Categorias
Coaching Gestão Liderança Motivação

Síndrome do Impostor

Certamente você já deve ter ouvido falar em síndrome do impostor ou, em algum momento da vida, sentiu na pele do que se trata.

Talvez o que não saiba é que, apesar de desagradável, ela pode ser usada a seu favor.

Por onde passa, a síndrome do impostor gera identificação e a noção está comumente relacionada a uma baixa autoestima.

Associado a esse comportamento, temos o medo de sermos supostamente desmascarados como uma fraude… mesmo que as evidências externas reafirmem a competência e os nossos resultados.

Existem algumas perguntas que você pode se fazer para conhecer melhor a questão. Pergunte-se:

  1. Você percebe críticas ou feedback como supostas provas de sua incapacidade ou incompetência?
  2. Você relaciona o seu sucesso à sorte?
  3. Você sofre profundamente diante das menores falhas ou equívocos no que produziu?
  4. Você acredita que é apenas uma questão de tempo para que descubram que você não é capaz?
  5. Você se considera perfeccionista?

E por último, talvez a mais importante:

  • Existem evidências externas do seu sucesso ou competência?

Com essas perguntas, você deve identificar um comportamento de se considerar impostor e uma potencial saída dele.

Convivi com essa sensação durante anos e ainda convivo com ela.

Mas o que eu quero falar para vocês hoje, provavelmente causará uma surpresa.

A síndrome do impostor, por mais desagradável que seja, pode ser usada a seu favor, trazendo resultados positivos.

No livro Think Again de Adam Grant, ele conta a história de Halla Tómasdóttir, que concorreu ao cargo de presidente da Islândia cerca de 6 anos atrás, de como ela superou as dúvidas para sair do último lugar nas pesquisas, chegar em segundo lugar na eleição e de como usou a síndrome do impostor para reavaliar a situação constantemente, superando todas as objeções.

De fato, durante meses ela rejeitou o clamor popular para concorrer à presidência, chegando a achar um absurdo que as pessoas sequer sugerissem a possibilidade.

Deixarei no fim tanto essa quanto as demais referências usadas.

Agora, trago um conceito bem famoso criado por Martin Broadwell na década de sessenta: o dos estágios de aprendizado.

Incompetência Inconsciente

No primeiro cenário, você não sabe o que não sabe. Também chamado de incompetência inconsciente, é aquela situação onde nos deparamos com algo novo, mas sabemos tão pouco a respeito que é impossível avaliar o quanto não sabemos.

Incompetência Consciente

No segundo cenário, temos a incompetência consciente e uma boa ideia do quanto ainda precisamos aprender.

Competência Consciente

No terceiro cenário, chamado de competência consciente, aprendemos o suficiente para sabermos que sabemos… E executamos a tarefa de forma competente, mas ainda não no automático e pensamos durante o processo.

Competência Inconsciente

E, no último estágio, temos a competência inconsciente. Já praticamos tanto aquilo que sabemos que a execução fica automática.

É como dirigir um carro depois de anos de prática: podemos sair de casa e chegar ao trabalho sem pensar uma única vez em pisar no freio ou trocar de marcha.

E o que o conceito de Martin Broadwell tem a ver com a história contada por Adam Grant sobre a corrida presidencial na Islândia?

Pra entender a relação, imagine que as pessoas que estão nos estágios da competência consciente ou inconsciente podem exibir um comportamento conhecido como o efeito Dunning-Kruger ou viés do conhecimento.

Estudos científicos apontam que, quando achamos que sabemos de algo, cometemos o equívoco de achar que sabemos mais do que de fato sabemos.

E quando isso acontece, paramos de aprender.

Aqui, perceba relação com a síndrome do impostor.

Quando ela ocorre, um dos efeitos colaterais positivos é sempre achar que podemos melhorar ou aprender algo.

Se por um lado achar que é um impostor pode provocar a paralização pelo medo, por outro, a síndrome pode ser também um excelente mecanismo para sempre se superar.

Pense na síndrome do impostor e no efeito Dunning-Kruger como opostos. De um lado, a sensação de incompetência e, do outro, a arrogância de achar que sabe de tudo.

Halla, a candidata à presidência da Islândia, relatou sofrer desde os oito anos com a síndrome do impostor… Mas ela também afirma que foi um dos maiores motores para avaliar a situação e impulsioná-la na direção da superação.

A história é curiosa porque, um dos seus maiores concorrentes no início da corrida presidencial e líder nas pesquisas era um candidato que demonstrava egocentrismo e arrogância… E acabou quase em último lugar.

Se a síndrome do impostor causa a impressão em nós de que sempre estamos vivendo a incompetência inconsciente ou consciente, a sensação de estar aí nos faz questionar e estar abertos ao aprendizado.

É contra intuitivo achar que questionar ou repensar uma situação ou opinião leva a decisões e escolhas erradas.

Mas o que os estudos evidenciam é exatamente o contrário: quando nos damos a oportunidade de reavaliar o que achamos, na média, decidimos melhor.

Então, quero deixar três mensagens para vocês.

Se você acha que sofre com a síndrome do impostor, saiba que ela pode ser positiva, desde que não cause paralização e que todos nós somos imperfeitos.

E para que ela não trave você, recorra às evidências externas do que faz. Certamente entrará pessoas que respeitam você, o que faz e o resultado que obtém.

Segundo, como bem coloca Adam Grant, permita-se questionar, pensar novamente e reconsiderar, mesmo que tenha absoluta certeza de algo. O aprendizado depende disso.

E em terceiro, fuja do viés da autoridade. Não acredite em algo por causa da identidade de quem afirma, mas por causa da força das evidências. Se as evidências mudam, talvez esteja na hora de reavaliar e mudar de opinião também.

Com isso, você abrirá as portas para o aprendizado e ressignificará algo que é aparentemente limitante inicialmente, mas que pode ser usado em seu benefício.

Use a oportunidade para ficar aberto ao aprendizado e evoluir cada vez mais.


Conteúdo Adicional e Referências

Vídeos

Referências:

Livros:


Ilustração original do cabeçalho originalmente extraída de: https://goodstock.photos/close-chess-board/

Informações de direitos de uso extraídas do site em 24/03/2021 08:46 -0300GMT:
This photo is free to use for any personal or commercial project. No attribution is required, but if you want to credit this site, it would be most appreciated. Just copy and paste this line:
Photo by Good Stock Photos

SÍNDROME DO IMPOSTOR: SAIBA USÁ-LA A SEU FAVOR

[O vídeo original está disponível em sindromeimpostor.oguiatardio.com]

A síndrome do impostor faz parte do dia a dia e é velha conhecida de muita gente.

Apesar de frequentemente combatida, você sabia que ela pode ser usada a seu favor?

Conteúdo Adicional

Vídeos:

A Procrastinação é um Sintoma
https://www.youtube.com/watch?v=6u6TdEKmYAU

Adam Ruins Everything – O Efeito Dunning-Kruger
https://www.youtube.com/watch?v=9zGDNO1_ehg

Sobre Estar Errado
https://www.ted.com/talks/kathryn_schulz_on_being_wrong

Como Falar Por Si Mesmo
https://www.ted.com/talks/adam_galinsky_how_to_speak_up_for_yourself

Referências:

Kruger, Justin; Dunning, David (1999). “Unskilled and Unaware of It: How Difficulties in Recognizing One’s Own Incompetence Lead to Inflated Self-Assessments”. Journal of Personality and Social Psychology. 77 (6): 1121–1134. CiteSeerX 10.1.1.64.2655. doi:10.1037/0022-3514.77.6.1121. PMID 10626367;

Dunning, David; Johnson, Kerri; Ehrlinger, Joyce; Kruger, Justin (1 June 2003). “Why People Fail to Recognize Their Own Incompetence”. Current Directions in Psychological Science. 12 (3): 83–87. doi:10.1111/1467-8721.01235;

Os Benefícios de Admitir Que Você Não Sabe
https://behavioralscientist.org/the-benefits-of-admitting-when-you-dont-know/

Os Estágios de Aprendizado e Competência
https://en.wikipedia.org/wiki/Four_stages_of_competence

Aprender Uma Nova Habilidade: É Mais Fácil Dizer do Que Fazer
https://www.gordontraining.com/free-workplace-articles/learning-a-new-skill-is-easier-said-than-done/

Livros:
Think Again, Adam Grant https://amzn.to/3eHkgUW
A Coragem de Ser Imperfeito, Brené Brown: https://amzn.to/2DrML8P
Descubra Seus Pontos Fortes, Tom Rath https://amzn.to/3eA8Wde

 

Gostou?

Curte! Se inscreve! Compartilha! Ajude o canal a ganhar relevância, para que produzamos mais conteúdo e com cada vez mais qualidade!

Sobre o Autor:

Leia agora o livro O Guia Tardio: https://amzn.to/3hfHqzt

Redes sociais
Instagram: @blogderomulo
Twitter: @rmcholewa
Linkedin: /rmcholewa

Romulo é um autodidata. Começou a lidar com tecnologia aos 16 anos e, ao longo da carreira, teve a oportunidade de conhecer profundamente cada aspecto da área e, curiosamente, da natureza humana. Diante de uma crise mundial no setor, conheceu o desemprego aos 25 anos.

Durante três anos, frequentou a melhor escola: não é à toa que dizem que a necessidade é a maior de todas elas. Aprendeu muito com a vida a partir daí, até mudar de vida: entendeu que o melhor caminho para a felicidade existencial é a prática da ressignificação, a humildade e que o fracasso é um mecanismo natural do ser humano para evoluir.

Enfrentar a depressão diversas vezes e lutar por saúde mental mostrou que o nosso maior adversário… somos nós mesmos. Vencê-la ensinou, dentre tantas coisas, que a maior realização que o ser humano pode alcançar é ver o próximo crescer. É ver, acima de tudo, o próximo brilhar, superar-se e não há melhor tratamento do que doar-se.

Hoje, como Master Practitioner em programação neurolinguística (PNL), atua na área de tecnologia da informação, vendas e tem como hobby ler, escrever e estudar sobre autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e humano, motivação, mindset, coaching, liderança e alta performance.

Informações de Produção
Para conhecer mais sobre o ambiente usado para produzir conteúdo, visite o endereço:
https://rmcholewa.com/prod/