tem chamado a atenção de governos e organizações. Evidência clara: perceba como as estratégias de marketing tem mudado nos últimos quinze anos e se tornaram tão invasivas que passaram a fazer ainda mais parte do nosso dia-a-dia e nem percebemos.

Eu lembro de uma época onde o debate na Internet era como empresas de tecnologia fariam para monetizar anúncios online, porque já estava ficando feio. Foi uma época antes do Facebook e antes do conceito do Google como motor de marketing, anúncios e notícias. Estamos falando do início do século, uma época que foi assolada pelo estouro da bolha das .com.

“Historicamente, a privacidade estava quase implícita, porque era difícil encontrar e coletar informações. Mas no mundo digital, seja através de câmeras digitais ou satélites, ou apenas o que você clica, precisamos de regras mais explícitas – não apenas para governos, mas para empresas privadas.”
Bill Gates

Em quinze anos, foi criado todo um ecossistema de captura da atenção do indivíduo, que vai do mais fundamental, como a criação do veículo em si (dispositivos móveis por exemplo), passando pelo profiling ou categorização do ser humano, criação de mecanismos de apuração de resultados até chegar à novas formas de interromper o uso do tempo no fluxo planejado por mim ou você (smartwatches e interfaces criadas com a única intenção de viciar o usuário em FOMO (Fear Of Missing Out).

Estes são alguns dos exemplos mais óbvios. A coisa está tão fora de controle que você paga pela assinatura de um produto ou serviço e, ainda assim, recebe propaganda através dele, algo inconcebível dez anos atrás. De fato, todo o argumento da indústria de TV por assinatura baseava-se em você estar livre de propaganda ou distrações (diga-se de passagem, o modelo da TV por assinatura está morrendo).

Hoje, até o menu iniciar do Windows 10 empurra anúncios na sua cara. Eu não vou nem mencionar os aparelhos celulares e seus aplicativos cheios de propaganda.

Como se não bastasse, ocorreu a transformação do indivíduo (e seu perfil de consumo / preferências) em produto. Ao usar plataformas como o Facebook, Google e tantas outras, seu perfil de utilização (tudo que você escolhe, diz, clica, comenta, compra, coloca no carrinho, cancela ou até mesmo recomenda) é associado a você, junto com informações demográficas e até o seu salário e isso é vendido livremente entre data brokers, empresas que existem com a exclusiva finalidade de saber quem você é através das suas escolhas online. Eu sequer entrarei nas implicações sobre privacidade.

“Os que podem desistir da liberdade essencial para obter um pouco de segurança temporária não merecem liberdade nem segurança”.
Benjamin Franklin

Essa é uma indústria mundial totalmente sem regulamentação ou fiscalização. De fato, dentre as seis maiores empresas de tecnologia do mundo, cinco estão relacionadas à essa prática, direta ou indiretamente.

Talvez agora, meu caro Leitor, tudo comece a fazer sentido para você. Enquanto reafirmo ser o tempo uma moeda de lastro absoluto, a atenção é o meio pelo qual o mundo retira nosso tempo do nosso bolso e deposita nas mão alheias. Trata-se de furto porque a relação que temos com o mundo que nos cerca e tais instituições não é clara e a retirada ocorre sem nosso consentimento ou percepção. Trata-se de enganação porque os termos e condições aos quais nos submetemos nos levam à conclusões equivocadas.

Permita-me agora propor uma atualização, diante de evidências mais ricas, à primeira frase do texto:

Atenção é poder.

Em uma era que se inaugura diante de nós, onde o intelecto, a capacidade de tomar decisões, de inovar e a responsabilidade do indivíduo aumentam, bem como o seu protagonismo, poderemos fazer muito mais no que diz respeito à questões como crescimento, evolução e desenvolvimento humano. Passa a existir um alinhamento fundamental entre a era que se inicia e o empoderamento individual, bem como a possibilidade, agora real, do ser humano se desenvolver pessoalmente e profissionalmente com as mesmas iniciativas e, na jornada, ajudar ao próximo e ser, de fato, feliz existencialmente.

Não entrarei no mérito da questão, mas pare por um momento e pense: vivemos em um País totalmente hostil ao empreendedorismo e, não obstante, temos mais empreendedores. Nunca se viu uma onda tão grande de treinamentos de desenvolvimento humano, pessoal, coaching e de auto conhecimento. Nunca houve uma procura tão grande por alinhar, conscientemente, a realização pessoal e profissional com a felicidade e as atividades do dia a dia que cada indivíduo ama realizar.

Você já olhou ao seu redor e se deu conta de quantas pessoas não aguentam mais seus empregos atuais tradicionais ou, colocando de uma outra forma, como a quantidade de empreendedores tem aumentado vertiginosamente nos últimos anos, mesmo diante de tantas dificuldades, como no nosso País?

A jornada requer foco. Ela requer o uso sábio do tempo e da nossa atenção, bens imateriais dos mais preciosos e que nos vem sendo furtados.

O nosso poder através do foco e da atenção é tanto que nossas escolhas determinam o sucesso ou o fracasso de produtos, serviços, empresas, governos, pessoas, políticos e tudo aquilo que compete por eles. Qual o valor que você tem dado a sua atenção?

Está na hora de fazermos algo a respeito disso. Está na hora de gerenciarmos melhor nossas escolhas, tornando-as conscientes; de gerenciar melhor quem tem acesso ao nosso foco, atenção e tempo. Está na hora de nos fazermos mais “presentes” e acordados.

Despertar é a palavra.


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As Reais Consequências do Microgerenciamento

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Chega uma época do ano onde a pressão pelo fechamento aumenta e, com ela, o stress. Dependendo do tamanho da empresa, do seu ciclo fiscal, nacionalidade e mercado onde atua, essa pressão pode vir em qualquer mês do calendário. É o momento onde os negócios, que foram apontados como certos, precisam ser fechados para que os objetivos sejam atingidos (e, muito provavelmente, as quotas batidas). Business-as-usual para a maioria das pessoas e, principalmente, para quem trabalha na área comercial.

Se você é advogado, isso pode ocorrer diante de um caso crítico, importante ou de alto impacto. Se você é engenheiro, diante de um projeto desafiante, complexo ou de maior tamanho. Se é C-level, diante de uma época de crise, de concorrência acirrada ou de ameaças internas ou externas. O fato é que, em qualquer contexto profissional, um fenômeno comum e indesejável pode ocorrer justamente quando ele é mais prejudicial.

O Microgerenciamento

Eis que surge, talvez justificado por uma suposta necessidade de maior controle: o quase inevitável microgerenciamento.

Com ele, na tentativa de acelerar números ou a certeza de resultados, a alta gestão começa a apertar o cinto e analisar todos os movimentos de sua equipe, instituindo uma vigilância de atividades. Cada passo é documentado, analisado e questionado. Em pouco tempo, a própria atuação dos profissionais é naturalmente colocada em dúvida e o clima organizacional positivo desmorona. Em alguns casos, gestores chegam a ser vistos como déspotas e a auto confiança dos profissionais cai ao nível mais baixo. De fato, a confiança mútua é destruída.

A falta de autonomia se instala. Os colaboradores ficam totalmente dependentes e isso causa uma elevação gigante do nível de stress gerencial. O risco de burnout dos gestores aumenta assustadoramente e, dependendo da cultura da empresa, testemunham-se situações de assédio moral aqui e ali.

“A liderança não é dominação, mas a arte de persuadir as pessoas a trabalhar em direção a um objetivo comum.”
Daniel Goleman

Já viu isso acontecer em algum lugar?

Começa o ciclo vicioso: ao ter a maioria de suas decisões e ações questionadas, o profissional perde a confiança em suas ideias e posicionamentos e passa a depender totalmente de ordens da gestão, por pura insegurança. A gestão, por sua vez, cobra do profissional proatividade e inovação, posturas destruídas pelo questionamento contínuo e pela falta de confiança.

Isso aniquila as características e qualidades individuais dos colaboradores, momento onde duas coisas acontecem: profissionais com conhecimento, maturidade e grandes ideias se removerão da linha de frente, ficarão passivos e procurarão alternativas no mercado, aumentando o turnover. Os demais viram zumbis. Isso vai totalmente na contra-mão das melhores práticas de liderança, que rezam em focar nas pessoas e em empoderá-las, e não apenas em números (que deveriam ser consequência). Por fim, perde-se, em médio e longo prazo, o controle da equipe e dos resultados e, na maioria das vezes, a alta gestão sequer enxerga que isso aconteceu justamente por causa do microgerenciamento em si.

“Grandes empresas não contratam pessoas capacitadas para motivá-las. Elas contratam pessoas já motivadas e as inspiram.”
Simon Sinek

Todos estes efeitos colaterais são fartamente observados e documentados. São devastadores e tem o potencial de não só destruir resultados de longo prazo como serem permanentes, pois tornam o ambiente irreparavelmente conturbado, no aspecto das relações interpessoais profissionais. Colocando de uma outra forma, o microgerenciamento tem impacto negativo diretamente na cultura da instituição. Ele tem a característica de contaminar outros gestores e, se perpetrado top-down, em pouco tempo a cultura da companhia estará toda moldada em torno dele.

Existe ampla literatura sobre o tema e, francamente, falhei em achar qualquer evidência que justifique a prática com resultados positivos. De fato, existem bons argumentos que apontam que o microgerenciamento tem muito mais a ver com o nível de ansiedade e insegurança da alta gestão e a sua incapacidade de lidar com essas questões do que com resultados práticos. Esse ponto é extremamente importante para que não se confunda microgerenciamento com a pressão natural que se instala em momentos desafiantes. O microgerenciamento é sempre acompanhado por uma pressão exacerbada, mas não necessariamente o contrário.

Gestor: O Que Fazer?

Se você é o gestor que microgerencia, um bom começo é entender que não há resultados positivos de médio e longo prazo. Você pode pontualmente obter novos negócios e fechamentos no curto prazo (ao custo de pessoas), mas a produtividade cairá, ao limitar sua equipe e aumentar as curvas de aprendizado como consequência do alto turnover, que fatalmente ocorrerá, em um período que pode variar de 1 a 5 anos (tempo necessário à decadência da cultura).

“Quando o foco são as metas, obtém-se resultados e o custo é em pessoas e material.

Quando o foco são as pessoas, obtém-se algo extraordinário: paixão pelo que se faz, realização pessoal e profissional, resultado como efeito colateral e o custo é apenas material.”
Romulo M. Cholewa

Isso posto, é necessário entender que a função do líder não é cobrar números e atingimento de metas, mas cuidar de pessoas e estabelecer confiança. O líder dá o norte da corporação. Profissionais capacitados, respeitados, confiantes e satisfeitos lhe darão o resultado esperado. É muito importante entender também que cuidar das pessoas não significa que as metas serão inexistentes; pelo contrário, elas tem função importantíssima. Mas o seu atingimento deve ser consequência de um trabalho realizado por pessoas satisfeitas.

Não existe liderança sem confiança.

Ainda, a papel de coach e mentor do gestor é contínuo, NUNCA acaba e é totalmente compatível com o que é esperado dos líderes: habilitar e capacitar os membros de sua equipe, protegê-los e não apenas suportar a pressão e ganhar mais. Isso é biologicamente enraizado em nossa espécie! Há uma troca esperada entre líderes e liderados. Como diz Simon Sinek em seu fabuloso livro “Why Leaders Eat Last” (e também nessa apresentação), antropologicamente falando, uma das trocas esperadas é que, diante do acesso privilegiado à comida e acasalamento, é natural que o Alfa proteja seus liderados do perigo.

“O papel de um líder não é fazer o trabalho para as pessoas, mas ajudá-los a fazer por conta própria e a ter sucesso além do que consideravam ser possível.”
Simon Sinek

Curiosamente, a justificativa mais comum usada pelos gestores para começar a microgerenciar suas equipes é que seus subordinados “não executam as tarefas como esperado” ou que “os resultados não são satisfatórios”, trazendo nossa atenção mais uma vez para a questão da capacitação e do próprio papel do líder de orientar. Entretanto, é natural que as pessoas falhem e aprendam com seus erros (mais adiante).

Importante mencionar que a microgestão pode ser usada com más intenções, caso onde há uma transferência de responsabilidade para “evidenciar” a suposta “incompetência” de uma equipe, membros ou membro individualmente. Ao colocar o indivíduo ou a equipe sob o microscópio, o gestor deixa o chapéu de líder e veste o de auditor e juiz,  evidenciando quaisquer fracassos como, inclusive, justificativa para a microgestão, o que nos leva ao ponto seguinte.

A empresa que não está preparada para lidar com os erros honestos das pessoas fatalmente virará um campo de concentração e empregará um clima organizacional inquisitivo. Errar e fracassar fazem parte do processo de aprendizado e evolução da espécie. Isso evidencia ainda mais o cunho de mentor e coach do líder. Exigir perfeição é incompatível com a natureza humana! Entretanto, treinar, capacitar e orientar sim, é possível e recomendado.

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Gerenciado: O Que Fazer?

Ter um microgestor é uma situação desafiadora. Existem algumas estratégias que podem ser bastante úteis.

Partindo do princípio de que a microgestão tem fundamento na ansiedade e insegurança do líder em obter melhores resultados, deixá-lo à par dos seus passos e atingimentos obtidos em etapas intermediárias pode ajudar a reduzir a tensão. A ideia é tentar restabelecer a confiança aos poucos, mostrando que não há fundamento para a microgestão. Isso é possível quando a cultura da empresa ainda não está completamente deteriorada ou quando não há uma cadeia de gestores acima do seu que incorre na mesma prática (o que pode indicar, a essa altura, que a cultura está prejudicada).

Outro ponto importante é evitar o embate ou confronto à todo custo. A não ser que o seu gestor tenha plena consciência dos malefícios provocados pela microgestão e esteja disposto a reavaliar esse posicionamento (algo que pode fugir à sua percepção), apontar a microgestão em si ou rebelar-se fará com que o microgerenciamento apenas aumente.

“As emoções das pessoas raramente são colocadas em palavras, muitas vezes elas são expressas através de outras pistas. A Chave para intuir os sentimentos dos outros é a capacidade de ler canais não-verbais, tom de voz, gesto, expressão facial e similares.”
Daniel Goleman

Antecipar as necessidades da gestão também pode ajudar. Entretanto, é importante ter cuidado: se a microgestão surgiu por causa de um período crítico de fechamento de negócios para a empresa, sua agenda provavelmente estará esgotada, o que não lhe proporcionará muito tempo para pensar fora da caixa ou ser proativo. É necessário bom senso para julgar se vale à pena.

Você pode também ter uma conversa franca com a gestão e pedir para que esclareça-se o motivo por trás da microgestão (sem necessariamente abordar o tema diretamente). É muito comum que uma justificativa seja dada (algo como “estamos aumentando nossa atenção para permitir realizar o projeto X no prazo”). Isso deixa claro (para todos) que a questão não é você como profissional e pode ajudá-lo a entregar algo compatível com o objetivo, tirando o foco do microgerenciamento (e de você) e colocando em ações práticas para obtenção do resultado. Na mesma linha de raciocínio, pedir ajuda e orientação ao seu gestor pode fazer com que ele acorde e volte a usar o chapéu correto de coach / mentor.

Por fim, faça uma análise do seu trabalho e veja se o que você está fazendo realmente está alinhado com as expectativas do seu gestor e da empresa. Você já se perguntou honestamente se está fazendo um bom trabalho ou atendendo às expectativas? Elas são compatíveis com a sua visão de desenvolvimento humano?

Muitas vezes, você pode estar fazendo um excelente trabalho, mas não está apresentando-o do “jeito” que a gestão deseja ou no formato que a empresa reconhece. Isso pode indicar um pouco de imaturidade do profissional como gestor (que só aceita as coisas feitas do “seu próprio jeito”). É bem provável que pequenas mudanças na forma com a qual você comunica seus resultados e atualizações para seu gerente e empresa resolvam a questão.

“O custo da liderança é o interesse próprio.”
Simon Sinek
Why Leaders Eat Last

O microgerenciamento tem que deixar de ser visto como uma prática gerencial válida e passar a ser encarado como assédio moral. As evidências (que são inúmeras), os resultados práticos negativos, bem como as perdas provocadas pelo processo, corroboram esse posicionamento. A questão vem sendo estudada e o tema abordado de forma mais clara nos últimos dez anos e os efeitos de longo prazo na cultura da empresa são, algumas vezes, irreparáveis.

Ações efetivas no intuito de evitá-lo tem um maior efeito estratégico se implantadas em hierarquias superiores. Convido você, Gestor e C-level, a refletir sobre o tema com carinho e trabalhar em suas organizações ações efetivas para evitar que o microgerenciamento afete o que você tem de melhor hoje: seu capital humano.


Quando publiquei o texto sobre assédio moral, não tinha a ideia de que tantas pessoas fossem se identificar com ele e entrar em contato comigo novamente. As minhas suspeitas se confirmaram, bem como as pesquisas: boa parte dos profissionais com mais de 10 anos de carreira já sofreram com ele, calados.

Notadamente, pelo menos cinco profissionais de mercado, em níveis hierárquicos distintos, vieram me relatar sobre eu ter relacionado um fenômeno gerencial específico como assédio moral, confirmando o caráter danoso da prática. Conversas com três deles, que escolheram permanecer anônimos, assim como experiências próprias do passado (ainda bem, distante), foram a minha base e inspiração. Dedico esse texto a vocês, torcendo para que algo dito aqui sirva de alicerce para ajudá-los.

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Falemos Sobre Assédio Moral

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Ansiedade.

Medo.

Tristeza.

Ciclo natural de sentimentos e apertos no peito que acontece quando algo não sai como planejado. Parte do luto momentâneo diante do que normalmente é uma perda e uma porta de entrada.

Respire fundo, isso passa e faz parte do aprendizado!

Nem tudo na vida depende de nós e muitas coisas fogem ao nosso controle, motivo pelo qual planejamos.

Mas nem todo o planejamento do mundo atende a todas as alternativas e nem sempre conseguimos enxergar todas as variáveis.

Isso, por si só, traz lições importantes, como planejar melhor e evidencia a importância de lidar com as emoções, assim como gerenciar as perdas como aprendizados.

Entretanto, se até falhar você tinha a clara ideia de que estava empenhando-se e, mesmo assim, o fracasso ocorreu, permita-me deixar um alerta: por causa do luto, das emoções relacionadas à perda que você está sentindo e, provavelmente, por causa de uma situação de vulnerabilidade natural, não caia na armadilha de afirmar que falhar em si é evidência de que você não deu o seu melhor. Na verdade, se você de fato se empenhou e tomou as decisões que achava pertinente, não permita que ninguém chegue e diga que você não é comprometido, usando como justificativa o fracasso.

Olhar para trás e achar isso é muito fácil e o fracasso nos convida a concluir assim, rapidamente. Nossa mente entra em um loop de análises intermináveis, onde frequentemente nos flagramos, pensando coisas como “se eu fizesse isso diferente, teria sucesso” ou “se tivesse tomado outra decisão, o resultado seria positivo“.

Analisar o caso com as evidências deve servir para crescer, aprender e evoluir, e não para gerar dúvidas sobre a sua própria capacidade, afinal, se você soubesse os números da mega-sena antes do concurso, provavelmente jogaria. Ninguém tem a habilidade de tomar decisões sabendo o futuro, nem você.

Permita-me reafirmar, para que fique bem claro:

Se você fez o que estava ao seu alcance (e talvez até mais), não permita que você ou ninguém use as evidências da falha ou fracasso contra você, como justificativa para desqualificá-lo, afirmar que você não é comprometido, não é empenhado, não deu o melhor de si ou não é capaz.
Isso é assédio moral.

Eu particularmente já passei por situações assim em um passado distante e as conversas que tive nas últimas semanas me inspiraram.

O Assédio Moral

Quando estamos com a auto-estima baixa, passamos a nos questionar à todo momento. O processo de assédio moral detona com a auto-estima. Fiz dois anos de terapia para superar isso anos atrás e percebi como ele é um tabu, muito mais comum do que as pessoas de fato admitem. Poucos profissionais falam abertamente sobre o tema e, frequentemente, sequer acreditam que são vítimas de assédio moral porque acham que o problema reside em si mesmos.

Ainda, muitos profissionais não admitem terem sido vítimas de assédio moral porque acham que isso criará o rótulo de que não aguentam pressão ou não sabem lidar com seus superiores. Outras vezes, não admitem porque estão ativamente e atualmente sendo vítimas e não podem comprometer seus empregos ou acreditam que lutar pode ameaçar suas posições profissionais. Pesquisas apontam que apenas 5% das pessoas levam a cabo denúncias contra a prática.

Assédio Moral, por André Abreu (uso da charge gentilmente autorizado pelo Autor)

Eu fiz questão de dar o exemplo acima com riqueza de detalhes para que vocês, meus caros leitores, percebam como o assédio moral é furtivo, sutil e pode vir nas mais diversas embalagens e roupagens. Ele se traveste de análise de desempenho, feedback, comentários do lado da máquina de café e até elogio. Não se engane, faltar com o respeito ou atacar diretamente, falar em voz alta / gritar, xingar outro profissional ou ser humilhado, nem sempre é a evidência mais contundente.

Ele geralmente está associado a posições verticais, de poder e subordinação / hierarquias. É muito mais comum ver um chefe cometendo assédio com seus subordinados, que efetivamente aguentam calados temendo o pior (perder o emprego ou serem “queimados” profissionalmente). Ele também pode acontecer de forma horizontal, quando frequentemente está ligado a um quadro de discriminação, seja racial, gênero, opção sexual, idade, deficiência física, dentre outros.

“Se você é neutro em situações de injustiça, você escolheu o lado do opressor.”
Desmond Tutu

De fato, o maior perigo do assédio moral é a sua natureza inicial quase imperceptível e sutil. Como no exemplo acima que detalhei, ele começa de uma forma quase que plausível, derrubando lentamente a auto-estima do profissional que, por sua vez, começa a se submeter cada vez mais. O agressor (ou agressores), com o tempo, aumentam a esfera da prática e a abrangência da atuação.

São situações onde você reflete e, diante de uma auto-estima baixa ou um momento vulnerável, termina achando que o feedback é devido. Todos podem passar por isso.

“Você não inspira seus colegas mostrando a eles o quão incrível você é. Você inspira eles mostrando o quão incríveis eles são.”
Robyn Benincasa

Outro exemplo bem comum é receber ligações do chefe ou da empresa com solicitações em horários totalmente incompatíveis, quase que diariamente. A repetição aqui é uma característica chave. Se você recebe ligações ou instruções após as 20h, quase todos os dias, não é médico plantonista ou não tem uma atividade onde esse tipo de contato é normal e remunerado, sim, isso também pode ser considerado assédio moral (certamente é má gestão).

Na grande maioria das profissões, não há nada que justifique um contato nesse horário. Solicitações em horários onde nada poderá ser feito até que o escritório esteja funcionando e outras pessoas estejam disponíveis transforma-se em puro gerador de ansiedade e a situação toda recebe uma conotação de “empenho“, “dar o sangue”  pela empresa ou ser “comprometido“, com resultado prático nulo.

Agora, perceba o detalhe sutil: gerador de ansiedade para quem recebe o contato e para quem provoca também! É muito comum em casos assim o causador do assédio sequer acreditar estar incorrendo na prática, muitas vezes ocasionada por sua própria insegurança.

“Assédio moral consiste no profissional menos competente e mais agressivo projetar sua incompetência no profissional menos agressivo e mais competente e vencer.”
Tim Field

Como Identificar?

Além dos exemplos acima, de uma forma geral, fique atento aos seguintes comportamentos e ocorrências:

  • Agressões físicas ou verbais;
  • Ameaças de qualquer tipo, incluindo demissão, abertas ou veladas;
  • Brincadeiras de cunho ameaçador, excludente, discriminatório ou de mau gosto;
  • Acusações ou insultos;
  • Fofocas e boatos;
  • Acesso forçado à vida pessoal do profissional, ataques à sua vida pessoal, crenças e espiritualidade ou comentários inadequados / humilhantes e questionáveis ao seu estilo de vida;
  • Humilhações de qualquer natureza, incluindo comentários que denigram ou rebaixem o profissional;
  • Ações com a intenção de provocar um pedido de demissão;
  • Cobranças humilhantes de metas ou metas impossíveis de serem atingidas;
  • Boicote de comunicação e isolamento;
  • Investidas sexuais;
  • Microgerenciamento.

É importante entender que a lista não para por aí e pode conter variações ou combinações dos itens acima.

Da Cultura da Empresa(*)

Acredite, existem empresas onde a cultura predominante promove o assédio. São situações onde é mais fácil detectar a ocorrência porque ele é lugar comum no dia-a-dia. As características da lista acima podem ser vistas usualmente em múltiplos níveis hierárquicos. São corporações onde o seu chefe é vítima de assédio, assim como o chefe dele e, por causa da característica comum, o rapport de comportamento termina contaminando à todos. São lugares bastante tóxicos e com alta rotatividade profissional (turnover). Em lugares assim, é extremamente desafiante consumar uma denúncia de assédio, exceto se ela for externa (Sindicato ou Ministério do Trabalho – mais adiante).

“Pessoas que repetidamente atacam sua confiança e auto-estima são bem conscientes do seu potencial, mesmo que você próprio não seja.”
Wayne Gerard Trotman

Por outro lado, existem empresas totalmente incompatíveis com a prática do assédio moral. São culturas mais maduras onde o respeito predomina e ocorrências de assédio são isoladas e relacionadas à perfis individuais de um profissional ou outro. Nessas empresas, é muito mais fácil ter sucesso em coibir a prática do assédio, interna ou externamente. Profissionais agressores são rapidamente detectados e isolados e sua posição e prática torna-se difícil de sustentar, exceto quando são líderes em altos cargos. Neste caso, o seu comportamento pode provocar uma mudança da cultura corporativa, se a situação não for tratada no início. De fato, os líderes tem papel importante sobre a cultura da “tribo“(*). Mais detalhes ao final do texto.

O Que Fazer?

Empresa

Diante de pesquisas que indicam que mais de 50% dos profissionais relatam terem sofrido algum tipo de assédio (e a grande maioria não age), é dever da corporação estar preparada.

É muito importante que a empresa possua um código de ética claro que declare, abertamente, ser contra o assédio moral, indicando quais ações devem ser tomadas, bem como canais oficiais para relatar os casos. Com uma parcela irrisória de profissionais relatando casos de assédio, sem uma política clara e aberta as pessoas não se sentirão à vontade para reportar acontecimentos dessa natureza. Isso também significa que o setor responsável como, por exemplo, a Ouvidoria e o RH, devem estar preparados para lidar tanto com denúncias de assédio moral quanto com os agressores que, por sua vez, podem também estar sendo vítimas.

O apoio psicológico às vítimas e agressores também é primordial. De acordo com Barreto, M. em “Uma Jornada de Humilhações” (2000, PUC/SP), dos mais diversos sintomas, como dores generalizadas, tremores, tonturas e falta de ar, insônia, depressão e ideia de suicídio são bastante comuns.

“Minha dor pode ser a razão do sorriso de alguém. Mas meu sorriso não deve nunca ser a razão da dor de alguém.”
Charles Chaplin

Indivíduo

Se você acredita estar sendo vítima de assédio moral, minha sugestão inicial é detectar qual a cultura da empresa onde você está inserido. Isso pode determinar parte das suas ações daqui em diante. Se você trabalha em uma cultura onde o assédio é lugar comum, pouco poderá fazer internamente, como procurar a Ouvidoria ou o RH e, na prática, a possibilidade de sua reclamação ser ignorada é alta. Neste caso, suas melhores chances são fora desse ambiente, junto ao seu Sindicato ou ao Ministério do Trabalho. Acredite, nenhum emprego vale uma crise de depressão, que afetará todos os aspectos de sua vida, incluindo seus relacionamentos em outras esferas, como com parentes, marido/esposa e filhos.

A próximo passo é coletar evidências, anotando detalhes das situações vividas, como data, hora, descrição, pessoas envolvidas e ações cometidas. Emails e rastros eletrônicos, como conversas no WhatsApp ou aplicativos de mensagens também são importantes, bem como testemunhas que estejam dispostas a lhe apoiar, afinal, é provável que outras pessoas também sejam vítimas, assim como você.

É natural, ao sofrer assédio, a pessoa se fechar e começar a duvidar de si mesma. Se você tem a certeza (ou pelo menos tinha) de que é um bom profissional e, diante do que vem acontecendo no seu ambiente de trabalho, começa a duvidar disso, é provável que esteja sendo vítima. Compartilhe suas impressões com pessoas de sua confiança, com sua família ou amigos. Não se feche e procure ajuda, pois o seu futuro pode depender de pensar claramente com a ajuda adequada, suficiente para coletar as evidências necessárias a levar o caso adiante na esfera que julgar pertinente.

Evite, a partir do momento que estiver claro a configuração do assédio, falar com o(s) agressor(es) sozinho. Procure sempre ter pessoas por perto que podem servir eventualmente como testemunhas.

“A dignidade de alguém pode ser assaltada, vandalizada e cruelmente ridicularizada, mas nunca pode ser levada a menos que seja ofertada em rendição.”
Michael J. Fox

Em toda a minha carreira, fui vítima de assédio moral três vezes. Em duas delas, a cultura da empresa promovia o assédio e a única forma de me livrar dele foi sair do emprego. Apesar de um passado agora distante, na última vez, tive depressão e precisei de apoio. Ao escrever esse texto, me solidarizo e me preocupo com as pessoas que sofrem e não procuram ajuda.

Em uma das experiências, a cultura da empresa não favorecia o assédio e o agressor, apesar de ter causado dano a mim e a outros colaboradores, foi devidamente detectado e convidado a sair, por esse e outros motivos. Dos casos que os amigos e colegas compartilharam comigo até hoje, é necessário registrar que situações assim são a minoria.

Ao todo, foram cerca de quatro anos trabalhando sob assédio. Olhando para o passado, de onde estou hoje, se me permitem, quero finalizar reforçando dois pontos principais:

Primeiro, o assédio moral surge de forma quase imperceptível e, muitas vezes, você acreditará que as críticas, comentários ou agressões são “plausíveis”. Isso mina sua auto-estima e, sem que você perceba, as ocorrências passam a ser cada vez mais frequentes.

Segundo e último, nada justifica o assédio e nada justifica tolerá-lo. Muitos profissionais tomam a decisão de aguentar a prática por causa de um emprego dos “sonhos” (será mesmo?), salário ou outras racionalizações. Trata-se de um caminho destrutivo que afetará a sua vida muito além do âmbito profissional. Procure ajuda e não se submeta. O assédio moral tem a característica de roubar a motivação e a felicidade das pessoas, inclusive que as cercam.

 

No Livro  “Tribal Leadership” (referência ao final), há uma definição muito interessante do porquê isso ocorre, tanto no nível da tribo quanto do indivíduo.

 

Mais recursos:

Reportagens  sobre o tema:


(*)Se desejar saber mais sobre o conceito de liderança tribal, recomendo o excepcional Tribal Leadership, de Dave Logan, John King e Halee Fischer-Wright.

Diante de um estudo rigoroso de mais de dez anos, o livro identifica cinco tipos de cultura, ou tribos, que encontramos mundo a fora e nas empresas. De uma forma geral, o assédio moral é muito comum nos tipos 1 e 2, sendo mais raro no tipo 3 em diante. Enquanto tribos do tipo 1 e 2 são culturas que permitem o assédio coletivamente, no nível 3 ele geralmente está relegado ao indivíduo. Já no nível 4 acima ele é praticamente inexistente.


(*) O texto sobre os desafios (positivos!) do meu trabalho e como isso tem me feito crescer, gerou uma procura enorme nas redes sociais, WhatsApp e ligações de voz. Foram dezenas de mensagens e conversas extremamente interessantes.

O que me surpreendeu foi o tom das conversas. Enquanto vivo um momento de crescimento e gratidão, percebo que muitos estão inseridos em um contexto desafiante. A maioria relata ser isso um efeito colateral da crise e ausência de oportunidades. Outros, chegaram a verbalizar que precisam mudar suas respectivas posturas e dois confessaram, depois da conversa, que precisam se empenhar mais.

Nossos bate-papos me inspiraram a escrever sobre os três dos principais temas, traduzidos em três textos semanais, cada um abordando um tema em específico. Este é o segundo deles, sobre assédio moral. O primeiro, foi sobre pressão.

Estes textos são dedicado a vocês, alguns ex-colegas de trabalho e amigos que encontram-se vivendo em situações que variam da pressão natural do trabalho até outras, quase que insustentáveis. Saibam meus queridos que existe sim saída. Ela tem diversos passos, mas começa por acreditarem em vocês mesmos.

Como cheguei a dizer a muitos: vistam a capa do mago!

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Você Trabalha Ou Vive Sob Stress e Pressão?

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(*)Quero começar afirmando algo doloroso para alguns: pressão é normal, não só no trabalho, mas em diversos aspectos da nossa vida e pode ter sua fonte em diversos lugares.

Exploraremos hoje seis deles, abordagens individuais e uma potencial abordagem global:

A pressão sempre foi uma constante, provocada por algum dos pontos acima e, com o tempo (e o amadurecimento), adicionamos à equação algo que faz toda a diferença: inteligência emocional, que mencionarei por último, pois trata-se de um tema que facilita (muito) a lidar com a pressão.

Quando menciono que pressão é doloroso, não me refiro a sofrimento, necessariamente; refiro-me à mudança, um processo amplamente documentado e estudado na psicologia e que, ao longo do último século e meio, é tratado exaustivamente.

“Não há despertar da consciência sem dor.”
Carl Jung

O que é a pressão muitas vezes, se não uma comunicação desesperada de mudança direta ou indiretamente ligada à responsabilidade, visão distinta de uma realidade ou um embate de posicionamentos, provavelmente com data e hora para ocorrer?

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta à mudanças.”
Leon C. Megginson

Curiosamente, a citação acima é quase sempre atribuída a Charles Darwin mas, na verdade, ela é de Leon C. Megginson.

 

A mudança em si é um gerador fortíssimo de ansiedade. Soma-se a isso o fato de que muitos trabalham dentro de suas respectivas zonas de conforto. Mais, trabalham para se manter dentro dela. Mudar gera desafio imediato e um esforço muitas vezes indesejado, o que nos leva a talvez afirmar que a resistência à mudança é o cerne da questão, e não a mudança em si. Refratamos a mudança muitas vezes de forma inconsciente, sem sequer pensar a respeito.

Isso, meu caro amigo, não deveria ser indesejado. Pelo contrário, oportunidades de ser o protagonista lhe colocam no comando da sua vida, o que pode lhe levar a outra conclusão também dolorosa:

“A maioria das pessoas não quer verdadeiramente liberdade, porque liberdade envolve responsabilidade e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.”
Sigmund Freud

Chamo especial atenção a esse ponto porque ele transforma você em sujeito! Ele é fundamental para o nosso crescimento e ser ator principal do nosso palco exige responsabilidade.

Existem outros geradores de ansiedade e pressão, seja no ambiente de trabalho ou fora dele. Ouso afirmar: as questões e a ansiedade geradas pela falta de comunicação clara e a ausência de entendimento talvez sejam as mais presentes em nossas vidas. Abordei a comunicação em específico em dois artigos sobre como ela pode até ser considerada, quem sabe, a razão principal para a discórdia no mundo.

A minha argumentação gira em torno de dois pontos principais: em primeiro lugar, a responsabilidade do entendimento da comunicação é de quem emite a informação e essa responsabilidade (olha ela novamente!), é frequentemente negligenciada. Em segundo, elenco uma série de estratégias que podem ajudar muito a melhorar o processo de comunicação.

Além da comunicação, quero abordar três pontos adicionais que geram pressão e ansiedade, antes de retornar para a inteligência emocional. Perceba como há toda uma lógica por trás de falar de comunicação antes dos demais, pois sofrem influência direta ou indireta.

Um dos artigos mais lidos deste blog trata da gestão do tempo. Uma das reclamações mais comuns hoje em dia é a alegação de que não temos tempo para realizar o que queremos (ou devemos). No texto, repare que a conclusão fatal é de que a nossa agenda é populada pelos itens para os quais demos prioridade de forma consciente ou não. A questão toda resume-se a isso: descobrir como o tempo está sendo consumido e usar técnicas para colocar em nossas agendas aquilo que de fato é prioridade consciente.

“A falta de tempo não é uma desculpa plausível quando queremos fazer acontecer. Se assim fosse, todos os desocupados seriam bem-sucedidos.”
Tathiane Deândhela

No âmbito profissional, uma das grandes experiências que vivi foi a correta ou incorreta comunicação de prazos e a negociação de deadlines, batendo de frente com as expectativas geradas.

Quando não há uma gestão efetiva do tempo (ou comunicação ineficiente), não conseguimos medir a nossa produtividade e frequentemente comunicamos, para a cadeia de gestão, informações equivocadas, o que gera um fenômeno interessante: a equipe tem receio de comunicar e se comprometer com prazos que não conhece ou domina, simplesmente porque não há um trabalho de gestão de tempo sendo realizado e não porque a gestão é intransigente ou algo do tipo (que, por sua vez, se sente naturalmente insegura, sem evidências).

“Objetivos são sonhos com prazos.”
Diana Scharf

Mais uma vez, o que termina faltando é o protagonismo, a responsabilidade e a comunicação eficiente… grandes geradores de pressão e ansiedade, o que nos leva à próxima questão: a nossa percepção da realidade o que, para a PNL, é tratada pelo seu primeiro pressuposto, mencionando que “mapa não é território“.

É necessário entender que existe uma diferença entre a realidade objetiva (como ela de fato é) e a nossa percepção do que é realidade (chamado de realidade subjetiva). Isso ocorre porque a nossa interface com o mundo ocorre através dos sentidos e o que de fato armazenamos pode ser alterado por uma série de fatores, como questões de personalidade, sentimentos, distorções, omissões e generalizações, tema que abordei nesse outro artigo.

A questão é extremamente importante porque nos permite, de cara, entender que a percepção da realidade é subjetiva, por mais que se force a barra. A sua realidade é diferente da minha e está sujeita a um sem número de interações e experiências que você teve ao longo da vida, o que, em outras palavras, significa que o certo de alguém pode ser diferente do certo de outra pessoa por uma pura diferença de interpretação da realidade.

Isso, tomado por base, nos faz refletir e respeitar melhor as opiniões alheias.

No artigo sobre o dilema do certo versus o errado, exploro a questão, indo um pouco adiante: além das nossas representações internas sobre realidade serem potencialmente diferentes, o mundo é composto de bilhões e bilhões de variáveis, a maioria sequer conhecidas por nós, o que implica na existência de talvez milhões de “certos” e milhões de “errados”.

O ser humano, por uma necessidade fundamental de “entender” tudo que o cerca e um medo irrefreável do desconhecido, atribui muitas vezes explicações a coisas inexplicáveis. Esse é outro fenômeno bastante estudado ao longo do tempo e tem o efeito colateral de fazer com que as pessoas se agarrem às suas verdades, achando que são únicas e imutáveis, gerando conflitos de entendimento ou “mapa” e comunicação, por não conseguirem enxergar realidades ou alternativas.

É necessário, como ser humano, ter a humildade para entender que podemos não ter inteligência, conteúdo ou comportamento adequado e suficiente para compreender muita coisa no universo e isso não está, necessariamente, errado ou carente de retificação imediata e depende de um processo de evolução longo.

“A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o medo mais antigo e o mais forte é o medo do desconhecido.”
H. P. Lovecraft

Ao expor os pontos acima, há de se convir que os seis, colocados como geradores de ansiedade e pressão em nossas vidas, tem um caráter subjetivo e nem sempre uma solução clara e direta. Cada caso é um caso e precisa ser avaliado com carinho.

Entretanto, existe um fator que permeia as seis questões e pode servir como uma potencial solução mais ampla, talvez associada a uma comunicação eficaz: a inteligência emocional.

Trata-se de um conceito difundido e popularizado pelo psicólogo Daniel Goleman há cerca de 10 anos, mas que vem sendo aplicado com algumas variações deste o início do século passado.

O mais interessante do trabalho de Goleman é o fato de que, dele, derivaram-se tantos outros trabalhos (inclusive, de outros autores), evoluindo nas mais diversas direções, como o conceito de inteligência social, foco / mindfulness e tantas outras “inteligências”.

De uma forma bem prática, inteligência emocional significa avaliar, através do comportamento de um indivíduo, as emoções que estão sendo representadas, bem como o desenvolvimento da habilidade de lidar com elas e com as suas próprias (em reação a alguém ou que provoquem reação em alguém).

Permito-me adicionar um comentário à definição: ao aprender a lidar com as próprias emoções e com as do próximo, comunicar-se e apresentar-se ao próximo e à sociedade de forma mais eficiente, mantendo a fidelidade para com os seus sentimentos e opiniões originais (você agora deve estar pensando: nem todo mundo é fiel aos seus sentimentos e opiniões originais…).

De acordo com ele, o nosso “cérebro” emocional é mais rápido do que o “racional”, portanto, é tão importante na comunicação e transparência nos relacionamentos.

Perceba como o uso correto desse conceito tem o potencial de desarmar a grande maioria das situações de conflito, ansiedade e pressão que surgem no nosso dia-a-dia. Perceba talvez, como a comunicação acontece muito além da palavra (argumento principal desse outro artigo) e como a interpretação de sinais não-verbais está intimamente ligada ao conceito de inteligência emocional:

“As emoções das pessoas raramente são colocadas em palavras, muitas vezes elas são expressas através de outras pistas. A chave para intuir os sentimentos de outros é a capacidade de ler canais não-verbais, tom de voz, gesto, expressão facial e similares.”
Daniel Goleman

Identificar em nossas próprias vidas e nas relações interpessoais os seis pontos levantados aqui pode (e deve) trazer uma série de recursos adicionais para que cada um lide melhor com as pressões diárias, seja no trabalho ou fora dele. Uma vez identificados os pontos de pressão e atrito, fica mais fácil trabalhar cada um deles individualmente ou aplicar estratégias mais amplas, como a inteligência emocional por trás das relações.

Para finalizar, retorno ao início do texto: pressão deve ser natural para o ser humano e significa, dentre tantas coisas, que ajustes e mudanças estão ocorrendo. Pergunto-me: talvez não estejamos vivos até hoje por causa da nossa habilidade de lidar com isso?

Finalizando com essa linha de raciocínio, deixo você com essa apresentação para entender como o nosso corpo lida com a dor, objetivos, liderança e o amor biologicamente e as razões evolucionárias por trás do stress e da ansiedade. Como bem diz Simon Sinek no vídeo: o stress é contagioso, basta observar um grupo de gazelas, defendendo-se de um predador.

Referências adicionais:


(*) Esse texto é fruto de um processo criativo que iniciou-se a partir de conversas com ex-colegas de trabalho e amigos, e terminou gerando três artigos sobre desafios profissionais bastante comuns e com profundo impacto na vida de tantos.


(*) O texto sobre os desafios (positivos!) do meu trabalho e como isso tem me feito crescer, gerou uma procura enorme nas redes sociais, WhatsApp e ligações de voz. Foram dezenas de mensagens e conversas extremamente interessantes.

O que me surpreendeu foi o tom das conversas. Enquanto vivo um momento de crescimento e gratidão, percebo que muitos estão inseridos em um contexto mais desafiante. A maioria relata ser isso um efeito colateral da crise e ausência de oportunidades. Outros, chegaram a verbalizar que precisam mudar suas respectivas posturas e dois confessaram, depois da conversa, que precisam se empenhar mais.

Nossos bate-papos me inspiraram a escrever sobre os três dos principais temas, traduzidos em três textos semanais, cada um abordando um tema em específico. O primeiro deles é esse, sobre pressão, com foco no ambiente de trabalho.

Estes textos são dedicado a vocês, alguns ex-colegas de trabalho e amigos que encontram-se vivendo em situações que variam da pressão natural do trabalho até outras, quase que insustentáveis. Saibam meus queridos que existe, sim, saída. Ela tem diversos passos, mas começa por acreditarem em vocês mesmos.

Como cheguei a dizer a muitos: vistam as capas de mago!

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A Arte da Gestão das Prioridades (e não do tempo)

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Antes de começar, gostaria de colocar aqui uma frase que é quase uma prévia de tudo que direi adiante:

“Tudo é uma questão de prioridades. Se você não tem tempo para algo, é porque já traçou suas prioridades lá atrás, fez suas escolhas e talvez nem tenha percebido.”
Romulo M. Cholewa

Terras e tempo deixaram de fabricar há muitos anos.

O tempo é o mesmo para quaisquer indivíduos que povoam a terra ou qualquer outro lugar. Se houver vida fora do nosso planeta, o tempo será provavelmente o mesmo para eles, medidos de alguma outra forma que faça sentido no contexto deles.

O tempo é não gerenciável.

E nem adianta argumentar usando como base Einstein, a teoria da relatividade e coisas do gênero. Na nossa realidade interpessoal do dia a dia, onde as velocidades são baixas o suficiente para não alterar a relação espaço-tempo, o dia continua com vinte e quatro horas.

Isso.

Aceite.

Ele tem lastro absoluto e não há como ter mais horas no dia.

Não há banco de horas. Desperdiçou? Já era.

Há, sim, como definir prioridades.

Entretanto, há quem afirme que o tempo é relativo. De fato, a nossa representação e interpretação do tempo pode variar, assim como a nossa representação da realidade objetiva. O tempo é reconhecido pelos nossos canais representacionais (visual, auditivo e cinestésico, que inclui os demais) e interpretado pelo cérebro. Inúmeros fatores podem alterar essa percepção: para onde vão mesmo os 5 minutinhos da soneca do despertador pela manhã? Ficar um minuto embaixo de uma ducha morna agradável ou 60 segundos dentro de uma piscina gelada nos dá uma boa ideia do fenômeno.

E se eu disser a você que é possível usar isso ao nosso favor? A nossa produtividade está diretamente ligada ao quanto conseguimos fazer por fração de tempo. Se organizarmos nossas tarefas e focarmos no resultado, o tempo será melhor aproveitado e parecerá dilatar-se. Se ficamos ociosos ou mal planejados, teremos a sensação de que o tempo passou rápido e… Não deu tempo! Prestar atenção e focar também é desafiante, em um mundo onde…

Tudo luta por nossa atenção, o tempo todo.

Permitam-me uma pausa e um parágrafo para destacar essa afirmação, pois ela não só é poderosa como tem influência na vida de todos, muito além do que imaginamos. O mundo hoje é construído para atrair a nossa atenção: seja na rua, em casa, na TV, na Internet, no celular, em TODOS os lugares. A moeda do mundo hoje não é dinheiro, é tempo! A forma com a qual se tira essa moeda do seu bolso é através da sua atenção. As maiores empresas do mundo hoje negociam essa moeda.

Como tomar o controle de volta?

Calendarize

Existem duas coisas fundamentais em qualquer plano de gestão de prioridades: identificar com o quê o seu tempo está sendo gasto e quanto tempo levam as atividades que deseja desempenhar. A melhor forma de se medir as duas é calendarizando.

A técnica é simples e consiste tão e somente em anotar todos os seus compromissos em um calendário, com as durações estimadas. Ao executá-los, perceba qual o tempo máximo que você usa para cada tarefa. Lembre-se de anotar também coisas que parecem fúteis, inúteis ou sem sentido, como o tempo que você leva para se deslocar para um compromisso, o tempo que demora para se arrumar ao acordar, estacionar o carro, fazer cada refeição, lanchar, tomar café, dormir, fumar um cigarro e assim por diante. Se possível, anote até o tempo que dedica às redes sociais, seja no celular ou computador. Você irá se surpreender.

Não há outra forma de identificar onde você investe seu tempo sem fazer isso. Pode parecer ridículo anotar quanto tempo se leva pra comer, mas no final, fará sentido, pois o dia só tem 24 horas e não há como lutar contra. Calendarizar fará toda a diferença na sua vida a partir do momento em que se tornar um hábito. Visualizar onde seu tempo está indo lhe renderá boas risadas e insights.

Ferramentas

Eu recomendo usar uma ferramenta eletrônica para anotar suas atividades. Hoje em dia, qualquer celular possui calendário que sincroniza com contas online. Se você usa Apple (iPhone, iPad), pode acessar sua agenda online no site iCloud. Se você usa Android, sua agenda também estará sincronizada com o GMail. Alterações feitas na sua agenda online serão imediatamente sincronizadas com seu celular e vice-versa. Eu particularmente me sinto mais confortável em montar minha agenda no PC/Desktop e deixar apenas as pequenas correções e adições pontuais para o celular. A título de curiosidade, uso o Outlook, sincronizado com uma conta Office365.

Também uso um app chamado Hurry para Android, além da agenda. Ele permite uma visão em contagem regressiva muito útil para eventos mais importantes. Para visualizar a agenda de forma mais fácil na área de trabalho do aparelho, uso outro app (widget) chamado Event Flow.

Entretanto, anotar, organizar e acompanhar a agenda é apenas o primeiro passo e pode ser feito até em papel ou numa agenda convencional. Existem alguns fatores e abordagens que podem ajudar a realizar as tarefas mais rápido, além de organizá-las.

Rotina

Manter uma rotina ajuda muito na administração das prioridades. Além de tornar o que for possível mais previsível, a repetição é a mãe da excelência e isso fará com que tarefas sejam executadas mais rapidamente. Acorde no mesmo horário, assim como tomar café da manhã, almoçar e quaisquer outras atividades que sejam passíveis de padronização.

Evite Fazer Mais de Uma Coisa Por Vez

Você se acha a pessoa mais produtiva do universo porque consegue fazer múltiplas coisas ao mesmo tempo? Sorry amigo. Pode parecer brincadeira, mas existem inúmeros estudos que comprovam que a nossa eficiência cai até 40% ao alternar entre tarefas. Em outras palavras, fazer mais de uma coisa fará com que você consuma mais tempo e opere quase que na metade da velocidade, além de aumentar muito as chances de erro. Não caia na tentação de ficar chaveando entre tarefas ou na pressão do chefe, trabalho ou prazos. Você comprovadamente será mais eficiente ao focar em uma tarefa por vez.

Telas e mais Telas: Redes Sociais, Celulares, Alertas…

Os três itens a seguir estão intimamente ligados. São eles:

Redes Sociais

Sem sombra de dúvidas, o maior buraco negro de tempo da humanidade hoje chama-se rede social. A quantidade de tempo que dedicamos a elas, frente à sua utilidade, é uma razão indefensável. A não ser que você trabalhe diretamente com isso, não há razão para checar seu status e as mensagens dos amigos a cada 5 minutos. Isso tira mais seu foco do que alternar entre tarefas e destrói sua produtividade. Coloque em sua agenda um horário para interagir com as redes sociais.

Evite o Celular

Quando afirmo isso, é no sentido de deixá-lo relegado à sua função de falar e ser ouvido, diretamente desatrelado do uso de redes sociais. Apagá-las do aparelho pode ser drástico demais para alguns, mas sua produtividade pipocará imediatamente. Se não quer chegar a esse ponto, desligue os alertas. Mais adiante.

Ainda, Adam Alter, psicólogo, aborda o tema nesse TED maravilhoso que afirma que há uma tendência de CEOs, CIOs e altos gestores de empresas de tecnologia limitarem o seu uso em casa, junto aos seus filhos, permitindo que eles interajam socialmente com outras pessoas de forma presencial. O tempo que as “telinhas” retiram do nosso dia é assustador.

Alertas e Mais Alertas

Quando recebemos uma mensagem e ouvimos o alerta no celular, smartwatch ou notebook, desktop, laptop, tablet e etc., acionamos o centro de recompensa do nosso cérebro. Isso é um processo documentado e estudado e que leva ao vício. Estamos presos aos nossos celulares por causa desse motivo e existe até nome para essa síndrome: FoMO (Fear of missing Out ou medo de perder algo). Deixe os aparelhos e seu smartwatch configurados para alertá-lo apenas para aquilo que, de fato, merece, e não para cada curtida no Facebook, no Instagram e mensagens de cada grupo do WhatsApp. Novamente, agende suas interações com as redes sociais e com e-mail.

Planeje a Semana Posterior

Uma excelente prática é organizar a semana seguinte. À medida em que você começa a ter ciência das atividades que devem ser realizadas na próxima semana, coloque-as no calendário. Reserve talvez uma ou duas horas na tarde da sexta para organizar a agenda da semana seguinte, incluindo todas as atividades, como reuniões, refeições, academia, tempo estimado de deslocamento e etc.

Diga Não

Uma atividade que demora mais do que o esperado consome tempo de outra. Não há como recuperar esse tempo e ele prejudicará algo que já estava planejado. Se você não se organiza, não consegue dizer quanto tempo suas atividades tomam do seu tempo e não consegue dizer não ao que sai do planejamento, não pode reclamar nem justificar que está sem tempo. Lembre-se, ao afirmar que não tem tempo, é porque você já tomou a decisão de priorizar outra tarefa ou atividade. Se desejou substituir uma pela outra, por que então a tarefa substituída foi parar na sua agenda em primeiro lugar?

Quero finalizar com o excepcional TED de Laura Vanderkam, onde ela faz uma afirmação poderosa:

“Nós não construímos as vidas que queremos economizando tempo. Nos construímos as vidas que queremos E o tempo se ajustará.”
Laura Wanderkam, no TEDWomen 2016

Ela fez um trabalho com dezenas de executivos com agenda assustadoramente ocupada e conta a história de uma mulher que teve que lidar com um equipamento de arrefecimento quebrado em casa. Foi ao todo 7 horas de dedicação para consertar o que estava quebrado e livrar-se da inundação.

Se perguntassem a essa executiva na semana anterior se ela teria uma hora por dia para fazer exercícios, a resposta seria não. Mas diante da contenção, ela foi capaz de ajustar o seu tempo em torno do que era necessário fazer para dirimir a emergência e continuar com sua agenda usual. Em outras palavras, tudo é uma questão de prioridade, o que nos remete à primeira frase do texto.

Devemos parar de dizer que não temos tempo para algo, mas sim que temos tempo para o que queremos fazer (o que, de fato, acaba acontecendo), de forma consciente e passar a escolher melhor. Devemos sim, encher nossa agenda com nossas escolhas e parar de nos iludir. As ferramentas e técnicas que apresentei aqui funcionam muito bem para ajudar você a identificar para aonde seu tempo está indo e economizá-lo aqui e ali. Entretanto, serão suas escolhas que colocarão o que você quer na sua agenda. O próximo passo é seu.

“Eu não tenho tempo = não é uma prioridade.”
Laura Wanderkam, no TEDWomen 2016

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A Representação Do Que Nos Cerca e A Realidade Tênue

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Quando você sente o cobertor macio da sua cama ao deitar-se, tem a representação dele transferida para sua mente pela sua pele em um conjunto de impulsos nervosos.

Quando você escuta aquela música preferida que arrepia a coluna,  seu ouvido está transformando o som em impulsos elétricos transmitidos também ao cérebro, que os interpreta e os armazena. O mesmo processo se dá ao abrir os olhos pela manhã e ver o teto do seu quarto ou o sol nascendo.

Isso acontece com qualquer estímulo ao seu corpo: um órgão de sentidos transforma a informação recebida em impulsos que são transmitidos para o cérebro que, por sua vez, cria representações daquele conjunto de impulsos elétricos e as armazena.

Ou seja, a realidade que nos cerca na verdade é uma representação criada pela mente.

Agora, imagine que nem todos os estímulos que chegam até nós alcançam o cérebro e são interpretados e armazenados.

De um sem número de estímulos potenciais que nos cercam, nosso corpo consegue interpretar uma fração deles e, ainda assim, lidar apenas com menos de uma dezena, simultaneamente.

Provar isso é mais do que fácil: se você está prestando atenção ao ler esse texto, provavelmente não está ouvindo a torneira que pinga, o carro que passa na rua e que buzina, uma música distante, o barulho do ar-condicionado ou até alguém chamando você. De uma forma análoga, vá ao shopping (lugar repleto de estímulos) e converse com alguém. Você provavelmente não ouvirá a música que toca ao fundo ou não verá o palhaço que passa à sua frente.

Para não ter uma representação incompleta da realidade, armazenar memórias coerentes e permitir que consigamos prestar atenção e focar em algo, a sua mente usa vários recursos para preencher as lacunas e, em especial três. Na PNL, chamamos isso de filtros GOD (Generalização, Omissão e Distorção).

Generalização

Com a generalização, comparamos novas experiências com antigas e tendemos a armazená-las como situações idênticas. Um exemplo simples é a criança que consegue abrir a porta pela primeira vez e tentará abrir todas as demais portas do mesmo jeito ou a que foi mordida por um cão e, a partir dessa experiência, fica com medo de cães. Uma boa forma de detectar situações de generalização é reconhecer expressões como “sempre”, “toda vez”, “nunca” e afins. Elas são um ótimo indicador de que a pessoa que as usa generalizou para armazenar aquela memória.

Omissão

Trata-se do exemplo que dei anteriormente. Ao prestar atenção ou focar em algo, deixamos de ouvir sons, ver ou sentir coisas ao nosso redor.

Distorção

Usamos a distorção quando alteramos a percepção da realidade por algo diferente, muitas vezes, algo familiar. É quando achamos que um ponto marrom na parede é uma barata, quando vemos uma corda e achamos que é uma cobra, quando interpretamos equivocadamente alturas, distâncias, temperaturas ou quando de uma forma geral, confundimos sons e sabores.

Recomendo fortemente os TEDs do Dr. Donald Hoffman e do Dr. Anil Seth (este último ainda mais direto sobre como alucinamos e chamados de realidade!) sobre o tema de como a realidade é uma representação da mente (possui legendas em português).

“A realidade é meramente uma ilusão, apesar de ser uma bem persistente.”
Albert Einstein

Ainda na PNL, usamos o termo “alucinação” para definir a  visão particular de realidade e o termo “calibração” para a diferença entre realidade objetiva e a nossa “visão” do que é realidade, considerando toda a nossa subjetividade.

Diante das informações acima, perceba como isso afeta a comunicação e as relações interpessoais. Como estamos lidando diariamente, múltiplas vezes, com as alucinações (calibradas ou não) das pessoas que nos cercam. Veja como o nosso universo das coisas que são certas ou erradas muda completamente e como fica bem mais fácil compreender e aceitar o próximo.

“Mapa não é território.”
Primeiro pressuposto da PNL

Para promover a auto calibração é muito mais simples do que parece e não requer nada misterioso ou complexo: partindo do princípio de que generalizamos, distorcemos e omitimos como processo natural de reconhecimento da realidade e aprendizado, devemos parar de assumir as coisas, questionar mais e melhor e investigar para obter o quadro completo e próximo da realidade objetiva. Na PNL, chamamos isso de metamodelar ou metamodelo de linguagem.

Para finalizar, uma dica que ajuda bastante é ater-se a descrições baseadas no sensorial. Sim, isso mesmo! Perguntas como…

  • O que você viu? Descreva exatamente… (alto, baixo, claro, escuro, largo, fino, preto, branco, amarelo, etc.)
  • O que você ouviu? Descreva exatamente… (alto, baixo, estridente, com ou sem ritmo, melódico, etc.)
  • O que você sentiu? Descreva exatamente… (quente, frio, apertado, frouxo, doce, azedo, etc.)

… São bem úteis. Quanto mais a descrição se afastar de características sensoriais, maior a probabilidade de estar sendo influenciada pelos filtros GOD.

“A loucura de uma pessoa é a realidade de outra.”
Tim Burton

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Como Eu Faço Para Ser Entendido?

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Esse texto é uma continuação do dia 30/11, sobre a responsabilidade do entendimento da comunicação(*).

Existem múltiplas estratégias por trás de uma boa comunicação e algumas delas podem parecer conflitantes (e de fato, são). A ideia central que apoia uma boa comunicação começa não pelo abrir de bocas, mas pelo escutar. É através dele que se define a melhor abordagem, respeitando a opinião do próximo.

“Eu lembro a mim mesmo toda manhã: nada do que eu disser hoje me ensinará nada. Então, se eu for aprender, eu preciso fazer isso escutando.”
Larry King

A Comunicação Vai Além da Palavra

A palavra em si representa uma pequena parcela da troca da comunicação. O todo  envolve tom de voz, velocidade, ênfase, gestos, posição do corpo, movimentação do corpo, micro expressões faciais e até movimentação e direção dos olhos.

Enquanto estamos conscientemente prestando atenção no que é dito, nosso cérebro capta os demais sinais que compõem a comunicação de forma inconsciente. É por isso que, algumas vezes, seu interlocutor lhe fala algo e você fica com a pulga atrás da orelha: você provavelmente ouviu uma afirmação, mas a sua mente captou outros sinais, incoerentes. Se deseja se aprofundar no tema, recomendo começar pelo livro “A Arte de Ler Mentes”, de Henrik Fexeus.

Levando isso em consideração, é bom mencionar que existem técnicas cientificamente comprovadas para ler expressões e detectar qual a emoção por trás de uma frase, palavra ou comportamento. Neste quesito, recomendo o livro “O Corpo Fala” (clássico do tema) e  “Telling Lies”, de Paul Ekman, psicólogo considerado a maior autoridade mundial em micro expressões faciais (já assistiu a série Lie To Me? Foi baseada nele e em seu trabalho).

Ele provou que existem algumas emoções de base (raiva, felicidade, surpresa, nojo, tristeza e medo), que tem suas representações fiéis em qualquer lugar do mundo ou em qualquer comunidade onde um ser humano exista. Ele desenvolveu o Facial Action Coding System (FACS) que decodifica os micro movimentos musculares faciais.

Partindo do princípio que o nosso objetivo é uma melhor comunicação e não necessariamente detectar mentiras, é fundamental entender que, ao adotar uma inverdade ou não expressar-se de forma fiel e compatível com sua opinião e sentimentos, sim, o corpo dará pistas. Ou seja, se a sua intenção é comunicar-se eficientemente, seja verdadeiro e fiel para com você mesmo.

“Eu não estou chateado com o fato de você mentir para mim, eu estou chateado porque de agora em diante eu não posso mais acreditar em você.”
Mark Twain

De nada adianta seguir as dicas abaixo para expressar algo que está em desacordo com seu eu: fatalmente, você será traído por uma micro expressão facial ou comportamento incongruente. Não há algo mais destruidor de rapport e empatia do que uma incompatibilidade entre a palavra e comportamento (a não ser que o seu interlocutor esteja embriagado e não perceba…). Em outras palavras, se você for fiel ao que pensa e acha, não precisará se preocupar com a coerência entre o que fala e como se porta.

Para entender como tudo isso é poderoso, recomendo dar uma olhada no canal Metaforando, do excepcional Vitor Santos, no Youtube.

O Que Fazer?

Tenho certeza de que muitos olharão para os itens abaixo e acharão simples. E é! É muito mais uma questão de bom senso, congruência e equilíbrio do que qualquer fórmula mágica.

Vejamos:

Escute

“Não escute com a intenção de responder, mas com a intenção de entender.”

Como dito inicialmente, escutar não só é um sinal de respeito pelo próximo como gera rapport e empatia.

Além disso, permite que você tenha elementos sobre o outro suficientes (e tempo) para elaborar uma estratégia eficaz baseada na comunicação não verbal.

Se você está procurando uma pausa na fala do seu interlocutor para poder falar, você não está escutando como deveria.

Tenha Paciência

Uma das grandes características das pessoas extrovertidas é interromper o seu interlocutor e quebrar as linhas de raciocínio alheias, o que prejudica o escutar. “Ler” o seu interlocutor e entender a postura e posicionamento dele pode lhe dar pistas enormes sobre os argumentos necessários ao convencimento. Sem paciência para falar o que deve ser falado, no ritmo certo e sem espaço para a escuta, a probabilidade da comunicação falhar será alta.

Mantenha Contato Com os Olhos

Muitos de vocês já devem ter ouvido a expressão “fulano fala com os olhos” ou “os olhos são o espelho da alma”. A importância de manter contato com os olhos transcende a comunicação em si e está intimamente ligada à ser transparente e passar a ideia de uma pessoa confiável.

“Quando a conta de confiança é alta, a comunicação é fácil, instantânea e eficaz.”
Stephen Covey

Esqueça o Telefone Celular

Permitam-me evitar falar detalhadamente sobre esse ponto. Ele é óbvio demais: escutar e ser escutado requer atenção e não existe maior empecilho do que o seu aparelho de telefone celular. Me perdoe, mas se você acha que isso é uma besteira, prepare-se para não entender e não ser entendido. Ficar olhando a tela do celular e para o relógio também quebra o rapport e é um sinal claro de desatenção.

Seja Claro

Ser claro na comunicação é essencial. Fale de forma clara, evitando contradições, termos antagônicos e evitando também falar rápido ao ponto das palavras caírem da boca (sem acompanhar o raciocínio). Lembre-se, você fala para o outro, não para você. A comunicação tem que ser clara para o seu interlocutor e na velocidade e clareza que ele consegue compreender. De fato, tente acompanhar o ritmo da pessoa com quem está se comunicando – isso ajuda muito a construir rapport.

Seja Objetivo

Enrolar ou colocar o gato no telhado pode ser necessário, dependendo do tipo da comunicação a ser feita. Não é uma boa estratégia comunicar um óbito de alguém próximo de forma direta. É necessário preparar o terreno. Mas isso não impede que a comunicação seja objetiva. Ser objetivo evita margens de interpretação.

KISS

Keep It Simple, Stupid – mantenha simples, estúpido! Ou mantenha-se estupidamente simples. Explicar algo de forma simples é a melhor receita para ser entendido apropriadamente (mas talvez seja o maior desafio de todos). Sabemos que existem coisas complexas que exigem uma base maior de conhecimento para o perfeito entendimento… Mas já dizia Albert Einstein no século passado, se você sabe do que está falando, será capaz de explicar o que sabe para uma criança.

Use Metáforas

Usar metáforas pode ajudar muito no entendimento de diversos temas. De fato, é um recurso muito útil e poderoso para encurtar distâncias culturais e de ausência de conteúdo. Entretanto, é necessário ter a certeza de que a metáfora é válida na outra cultura ou que o seu interlocutor tem a base de conhecimento necessária para o entendimento. Se não tem, você terá que incluir na comunicação os elementos de base necessários, terminando por trazer complexidade onde não se deseja. Outro ponto importante é que você precisará julgar se abrir mão de ser simples e objetivo usando uma metáfora terá um resultado melhor.

Do ponto de vista da PNL, usar metáforas pode distanciar o que foi entendido da realidade objetiva, pois a nossa mente tende a preencher as lacunas que a metáfora provê, apesar de ser uma ferramenta poderosíssima. Ou seja, tem ligação direta com a estratégia de comunicação que você pretende usar.

Dadas as advertências, não há ferramenta mais poderosa para a comunicação e existe uma maneira fantástica de usá-las: explique o problema, desafio, proposição, condição ou afirmação que deseja que seus interlocutores entendam de forma clara, direta e objetiva. Conte as metáforas necessárias para que o entendimento ocorra e, ao final, conclua com uma amarração direta, objetiva e factual buscando a conclusão dada.

Confirme e Peça para Repetir

Confirmar o entendimento sobre o que foi dito e pedir para que repitam o que foi entendido é, sem dúvida, a técnica mais eficaz de todas. Com ela, você checa o entendimento no mapa / visão do interlocutor e tem a chance de corrigir quaisquer questões que surjam.

Importante reforçar que as sugestões acima podem não ser compatíveis entre si. Um exemplo claro disso se dá ao usar metáforas, que certamente esconderão a simplicidade e a objetividade. O ponto é ter bom senso, entender a postura do seu interlocutor e usar a estratégia mais adequada.

“A arte da comunicação é a linguagem da liderança.”
James Humes

E Se Eu Ficar com A Famosa Pulga Atrás da Orelha?

“Entendimento é mais profundo do que conhecimento. Existem várias pessoas que conhecem você, mas pouquíssimas realmente entendem você.”

Neste caso, posso apenas falar por experiência própria e vai da sensibilidade de cada um. Quando isso acontece, geralmente significa que o seu cérebro detectou alguma incompatibilidade entre o que foi dito e o comportamento do seu interlocutor. O meu gut feeling, aquela sensação de algo errado no estômago, na maioria das vezes, acerta. Com sutileza e elegância, você pode explorar um pouco mais o tema que gira em torno daquilo que despertou em você a desconfiança. Você pode metamodelar a linguagem à procura de pistas que comprovem um deslize.

Perceba que pode ser a intenção do seu interlocutor se proteger e a omissão pode provocar um comportamento incongruente e não necessariamente significar que ele(a) está mentindo. Mais uma vez, tenha bom senso e tente contextualizar o assunto. Talvez tudo se esclareça. Dê o benefício da dúvida e espaço para que seu interlocutor comente. Respeite a sua privacidade.

Por fim, não assuma. Talvez seja o maior equívoco de todos no que diz respeito à comunicação. Assumir é preencher as lacunas da falha de entendimento conscientemente e o resultado pode ser muita confusão.


(*) Pouco menos de duas semanas atrás, postei um texto falando sobre o que é talvez o pressuposto mais importante da PNL (e, certamente, um dos mais controversos).

O texto teve uma repercussão enorme e muita gente entrou em contato comigo nas redes sociais e WhatsApp, sugerindo abordar como se fazer entender. O texto original continha essa parte mas, por causa do tamanho, decidi separar.

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Comunicação: Onde, De Fato, Resta a Responsabilidade?

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Talvez um dos pressupostos da PNL mais controversos seja o que diz que…

“A responsabilidade da comunicação é SEMPRE de quem emite a informação.”

Olhar para essa frase em si já gera um mal estar em muitos.

Já vi nas mídias sociais memes, imagens e afirmações diametralmente opostas a esse pressuposto. Algo como…

“Sou responsável pelo que digo, não pelo que você entende.”

Uma rápida pesquisa no Google retornará inúmeros exemplos de imagens… confesso até que, no passado, cheguei a compartilhar algumas delas! As redes sociais estão cheias de memes que trazem essa afirmação e, hoje, agradeço ao universo por achar isso… com todo o respeito, limitante:

Meus queridos, a frase em si é contraditória! Se você é responsável pelo que diz, é claro que você é responsável pelo entendimento (afinal, para quê dizer algo se você não quer se fazer entender?)

Por que será que tanta gente acha que não é responsável pela comunicação?

A própria pergunta acima já nos dá uma clara pista do motivo: responsabilidade (ou sua isenção).

As pessoas tem o hábito de se isentarem da responsabilidade em suas vidas, de colocar o macaquinho no ombro dos outros. Ainda, evitam ser os protagonistas do seu palco e promovem a manutenção da zona de conforto, um comportamento totalmente alinhado ao vitimismo.

O processo de comunicação é transitivo e envolve, pelo menos, duas partes. Não há comunicação com o espelho. Não há comunicação com a TV ou com o travesseiro (alguns practitioners de plantão afirmarão que sim, há comunicação entre as partes de um ser, mas isso é conversa para outro post – tomei o cuidado ao mencionar “partes” na frase acima :))

Em outras palavras, a comunicação é uma ação resultante de uma intenção (a sua). Se você tem a intenção de se comunicar, é óbvio que quer se fazer entender (nos seus termos), por mais que você ache que está apenas “constatando os fatos”, um argumento muito comum [os fatos são sempre a sua versão de realidade, pois passamos não por uma, mais por DUAS situações de interpretação: quando você usa seus canais representacionais (visual, auditivo e cinestésico – que inclui os demais) para interpretar e armazenar a realidade e quando você recupera o que armazenou e traduz em palavras e outras formas de comunicação].

Se partirmos dessa ideia, o que estamos tentando transmitir é a nossa visão de algo (afinal, cada um constrói sua visão de mundo particular) que pode ser ou não próxima da realidade. Ou seja, comunicação é convencimento.

E se o ato da comunicação for intencionalmente falho de forma a provocar confusão?

Meu caro leitor, essa afirmação nada mais é do que a validação do meu argumento e do pressuposto da PNL até então.

Como assim Romulo?

A confusão só nasce justamente porque a responsabilidade da comunicação é comprovadamente de quem emite a informação. Tem o poder quem tem a responsabilidade. A prova disso é o empoderamento de quem emite – ao intencionalmente falhar, a confusão se instala através do poder que possui ao ser responsável.

Colocando de uma forma análoga, comunicar-se de forma ineficiente é uma irresponsabilidade. Ouso afirmar que a maioria dos problemas do mundo são falhas de comunicação ou iniciados por isso. Peter Drucker chegou a afirmar que giram em torno de 60%.

A responsabilidade atrai o poder?

Vencida a fase da argumentação, assim como defendi o empoderamento do protagonista, ao chamar a responsabilidade para si, imagine, como se fosse possível, o poder que ser responsável pelo entendimento da comunicação traz a quem emite a informação, pegando emprestada, de forma bidirecional, a afirmação do grande filósofo Tio Ben: “grandes poderes vem com grandes responsabilidades.”

Mas…

“Grandes responsabilidades geralmente vem com grandes poderes.”

… Principalmente ao entendermos o poder da ação e o poder de poder agir. Fácil concluir então que…

“Comunicar-se de forma eficiente nos atribui grande poder.”

Querido leitor, antes de me perguntar se estou maluco, faça uma análise da história da humanidade e me diga se os grandes comunicadores tiveram ou não grandes poderes:

  • Jesus
  • Gandhi
  • Madre Teresa
  • Mohamed Ali
  • Mandela
  • Martin Luther King
  • Kennedy

A lista é imensa. Certamente, essas pessoas sabiam se comunicar e se fazer entender.

Como isso afeta a nossa vida?

A essa altura, não preciso dizer que afeta total e profundamente. Pense comigo nas mais diversas situações da sua vida em que você conseguiu algo porque falou o necessário e as vezes que não conseguiu porque não se expressou como devia.

Quantas vezes, ao final de uma conversa, você ficou com a sensação de que não foi entendido e que, por causa disso, seu interlocutor provavelmente não fez o que você pediu? Quantas vezes, ao não se comunicar de forma eficiente, o rapport foi destruído e a relação com seu interlocutor ficou prejudicada?

Agora, pense nas consequências dessas conversas e como tudo poderia ser diferente se o entendimento fosse diverso. Não é difícil compreender a máxima que afirma que guerras foram deflagradas por falta de entendimento.

Da mesma forma que as pessoas transferem a responsabilidade do entendimento para quem recebe a informação, existem indivíduos que transferem a responsabilidade da ação para quem emite a informação e isso pode acontecer por vários motivos.

Você já deve ter ouvido a frase: “eu fiz isso ou aquilo porque fulano mandou.”

Trata-se de questão ainda mais polêmica, que nos remete ao início do texto, sobre protagonismo e responsabilidade. Se por um lado essa questão apenas corrobora o poder de quem comunica, precisamos entender que a nossa sociedade possuiu e possui sistemas inteiros construídos em cima do descasamento de quem perpetua a ação da sua responsabilidade sob as consequências dos seus atos.

Na minha humilde opinião, estamos diante de uma questão perigosa e que tem consequências bastante graves. Vemos isso no nosso dia a dia com tantos analfabetos funcionais(*), capazes de seguir ordens, mas incompetentes ao julgar ou compreender seus atos. Outro bom exemplo são as forças armadas e outras cadeias de comando inquestionáveis.

Não quero entrar no mérito sobre o que é assim e até concordo que pode haver uma boa justificativa ou necessidade por trás. Mas será que as guerras não existem justamente porque há gente sendo comandada sem usar seu bom senso? Será que elas não existem pela transferência de responsabilidade, pela concentração do poder da ação alheio nas mãos de poucos?

Encontramos situação semelhante em algumas religiões. Ela também é usada como desculpa para essa transferência de responsabilidades e algumas chegam a construir seus argumentos de crença e fé em cima dessa delegação. Se matou muito “sob a vontade de Deus” ou de divindades, de acordo com Steven Pinker, em seu fabuloso livro “Os Anjos Bons de Nossa Natureza”. De acordo com ele, os principais culpados por grandes conflitos e mortes ao longo de nossa história são as religiões e o estado.

O processo civilizador, contudo, de forma recorrente, se posiciona como responsável pela diminuição da violência. Se por um lado o estado é uma das grandes consequências do processo civilizador, um dos seus efeitos colaterais é a criação de cadeias e hierarquias de comando com a alienação do bom senso e a transferência da responsabilidade da ação para poucos.

Como eu disse, o tema é polêmico. Entretanto, resgatando a questão central, pare e pense um pouco: o que há por trás da religião e do estado, ao levar grandes multidões algumas vezes ao conflito, se não o poder da palavra e do convencimento?

O que há em comum e por trás de grandes líderes que comovem empresas e cidadãos com suas palavras, arrastando pessoas, funcionários, plateias e multidões, na direção dos seus pensamentos e do sucesso?

O poder está em suas mãos. Ou melhor, em suas palavras. Lembre-se, o poder da comunicação está em quem emite, assim como a responsabilidade de se fazer entender. Não abra mão nem delegue esse poder. Não caia na tentação de se isentar dessa responsabilidade e colocar nas mãos dos outros o que você quer.

Repita comigo, salve e poste por aí:


 

(*) A questão dos analfabetos funcionais e da responsabilidade da ação em si foi sugerida por Rafaella Lins. Obrigado pela sugestão!

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Coaching PNL

Níveis Neurológicos E A Diferença Entre Ser e Estar

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Antes de entrar no assunto propriamente dito, permitam-me abordar à priore a fundamentação teórica dos meus argumentos. Peço um pouco de paciência e dedicação, pois a informação aqui presente tem a tendência de mudar vidas.

Níveis Neurológicos

Um dos maiores presentes que a programação neuro linguística (PNL) nos deu são os níveis neurológicos (ou, do inglês, Neuro-Logical Levels), onde recebemos, armazenamos, processamos e aprendemos o mundo que nos cerca e as inter-relações entre o que captamos.

Criado na década de cinquenta por Gregory Bateson e trazido para a PNL na década de 80 por Robert Dilts, inspirado após uma discussão sobre o trabalho de Bateson com um dos participantes de seus cursos, eles estabelecem um racional que descreve como os processos mentais se relacionam de forma hierárquica e, de uma forma simplificada, como aprendemos o que chega até nós pelos nossos canais representacionais (Visão, Audição e Cinestesia – este último contendo tato, olfato e sabor) e, partir daí, fazemos novas e mais profundas associações.

Para entender melhor o conceito, parta do princípio que cada nível mais elevado contém os níveis abaixo hierarquicamente, como as camadas de uma cebola. De outra forma, cada ideia é armazenada em níveis distintos simultaneamente.

De acordo com o trabalho original de Bateson, a função de cada nível é sintetizar e organizar as informações dos níveis abaixo. Expandindo este conceito, uma mudança em um nível mais profundo necessariamente irradia e gera mudanças nos níveis abaixo. Já uma mudança em um nível mais superficial ou baixo pode, mas não necessariamente, provocar mudanças em níveis superiores.

Ainda, de acordo com ele:

Nível 0 de Aprendizado – neste nível, a informação está apenas armazenada, e não provoca mudanças ou recebe correções. Diante de uma situação, agimos conforme já determinado pelo que sabemos.

Nível 1 de Aprendizado – aqui, frente a uma situação conhecida, detectamos “erros” e realizamos pequenas correções incrementais nas escolhas, diante de um conjunto de alternativas.

Nível 2 de Aprendizado – a partir deste nível há uma quebra no processo de tomada de decisão do nível anterior. São vislumbradas novas escolhas, opções e comportamentos, frequentemente provocando mudanças na política, valores e prioridades.

Nível 3 de Aprendizado – neste nível, há mudança evolucionária. Ele é caracterizado por mudanças que vão além da identidade do indivíduo.

Nível 4 de Aprendizado – colocado como nível de mudança revolucionária, envolve o despertar para uma realidade totalmente diferente, única e transformadora, passando a operar e um universo totalmente novo de possibilidades.

De acordo com os relatos de Robert Dilts, ele tomou o modelo de Bateson e tornou-o mais prático e aplicável. Permitam-me fazer um comentário: depois de estudar um pouco o tema e procurar referências mais sólidas sobre o assunto, nada é tão completo e preciso como o próprio texto original de Dilts. Inclusive, os exemplos que ele dá são sensacionais (* mais sobre essa questão ao final do texto).

No seu modelo, existe uma relação direta e profunda com o ser, com quem somos e nossas relações com o que nos cerca. Perceba que, quanto mais nos aprofundamos nos níveis, mais profundas ficam as implicações do aprendizado; maiores suas influências sobre o todo e, principalmente, mais inconsciente se torna a razão por trás da ação e… mais migramos do “TER” e “ESTAR” para o “SER”.

Nível 1 – Ambiente

No nível mais básico, estão primariamente as percepções do ambiente que nos cerca. Coisas que estão por trás do “quem?” externo, “quando?” e “onde?” como temperatura, luminosidade, tamanho, estrutura, cheiro, sabor e tudo aquilo que está ligado a fatores ambientais.

Nível 2 – Comportamentos

Neste nível, encontramos nossas ações e reações. O que tenho feito? Como tenho me comportado? Como reajo a mudanças no ambiente que me cerca?

Nível 3 – Capacidades

Aqui estão relacionadas os mapas mentais e estratégias que as pessoas desenvolvem para guiar suas ações. É o “como?” por trás de nossas ações e englobam tudo aquilo responsável pelo “como” se realiza algo.

Nível 4 – Crenças e Valores

No quarto nível estão presentes nossos julgamentos e avaliações a respeito de nós, dos outros e do mundo ao nosso redor. De forma paralela, é aquilo que nos motiva e nos dá “permissão” para seguir em frente e está por trás do “por quê?”. Está ligado ao que consideramos “certo” (mesmo sob a luz da subjetividade do ser humano e da PNL sobre o que é de fato “certo”). É aquilo que faz nosso sangue “ferver” ou ficarmos “arrepiados”.

Nível 5 – Identidade

No nível da identidade encontrarmos nossos múltiplos “eus”. O “Eu” que vai à escola, o que trabalha, o que diz não ao filho, o que diz sim ao chefe, o que é amigo, marido, mãe. É o senso que representa quem somos diante de cada situação. Responde a pergunta “quem?” interna.

Nível 6 – Espiritual

Confundido muitas vezes com espiritualidade, na verdade traduz o nível de pertencimento do “eu” nos diversos sistemas aos quais estamos inseridos, como família, grupo de amigos, trabalho ou escola. É o senso de pertencimento a algo maior e que vai além de nós mesmos. Como disse Bateson, é o senso de conexão entre todos em um todo maior. Está relacionado intimamente à nossa missão, propósito em vida e responde às perguntas “para quem?” e “para quê?”.

A inspiração que levou Dilts a idealizar os níveis é excelente para exemplificar a sua aplicação. Veja abaixo e tente você mesmo imaginar uma pessoa dizendo cada frase abaixo para você:

  1. Aquele objeto em seu ambiente é perigoso.
  2. Suas ações naquele contexto particular foram perigosas.
  3. A sua falta de realizar julgamentos efetivos é perigosa.
  4. Suas crenças e valores são perigosos.
  5. Você é uma pessoa perigosa.
  6. Sua família é perigosa.

Ainda…

  1. O ambiente que o cerca é [estúpido/feio/excepcional/bonito]
  2. A forma com a qual você se comportou naquela situação em particular foi [estúpida/feia/excepcional/bonita]
  3. Você realmente tem a capacidade de ser [estúpido/feio/excepcional/bonito]
  4. O que você acredita e dá valor é [estúpido/feio/excepcional/bonito]
  5. Você é [estúpido/feio/excepcional/bonito]
  6. Seus familiares são [estúpidos/feios/excepcionais/bonitos]

Veja que a avaliação (perigoso ou [estúpido/feio/excepcional/bonito]) em cada frase é a mesma. O que muda é o aspecto da pessoa para o qual a frase se refere:

  1. Ambiente
  2. Comportamento
  3. Capacidade
  4. Crenças e Valores
  5. Identidade
  6. Sistemas (no caso, familiar)

Perceba como as implicações da afirmação crescem em profundidade, importância, impacto e mudam completamente de significado, assim como o escalar de uma montanha, processo que se torna cada vez mais desafiante à medida em que se avança.

Você gosta de cozinhar?

  • A panela, os utensílios, os ingredientes, o local e o fogão que usará estão no nível de ambiente;
  • Ligar o fogo, os consequentes atos de juntar os ingredientes e mexer o que está na panela com a colher estão no nível de comportamento;
  • Seguir a receita, controlar a temperatura e mexer cadencialmente os ingredientes são as estratégias que você acha necessárias para um delicioso prato… e algo que está no nível das capacidades e habilidades;
  • Acreditar que uma refeição une as pessoas à mesa está no nível das crenças e valores;
  • Ser um excelente cozinheiro e identificar-se como tal está no nível da identidade;
  • Ter desenvolvido a sua identidade de cozinheiro com a família de donos de restaurante e influenciar o seu filho a aprender é algo que está no nível de sistemas, conexões ou espiritual;

Pare um pouco e perceba as inferências que extraímos de tudo isso… e como aglomeramos o que aprendemos formando uma estrutura mais complexa:

  • Um sistema contém várias identidades. Um conjunto de identidades suas ou de outros indivíduos que formam sistemas maiores aos quais se pertence;
  • Uma identidade é construída por conjunto de crenças e valores;
  • Uma crença ou valor é formado por um conjunto de capacidades;
  • Uma capacidade é um conjunto de comportamentos relacionados;
  • Cada comportamento é composto ou provocado por um ou mais fatores ambientais.

Implicações

Exemplo – Obesidade

Começarei por uma questão popular para demonstrar como os níveis neurológicos são importantes e podem nos ajudar bastante a entender tantas coisas no nosso dia a dia.

Certamente vivemos uma epidemia de sobrepeso na sociedade moderna, o que faz deste exemplo algo importante. Analisemos uma pessoa obesa, que deseja intensamente perder peso. Repare nas proposições a seguir e veja como soarão estranhamente conhecidas e do cotidiano. Este exemplo tem um significado especial para mim, pois foi pelo que passei.

No fim da minha primeira crise de depressão, eu estava com cento e quarenta quilos. Só retornei a uma vida saudável e a uma prática sustentável quando resolvi minhas questões nos níveis adequados. No meu caso, todas as questões abaixo se aplicavam, exceto no nível de sistemas (a minha situação foi distinta e não coloquei-a como exemplo por questões de privacidade).

Ao iniciar a conversa com o indivíduo acima do peso, é muito comum identificarmos em primeiro plano os fatores ambientais. A primeira informação que surge é a justificativa de que o excesso de peso está ligado à disponibilidade da comida inadequada ou a farta oferta de fast-food em determinada região frequentada e que é “prático” alimentar-se com ela por causa disso.

Ao investigar e realizar as perguntas certas, descobrimos cada vez mais. Começam a aparecer os fatores comportamentais, como a associação do excesso de peso à compulsão, estresse, condições ligadas ao comportamento ou até mesmo “odiar regime” ou odiar “ir à academia”.

Em um terceiro plano, chega-se ao nível das capacidades e habilidades. Aqui, temos a comida como estratégia, talvez como uma resposta à uma condição de ansiedade. “Como porque me acalma” ou “não consigo parar de comer”.

Quanto mais profundo cavamos, mais temos a possibilidade de descobrir as implicações e motivações complexas por trás do excesso de peso. Ao chegar no nível das crenças e valores, normalmente nos deparamos com coisas como “fui ensinado que deixar comida no prato é falta de educação”, “como porque, quando criança, apanhava se deixasse comida no prato” ou até “homem que é homem bebe até cair” (beber definitivamente não ajuda na manutenção do peso).

Quando chegamos ao nível da identidade, encontramos colocações como “ouvi minha infância inteira que bebê saudável é bebê gordinho”, que “gente saudável é gente gordinha” ou a frequente repetição social do “eu sempre fui gordo”, que nada mais é do que um reforço em sua identidade e a resignação em ser como é, geralmente levando a pessoa a desistir de quaisquer ações no intuito de mudar o seu quadro porque, em sua mente, a mudança é mais dolorosa do que manter tudo como está.

Por fim, imagine essa vítima da obesidade inserida em um contexto familiar onde todos tem excesso de peso e não se alimentam adequadamente: as ações no intuito de perder peso são minadas ao tentar trocar a alimentação da casa (nível neurológico de ambiente) e sofrer uma resistência generalizada ou ainda tentar ir para a academia e o marido/esposa dizer que “você só pensa em academia e não tem mais tempo para mim”. Outras questões podem surgir, como o atrito por ter sucesso em perder peso, atrair a atenção social e o parceiro não ou, até, comer por inclusão social.

Me diga: se a causa da obesidade do indivíduo está enraizada até o nível mais profundo, você acha que uma mudança em um nível superficial, como apenas proibir o consumo de fast-food ou passar uma “dieta” surtirá o efeito desejado?

Provavelmente não.

Exemplo – Feedback

Com feedback, não é diferente. Alguns afirmam que dar feedback para as pessoas é uma arte. Admito que há um sem número de técnicas para tal, sem dúvida. Mas talvez o que você não saiba é que a mais utilizada de todas é totalmente embasada em níveis neurológicos e PNL.

Instintivamente, damos feedback dos quatro primeiros níveis (ambiente, comportamento, capacidade ou crença) como identidade. Em outras palavras, transformamos o “estar” em “SER”. Transformamos o estado atual do foco do feedback em sua identidade.

Dando um exemplo prático da situação acima, pense naquele seu funcionário que tem chegado atrasado. Você chama ele para conversar e diz que ele é preguiçoso ou que não é comprometido e precisa melhorar.

Novamente, pense no mesmo funcionário e, ao invés de dizer que ele é preguiçoso ou não comprometido, você diz que ele é uma ótima pessoa (reforço positivo na identidade) e que está, desde a data X, deixando de cumprir o horário (relegando ao estado momentâneo do indivíduo o foco da crítica)… fechando com uma pergunta sobre como pode ajudá-lo.

Qual das duas ações provavelmente terá o efeito desejado? Uma solicitação de mudança de identidade ou uma solicitação de mudança de um estado passageiro?

Exemplo – Saúde Financeira

Permita-me meu caro leitor encerrar dando o exemplo da saúde financeira (ou ausência dela).

Muitos reclamam que não tem dinheiro, quando, na verdade, não estão preparados para tê-lo. Veja abaixo se você se identifica com alguma dessas situações:

Você não consegue segurar o dinheiro dentro da carteira. Diante das tentações dos outlets e shoppings da vida, sempre sucumbe à tentação de uma promoção ou de uma vitrine atraente.

Você tem o comportamento de não poupar. Seu dinheiro chega na conta e some, ou porque existe um buraco negro de dívidas no banco ou porque em poucas horas ele é usado para pagar todas as suas contas que vencem perto umas das outras. Você vive no limite do que recebe e não há provisionamento algum para o dia de amanhã.

A sua estratégia em relação ao dinheiro consiste em pagar contas. Você foi educado a reconhecer o dinheiro como um mal necessário para sanar as dívidas que acumula e não há uma estratégia clara para o dia de amanhã.

No nível das crenças, você foi educado, desde pequeno, que dinheiro é sujo. Sua mãe obrigava-o a lavar as mãos tão logo entrasse em contato com moedas ou cédulas. Para você, dinheiro serve para pagar contas ou para comprar momentos de felicidade que são traduzidos em coisas materiais, festas, bebida ou diversão, de uma forma geral.

Você se considera incompetente em relação à questões financeiras. Olha para seu passado e se vê como incapaz de sair do abismo financeiro em que se encontra. Na verdade, você repente para si mesmo, com frequência, que “vai morrer pobre”.

Por último, sua família frequentemente diz que é melhor ser humilde do que rico, estabelecendo uma relação que não existe entre riqueza / prosperidade e ausência de humildade. No seu trabalho, você se considera injustiçado por dedicar tanto tempo à empresa e não ter retorno algum.

Pronto – a receita para manter-se na zona de conforto está dada – mudar qualquer um dos níveis em quaisquer dos exemplos passa a ser uma tarefa tão desafiante que se torna maior do que a sua força para mudar. Como, com um conjunto de comportamentos, crenças, identidade e sistemas como esses, o dinheiro chegará e ficará com você?

Identificar é o primeiro passo. Agir, o próximo.

Quantas pessoas você conhece que dizem (da boca pra fora) que amam mudanças e desafios mas, ao mesmo tempo, cultivam a zona de conforto afirmando que as condições do mercado não são favoráveis, que não tem tempo, não tem as habilidades, acreditam não serem capazes ou estão inseridos em um contexto social íntimo desfavorável, de amigos e parentes que sempre afirmam que não conseguem e que é melhor nem tentar?

Tente agora identificar a mudança que você deseja na sua vida e, em seguida, o nível em que a mudança é necessária. Defina, baseado no que descobrir, ações efetivas em cada nível (onde for necessário) para corrigir o seu caminho… E aja!

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O Dilema Certo vs. Errado

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Você certamente já deve ter visto um post nas mídias sociais dizendo algo assim: “hoje em dia prefiro ser feliz do que estar certo” ou “eu prefiro ser feliz a ter razão”.

Eu confesso que cheguei a pesquisar a frase no Google para ver a opinião dos outros a respeito e tudo que li remete de uma forma ou de outra ao conflito provocado pelo individualismo, egoísmo e coisas do gênero.

De fato, somos educados a levar as coisas para esse patamar, essa dicotomia, essa luta de egos ou mapas (como diz a PNL) e, mesmo aqueles que concordam ou discordam, circulam o tema em torno da dualidade em si. Até o ato de respeitar a opinião do próximo não transcende esses opostos.

Pensar em ser feliz ao invés de estar certo, na minha humilde opinião, é um passo numa direção de pensamento mais evoluído, mas pouco abrangente para incluir nuances até mais importantes do caso, inspiração para este texto.

Até o ato de respeitar a opinião do próximo, hoje em dia, apesar de louvável, não encara de frente a questão e apenas afasta o debate acalorado das resoluções individuais ainda polarizadas de sim e não, certo e errado.

Sendo mais direto, permita-me caro leitor, introduzir um conceito que me parece estar há muito perdido e esquecido: o nosso universo é infinito e, com ele, as maneiras de algo ser, fazer e estar. Em outras palavras, há um sem número de existências, de formas, de ações e estados, não necessariamente restritas aos “certos” ou “errados” e, inclusive, muitos sequer conhecemos. Há muita coisa que nos escapa a percepção e há ainda o que não foi descoberto.

Muitos enxergam isso afirmando que existem muitos tons de cinza entre o preto e o branco. Ouso afirmar que existem muitos brancos e pretos além dos cinzas. Não existe apenas uma maneira “certa” nem apenas uma maneira “errada” de fazer algo.

Quando entendemos isso, fica muito mais fácil respeitar a opinião alheia, pois mesmo se acharmos que o nosso jeito é o jeito certo, o jeito do outro também pode ser, simples assim (e, convenhamos, a probabilidade que este seja o caso é alta!).

Sem querer estender o caráter filosófico do texto, concluir isso nos leva a outra proposição libertadora que pode colocar em xeque a questão do primeiro parágrafo: a relação de causa e efeito que se pretende estabelecer, que parece uma necessidade do âmago de cada ser, não só é frágil como é, também, limitante.

Faz muito mais sentido afirmar: “prefiro ser feliz respeitando o próximo” ou, talvez melhor ainda, afirmar que “prefiro ser feliz ao ser humilde”, humilde o suficiente para admitir que não sabemos de tudo e devemos cada vez mais deixar de ver o mundo como certo e errado, passando a enxergar o universo como possibilidades.

Se eu tivesse a capacidade de ler mentes, arriscaria que a questão que está surgindo agora na sua é: mas se é assim, se existem tantas nuances de certo ou errado, não corremos o risco de ao respeitar, sermos omissos, ficar coniventes e permissivos com as coisas erradas do mundo?

Ah meu nobre leitor, não caia nessa armadilha: o que debatemos até aqui não tem a ver com o conteúdo, mas com a forma. O conflito surge de embate de opiniões, mapas e da divergência em si, como duas pessoas que brigam ao argumentar se uma comida é gostosa ou não.

A discussão é alimentada pela ausência de respeito à opinião do próximo (independente de qual seja), pelo excesso de ego, pela intolerância… isso não quer dizer que devemos ser omissos com o conteúdo e, para isso, temos todo um mecanismo próprio de bússola moral, um arcabouço de leis categóricas, sociais ou implícitas.

Respeitar a opinião do próximo não significa que devamos ser omissos com as ações decorrentes. Colocando de outra forma, podemos compreender as circunstâncias que levaram alguém a cometer um crime, mesmo não concordando com o ato (o nosso sistema de justiça é construído em torno desse conceito). Você pode respeitar a opinião de alguém, mas se essa opinião gerou uma ação ilegal, inadequada ou moralmente inaceitável, haverá consequências (na verdade, esperamos que assim seja!).

Não cabe a esse texto aprofundar-se em questões como justiça e direito ou até mesmo religiosas, mas apenas demonstrar que complicamos demais as coisas e podemos estar mais felizes no nosso dia a dia simplesmente respeitando a opinião das pessoas.

Liberte-se da armadilha de achar que deve estar sempre certo, que o seu certo é sempre mais certo do que o do próximo e você verá que o que é possível para você se multiplicará, mesmo respeitando sua identidade, as suas crenças e valores!

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Comunicação Corporações Vida em Geral

Tratar Bem É Um Investimento

Hoje vivenciei duas situações inusitadas.

Viajei de Recife à Porto Velho e, em um dos vôos, durante o serviço de bordo, fui abordado pelo comissário usando meu nome.

Meu cérebro deu tilt. Levei alguns segundos para achar estranho e, quando finalmente achei, perguntei como ele sabia.

Sérgio me explicou que, como parte de sua rotina, decora os nomes dos clientes diamante (que viajam muito e são classificados como tal no programa de milhagens da companhia aérea). Achei aquilo fantástico.

Romulo Cholewa e Sérgio da Gol, tratando bem o seu cliente

Confesso que não sei dizer se aquela atitude é uma iniciativa de Sérgio ou da empresa, mas pude reparar que, durante seu atendimento, tratou a todos de forma sorridente, solicita e impecável. Levou humor ao dia de tantas pessoas no avião quanto pude perceber.

Saí do avião com outra imagem da companhia. Tenho escolhido essa empresa em específico porque, ultimamente, é a que vem me tratando melhor, mas nada nesse nível. Um gesto tão simples que mudou a minha percepção da marca.

Fui pegar o carro na locadora e encontrei a experiência oposta à vivida em vôo. Uma moça irritada que não sabia responder às minhas perguntas e que me pareceu cada vez mais fora de si, à medida que lhe perguntava as coisas.

O ultimato veio com a frase “São as normas da empresa Sr. Se quiser alugar o carro, é assim.”

Isso apenas por que perguntei o motivo de deixar um calção de R$ 1.800,00, já que os seguros deveriam cobrir as situações de risco.

Igualmente simples, o gesto da funcionária da locadora também alterou minha percepção da marca, mas negativamente.

Da mesma forma que Sérgio mudou meu dia, imprimindo em meu rosto um sorriso, a moça tinha o potencial de roubar esse sorriso (e, francamente, imagino que ela tenha conseguido roubar o de outras pessoas).

Peguei o carro e vim para o hotel pensando em como temos o potencial de afetar o dia do outro com um cumprimento (quem dera uma conversa ou uma interação mais longa) e em como não consigo enxergar uma única razão que justifique tratar o próximo mal.

Profissionalmente, esse tipo de atitude destrói o rapport, afasta literalmente as pessoas e proíbe qualquer negociação saudável e alguns profissionais recorrem a essa estratégia com a intenção de fato de afastar o outro.

Particularmente, trabalho na área de TI e o turnover é muito alto, seja no governo ou no setor privado. De fato, essa é uma situação cada vez mais comum. Foi-se o tempo onde as pessoas passavam 30 anos no mesmo lugar.

Hoje você está numa empresa em um cargo operacional e amanhã pode ser um alto gestor e tratar as pessoas bem e com respeito só ajudará no seu crescimento. Portanto, usar a tática de tratar mal para evitar um contato indesejado é uma péssima ideia.

Vejo que algumas empresas entendem isso e tentam entubar um comportamento plástico de bem-estar em seus funcionários e a coisa sai meio forçada.

Entretanto, por um momento pense em si. Esqueça uma eventual obrigação corporativa de sorrir e entenda como isso afeta a sua imagem. Muito na linha do que defendi em outro texto sobre ser positivo, comportar-se de forma a ser mais acessível, receptível e respeitar o próximo aumentam e muito suas chances de sucesso em qualquer aspecto da sua vida.

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Coaching Liderança Motivação PNL Vida em Geral

Você: Ator Principal

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Assisti semana passada a um vídeo do Clóvis de Barros Filho onde ele versa sobre o existencialismo de Sartre e toca no tema do protagonismo, o que me inspirou a escrever esse texto.

Meus amigos, permitam-me começar pelo fim, meio que invertendo a ordem das coisas. Chegaremos a uma conclusão, prometo.

Ao longo do último ano, estudando PNL e coaching, deparei-me com algo tão simples, mas tão eficaz, no que diz respeito a se tornar o protagonista de nossas vidas.

Tanto verbalmente quanto em nossa representação interna, cedemos nosso poder de agir, nos colocando como vítimas das circunstâncias. Isso fica muito claro ao analisarmos nossa abordagem frente à vida, quando transferimos o poder e sujeito da frase para pessoas, coisas e situações.

É muito comum ouvir frases do tipo “o trânsito me irrita” ou “fulano me tira do sério”.

Qual o poder que temos em situações assim?

Muito maior do que você imagina.

Experimente trocar por “eu me irrito com o trânsito” ou “me incomodo com fulano”. Você, como sujeito, pode fazer algo… como predicado, é vítima.

Se no padrão verbal já sentimos diferença, agora imagine viver anos se comunicando com o mundo e consigo mesmo de uma forma tão limitante.

Já falei aqui da importância da tríade da mente: fisiologia, linguagem e representação interna. Os três se influenciam profundamente e uma linguagem incompatível com seus objetivos de crescimento não permitirão que saia do lugar.

Como parte do processo depressivo, lembro-me de ter vivido meses, talvez anos com essa mentalidade. No fundo do poço tudo meio que perde o sentido e você passa a não ligar mais para ser ou não protagonista em sua própria vida – a única coisa que realmente importa nos piores estágios da depressão é acabar com a dor. Nesse caso, recomendo procurar ajuda profissional o quanto antes.

Entretanto, há um caminho até o fundo desse poço e você não precisa chegar lá para sair – pode voltar e subir pela corda! Começar a enxergar o mundo como fruto de nossas escolhas é um passo mais do que importante. Com ele, passamos a nos sentir responsáveis pelo que acontece à nossa volta e somos impelidos a fazer alguma coisa.

Usando outra perspectiva, concluímos que temos um lugar no mundo e nossas ações influenciam nosso estado e o estado dos outros, com os quais nos relacionamos.

Meu caro leitor, tudo está interligado e exige ação e atitude.

Um dos pressupostos da PNL diz que… “se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra coisa. Qualquer coisa”.

Fazer escolhas exige assumir responsabilidades e, muitas vezes, é onde a maioria pára. Se considerarmos que as nossas ações dependem das nossas escolhas e falhamos no início, não saímos do lugar.

Emperramos.

Vegetamos.

Isso nos traz uma conclusão interessante sobre a sociedade.

Olhe em volta.

Perceba, sinta como as pessoas agem em suas vidas.

Escute as reclamações típicas que são propagadas pelas redes sociais, por telefone, na empresa…

Entenda como a zona de conforto faz com que a grande maioria das pessoas limite-se a vegetar.

Subesistir.

Você se inclui na grande maioria? Não se assuste.

Você acorda pela manhã sem propósito e no automático?

Escova os dentes atrasado, corre para a cozinha, faz o café… vai ao banheiro, toma banho, veste-se.

Pega as coisas do trabalho, as chaves, dá um beijo ou abraço nas pessoas que compartilham da sua convivência, enfrenta o trânsito, faz algo no trabalho, retorna, beijo nas pessoas, banho, TV e cama?

Está há 3, 10, 20 anos fazendo a mesma coisa? Sendo coadjuvante na sua própria vida? A vida está acontecendo à você?

Você provavelmente perdeu a capacidade de questionar a sua vida.
Dica: nada vai mudar para melhor se você não fizer algo diferente.

Indo além, você agora tem medo de questionar algo e isso provocar qualquer abalo, mesmo que superficial, na sua condição de conforto.

Se está “funcionando”? Ah, mais ou menos… você vive falando que a vida anda uma droga, mas continua fazendo mais do mesmo.

TODOS OS DIAS da sua existência… você escolheu ceder o seu protagonismo aos outros para se manter numa zona que você acha confortável.

Já ouviu a história do sapo cozinhado? A água vai esquentando lentamente e o sapo lá, só curtindo… até que a água fica quente demais e ele morre sem perceber.

Querido leitor, entendeu agora aonde quero chegar?

Não importa sob qual ângulo você tente enxergar a situação, alguns são vítimas em múltiplos níveis, quer seja da sua zona de conforto, do seu comportamento ou da cessão de responsabilidade ao universo.

Oh vida, oh céus! Que mundo injusto!

Permitam-me concluir mostrando algo que a maioria não vê:

O mundo de hoje é um mundo disruptivo, totalmente diferente de 10 ou mais anos atrás.

Antigamente, uma tecnologia levava décadas para afetar a vida das pessoas. Hoje, leva semanas, meses, talvez um punhado de anos.

Isso tem um impacto direto no seu trabalho. Novas profissões inteiras estão surgindo todos os anos e outras desaparecendo!

Eu trabalho com tecnologia desde os meus 17 anos. Conheço não uma nem duas… Mas algumas pessoas que não só perderam o emprego como ficaram desempregadas porque suas áreas de atuação deixaram de existir.

Isso não está acontecendo apenas com quem trabalha com tecnologia, basta perguntar a um ex-funcionário de vídeo locadora, a um profissional que revelava fotos, trabalhava em loja de discos, agência de turismo, a um taxista…

O mundo está mudando numa velocidade nunca antes possível. Já o ser humano é o que é por ter a maior capacidade de se adaptar dentre todos os animais… Ou seja, a vida atual pode ser um mar de oportunidades ou uma condenação, dependendo apenas da nossa atitude ou falta dela.

Agora, como isso afeta você?

Será que sua zona de conforto hoje é um conforto de fato ou uma condenação? Você se tornou um sapo?

Para finalizar, volto à Sartre:

“O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”.

Meus queridos, tudo isso é material para nos fazer pensar. Não cabe a mim julgar ninguém, qualificar a vida que uma pessoa leva, quais seus interesses ou onde reside seus sonhos.

Entretanto, fato é que o mundo muda e a zona de conforto de alguns pode deixar de sê-la por causa dessas mudanças. É melhor fazer algo tornando-se protagonista da própria existência do que permitir que o barquinho seja invariavelmente levado pela correnteza.

Desafie-se. Questione e questione-se. Mova-se! Seja o ator principal da sua vida, o palco é seu.

 

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Permita-se Renascer

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Renascer.

Reinventar-se.

No nosso corpo, células nascem e morrem a cada segundo. Como que em uma profecia (terá sido como parte de um plano bem feito ou, quem sabe, fruto de milhares de anos de evolução?) nossa estrutura foi criada fisicamente para morrer e nascer a cada dia e isso não é só uma tendência, é uma característica de estar vivo.

Com o pensamento não é diferente. Nós formulamos pensamentos e, deles, geramos sentimentos que nos movem. A partir daí, criamos conceitos e opiniões. Posições frente ao mundo. Nossa visão de existência projetada em uma tela de fundo.

“O importante não é o que fazemos de nós,
mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós.”
Jean-Paul Sartre

Não é raro quando visões de mundo se chocam. Sou capaz de afirmar que somos assim por design. A troca de ideias, o debate sadio e a argumentação existem para permitir que ideias evoluam, conceitos sejam revistos e opiniões sejam mudadas. Eles existem para nos tirar da zona de conforto, onde nada cresce.

Mas a linha que separa o compartilhamento de ideias da guerra é tênue e móvel. Diante de conflitos de opinião, nos agarramos às nossas crenças de forma irredutível e terminamos por não abrir mão do conflito, muitas vezes por orgulho.

Nos apegamos a conceitos solitários e podres, raramente revisitados. Opiniões por vezes incompatíveis com nosso modus operandi que ocupam a mente e o coração por falta de ação, agarrando-se ao que foi e não é mais. Opiniões, posições e convicções não mudam sozinhas. Elas não morrem de inanição e, no máximo, ficam adormecidas, ocupando espaço valioso e frequentemente não evoluem no mesmo passo que o mundo à nossa volta.

Ceder é a palavra que está intimamente seguida por mudar. Aceitar. Reconhecer. Respeitar. Revisitar nossa existência vez ou outra é fundamental para arejar mente e coração, permitindo que novas ideias sejam consideradas e eventualmente aceitas.

Assim como nosso corpo renasce biologicamente aos poucos, todos os dias, é necessário permitir o fluxo de ideias e convicções, o trânsito de opiniões. Permita-se escutar o próximo até o final de suas frases, acompanhar o raciocínio alheio até o ponto da discórdia preferencialmente muda, aquela que dá oportunidade ao cérebro de acompanhar o raciocínio antes da reação emocional que cega e ensurdece.

Respire fundo.

Questione.

Entenda.

Então, argumente.

Exercício desafiante, mas que rende frutos excepcionalmente gostosos. Um debate de ideias ricas e opiniões inteligentes é um afago na alma, um carinho intelectual, um empurrão evolucional onde todos os participantes saem ganhando.

Mas a melhor parte mesmo é que todos tem a oportunidade de renascer.

Segundo Sartre…

“Para conhecer os homens, torna-se indispensável vê-los agir.”

Nós somos o resultado de nossas ações (e escolhas). Se você não concorda com o existencialismo, há de concordar que é inegável a ligação que existe entre quem somos e nossas ações ou sobre como nos tornamos nossas escolhas.

“A escolha é possível, em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher. Eu posso sempre escolher, mas devo estar ciente de que, se não escolher, assim mesmo estarei escolhendo.”

Dito isso, imagine que pensamentos geram sentimentos, que geram açõesse mudarmos nossos pensamentos, temos a oportunidade única de influenciar nossas ações diretamente e, com isso, mudarmos quem somos, nossa existência, exercendo da forma mais pura, nossa inerente liberdade de ser.

Ao respeitar a opinião do próximo, você tem a chance de avaliar seus próprios conceitos e convicções; tem a chance de renovar sua própria existência e renascer…

Reinventar-se!

Agora reflita: será que em nome da capacidade de ser plenamente, de ser novamente, de renascer ainda mais capaz como uma fênix, não vale à pena abrir mão da intransigência e permitir-se uma nova opinião sequer?

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Coaching Motivação PNL Vida em Geral

Ressignificando o Fracasso

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Durante toda minha infância, juventude e adolescência, diante dos mais variados resultados, normalmente escolares, ouvi dos meus pais a seguinte frase: “não fez mais do que a sua obrigação“. Se eu tirava uma nota acima de sete, meu esforço era recompensado com indiferença.

Hoje entendo que esse era o melhor incentivo que eles podiam me dar, frente aos recursos que possuíam. Tenho a certeza de que muitos se identificarão com esse comportamento, que parece ser característico de uma geração.

Toda ação tem uma intenção positiva, aos olhos de quem executa e certamente a intenção deles era fazer com que eu me superasse e tirasse notas cada vez melhores. Não foi bem assim que terminei entendendo. Na verdade, foi o suficiente para enxergar o mundo sob a lente de que meus sucessos seriam pequenos fracassos.

“somos filhos de vítimas”.

Lidar com o fracasso talvez seja um dos maiores desafios para um ser humano. Por causa dele, podemos entrar em depressão, estagnar, não só parar de evoluir como ser, mas involuir, afastar os outros de nós e toda uma série de efeitos colaterais diretos e indiretos.

Isso acontece porque enxergamos o fracasso de forma ineficaz e a coisa normalmente não melhora. A quantidade de fracassos numericamente falando, frente aos sucessos que obtemos na vida, é invariavelmente maior. Essa é uma característica da vida e do fato de sermos imperfeitos.

E se eu disser a você que:

  • Errar é natural do ser humano e inevitável, o que nos permite afirmar que falhar / fracassar é algo igualmente natural em nossas vidas;
  • O erro (que leva ao fracasso) e o fracasso em si fazem parte dos nossos mecanismos de evolução e superação;
  • O próprio termo “imperfeição” como ser humano toma um sentido totalmente diferente se olharmos por essa ótica;
  • O erro, quando intencional, não é erro: é ação com um objetivo claro em mente. Se houve má intenção, chamamos de “erro” quando não conhecemos as reais intenções de quem executou a ação. De fato, tem-se um sucesso aos olhos do executor;
  • O número de erros e fracassos tende a diminuir ao tentar, praticar e repetir;
  • O fracasso é um evento e nunca uma identidade.

Quando atingimos o sucesso em nossas vidas, é muito comum a sociedade e nossos sistemas enxergarem apenas ele e somente ele. O caminho até lá é ignorado e isso deixa de lado a grande maioria das tentativas, o que forma um vácuo de compreensão levando o observador a inferir que o sucesso é maravilhoso, acontece ao seu redor e que não exige esforço. E isso é até usado como exemplo.
* Conteúdo cedido gentilmente pelo autor.

Sim, é desafiante!

Hoje, apertamos um interruptor e uma lâmpada se acende, sem nos darmos conta de que Thomas Edison levou quase uma vida para chegar lá e afirmou…

“Eu nunca falhei. Eu apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionaram.”

Não se enganem, foi errando e fracassando que o cérebro dele se reorganizou e permitiu encontrar a saída para os desafios de criar. São necessários atitude, esforço e ação!

Ainda, permitam-me afirmar que, uma vez encontrada a solução, só melhoramos ela também através da tentativa e erro, até chegar a um novo resultado. É assim que nos aperfeiçoamos e encontramos soluções cada vez melhores.

“Genialidade é um por cento inspiração e noventa e nove por cento transpiração.”

Mas… fracassar é horrível. Não é desejado e, francamente, nos dias de hoje, quanto mais se fracassa mais se perde dinheiro (o emprego, amigos…). O que fazer?

Sim, o mundo exige perfeição, resultados rápidos, eficazes e fracassar está lá, como questão principal. Eu acredito que existe um jeito de lidar com isso.

Vejamos:

  • Conforme argumentei acima, partindo do princípio de que o erro e o fracasso são mecanismos gerais necessários à nossa evolução;
  • Que errar é natural do ser humano e inevitável, o que nos permite afirmar que falhar / fracassar é igualmente natural em nossas vidas;
  • Que tentar, praticar e repetir diminui a quantidade de erros e fracassos;
  • Que errar agindo de má fé não é erro (e dificilmente pode ser classificado como falha ou fracasso, pois na ótica de quem executa, obteve êxito)…

Concluímos que agir mais deve ser incentivado. Isso aumentará a quantidade de erros e fracassos, o que necessariamente traz à mesa um novo elemento: precisamos falhar rápido.

Com isso,

  • Tenha atitude!
  • Aprenderemos com as ações e os erros, falhas e fracassos provenientes dessas ações;
  • Aceleraremos o processo de evolução!
  • Aumentaremos nossas chances, pois encurtaremos o tempo necessário ao sucesso aprendendo mais rápido!

“Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho.”

Essa frase é atribuída a Tiger Woods, mas já vi também referência a outras personalidades, como Oscar Schmidt.

Tony Robbins, também disse que…

“Não existe fracasso. O que existe são resultados.”

Ou, do sexto pressuposto da PNL: “Não existe fracasso. O que existe é feedback.”

Tenha a coragem de ressignificar o fracasso. Pense nele como uma parte natural do nosso processo evolutivo e de você, como ser. Use isso como combustível para ir mais longe!

Ao enxergar o fracasso como mola propulsora do sucesso, tudo em nossas vidas muda.

(*) Agradeço ao genial Carlos Ruas, que gentilmente cedeu a exibição da tirinha acima. Para conhecer melhor seu trabalho, siga-o no Facebook, acesse seu site!

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O Poder de Ser Positivo, Parte 1

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Querido Leitor,

Nas duas últimas semanas, interagi muito com as pessoas por causa do meu post, onde descrevi o esforço em manter a depressão afastada. Foram muitos debates, trocas de ideias e experiências pelo Messenger, WhatsApp e Instagram e um assunto dominou: como manter-se positivo diante do desafio.

Não só foi uma rica troca de ideias como algo se encaixou dentro de mim.

Diante das dificuldades da vida, eu costumava racionalizar e tentava me preparar para o pior. Cheguei a comentar isso no post sobre minha caminhada: no intuito de me preparar, pensava em todas as formas possíveis (ou não) de algo dar errado. Planejava pensando o pior e achava uma irresponsabilidade pensar algo diferente do pior cenário.

Minha negatividade não parava por aí. Eu hoje sei que influenciava os outros e achava uma tremenda irresponsabilidade quem não se planejasse também, pensando nos piores cenários.

Meu caro leitor, eu era uma pessoa nada positiva, provavelmente aquela pessoa tóxica com a qual muitos não querem conviver por opção.

Diante de vocês, peço minhas sinceras desculpas. Devo isso não só às pessoas com as quais me relacionei até hoje, mas ao universo. Devo isso a todos que eventualmente influenciei com esse comportamento. Cabe a mim reconhecer e evoluir com o erro. Cabe a mim não só pedir desculpas, mas agradecer ao universo por essa catarse.

Como cheguei a essas conclusões?

É onde mora a melhor parte: resultados práticos.

Fazendo um balanço, esse tipo de atitude diante dos desafios da vida NUNCA me trouxe nada de útil. Considerando os últimos quarenta e dois anos, pensar no que poderia dar errado nunca me trouxe nenhuma vantagem sequer, nenhum insight ou nenhuma preparação, de fato, contra as intempéries da vida. Sem dúvida, hoje tenho a certeza de que me comportar assim só me presenteou com resultados negativos.

Isso não acontece por acaso. É bastante comum uma convivência negativa com o mundo estar associada a sentimentos negativos. Quando esses sentimentos são gerados, temos a tendência de enxergar o mundo através deles e agir de acordo.

Em 2013, um estudo observacional com mais de trinta mil pessoas (Kinderman P, Schwannauer M, Pontin E, Tai S) indicou que eventos negativos em nossas vidas, junto com o “ruminar” de pensamentos compatíveis e o sentimento de culpa, servem como bons indicadores de problemas mentais futuros, como depressão. Além dos fatos em si, o que pensamos e como reagimos a estes eventos modelam o nosso bem-estar psicológico.

Ou seja, intenções que surgem de pensamentos, geram sentimentos que geram ações. Se a cadeia for negativa meu caro, o resultado também será.

Ao longo dos últimos dezesseis anos, a vida tem tentado (inicialmente com muito esforço!), me ensinar que a gente atrai o que transmite. Essa é uma das leis mais antigas do universo. Aos poucos, fui percebendo que não só ser negativo não me ajudava, como pensar e desejar o melhor invariavelmente traz resultados melhores.

O primeiro passo dado foi rever os sistemas aos quais pertencia e as conexões que tinha com a sociedade. Essa revisão provocou uma mudança na forma com a qual eu interagia com outras pessoas, ao vivo e remotamente (pelo celular, internet etc.) e, aos poucos, esses sistemas foram sendo alterados, cada vez mais passando a serem populados por pessoas de bem com a vida, positivas e felizes.

Foi quando decidi conscientemente me afastar daquilo que julgava negativo, pessimista ou limitante. Aprendi que nós temos, como dizem lá fora, um “gut feeling“, um frio na barriga… uma espécie de alerta natural contra essas coisas que nós frequentemente subjugamos. É necessário escutar mais nosso “eu” interior, essa intuição que nos alerta para o perigo (sim, perigo!). Quando me refiro a afastar-se daquilo que é negativo, refiro-me a desde um vídeo aparentemente inocente em um grupo do WhatsApp à convivência com determinados perfis de pessoas.

Cometi erros de julgamento? Certamente. Quando somos ácidos e negativos, nosso poder de análise fica prejudicado e é natural que, em um momento inicial, nos afastemos de pessoas ou coisas que não são tão prejudiciais assim. Se usarmos educação e respeito ao próximo, isso não será uma questão importante com a qual deva se preocupar. Você sempre pode rever sua posição e se reaproximar. A questão aqui é: você não precisa ofender ninguém ou tomar ações irremediáveis.

Trata-se de auto preservação.

Não consigo afirmar se essas mudanças foram provocadas por minha nova postura (positiva) ou o contrário. Mas elas ocorreram e, hoje, olhando para o passado, consigo afirmar quando, com uma precisão de semanas, elas ocorreram. Fui, pouco à pouco, me livrando da toxicidade.

A partir daí, as mudanças começaram a aparecer de forma menos dolorosa e mais fácil. Uma coisa puxou a outra: cercar-me de pessoas positivas tornou mais fácil ter uma postura positiva frente à vida; tornou também mais fácil pensar positivamente, agir positivamente e falar uma linguagem de empoderamento ao invés de continuar a usar termos limitantes. A roda começa a girar e uma ação beneficia a próxima. É assim que funciona e é necessário atitude da nossa parte para agir e quebrar o ciclo. Esse pode ser o maior desafio de todos: apostar na mudança e agir. Pagar para ver.

O mais curioso disso tudo é a mudança interna provocada. Quando o novo alinhamento interno (positivo) ocorre, a lente que você enxerga o mundo mudará também e você passará a ver as coisas de forma mais bonita, mais possibilitadora.

[Este post tem duas partes. Esta é a primeira parte. Para continuar e ler a segunda parte, clique aqui.]

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O Poder de Ser Positivo, Parte 2

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[este post é uma continuação. Para ler a parte 1, clique aqui]

Dias atrás li um artigo na Entrepreneur sobre uma linha de raciocínio liderada pela psicóloga Gabriele Oettingen da Universidade de Nova York, afirmando que pensar positivo pode prejudicar o atingimento de metas e objetivos. Na minha humilde opinião, o artigo falha semanticamente ao confundir pensamento positivo com sonhar acordado. Não li ainda o livro dela que fala a respeito e prefiro acreditar se tratar de uma má interpretação.

É muito importante fazer uma distinção entre os dois: concordo com o artigo quando afirma que desviar recursos para ficar sonhando com uma realidade alternativa (positiva) pode prejudicar o atingimento dos seus objetivos. Mas pensar positivo faz muito mais parte do motor que deve existir por trás de ações objetivas do que do motivo para se mudar para um canto da sua mente, onde sempre faz sol e você está tomando mojitos à beira da praia.

Ter positividade frente à vida não significa que você deve ser irresponsável e ignorar evidências de algo que pode dar errado. Aqui, as coisas podem ficar um pouco mais complexas, pois podem faltar recursos em nós mesmos para avaliar objetivamente uma situação e concluir o que fazer.

No momento atual da minha vida, acredito que é melhor ser positivo sempre e influenciar positivamente tudo em que se toca, correndo o risco de falhar e não estar necessariamente “preparado“. Entenda, pois são coisas distintas – preparar-se para o pior (como eu fazia) não evita a falha em si. Ou seja, não serve para nada.

“It’s your unlimited power to create and to love
that can make the biggest difference in the quality of your life.”
Tony Robbins

Ser positivo ajudará você, inclusive, a ressignificar o ocorrido de forma a encontrar feedbacks úteis e seguir em frente. Algo tão óbvio, mas que muitos teimam em não enxergar: falhar não é agradável nem desejado, mas é um processo natural da evolução! Entenda como um aprendizado.

Agora, amigo leitor, pode restar a dúvida: como faço então para analisar objetivamente uma situação e decidir como agir, se ser negativo / pessimista pode me influenciar negativamente e ser positivo / otimista pode me influenciar positivamente (em ambos os casos, avaliando equivocadamente uma realidade)?

Existem inúmeras respostas a essa pergunta. Sugiro ler o fantástico “Originais” de Adam Grant para alguns insights. Contudo, como bom estudante da PNL, não poderia deixar de sugerir a estratégia ou Método Disney.

Criada em 1994 por Robert Dilts ao modelar como Walt Disney trabalhava, consiste em separar o processo criativo em partes: o sonhador, o realizador e o crítico.

Walt Disney possuía salas para cada uma dessas tarefas. Na primeira, seus parceiros de trabalho eram responsáveis por sonhar livremente sobre um determinado tema, irrefreáveis, sem se preocupar com a forma de executar ou quaisquer questões que poderiam eventualmente impedir a realização do sonho.

A segunda etapa consistia em pegar “o sonho” e submeter à equipe realizadora, responsável por elencar todos os passos necessários à criação do sonho, sem nenhum espírito crítico, apenas reunindo tudo aquilo necessário para tornar o sonho da primeira sala realidade.

Por fim, na sala da equipe crítica, o sonho e suas etapas de realização eram testados à procura de falhas e objeções. Ciclo concluído, as sugestões eram passadas adiante e o processo se repetia.

As interações das equipes em ciclos eram realizadas até Walt Disney ficar feliz com o resultado. Reza a lenda que, de tanto andar entre as salas, o chão era desgastado.

O ponto importante da estratégia é dar o tempo necessário para que cada etapa seja realizada completamente, algo que não acontece quando temos essa luta dentro de nós ou quando o sonhador, o realizador e o crítico estão no mesmo ambiente.

Agora, pare um pouco e pense em como um processo criativo se desenvolve dentro de sua mente. Perceba que a luta mental é constante e estamos ao mesmo tempo tentando sonhar, pensar nas etapas e criticá-las. Isso torna todo o processo pouco eficiente. Ao separar as etapas, não só ele se torna mais fácil e eficaz, como o impacto de uma característica de seu funcionamento, do seu estado momentâneo ou personalidade (como ser positivo, favorecendo o sonhador ou negativo, favorecendo o crítico), é minimizado.

Com isso em mente, não há desculpas a favor de não tomar uma atitude positiva por padrão. Mas se tem uma coisa que eu aprendi ao ser pessimista durante a maior parte da minha vida é que, quando os argumentos acabam, ouvem-se as generalizações.

É aí onde você começará a escutar argumentos do tipo “como é possível pensar positivamente, ser otimista em um mundo repleto de violência?” “Ah, não dá pra ser otimista com tanta tragédia acontecendo no mundo“.

Permita-me afirmar que esse argumento também é equivocado.

Steven Pinker escreveu um livro chamado “Os Bons Anjos da Nossa Natureza”, onde ele prova que, ao contrário do senso comum, a violência no mundo está diminuindo, e não aumentando.

Ele faz isso embasado em fatos, do início ao fim de sua obra de mais de mil páginas. De uma forma geral, o processo de civilização é responsável pela redução da violência por cem mil habitantes, estatística mais apropriada para avaliar a questão.

Ele também afirma, em um dado momento, uma suspeita antiga: a globalização e a velocidade com a qual a informação é difundida, juntamente com a mídia e um interesse maior por notícias negativas, nos dá a impressão de que o mundo está pior quando, na verdade, não está.

Sem querer entrar em outro tema mas pare por um momento e reflita: na Roma antiga, a diversão era jogar gente dentro do Coliseu e simular batalhas onde não só o sangue jorrava como partes de corpos voavam para todos os lados e eram estraçalhados por animais, algo inconcebível culturalmente por mais de mil anos recentes.

Não precisa ser estudante de história para pensar em pelo menos mais duas situações de violência corriqueira culturalmente aceitas nos últimos mil anos e que são impensáveis nos dias de hoje.

Em outras palavras: tragédia vende jornal (e não é, necessariamente, culpa da mídia).

Entretanto, somos bombardeados por notícias negativas, que só contribuem para uma espiral negativa.

Convido você a começar essa mudança. Comece aos poucos, evitando frases pessimistas, conteúdo negativo e pessoas como eu fui, não necessariamente nessa ordem.

Acorde pela manhã, olhe-se no espelho e dê um sorriso. Respire fundo, erga o peito e o queixo, assuma uma postura de vencedor e empodere-se: pense em como as coisas darão certo nesse dia maravilhoso que está à sua frente!

Aquele grupo do WhatsApp que só tem acidente e gente morta? Saia dele. E do grupo que só tem gente reclamando da vida? A mesma coisa.

Aquelas pessoas no Facebook que só falam dos seus problemas ou contam miséria? As que postam sobre como a vida é injusta ou ruim? Pare de seguir. Gente que só reclama no Twitter? Pare de seguir também. Substitua o jornal da TV à noite por uma boa leitura. Aproveite para estudar ou ler um bom livro!

Eu desafio você a me contar uma única coisa boa que aconteceu em decorrência de algum conteúdo negativo ou pessimista. E não, você não corre o risco de ficar “alienado” como alguns pensam – no mundo globalizado de hoje em dia, nem se você parar em uma ilha deserta.

E daí que o mundo não é só flores? Se está provado que isso pode influenciar seu dia, seu humor, seus sentimentos e seus resultados, escolha contaminar-se COM BONDADE!

Pense positivamente, use isso como combustível para todas as suas ações, conscientemente ou não. Escolha ser essa a influência que deseja carregar para além das suas ações – seus resultados. Você não tem absolutamente nada a perder, não esquecendo de ser grato ao universo (e a você!) quando as coisas derem certo. Se não derem? Seja grato pelo aprendizado, da mesma forma.

“Trade your expectation for appreciation and the world changes instantly.”
Tony Robbins.

Dedico esse texto (partes 1 e 2) à pessoa que tem, nos últimos sete anos, sido uma das minhas maiores fontes de positividade: minha Abacaxi com Canela.

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A Caminhada

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Quando perdi o emprego dezesseis anos atrás, desenvolvi um quadro de depressão profunda que me deixou em um quarto, sem coragem de sair pra muita coisa (mais detalhes nesse post).

Foi muito comum ouvir coisas como “que frescura“, “enfrente a vida“, “sai dessa!“, “você precisa ver gente, sair de casa!” etc, comentários que, frequentemente, associavam uma doença séria à preguiça, falta de motivação, ausência de “positividade” e coisas do gênero, como se, em um passe de mágica, eu fosse capaz de me levantar e ir viver minha vida.

Convenhamos, eu sei o quão desafiante é perceber que o mundo não entende o quadro que se instala e, muitas vezes, essa ausência de compreensão vem de pessoas próximas e que amamos, o que não facilita em nada (e dói muito).

A Crise

Ao longo da minha vida, fiz uns cinco anos (ao todo) de terapia e isso me ajudou bastante. Me tirou da crise inúmeras vezes e me fez sair do quarto, voltando à vida. Entretanto, quem já passou (ou passa) por isso, sabe que a depressão é um fantasma “gerenciado”: é algo que precisa de constante monitoração e de ações permanentes para mantê-lo afastado.

De fato, depois da segunda crise, passei a ficar mais afinado nas minhas percepções. Desenvolvi a habilidade de reconhecer em mim os sinais da doença e procurar ajuda em seus estágios iniciais. Isso me ajudou muito, pois encurtou bastante o tempo necessário para voltar ao meu “eu“, principalmente no que diz respeito a parar de tomar quaisquer medicações relacionadas que, me desculpem os terapeutas, afetam (e muito) a qualidade de vida do paciente.

Hoje, posso afirmar com felicidade e um sorriso no rosto que o fantasma da depressão está bem longe. Meu intuito com esse texto é descrever o que funcionou para mim e alguns pontos de atenção. Importante registrar que não sou médico, psicólogo ou psiquiatra e não cabe a mim fazer diagnóstico ou receitar nada. Apenas acredito que o relato da minha experiência pode ajudar alguém.

Os Passos – Propósito

Inicio não necessariamente em ordem cronológica. Olho para o caminho que percorri e lembro que ter um propósito é fundamental para a manutenção de uma saúde mental. Não entrarei em detalhes sobre o assunto – não por não achá-lo importante (pelo contrário), mas porque já escrevi sobre o tema. Para entender melhor, recomendo ler esse post sobre o assunto.

Os Passos – Ajuda Profissional

Em segundo lugar, é muito importante entender isso: procure ajuda profissional. Eu acredito que um sem número de coisas ajudam a manter a depressão afastada (mais adiante), mas apenas um psiquiatra (e medicação adequada), podem tirar alguém de uma crise depressiva séria, de forma eficaz.

Ainda, ao obter ajuda, faça questão de levar as pessoas mais próximas para conversar com o terapeuta. É primordial que as duas / três pessoas que mais convivem com você entendam do que se trata e saibam como se comportar e ajudar quem vive uma crise depressiva.

Os Passos – Bem Estar / Saúde Física

Ainda sobre ajuda profissional, vejo que o bem estar físico ocupa um importante lugar. Obesidade / sobrepeso não ajuda em nada em quadros depressivos e são destruidores da auto-estima. Exercitar-se e ter uma boa alimentação são a base para manter afastadas inúmeras doenças, inclusive a depressão, mesmo se você não estiver acima do peso.

Este acima sou eu, com 29 anos. Estava pesando 140 quilos. Alguns meses longe da crise, ainda lutando, mas começando a voltar para o mundo e a me relacionar novamente com a sociedade.

Hoje, com 42 anos, vou à academia religiosamente todos os dias. Acordo às 5:30, treino por uma hora e o dia começa diferente.

Para mim, exercicio físico é um remédio, apesar de amar me exercitar, ver pessoas e conversar com minha personal trainer. Tenho a consciência de que isso faz parte da terapia necessária e é indispensável à minha qualidade de vida.

Além do exercício diário, está bem documentado que a ausência de certos nutrientes pode exacerbar quadros depressivos. Uma das coisas que mais me ajudou a deixar a doença de lado foi a correta orientação médica de um nutricionista e de um ortomolecular, que enxerga o paciente de forma holística e costuma detectar deficiências nutricionais que, normalmente, os médicos tradicionais não detectam. Sei que esse é um assunto controverso; a dica aqui é: procure orientação profissional, também, para uma alimentação saudável, para exercícios físicos e para sua saúde em geral.

Os Passos – O Peso que Carregamos Conosco

Ah, o peso que carregamos nas costas.

Livrar-se dele tem implicações das mais diversas – desde selecionar melhor as amizades como a postura física e mental. Livre-se daquilo que não é seu!

Em 2001, eu posso afirmar que me achava uma pessoa realista quando, na verdade, ao tentar me “preparar” para o pior, esperava o pior, achava o pior, falava o pior e me comportava para o pior.

Quanta ingenuidade! Hoje tenho a certeza de que a melhor forma de se preparar é pensar o melhor, falar o melhor, achar o melhor e se portar como vencedor!

Aprendi, ao começar a estudar a Programação Neuro Linguística (PNL), que uma tríade de fatores, de igual importância e que mutualmente se influenciam, são a base para uma saúde física e mental.

Também chamada de tríade do sucesso ou tríade da mente, ela contém fisiologia (postura), linguagem (o que você diz e como você diz) e representação interna (como você enxerga o mundo).

Em termos práticos e de uma forma simplista, ter uma postura arqueada e cabisbaixa apenas promove a acentuação dos sintomas. Uma linguagem negativa não ajuda e uma representação interna pessimista contribui para a perpetuação do quadro.

Entretanto, como existe uma relação direta de influência entre os elementos da tríade (e é aí onde está a mágica), trabalhar cada elemento individualmente altera os demais.

Faça o teste: fique arqueado, cabisbaixo e com o semblante sisudo por poucos minutos e perceba como se sentirá triste. Agora, faça o oposto: estufe o peito, endireite a coluna, erga a cabeça e ponha um sorriso no rosto, mesmo que, inicialmente, seja mecânico: verá que, em poucos minutos, seu humor mudará positivamente.

Se você acha isso maluquice, sugiro assistir esse excelente TED de Amy Cuddy.

Tome um banho, arrume-se, corte o cabelo faça a barba… retorne a hábitos simples e saudáveis que podem parecer irrelevantes, mas que ajudam a dar cada passo importante na direção correta.

Ainda:

“Nós somos 10% o que acontece conosco e 90% como reagimos ao que acontece.”

Eu sei, para quem está em depressão, será desafiante fazer isso. Estou falando de pequenos passos! Sair de um quadro depressivo exige paciência e pequenas ações diárias. Ao tornar essas ações um hábito, ficará cada vez mais fácil mantê-lo longe.

Os Passos – a Programação Neuro Linguística (PNL)

Já que mencionei a PNL, seria no mínimo incompleto falar sobre essa caminhada sem detalhar a questão, que tem facilitado bastante o desafio de manter a depressão longe.

Fui apresentado ao tema no ano passado por uma amiga, que fez um treinamento vivencial chamado Life. A partir de então, tornei-me ávido estudante da PNL e, de fato, ela tem transformado a minha vida.

Colocando de uma melhor forma, a PNL tem me permitido ver o mundo de uma forma diferente. Mais eficiente e mais positiva, trazendo ferramentas que uso no meu dia-a-dia.

Fiz dois treinamentos vivenciais (Life e ROI – Realizando o Impossível) e estou concluindo minha formação em Practitioner.

A partir daí, encontrei toda uma nova motivação para buscar minha evolução como ser humano, estudando novos temas, voltando ao hábito da leitura e procurando compartilhar essa vivência com as pessoas com as quais me relaciono. Muitas pessoas que convivem comigo afirmam e reafirmam que as mudanças foram profundas e bastante positivas!

Os Passos – Os Sistemas Aos Quais Pertence

Jim Rohn disse que somos a média das cinco pessoas com as quais mais convivemos. Há muita controvérsia em torno dessa afirmação. Particularmente, encaro como uma linda metáfora de como somos resultado das pessoas com as quais convivemos e nos influenciamos mutuamente. Trata-se de um ciclo: atraímos as pessoas que se parecem conosco e elas nos influenciam profundamente.

Ouso afirmar que, se você está em um quadro depressivo, é provável que se relacione com pessoas negativas ou igualmente depressivas. É normal que, por exemplo, interaja socialmente (fisicamente ou pela internet) com pessoas, notícias, posts, coisas (em geral) negativas ou que fomentam o quadro depressivo.

Afastar-se disso, sim, ajuda. Mais uma vez, não é nada fácil e pode se tornar, talvez, o maior de todos os desafios e, até, fora do alcance. Entretanto, se você puder fazer algo a respeito, faça, mesmo que em ações homeopáticas diárias. Tornar a questão consciente já é um passo na direção certa.

Doar-se

Fazer a diferença na vida das pessoas, participando de ações sociais e de caridade, pode ser um grande trunfo para manter o fantasma afastado e tem o potencial de ajudar a encontrar um propósito.

Muitas pessoas encontram seus propósitos no trabalho e, quando perdem o emprego, seus mundos caem em ruínas. Isso aconteceu comigo. Encontrar algo que lhe traga felicidade fora do trabalho pode ser mais fácil do que você imagina. Não existe nada na face da terra que traga maior sensação de preenchimento e plenitude do que ajudar ao próximo. Existe, inclusive, razão fisiológica para ser assim.

Você não precisa necessariamente engajar-se numa ONG ou lutar contra o aquecimento global. Você pode adotar um gatinho ou um cão; pode ajudar lares de idosos, ensinar comunidades carentes ou até dar aulas aos amigos nos fins de semana. Pode participar de algum projeto social com ou sem fins lucrativos. O que importa, no fundo, é ajudar sem esperar nada em troca. 

O Resultado

Cinco anos sem crises. Cinco anos afastando o fantasma da depressão para cada vez mais longe, sem mais a necessidade de terapia ou medicamentos. Trata-se de um esforço constante, um conjunto de ações desempenhadas todos os dias, que começam ao acordar. A cada dia, subo mais um degrau em direção à felicidade, ao sucesso pessoal, profissional e à realização.

Acho que todos esses passos que mencionei, como grandes elementos que ajudam na luta contra a depressão, tiveram o efeito colateral de fazer de mim uma pessoa melhor.

Será que eu teria naturalmente, ao longo dos últimos quinze anos, experimentado essa caminhada, caso não tivesse depressão? Quem sabe.

Particularmente afirmo (emocionado): gosto de acreditar que esse foi o lado positivo da doença: eu evolui como ser humano, experimentei uma série de coisas que não só me devolveram o amor pela vida como me fizeram crescer.

Literatura recomendada:

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Coaching Corporações Gestão Liderança Motivação Profissional

Das Métricas e Metas às Pessoas

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Você sabe a diferença entre simpatia e empatia?

Pois bem.

Você trabalha há três anos na empresa e sempre atingiu sua cota. Está no seu quarto ano e muito longe de bater sua meta de vendas.

Chega um dia no escritório e seu gestor chama você para conversar.

Cenário 1

“O que está acontecendo meu amigo? Mais um quarter sem resultados? Desse jeito não dá pra segurar meu caro! Em qualquer empresa por aí, mais de 3 quarters sem bater a cota e a pessoa está na rua! Você precisa chegar junto! Eu estou fazendo o possível para que não demitam você, mas resultado é resultado! Me ajude a ajudar você! Eu acredito em você e sei que você pode chegar lá!”

Em sua representação interna, esse gestor pensa: “putz, desse jeito vou me ferrar. Sem esse resultado eu também não vou bater minha meta. Preciso arrumar um jeito de por a culpa em alguém e me proteger”.

Cenário 2

“O que está acontecendo meu amigo? Como eu posso ajudar você? Por favor, compartilhe comigo suas dificuldades e eu vou ajudar você. Nós somos uma família, caminhamos juntos e precisamos uns dos outros para ter resultados interessantes. Compartilhe comigo suas dificuldades e eu farei tudo que está ao meu alcance para que você chegue lá. O meu papel é dar a você as condições para que você brilhe!”

Em sua representação interna, esse gestor pensa: “ele(a) deve estar enfrentando algum problema ou deve estar desmotivado. Farei o que eu estiver ao meu alcance para entender as suas necessidades e fornecer a ele o que for necessário para que supere as dificuldades”.

Perceberam a diferença?

No primeiro cenário, seu chefe pode (dependendo do tom de voz), ter passado a impressão de estar sendo simpático, mas dificilmente foi empático.

No segundo cenário, houve envolvimento, simpatia e empatia. O seu desafio é meu desafio.

Simpatia é algo comum e fácil atualmente, mas há uma ausência fatal de empatia, algo difícil de simular ou falsificar, porque não há como se importar com o próximo e não ligar para sua situação. Importar-se é a palavra. Líderes de verdade são fundamentais aqui, pois eles são a tradução da política da empresa.

E aí meu caro, quando empatia passa a fazer parte do seu dia-a-dia, algo fantástico acontece: confiança.

Não importa a empresa da qual você faz parte. Não importa quão complexos são os papéis, processos e métodos empregados. Não importa quão vertical é sua hierarquia: TODA empresa, TODA corporação é feita por pessoas.

Trabalhamos para pessoas e, por mais engessada que seja uma empresa, nos relacionamos com elas como fruto mais íntimo do nosso trabalho. É para essas pessoas que trabalhamos e temos, como necessidade básica de qualquer ser humano, que nos sentir protegidos no ambiente de trabalho.

Ao nos sentirmos compatíveis, protegidos e seguros para desempenharmos nossos papéis profissionais, sabendo que podemos contar uns com os outros, a magia acontece.

Quando menciono se sentir seguro, não me refiro à permissividade ou à irresponsabilidade; refiro-me a um ambiente de trabalho onde a confiança é o elemento principal; onde as relações interpessoais são reais, empáticas e onde o ser humano é colocado em primeiro lugar.

É aí que resultados extraordinários nascem. E o motivo é simples.

Para que eles aconteçam, é necessário dar passos na fé, na confiança de fazer coisas ímpares, nunca tentadas antes. Experimentar e fazer o novo, coisas que só serão possíveis se a pessoa que estiver do seu lado segurar seu braço para que você não caia.

Em um ambiente corporativo onde a desconfiança reina ou onde as pessoas não tem relações positivas, os profissionais nunca trabalharão em equipe e gastarão boa parte do tempo se protegendo do ambiente e de seus colegas. Nesse lugar, tipicamente se trabalha para atingir metas apenas e não para ter realização pessoal ou profissional.

Teste simples:

  1. Você trabalha em um local onde precisa guardar evidências para provar que fez direito? Impedir que um colega passe a perna em você?
  2. Você trabalha em uma corporação onde demissões em massa ocorrem para que os números batam no fim do ano fiscal ao custo de head counts?
  3. Você trabalha em uma empresa onde existe um processo de contratações contínuo e um processo de demissões dos menores desempenhos por quarter, passando a mensagem clara de que pessoas são totalmente descartáveis em favor dos números? (Essa não é novidade – Jack Welch inventou isso na década de 70);

Em um lugar onde resultados extraordinários acontecem, o atingimento das metas é consequência do trabalho e não o contrário. Em um lugar assim, existe realização como ser humano, e não apenas dinheiro e stress no fim do mês. O foco são as relações, as pessoas e não os números. Estes são, mais uma vez, consequência da realização pessoal e profissional. Aí sim, as pessoas darão o sangue.

A diferença é fundamental, pois hoje se fala muito em amar o trabalho como se fosse responsabilidade isolada do profissional e se ele não souber se motivar suficientemente, não tem o mindset “correto”.

“Trabalhe no que ama e nunca mais precisará trabalhar”. Colocação poderosa, mas que não é uma responsabilidade isolada do profissional. Trata-se de uma responsabilidade também da organização, que precisa fazer com que seus colaboradores sintam-se à vontade para arriscar, serem criativos e saírem do quadrado. O fantástico e o extraordinário requerem falhar (rápido), aprender e seguir em frente. Em um ambiente sem confiança, falhar não é uma opção.

As corporações precisam mudar, rápido. As empresas que já entenderam isso são as que mais inovam, mais desafiam o status quo, mais dão resultados, que estão liderando seus respectivos segmentos e, claro, são mais amadas por quem faz parte dos seus quadros.

Como diz Simon Sinekempresas assim permitem que as pessoas encontrem seus “porquês“.

No mundo competitivo em que vivemos, isso deixará em breve de ser vantagem competitiva. Em algum tempo, será uma questão de sobrevivência.

Quando o foco são as metas, obtém-se resultados e o custo é em pessoas e material.

Quando o foco são as pessoas, obtém-se algo extraordinário: confiança, amor pelo que se faz, realização pessoal e profissional, resultado como efeito colateral e o custo… é apenas material.
Romulo M. Cholewa

Pra saber mais:

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Motivação Pessoal

Ensaio Sobre Propósito

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15 de agosto de 2001 foi uma quarta-feira inesquecível.

Recebi a ligação do meu chefe à época, anunciando que a empresa onde eu trabalhava estava fechando as portas e encerrando suas atividades.

Recebi instruções de, no dia 20 de agosto de 2001 pela manhã, uma segunda-feira às 8, permitir a entrada supervisionada dos profissionais para que retirassem seus pertences. São datas que não esquecerei. Dar a notícia a 18 pessoas, indivíduos com quem compartilhei felicidades, tristezas, stress e um sem número de histórias.

Foi quase três anos desempregado, no auge de uma crise hoje esquecida: a bolha das .com. Pela crise que nós passamos hoje, um aprendizado valioso.

As maiores transformações são calçadas na dor. Eu me considerava um bom profissional: palestrante desde os 21 anos, alto conhecimento técnico, trabalhava frequentemente quatorze horas por dia, vivia para o trabalho. Entretanto, era autoritário, ego inflado, irredutível e prepotente.

Foi uma fase muito desafiante. O desespero por não conseguir uma recolocação; a dificuldade no lar, a fome e a sensação de inutilidade e incompetência para mim e diante da minha família. Depressão, síndrome do pânico e incapacidade de sair de casa. A queda não só foi inevitável como, do alto do pedestal em que me colocava, devastadora.

Durante estes quase três anos de reclusão, encontrei uma fuga nos jogos de computador. Sempre me identifiquei com eles, mas terminaram tomando uma proporção gigantesca em minha vida. Passava horas na frente do PC jogando RPGs, MMPORPGs, FPS e afins. Uma fuga quase total da realidade. Um ciclo vicioso que foi quase impossível de quebrar.

Por mais absurdo que possa parecer, jogar dezesseis horas por dia me trouxe um insight fundamental para a minha vida: propósito.

Eu descobri que, até aquele momento, tendo começado a trabalhar aos 17 anos e construído uma carreira profissional de sucesso e em ascensão, eu não tinha um propósito em minha vida; não havia uma razão de ser, um objetivo, uma meta, uma razão para acordar pela manhã.

Descobri isso ao ver o contraste absurdo entre a minha vida virtual e a real. Em uma louca situação de inversão total de valores, eu tinha um propósito no jogo junto aos meus colegas, mas não tinha fora dele.

Isso foi fundamental para sair do fundo do poço: passou a não fazer sentido para mim ser “alguém” dentro de uma comunidade de jogadores e não ser ninguém fora dela. Se eu conseguia ser alguém em um mundo virtual, se havia esforço em ser alguém dentro dessa comunidade, por que não usar esse esforço para ser alguém no mundo real?

A ausência de propósito se traduzia a chegar ao fim do dia; o objetivo máximo era bater uma meta, entregar um projeto, ganhar dinheiro no fim do mês para pagar as contas. Quando fiquei desempregado, o que eu achava que era minha motivação, desapareceu, o que fez com que o fundo do poço ficasse ainda mais profundo.

Pensava: “O jogo da vida é aqui fora. É o que vale! E estou jogando muito mal.”

Ao fugir para um mundo virtual, encontrei uma razão de ser, mesmo que efêmera. Agradeço ao universo que isso tinha acontecido, pois me fez ver que sem um objetivo, não vamos muito longe, principalmente diante das adversidades.

Mais de quinze anos depois, vejo que aquela ligação que me pegou de surpresa em 15 de agosto de 2001 não era, de fato, uma surpresa. Meses antes, os sinais de que as coisas não iam bem estavam presentes e eu me recusei a observá-los. Eu ignorei todos os sinais que passaram na minha frente, impedi-me de enxergar o óbvio porque o status quo era agradável. A zona de conforto me englobava por completo, era quente e serena, acolhedora e reconfortante.

Não ter um propósito ajudou ainda mais na cegueira existencial. Viver sem um objetivo em mente tornou aquela zona de conforto ainda mais atraente: o sucesso parecia se fazer presente!

Ao contrário do que possa parecer, mesmo passar por essas experiências não me ensinou a importância de ter objetivos bem definidos de forma consciente. Eu tive muita sorte: nos últimos 12 anos, a vida me colocou em situações onde eu fui forçado a traçar metas claras. Mas foi apenas recentemente que aprendi como é importante ter objetivos de vida claros e conscientemente planejados.

Posso afirmar com veemência que as dificuldades me ensinaram humildade; ensinaram-me a ser mais paciente, a deixar a arrogância de lado e a ter, como um dos principais objetivos pessoais, desenvolver-me como ser humano. Crescer como ser.

Para finalizar, permitam-me mencionar quatro coisas importantíssimas que a vida também me ensinou:

Até meados dos nossos 20 e poucos anos, somos levados pelo rio da vida e as nossas escolhas e decisões são, na sua maioria, fruto do meio e não dos nossos objetivos. Somos ensinados a correr o mais rápido possível para ter sucesso. A visão é de curto prazo e não relacionamos as nossas pequenas escolhas do dia-a-dia com consequências de longo prazo.

A fast food que comemos com 20 anos é a doença dos 60. A vida sedentária dos 30 anos é a demência dos 80. A arrogância dos 40 anos é o stress e o infarto dos 50. Os pequenos delitos morais dos 25 anos são os escândalos de corrupção dos 70.

Quanto mais eu vivo, mais clara essa questão fica: quaisquer escolhas têm profunda influência em nossas vidas, muito mais do que imaginamos. Quanto maior a distância entre o momento da escolha e o olhar para o passado, maior a influência. Quando aprendemos isso, passamos a tomar muito mais cuidado com tudo que queremos e com o que não queremos. De fato, ter um propósito de vida bem definido muda todo nosso processo de tomada de decisão.

A segunda coisa é que, se parece difícil ter um objetivo claro a seguir, comece por eliminar aquilo que não lhe faz bem ou não lhe agrega em nada. Livre-se de maus hábitos, de pessoas tóxicas, comentários maldosos, piadas de mau gosto e tudo aquilo que o seu bom senso lhe diz ser inadequado mas, algumas vezes, até aceitamos socialmente. Ao eliminar esse peso morto, sobrará muito mais espaço para se dedicar ao que você quer. A sua clareza aumentará e ficará mais fácil descobrir qual o seu real norte. E, já que fizemos uma faxina, aproveite para preencher o espaço com pessoas que lhe fazem bem e que são inspiração para você.

Em terceiro, aquele consenso social de que quando estamos na pior é que vemos quem são nossos verdadeiros amigos, é a pura verdade (confiem em mim, vivi na pele). Quem lidar com você na pior é porque tem algo especial por sua pessoa.

A quarta coisa é “dar”. Refiro-me a doar-se, fazer parte do desenvolvimento humano de outros seres, de praticar a caridade, de ajudar ao próximo. Perceba que uma das mensagens mais poderosas que nossa existência pode enviar ao universo é que estamos prontos para receber, ao termos em abundância para doar ao próximo. É um desafio muito mais complexo e difícil do que parece para a maioria das pessoas. Não me refiro a dar um trocado no sinal: refiro-me a contribuir de forma efetiva, mensurável e duradoura. Envolva-se.

(…)

Faz pouco mais de 15 anos que a maioria dos fatos aqui relatados ocorreram. Sou imensamente grato pelas transformações positivas que eles provocaram e, o mais importante, saber que a evolução continua.

Por fim, se você leu até aqui, sinta-se abraçado. Um abraço fraterno de quem está à disposição para ajudar, caso precises.

 

Se me permitem recomendar alguma leitura…
Poder Sem Limites, Anthony Robbins
O Poder do Agora, Eckhart Tolle
Mindset, Carol Dweck


*post originalmente publicado nas mídias sociais em março de 2017.

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Ensaio Sobre Mudanças

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Mudanças.

Elas começam ao nascermos.

Luz, barulho, frio, menos conforto.

São situações como essa que nos permitem crescer. Saímos do conforto do ventre para a dura vida aqui fora.

As mudanças não param por aí.

Nossa consciência se expande, nossos limites também e todas as coisas que virão serão apenas mais mudanças pautadas na realidade de nossa existência, mais estímulos que nos permitem crescer.

Mas o mais curioso é que, apesar do motor da vida ser essencialmente a renovação constante, nossas primeiras ações conscientes são contra o mudar, em favor do status quo.

Os exemplos são inúmeros: rejeitamos novas comidas mesmo sem provar; não jogamos coisas no lixo porque estamos habituados a elas ou achamos que podemos precisar de algo no futuro; temos frio na barriga ao mudar de sala no novo ano letivo.

As mudanças se amontoam em nossas vidas e, normalmente, a única coisa que nos vem à mente é o medo do desconhecido. É o medo de tentar, o medo de alçar voo, o receio de quebrar a cara, quase como uma certeza incômoda. Uma associação fatal entre desconhecido, inesperado, com o desagradável, negativo.

Esse provavelmente é o real motivo por trás de nossa racionalidade ser tão contra mudanças.

Permita-me contar-lhe um segredo: nada nesse mundo garante que o desconhecido será necessariamente ruim. Pelo contrário! Se usarmos a mudança ao nosso favor, ela certamente será benéfica, seja em curto, médio e longo prazo.

Raramente paramos para avaliar que o maior motor para criatividade é a mudança. Ela é responsável por forçar uma adaptação e, se bem aproveitada, maior incentivo para evolução em todos os aspectos de nossas vidas.

De fato, a capacidade de adaptação do ser humano é notória. Ela que nos define e nos diferencia da fauna do nosso planeta.

Sendo assim, por que não usar isso ao nosso favor? Por que não abraçar a mudança como estímulo para evoluir como ser, para crescer, aprender coisas novas, conhecer novos lugares ou produzir algo novo?

Não é à toa que muitos afirmam que crise é sinônimo de oportunidade. Vivemos em um momento de muitas mudanças e boa parte da ansiedade que a palavra “crise” carrega é gerada pelo medo irracional do desconhecido.

Partindo do princípio de que errar é, no mínimo, aprender, tentar e não ter sucesso é sempre um aprendizado. A real perda é nunca tentar.

* postado originalmente no Linkedin e, depois, em outras mídias sociais (como Facebook) em abril de 2016

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Vendedor: Palavra Maldita Essa, Não?

A maioria das pessoas associam a palavra a algo negativo: a alguém que sempre usa de artifícios de persuasão, nem sempre sinceros, muitas vezes de ética duvidosa, a alguém sem credibilidade, que consegue trocar o seu dinheiro por algo que nunca lhe é justo. Perfeito adepto de Maquiavel.

Já até ouvi o comentário de que os que não dão certo na vida viram vendedores.

Sejamos francos: vendedor virou adjetivo pejorativo e isso não é novo. A primeira associação que fiz, ainda criança, foi de que vendedor é aquele cara chato da enciclopédia, que tenta lhe empurrar algo na insistência. Alguns dirão: “perseverança”.

Gerente de Contas. Account Manager. Strategic Accounts Manager, Gerente de Negócios, Territory Manager, Accounts Executive, Executivo Territorial, Sales Representative… You name it: os eufemismos não param. Mas, quase nunca, “vendedor”, “salesman”.

Quando você preenche um formulário que pergunta qual a sua profissão, você coloca “vendedor” ou outra coisa, como “consultor”?

Como técnico, ouvia eventualmente comentários do tipo “lá vem aquele vendedor novamente”. Como gestor técnico, lembro de uma ou duas situações onde pensei essa frase.

Mas bons profissionais você encontra em poucos lugares. Profissionais “mais ou menos”, em qualquer ramo. A diferença é que um médico chato pode ser competente e, até, bem sucedido. Raramente um advogado pé no saco, competente, é famoso… Entretanto, um vendedor inconveniente e desagradável dificilmente atingirá sua quota e certamente será taxado de incompetente.

Esse tipo de exercício de semântica me faz refletir sobre o que é necessário para ser bem sucedido na área comercial. Estudar? Especializar-se? Ser “águia” como tantos cursos de vendas me ensinaram? Preencher todos os relatórios de forecast e atualizá-los microscopicamente? Talvez um pouco de tudo, como alguns outros cursos pregaram?

Eu diria que… Depende.

Depende totalmente do contexto profissional no qual você está inserido. Talvez ter sucesso signifique justamente saber interpretar esse contexto e adaptar-se rapidamente às mudanças.

Um dia, você pode estar bem nos números e dificilmente enfrentará um micro gerenciamento… Mas o contrário também pode acontecer.

Aí está: adaptar-se. Ter a capacidade de mudar diante das exigências, rapidamente. Certamente, a melhor qualidade de um vendedor, além de fazer o que ama e abraçar a “causa”.

Fazer com felicidade, transmitir essa felicidade e tratar bem as pessoas também são qualidades importantes (e muito negligenciadas) Em vendas, são coisas tão importantes quanto fazer o commit do início do quarter bater com o do final.

Dizem que se você trabalhar no que gosta, não precisará trabalhar nunca mais na vida.

Comecei a me aventurar pela área comercial por volta de 2007. A transformação não foi imediata… “Estagiei” na área de pré-vendas, entre a transição da área puramente técnica para a área de vendas. Ouvi comentários como: “você só pode ser maluco” ou “isso não é profissão”.

Muitos me perguntam: como tem sido a experiência?

Emocionante. Difícil, mas emocionante. Ninguém disse que seria fácil… No pain, no gain. Às vezes, so much pain, e o “gain” da história é só experiência.

Dizem que vender bem é uma arte. Eu diria que trabalhar com competência, em qualquer área, é uma arte. A diferença é que, em vendas, há sempre uma métrica no seu pescoço e isso deixa as coisas em evidência, da mesma forma que tornam conveniente “quantificar” essa competência. Pro bem ou pro mal.

Fato é, a relação cliente-fornecedor não é fácil. Ela é como um relacionamento. Se, por um lado, os clientes abusam em fechar portas (literalmente), nossos colegas de profissão abusam do bom senso (ou da incompetência, em alguns casos).

Todos os vendedores que incorrem nesse erro falham, ao focar no dinheiro, no prazo, no resultado, apenas no número, o coelho na roda correndo atrás da cenoura.

A pergunta de um milhão de dólares (para muitos por aí, até mais!): quantos realmente focam…

  • Na necessidade do cliente?
  • No médio e longo prazo?
  • Em representar eticamente a empresa onde trabalham?
  • Em transparência?
  • Em humildade?
  • Nas necessidades do próximo?
  • No fato de que as instituições são feitas de pessoas?
  • No fato de que a maioria dos problemas existem por pura falta (ou falha) de comunicação?
  • Em tratar bem as pessoas?

Fechar todos aqueles deals a qualquer custo e nunca mais voltar no cliente por causa disso não é uma estratégia que se sustenta. O “pipe” seca. Ele precisa ser alimentado e o cliente precisa ser cativado. Nem tanto, nem tão pouco. Quando o foco é só a cenoura, ou você acaba com todas ou está cansado demais, correndo atrás delas, para poder plantar mais.

Como disse em um email que enviei para parceiros agora no fim de nosso ano fiscal: “resultado é consequência”.

Talvez um dia seja mais “cool” colocar “Vendedor” no currículo do que Account Executive. Se esse dia chegar, tenho plena certeza de que o mundo será melhor para clientes e fornecedores. Por enquanto a jornada tem sido recompensadora. Graças à área comercial, conheci pessoas fantásticas, alguns mestres, tanto como fornecedores quanto como colegas de trabalho.