Categorias
Motivação Pessoal PNL

A Caminhada

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Quando perdi o emprego dezesseis anos atrás, desenvolvi um quadro de depressão profunda que me deixou em um quarto, sem coragem de sair pra muita coisa (mais detalhes nesse post).

Foi muito comum ouvir coisas como “que frescura“, “enfrente a vida“, “sai dessa!“, “você precisa ver gente, sair de casa!” etc, comentários que, frequentemente, associavam uma doença séria à preguiça, falta de motivação, ausência de “positividade” e coisas do gênero, como se, em um passe de mágica, eu fosse capaz de me levantar e ir viver minha vida.

Convenhamos, eu sei o quão desafiante é perceber que o mundo não entende o quadro que se instala e, muitas vezes, essa ausência de compreensão vem de pessoas próximas e que amamos, o que não facilita em nada (e dói muito).

A Crise

Ao longo da minha vida, fiz uns cinco anos (ao todo) de terapia e isso me ajudou bastante. Me tirou da crise inúmeras vezes e me fez sair do quarto, voltando à vida. Entretanto, quem já passou (ou passa) por isso, sabe que a depressão é um fantasma “gerenciado”: é algo que precisa de constante monitoração e de ações permanentes para mantê-lo afastado.

De fato, depois da segunda crise, passei a ficar mais afinado nas minhas percepções. Desenvolvi a habilidade de reconhecer em mim os sinais da doença e procurar ajuda em seus estágios iniciais. Isso me ajudou muito, pois encurtou bastante o tempo necessário para voltar ao meu “eu“, principalmente no que diz respeito a parar de tomar quaisquer medicações relacionadas que, me desculpem os terapeutas, afetam (e muito) a qualidade de vida do paciente.

Hoje, posso afirmar com felicidade e um sorriso no rosto que o fantasma da depressão está bem longe. Meu intuito com esse texto é descrever o que funcionou para mim e alguns pontos de atenção. Importante registrar que não sou médico, psicólogo ou psiquiatra e não cabe a mim fazer diagnóstico ou receitar nada. Apenas acredito que o relato da minha experiência pode ajudar alguém.

Os Passos – Propósito

Inicio não necessariamente em ordem cronológica. Olho para o caminho que percorri e lembro que ter um propósito é fundamental para a manutenção de uma saúde mental. Não entrarei em detalhes sobre o assunto – não por não achá-lo importante (pelo contrário), mas porque já escrevi sobre o tema. Para entender melhor, recomendo ler esse post sobre o assunto.

Os Passos – Ajuda Profissional

Em segundo lugar, é muito importante entender isso: procure ajuda profissional. Eu acredito que um sem número de coisas ajudam a manter a depressão afastada (mais adiante), mas apenas um psiquiatra (e medicação adequada), podem tirar alguém de uma crise depressiva séria, de forma eficaz.

Ainda, ao obter ajuda, faça questão de levar as pessoas mais próximas para conversar com o terapeuta. É primordial que as duas / três pessoas que mais convivem com você entendam do que se trata e saibam como se comportar e ajudar quem vive uma crise depressiva.

Os Passos – Bem Estar / Saúde Física

Ainda sobre ajuda profissional, vejo que o bem estar físico ocupa um importante lugar. Obesidade / sobrepeso não ajuda em nada em quadros depressivos e são destruidores da auto-estima. Exercitar-se e ter uma boa alimentação são a base para manter afastadas inúmeras doenças, inclusive a depressão, mesmo se você não estiver acima do peso.

Este acima sou eu, com 29 anos. Estava pesando 140 quilos. Alguns meses longe da crise, ainda lutando, mas começando a voltar para o mundo e a me relacionar novamente com a sociedade.

Hoje, com 42 anos, vou à academia religiosamente todos os dias. Acordo às 5:30, treino por uma hora e o dia começa diferente.

Para mim, exercicio físico é um remédio, apesar de amar me exercitar, ver pessoas e conversar com minha personal trainer. Tenho a consciência de que isso faz parte da terapia necessária e é indispensável à minha qualidade de vida.

Além do exercício diário, está bem documentado que a ausência de certos nutrientes pode exacerbar quadros depressivos. Uma das coisas que mais me ajudou a deixar a doença de lado foi a correta orientação médica de um nutricionista e de um ortomolecular, que enxerga o paciente de forma holística e costuma detectar deficiências nutricionais que, normalmente, os médicos tradicionais não detectam. Sei que esse é um assunto controverso; a dica aqui é: procure orientação profissional, também, para uma alimentação saudável, para exercícios físicos e para sua saúde em geral.

Os Passos – O Peso que Carregamos Conosco

Ah, o peso que carregamos nas costas.

Livrar-se dele tem implicações das mais diversas – desde selecionar melhor as amizades como a postura física e mental. Livre-se daquilo que não é seu!

Em 2001, eu posso afirmar que me achava uma pessoa realista quando, na verdade, ao tentar me “preparar” para o pior, esperava o pior, achava o pior, falava o pior e me comportava para o pior.

Quanta ingenuidade! Hoje tenho a certeza de que a melhor forma de se preparar é pensar o melhor, falar o melhor, achar o melhor e se portar como vencedor!

Aprendi, ao começar a estudar a Programação Neuro Linguística (PNL), que uma tríade de fatores, de igual importância e que mutualmente se influenciam, são a base para uma saúde física e mental.

Também chamada de tríade do sucesso ou tríade da mente, ela contém fisiologia (postura), linguagem (o que você diz e como você diz) e representação interna (como você enxerga o mundo).

Em termos práticos e de uma forma simplista, ter uma postura arqueada e cabisbaixa apenas promove a acentuação dos sintomas. Uma linguagem negativa não ajuda e uma representação interna pessimista contribui para a perpetuação do quadro.

Entretanto, como existe uma relação direta de influência entre os elementos da tríade (e é aí onde está a mágica), trabalhar cada elemento individualmente altera os demais.

Faça o teste: fique arqueado, cabisbaixo e com o semblante sisudo por poucos minutos e perceba como se sentirá triste. Agora, faça o oposto: estufe o peito, endireite a coluna, erga a cabeça e ponha um sorriso no rosto, mesmo que, inicialmente, seja mecânico: verá que, em poucos minutos, seu humor mudará positivamente.

Se você acha isso maluquice, sugiro assistir esse excelente TED de Amy Cuddy.

Tome um banho, arrume-se, corte o cabelo faça a barba… retorne a hábitos simples e saudáveis que podem parecer irrelevantes, mas que ajudam a dar cada passo importante na direção correta.

Ainda:

“Nós somos 10% o que acontece conosco e 90% como reagimos ao que acontece.”

Eu sei, para quem está em depressão, será desafiante fazer isso. Estou falando de pequenos passos! Sair de um quadro depressivo exige paciência e pequenas ações diárias. Ao tornar essas ações um hábito, ficará cada vez mais fácil mantê-lo longe.

Os Passos – a Programação Neuro Linguística (PNL)

Já que mencionei a PNL, seria no mínimo incompleto falar sobre essa caminhada sem detalhar a questão, que tem facilitado bastante o desafio de manter a depressão longe.

Fui apresentado ao tema no ano passado por uma amiga, que fez um treinamento vivencial chamado Life. A partir de então, tornei-me ávido estudante da PNL e, de fato, ela tem transformado a minha vida.

Colocando de uma melhor forma, a PNL tem me permitido ver o mundo de uma forma diferente. Mais eficiente e mais positiva, trazendo ferramentas que uso no meu dia-a-dia.

Fiz dois treinamentos vivenciais (Life e ROI – Realizando o Impossível) e estou concluindo minha formação em Practitioner.

A partir daí, encontrei toda uma nova motivação para buscar minha evolução como ser humano, estudando novos temas, voltando ao hábito da leitura e procurando compartilhar essa vivência com as pessoas com as quais me relaciono. Muitas pessoas que convivem comigo afirmam e reafirmam que as mudanças foram profundas e bastante positivas!

Os Passos – Os Sistemas Aos Quais Pertence

Jim Rohn disse que somos a média das cinco pessoas com as quais mais convivemos. Há muita controvérsia em torno dessa afirmação. Particularmente, encaro como uma linda metáfora de como somos resultado das pessoas com as quais convivemos e nos influenciamos mutuamente. Trata-se de um ciclo: atraímos as pessoas que se parecem conosco e elas nos influenciam profundamente.

Ouso afirmar que, se você está em um quadro depressivo, é provável que se relacione com pessoas negativas ou igualmente depressivas. É normal que, por exemplo, interaja socialmente (fisicamente ou pela internet) com pessoas, notícias, posts, coisas (em geral) negativas ou que fomentam o quadro depressivo.

Afastar-se disso, sim, ajuda. Mais uma vez, não é nada fácil e pode se tornar, talvez, o maior de todos os desafios e, até, fora do alcance. Entretanto, se você puder fazer algo a respeito, faça, mesmo que em ações homeopáticas diárias. Tornar a questão consciente já é um passo na direção certa.

Doar-se

Fazer a diferença na vida das pessoas, participando de ações sociais e de caridade, pode ser um grande trunfo para manter o fantasma afastado e tem o potencial de ajudar a encontrar um propósito.

Muitas pessoas encontram seus propósitos no trabalho e, quando perdem o emprego, seus mundos caem em ruínas. Isso aconteceu comigo. Encontrar algo que lhe traga felicidade fora do trabalho pode ser mais fácil do que você imagina. Não existe nada na face da terra que traga maior sensação de preenchimento e plenitude do que ajudar ao próximo. Existe, inclusive, razão fisiológica para ser assim.

Você não precisa necessariamente engajar-se numa ONG ou lutar contra o aquecimento global. Você pode adotar um gatinho ou um cão; pode ajudar lares de idosos, ensinar comunidades carentes ou até dar aulas aos amigos nos fins de semana. Pode participar de algum projeto social com ou sem fins lucrativos. O que importa, no fundo, é ajudar sem esperar nada em troca. 

O Resultado

Cinco anos sem crises. Cinco anos afastando o fantasma da depressão para cada vez mais longe, sem mais a necessidade de terapia ou medicamentos. Trata-se de um esforço constante, um conjunto de ações desempenhadas todos os dias, que começam ao acordar. A cada dia, subo mais um degrau em direção à felicidade, ao sucesso pessoal, profissional e à realização.

Acho que todos esses passos que mencionei, como grandes elementos que ajudam na luta contra a depressão, tiveram o efeito colateral de fazer de mim uma pessoa melhor.

Será que eu teria naturalmente, ao longo dos últimos quinze anos, experimentado essa caminhada, caso não tivesse depressão? Quem sabe.

Particularmente afirmo (emocionado): gosto de acreditar que esse foi o lado positivo da doença: eu evolui como ser humano, experimentei uma série de coisas que não só me devolveram o amor pela vida como me fizeram crescer.

Literatura recomendada:

Categorias
Motivação Pessoal

Ensaio Sobre Propósito

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

15 de agosto de 2001 foi uma quarta-feira inesquecível.

Recebi a ligação do meu chefe à época, anunciando que a empresa onde eu trabalhava estava fechando as portas e encerrando suas atividades.

Recebi instruções de, no dia 20 de agosto de 2001 pela manhã, uma segunda-feira às 8, permitir a entrada supervisionada dos profissionais para que retirassem seus pertences. São datas que não esquecerei. Dar a notícia a 18 pessoas, indivíduos com quem compartilhei felicidades, tristezas, stress e um sem número de histórias.

Foi quase três anos desempregado, no auge de uma crise hoje esquecida: a bolha das .com. Pela crise que nós passamos hoje, um aprendizado valioso.

As maiores transformações são calçadas na dor. Eu me considerava um bom profissional: palestrante desde os 21 anos, alto conhecimento técnico, trabalhava frequentemente quatorze horas por dia, vivia para o trabalho. Entretanto, era autoritário, ego inflado, irredutível e prepotente.

Foi uma fase muito desafiante. O desespero por não conseguir uma recolocação; a dificuldade no lar, a fome e a sensação de inutilidade e incompetência para mim e diante da minha família. Depressão, síndrome do pânico e incapacidade de sair de casa. A queda não só foi inevitável como, do alto do pedestal em que me colocava, devastadora.

Durante estes quase três anos de reclusão, encontrei uma fuga nos jogos de computador. Sempre me identifiquei com eles, mas terminaram tomando uma proporção gigantesca em minha vida. Passava horas na frente do PC jogando RPGs, MMPORPGs, FPS e afins. Uma fuga quase total da realidade. Um ciclo vicioso que foi quase impossível de quebrar.

Por mais absurdo que possa parecer, jogar dezesseis horas por dia me trouxe um insight fundamental para a minha vida: propósito.

Eu descobri que, até aquele momento, tendo começado a trabalhar aos 17 anos e construído uma carreira profissional de sucesso e em ascensão, eu não tinha um propósito em minha vida; não havia uma razão de ser, um objetivo, uma meta, uma razão para acordar pela manhã.

Descobri isso ao ver o contraste absurdo entre a minha vida virtual e a real. Em uma louca situação de inversão total de valores, eu tinha um propósito no jogo junto aos meus colegas, mas não tinha fora dele.

Isso foi fundamental para sair do fundo do poço: passou a não fazer sentido para mim ser “alguém” dentro de uma comunidade de jogadores e não ser ninguém fora dela. Se eu conseguia ser alguém em um mundo virtual, se havia esforço em ser alguém dentro dessa comunidade, por que não usar esse esforço para ser alguém no mundo real?

A ausência de propósito se traduzia a chegar ao fim do dia; o objetivo máximo era bater uma meta, entregar um projeto, ganhar dinheiro no fim do mês para pagar as contas. Quando fiquei desempregado, o que eu achava que era minha motivação, desapareceu, o que fez com que o fundo do poço ficasse ainda mais profundo.

Pensava: “O jogo da vida é aqui fora. É o que vale! E estou jogando muito mal.”

Ao fugir para um mundo virtual, encontrei uma razão de ser, mesmo que efêmera. Agradeço ao universo que isso tinha acontecido, pois me fez ver que sem um objetivo, não vamos muito longe, principalmente diante das adversidades.

Mais de quinze anos depois, vejo que aquela ligação que me pegou de surpresa em 15 de agosto de 2001 não era, de fato, uma surpresa. Meses antes, os sinais de que as coisas não iam bem estavam presentes e eu me recusei a observá-los. Eu ignorei todos os sinais que passaram na minha frente, impedi-me de enxergar o óbvio porque o status quo era agradável. A zona de conforto me englobava por completo, era quente e serena, acolhedora e reconfortante.

Não ter um propósito ajudou ainda mais na cegueira existencial. Viver sem um objetivo em mente tornou aquela zona de conforto ainda mais atraente: o sucesso parecia se fazer presente!

Ao contrário do que possa parecer, mesmo passar por essas experiências não me ensinou a importância de ter objetivos bem definidos de forma consciente. Eu tive muita sorte: nos últimos 12 anos, a vida me colocou em situações onde eu fui forçado a traçar metas claras. Mas foi apenas recentemente que aprendi como é importante ter objetivos de vida claros e conscientemente planejados.

Posso afirmar com veemência que as dificuldades me ensinaram humildade; ensinaram-me a ser mais paciente, a deixar a arrogância de lado e a ter, como um dos principais objetivos pessoais, desenvolver-me como ser humano. Crescer como ser.

Para finalizar, permitam-me mencionar quatro coisas importantíssimas que a vida também me ensinou:

Até meados dos nossos 20 e poucos anos, somos levados pelo rio da vida e as nossas escolhas e decisões são, na sua maioria, fruto do meio e não dos nossos objetivos. Somos ensinados a correr o mais rápido possível para ter sucesso. A visão é de curto prazo e não relacionamos as nossas pequenas escolhas do dia-a-dia com consequências de longo prazo.

A fast food que comemos com 20 anos é a doença dos 60. A vida sedentária dos 30 anos é a demência dos 80. A arrogância dos 40 anos é o stress e o infarto dos 50. Os pequenos delitos morais dos 25 anos são os escândalos de corrupção dos 70.

Quanto mais eu vivo, mais clara essa questão fica: quaisquer escolhas têm profunda influência em nossas vidas, muito mais do que imaginamos. Quanto maior a distância entre o momento da escolha e o olhar para o passado, maior a influência. Quando aprendemos isso, passamos a tomar muito mais cuidado com tudo que queremos e com o que não queremos. De fato, ter um propósito de vida bem definido muda todo nosso processo de tomada de decisão.

A segunda coisa é que, se parece difícil ter um objetivo claro a seguir, comece por eliminar aquilo que não lhe faz bem ou não lhe agrega em nada. Livre-se de maus hábitos, de pessoas tóxicas, comentários maldosos, piadas de mau gosto e tudo aquilo que o seu bom senso lhe diz ser inadequado mas, algumas vezes, até aceitamos socialmente. Ao eliminar esse peso morto, sobrará muito mais espaço para se dedicar ao que você quer. A sua clareza aumentará e ficará mais fácil descobrir qual o seu real norte. E, já que fizemos uma faxina, aproveite para preencher o espaço com pessoas que lhe fazem bem e que são inspiração para você.

Em terceiro, aquele consenso social de que quando estamos na pior é que vemos quem são nossos verdadeiros amigos, é a pura verdade (confiem em mim, vivi na pele). Quem lidar com você na pior é porque tem algo especial por sua pessoa.

A quarta coisa é “dar”. Refiro-me a doar-se, fazer parte do desenvolvimento humano de outros seres, de praticar a caridade, de ajudar ao próximo. Perceba que uma das mensagens mais poderosas que nossa existência pode enviar ao universo é que estamos prontos para receber, ao termos em abundância para doar ao próximo. É um desafio muito mais complexo e difícil do que parece para a maioria das pessoas. Não me refiro a dar um trocado no sinal: refiro-me a contribuir de forma efetiva, mensurável e duradoura. Envolva-se.

(…)

Faz pouco mais de 15 anos que a maioria dos fatos aqui relatados ocorreram. Sou imensamente grato pelas transformações positivas que eles provocaram e, o mais importante, saber que a evolução continua.

Por fim, se você leu até aqui, sinta-se abraçado. Um abraço fraterno de quem está à disposição para ajudar, caso precises.

 

Se me permitem recomendar alguma leitura…
Poder Sem Limites, Anthony Robbins
O Poder do Agora, Eckhart Tolle
Mindset, Carol Dweck


*post originalmente publicado nas mídias sociais em março de 2017.