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A Diferença Entre Travar e Entrar em Pânico

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Sutil.

Enganosa.

Confusa.

Furtiva, mas importante.

Você estudou, aprendeu, treinou e mudou…. sabe o que fazer, como fazer e quando fazer.

Mas diante da situação que se apresenta, trava.

Os recursos estão lá, mas você não os acessa.

E, por causa disso, pode entrar em pânico.

Agora, imagine outra situação… totalmente nova, para o qual não treinou e não conhece.

O pânico se instala.

Em ambos os casos, não há ação, mas por motivos distintos.

No primeiro caso, o medo deu lugar ao pânico e ele pode surgir por vários motivos.

Dentre eles, síndrome do impostor, baixa autoestima ou a identificação, por seus sentidos e mapa, de estar diante de uma situação ameaçadora demais.

No segundo caso, o pânico surge mais rapidamente, diante de não ter a mínima ideia do que fazer.

Faço questão de apontar as similaridades das duas situações e as breves diferenças porque o que fazer na sequência depende deste entendimento.

Em ambos os casos, quanto mais a emoção dominar, mais tendencioso será o rapto do nosso comportamento por instintos básicos de sobrevivência que sempre extrapolam em duas ações possíveis:

Lutar ou fugir.

Então, a primeira coisa a fazer é descobrir se estamos falando de uma situação conhecida ou não.

Para tanto, é necessário retomar um pouco do controle, tanto quanto possível.

Respire profundamente.

Identifique a emoção despertada. Atribua uma palavra a ela.

Conte até dez, devagar.

Agora, faça-se uma pergunta simples: conheço esta situação?

Treinei para ela?

Preparei-me?

Tenho informações suficientes?

Se sim, você tem os recursos para seguir em frente. O resultado pode ser positivo ou negativo, não importa. É feedback. É insumo e aprendizado em qualquer desfecho.

Caso contrário, peça ajuda… e também aprenda.

“Aquilo que não nos mata, nos torna mais fortes.”
Friedrich Nietzsche

Peraí Romulo… E se fudeu de verdade – não sei o que fazer e não tenho a quem pedir ajuda?

Ainda assim temos opções.

Se há tempo, pense. Estude, prepare-se e crie opções novas. O contrário do medo não é a coragem. É o conhecimento. Temos medo do desconhecido e ao conhecer, a coragem aumenta.

Falei sobre isso quando abordei a procrastinação como sintoma de algo maior e a nossa capacidade de amadurecer emoções.

Perceba que, do início da argumentação até a última frase é possível eliminar praticamente todas as situações do mundo cotidiano onde usualmente travamos ou entramos em pânico.

Se não há tempo, então é exatamente a razão para o qual o instinto de lutar ou fugir existe. Abrace-o.

Lembre-se de duas coisas importantes:

  1. O ser humano tem mais medo de perder do que de não ganhar e isso influencia totalmente as nossas decisões no dia a dia;
  2. Emoção e razão são indissociáveis. O segredo é reconhecer as emoções e entender que elas fazem parte do processo.

Parece simples?

É simples.

É muito mais desafiador aceitar que assim seja.

Achar complexidade onde não existe transfere culpa e invoca a zona de estagnação existencial (ou zona de conforto, se preferir)… coloca na complexidade das coisas a motivo pelo qual achamos que não somos capazes.

 


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A Média Social

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Você foi gerado único e nasceu assim.

Indivíduo.

Individual.

Você também foi programado para conviver em sociedade.

E isso tem um significado. Existe um porquê.

Salvo ser um gêmeo univitelino ou clone geneticamente criado em laboratório, suas impressões digitais são só suas assim como as suas íris… os seus valores e crenças e seu jeito próprio de pensar, sentir e agir. Mais, hoje sabemos que a neuroplasticidade, dentre outras características do seu cérebro mudam fisicamente ao longo do tempo.

Não existe corpo igual ao seu, mesmo no caso de ter irmãos gêmeos. A vida e as experiências que vivemos moldam o nosso corpo, cérebro e mente. À medida em que o tempo passa, as individualidades se acentuam e não adianta invocar a cópia genética natural ou não.

Agora, perceba toda essa individualidade como potenciais variáveis interagindo entre si… criando o novo, evoluindo e servindo de base para o crescimento e desenvolvimento da humanidade.

Somos sementes distintas que promovem o infinito no jardim da diversidade através da interação. Somos uma variável na equação da evolução que pode assumir bilhões de valores a cada instante.

Mas a equação em si não é tão simples.

Apenas as variáveis da sua unicidade não são capazes de alimentar a nossa evolução.

Enquanto essa abundância de características e combinações promove um caminho de incontáveis possibilidades, a nossa habilidade de formar laços tem nos perpetuado como espécie.

Milhões de anos atrás a individualidade, no sentido do isolamento, provavelmente levou alguns ao fim. Foi uma época onde a sobrevivência dependia da cooperação, da ajuda mútua e da formação de tribos… relacionamentos, famílias e outras pedras fundamentais do que conhecemos hoje por sociedade, apesar das diferenças.

Já falei aqui no blog sobre as razões antropológicas e até biológicas de ser assim. Trata-se de um sistema que faz sentido evolucionalmente falando. De fato, evoluímos (e sobrevivemos) porque esse sistema funciona (pelo menos até agora).

Se por um lado a união possibilitou a sobrevivência, o que nos une pode potencialmente gerar conflito.

Um dos catalisadores dessa cola social é a semelhança. Uma das coisas que provoca atrito entre seres é a diferença.

Nós buscamos características compatíveis com as nossas, assim como pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Nossa zona de estagnação (como eu particularmente chamo “zona de conforto”) é conviver com quem parece conosco, pois isso gera conforto cognitivo, evita a mudança e mantém tudo como está… tudo em linha com a missão máxima do nosso cérebro de nos proteger e conservar energia.

Temos o dom da individualidade mas devemos aprender a conviver em sociedade para evoluirmos. É esse “cabo de guerra” entre quem somos e a necessidade de interagir com o próximo que gera movimento e mudança, que cria o novo e que permite a aceitação, algo intimamente ligado ao altruísmo e a humildade.

Eu imaginei você agora, nobre leitor. Uma cara de confusão talvez, algumas dúvidas, incertezas… é, vou explicar melhor.

Imagine uma pedra.

Em toda a sua glória, grande, parada, imóvel, em repouso.

Tá, para os geeks de plantão, ela pode estar em movimento inercial no vácuo.

O que acontece com a nossa amiga pedra se nada interagir com ela? Nenhuma energia, objeto, colisão, pessoa, obstáculo, evento?

Nada.

Tudo em nosso universo está em movimento e a tendência é de expansão.

São bilhões de anos de mudanças provocadas por essas interações.

Não dá pra fugir disso, mesmo que você arrume o emprego dos sonhos, faça o possível para manter o status quo, faça pouco movimento, viva na zona de estagnação, fuja de conflitos, pessoas, relacionamentos, não saia de casa…

Não somos pedras. Temos energia dentro de nós. Temos sentimentos, temos vontade, temos motivação, valores, crenças, propósito. Temos necessidades que vão das básicas e físicas, como ir ao banheiro, comer e sexo até as mais intangíveis como aceitação social.

Olha a palavra mágica aí novamente: sociedade.

Eu chego à conclusão de que essas duas forças, a individualidade e a necessidade de convivermos em grupos são o que nos movem.

Mas não como vetores que nos puxam na mesma direção. Não como vetores que somados dão uma força resultante que nos puxa para esquerda, direita, para trás ou para frente.

Não somos “levados” por essas forças.

Somos protagonistas.

Talvez aí as semelhanças com a física se encerrem: essas forças se opõem e não se anulam! Ao invés de sermos objetos passivos sofrendo ação externa, elas partem de nós e atuam provocando… transformação.

Elas são combustível para pensamentos e sentimentos que, diante do nosso livre arbítrio resultam em ações… e isso muda o mundo porque… nós mudamos e provocamos a mudança mutualmente.

Ao entender isso, é possível dar um passo adicional no sentido de compreender algo essencial: como a sociedade (incluindo aquela que inclui você), instituições, governo, justiça, regras de convivência, legislações, empresas e tantas outras estruturas são uma média de quem somos.

Os seus pensamentos, sentimentos e ações podem aparecer imediatamente, em dias, semanas, meses ou anos… Já os padrões e regras sociais levam bastante tempo para se manifestarem.

Quanto é bastante tempo?

Não sei. Sei que leva mais do que alguns dias. Às vezes, séculos. O seu comportamento como membro da sociedade hoje determinará as leis da sociedade do futuro. Quanto tempo no futuro? Boa pergunta.

É a aceitação e o respeito pela individualidade do próximo… pelos valores, pelas crenças e propósito de quem está no mesmo grupo social em que você está que provoca a criação, manutenção ou… alteração da média social, através da comunicação e do compartilhamento, seja intelectual ou emocional.

Tenha a liberdade até de pensar ao contrário: talvez você tenha sido atraído para um grupo específico justamente porque se identifica com as médias expressadas nele: aquelas pessoas ali compartilham de valores, crenças, opiniões e propósito semelhantes aos seus.

E para acomodar as demais diferenças, os diferentes graus de evolução e maturidade, surgem as regras através do respeito.

Moral.

Ética.

Família.

Legislação.

Representatividade.

Líderes.

Governantes.

Instituições.

Empresas.

Religiões.

Tudo aquilo que representa um grupo social é uma reunião de pessoas em torno de regras comuns e respeitadas. Quando os acordos, o respeito e a aceitação falham, o grupo se esfacela.

E essas regras comuns são a média das individualidades das pessoas contidas no grupo, ao longo do tempo, o que o transforma em uma tribo…

Isso mesmo: respeitar o sinal vermelho, chegar no horário, expediente das oito às dezoito, carnaval, fazer o filho torcer para o seu time, natal, aniversários, nudismo em Tambaba, compartilhar fake news nas redes sociais (assim como condenar a prática) e até o calendário romano são exemplos dessas “regras” e da média de grupos sociais de vários tamanhos.

O que tudo isso significa?

Que esse atrito entre individualidade e o convívio social é salutar, se responsável, se respeitoso. Somos seres racionais e podemos perfeitamente lidar com isso: usar essa interação para aprender e evoluir.

Ouvir mais. Ponderar mais. Exercitarmos a adaptabilidade e refletir tudo isso em nossas ações.

Perceba o papel do livre arbítrio: se ele não existisse, não haveria evolução. O nosso caminho seria predeterminado.

É desafiador, não é mesmo?

Reconhecer a responsabilidade, o poder que temos e, ao mesmo tempo, colocar a cara a tapa e ter uma posição, opinião, crença ou valor destruído.

E como fica o ego? Você tem vergonha quando isso acontece?

Bem, essa já é uma outra conversa.


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Ficção

Paulo

Conheci Paulo no colégio, quando tínhamos seis anos. Durante aquele período, fomos melhores amigos. Contudo, com a adolescência, mudamos de colégio e seguimos rumos profissionais ligeiramente diferentes.

Os encontros se tornaram mais escassos, mas de melhor qualidade. Preservávamos o hábito de nos encontrar pelo menos uma vez por mês para falar da vida, da família, das lembranças e dos aprendizados… e confesso que nunca vi ninguém mudar tanto, em tão pouco tempo, como ele.

A última vez que nos vimos esse ano foi em fevereiro, quando completou quarenta e três. Ele me disse que olhou para o passado e viu uma vida sem sentido. Olhou para a frente e viu uma vida com propósito. Um contraste desagradável, mas ao mesmo tempo, um alívio, segundo ele.

A primeira lembrança dele vem dos três anos. Estava no quintal de casa, levando uma bronca do seu pai por ter sujado a parede. Ele me falou diversas vezes sobre como o seu relacionamento com os pais era difícil. Não era comum valorizarem as suas conquistas.

Depois de quase quarenta anos, olhar para a infância trazia lembranças partidas. Ele lembra de não ter muitos amigos; lembra de adoecer com facilidade; lembra de viver com sono até os treze anos.

Seu pai, do interior do sul do país, descendência alemã e polonesa, veio para o nordeste exercer a carreira militar; sua mãe, do interior do norte, veio com a família em busca de oportunidades. Ambos filhos de pais brutos… encontraram-se e casaram-se… por fuga de suas respectivas famílias. Digamos que na casa de Paulo demonstrações de carinho não aconteciam.

Ele terminou crescendo uma pessoa fria, extremamente racional e podemos até afirmar que dissêmica . Seus pais fizeram questão de lhe preparar bem para a dureza da vida, sem dúvida alguma. Eu nunca entendi como consegui me relacionar com ele. Talvez pelo seu humor ácido e irônico, bastante diferente do que estava acostumado. Ria pela diferença e sempre achei interessante essa perspectiva rara de humor tão cedo na vida.

Juntando isso ao fato de que ele foi uma criança e um adolescente isolado, não posso dizer que aprendeu a ser carinhoso, pelo menos não com as suas referências familiares iniciais. O desgaste e o conflito crescentes na adolescência terminaram por afastá-lo da família e a se interessar em construir a sua própria. Fui algumas vezes na casa dele e percebi isso em segunda mão.

Por volta dos dezoito anos, a situação estava insuportável para ele: seus pais tentavam controlar todos os aspectos da sua existência, da roupa que vestia, passando pelos amigos e pela namorada até o curso que deveria fazer na universidade.

Para vocês terem a ideia, quando eu tinha meus quinze anos, bebia desesperadamente como a maioria dos adolescentes. Os seus pais tentaram inúmeras vezes minar a nossa amizade e proibi-lo de se encontrar comigo e com a nossa turma, por me considerar uma péssima influência. Foi mais ou menos aí que decidi não ir mais lá.

A sua introversão, junto com a ausência de diálogo, fizera-o procurar emprego cedo e a aceitar praticamente tudo que era imposto, como o vestibular para física porque… seus pais não acreditavam que ele fosse capaz de passar em ciência da computação (no ano seguinte ele passou para provar que podia).

A intenção de Paulo era sair de casa o mais rápido possível. Ele tinha uma meta: casar aos vinte um, para não ter que pedir autorização aos seus pais. Eu estava no auge da esbórnia e não compreendia como uma pessoa poderia “fugir” de casa por não aguentar os pais. Era uma versão de realidade inconcebível para mim.

Ele cumpriu a meta… e iniciou a busca por sucesso material e conforto para sua nova família. Entrou em um ciclo cego de viver os dias da semana em um trabalho suportável, pagar contas, dormir e se esbaldar nos fins de semana. Jornadas diárias de mais de doze horas de trabalho para compensar tantas coisas… para compensar financeiramente o incompensável.

A própria escolha da profissão foi uma questão de agilidade e praticidade: juntou a habilidade com uma referência familiar e de alguns amigos na época, como eu. Investir nisso parecia o caminho mais rápido de sucesso profissional que poderia desenvolver e, quando você está nesse famigerado ciclo existencial, você perde a perspectiva de muita coisa. Não havia tempo a perder: mergulhou de cabeça. Trabalho e fuga. Mergulhou tão profundamente que se tornou um dos melhores profissionais que conheci.

E os problemas de saúde começaram a se acumular. Foram mais de vinte anos assim.

A carreira profissional ia bem quando perdeu o emprego. Foram três anos de depressão e necessidades. Pela primeira vez, percebeu que felicidade e realização são muito mais do que comprar coisas e farrar. Fui na casa dele algumas vezes, tentar tirá-lo do quarto no pico da depressão.

Não consegui fazer muita coisa, mas consegui pelo menos que ele fosse a uma consulta com um psicólogo. Eu hoje me sinto mal por não ter sido mais próximo dele nessa fase, mas me doía ver um ser humano naquele estado. Embrulhava-me o estômago.

Naquela época, ele culpava seus pais por tudo, como disse sabiamente Renato Russo e… isso é um absurdo.

Somos filhos de vítimas. Somos vítimas de vítimas. Descobrir isso abriu toda uma linha raciocínio à sua frente. Ele vinha repetindo o comportamento dos pais fielmente sem perceber. Racional como o pai, explosivo como a mãe, autônomo e independente quando conseguia, como as exigências da vida lhe fizeram.

Sua cegueira durou dos dezoito aos quarenta, assim como seu comportamento de vítima das circunstâncias, de incompreendido e de coitado. O início e o fim do ciclo existencial automático e perverso que um dia fez também parte da minha vida. Convenhamos, acho que faz parte da de todos, em algum momento.

Voltando um pouco, ele se separou em 2005, quando passamos a nos encontrar com mais frequência. Como ele mudou – perdeu peso, passou a se alimentar direito e a se exercitar; voltou a morar com os pais, deixou de fumar e melhorou consideravelmente de vida. Apesar de ainda viver naquele ciclo existencial na época, passou a dar mais atenção à própria existência.

Mas foi em 2015 que ele começou a se transformar em outra pessoa, quando passou a questionar o seu próprio ciclo existencial.

Lembro de uma de nossas conversas onde ele me disse que se arrependia de muitas coisas… de ter casado cedo, de ter vivido uma vida voltada ao material e talvez até da profissão. Argumentei que isso poderia ser reflexo da crise dos quarenta… ele concordou, apesar de fazer uma ressalva: que tinha passado a enxergar outra pessoa no espelho e, na época, não sabia ainda se isso era bom ou ruim.

Ao longo dos últimos dois anos, ele começou a investir seriamente em seu desenvolvimento como pessoa e em autoconhecimento, algo do qual tinha preconceito. As mudanças foram tão grandes e tão abrangentes que ele passou a me aconselhar, um fato inédito! Foi por causa dele que também comecei a me interessar pelo autoconhecimento, chegando a mudar de emprego e passando a ser uma pessoa bem mais realizada… rompendo o meu próprio ciclo existencial. Até o meu relacionamento com minha esposa e meus três filhos mudou para melhor.

Em fevereiro, durante a nossa conversa, ele me confidenciou estar vivendo a melhor fase de sua vida: verdadeiramente empolgado por ter encontrado seu próprio “eu” e sua missão… ele afirmou: “compadre, eu nasci para ajudar as pessoas. É com isso que me realizo! Demorou, mas me achei!”

(…)

Não trabalho de terno. Meu emprego me dá uma certa liberdade, principalmente no que diz respeito ao meu guarda-roupa.

Abri a porta do armário à procura de algo preto. Algumas camisas de rock do Metallica, uma calça jeans e só. Pensei “Vou assim mesmo”, afinal, era como ele me conhecia: bem à vontade.

Ontem recebi a ligação da sua esposa. Paulo sofreu um acidente de carro ao retornar de uma viagem de negócios. Seu enterro é hoje.

Depois de conviver dois anos com uma nova pessoa, penso em quanta gente ele deixou de ajudar com seu novo propósito. Penso na vida nova que ele mal teve tempo de exercer… apesar de acreditar que, no caso dele, não foi tarde demais. Ele se encontrou a tempo. Ele fez a diferença em sua própria vida e na vida de muita gente antes de partir.

Como ele mesmo me falou várias vezes, tem gente que nunca acorda. Eu acordei graças ao despertar dele mesmo e sou eternamente grato, apesar de não conseguir parar de pensar em quanta gente passa pela vida anestesiado. Fico imaginando a vida que ele poderia ter levado e quantas pessoas mais poderia ter tocado.

Mais uma vez gratidão, Paulo. Vá com Deus.

(…)

E pra você? Ainda dá tempo?


“Paulo” é uma ficção. Qualquer semelhança com fatos, ocorrências, nomes, pessoas ou situações da vida cotidiana ou do passado é mera coincidência. A escolha do nome da crônica foi baseada na lista de nomes mais comuns no Brasil, divulgada pelo IBGE.

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O Despertar da Revolução Intelectual

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Atenção: este artigo foi atualizado.

Escrevi originalmente este texto em janeiro de 2018 e ele foi parar no rascunho do livro que publiquei em maio de 2020. Entre janeiro de 2018 e fevereiro de 2020 (fechamento da versão final), sofreu um refinamento necessário e a adição de vários conceitos.

Entretanto, apesar de considerar o texto super importante na minha jornada criativa, não fez tanto sentido diante do contexto dos demais textos do livro e ele terminou não saindo na versão final e publicada. Então, resolvi republicá-lo como uma versão 2.0, contendo aquilo que foi elaborado até fevereiro de 2020.

Portanto, para acessar a versão 2.0 (atualizada) deste texto, clique aqui.


Informação é poder“, diz-se até hoje.

Se analisarmos a revolução industrial, do início do século 19 até a metade do século 20, vimos uma transição gradativa do “foco revolucionário” (se é que podemos chamar assim), calçado pela evolução científica e questões econômicas, para a revolução da informação, algo totalmente presente em nossas vidas.

Enquanto trinta anos atrás o conceito por trás de “informação ser poder” estava relacionado à captura e armazenamento da informação (ela era “poder” pela escassez, pois poucos tinham a capacidade financeira de capturar e armazenar quantidades suficientes de dados), hoje ele está mais ligado ao dar sentido à informação não estruturada.

Qualquer dispositivo móvel hoje em dia não só é capaz de armazenar e processar grandes quantidades de dados como qualquer pessoa tem acesso a estruturas compartilhadas poderosas (como a própria Internet), que permite pesquisar, de imediato, sobre praticamente tudo que vem sendo gerado pela humanidade nos últimos séculos.

Talvez informação tenha deixado de ser poder. Talvez esse poder tenha migrado para outro lugar.

Investiguemos.

Para colocar as coisas em perspectiva, inicialmente temos que imaginar o seguinte cenário: a quantidade de informação produzida nos últimos dois anos é maior do que tudo que já foi produzido pela humanidade em toda a sua história anterior e o ritmo está cada vez mais acelerado.

O foco deixou de ser em “deter” (ou na custódia da informação) para estar no “fazer sentido” dela.

Nos últimos cinco anos, a informação está virando uma commodity (e isso é muito bom). Estamos evoluindo de um cenário industrial, mecanizado e de força bruta para outro, intelectual, que requer cooperação e evolução em escala global.

Cada vez mais, as questões (e as soluções) estão deixando de caber nas mentes individuais e se tornando fruto de cooperações nacionais ou globais (refiro-me a empreitadas comparáveis a colocar o homem na lua).

Situações assim estão se tornando mais comuns. Um exemplo é o desenvolvimento de software, uma prática que a cada dia se torna mais distribuída, permeando países e culturas.

As pessoas estão se dando conta de que um de nossos objetivos aqui na Terra é ser mais do que o indivíduo. É interagir, evoluir como seres, sociedade, entregar ao universo mais do que as nossas somas individuais e obter felicidade e realização com a jornada.

Quando o ser humano coopera, coisas extraordinárias acontecem.

Antes de se perguntar como o assunto foi da revolução industrial para felicidade, perceba como o foco no século passado era econômico e vem migrando para realização e preenchimento das nossas vidas. Acredito ser esse um excelente sinal de maturidade para a humanidade: estamos saindo do operacional, do braçal, da subsistência e do mecânico para o intelecto. Estes sempre existirão, mas está ocorrendo um alinhamento entre benefício econômico, produtividade, realização pessoal, profissional e felicidade.

“As pessoas bem sucedidas fazem o que as pessoas mal sucedidas não estão dispostas a fazer. Não deseje que fosse mais fácil, deseje ser melhor”.
Jim Rhon

Melhor: A revolução industrial foi uma grande padronização e mecanização de ações repetitivas (claro, que exigiu intelecto) mas focada na “produtividade” e na transformação do ser humano em um apertador de botões. Com a evolução dos processos, estamos sendo substituídos.

Entre o núcleo da revolução industrial e o da informação, tivemos outras mudanças que vem servindo como “cola” e evidenciam ocorrências naturais, adaptações necessárias para que a transição ocorra e a humanidade consiga englobar culturalmente e evolucionalmente pessoas, processos, métodos, tecnologias, crenças, identidades e até a fé, diferentes e em estágios distintos de evolução.

Veja por exemplo como, em meados do século 20, o emprego no varejo (inclua aqui o comércio físico em geral, como shoppings, supermercados, lojas de departamento, fast-food e etc.) tornou-se o chão de fábrica do século 19, ou como o desenvolvimento de software vem se tornando nos últimos 5 anos o mesmo chão de fábrica.

Importante notar que, não importa qual a revolução de amanhã, essa “cola” sempre existirá e permeará os tempos e as culturas.

Retornando à questão da padronização e evolução de processos, a revolução da informação teve o seu momento idêntico, onde o ser humano “apertava botões“. De forma semelhante, o advento da inteligência artificial começa a mudar o panorama, assim como a especialização e a automação mudou a indústria.

Em ambos os casos, houve uma comoditização do modus operandi e foi criada uma camada de abstração que hoje nos permite usar elementos de ambas a baixíssimo custo, facilidade, padronização, racionalidade e de forma tão natural que podemos, a partir de agora, passar a nos preocupar com coisas novas. Já ultrapassamos esse barreira para com a revolução industrial e estamos à beira de ultrapassá-la no âmbito da revolução da informação.

O nível de padronização e automação está se tornando tão profundo que ouso afirmar que a próxima revolução estará ligada à quanto tempo o ser humano consegue dedicar-se ao seu processo de tomada de decisão, intelectual e para pensar o novo.

Imagine isso: entraremos em uma era onde a nossa capacidade de concentração, dedicação, cooperação e evolução será uma moeda. Na verdade, já estamos entrando nela e não nos demos conta.

“A pergunta que você deve fazer não é ” O que eu quero? ” ou ” Quais são meus objetivos? “, mas” O que me excitaria? “
Tim Ferriss

Eu tenho quase 43 anos, 27 de profissão e ainda trabalhei no modo revolução industrial de ser. É uma associação completa de produtividade com tempo, que engloba nosso sistema de ensino que, por sua vez, foi criado para treinar apertadores de botões. Ouve-se uma buzina, entra-se numa sala. Buzina, lanche. Buzina, recreio. Buzina, intervalo, buzina, prova… e você cumpre uma carga horária desde criancinha. Você aprendeu, desde pequeno, a respeitar os sinais que determinavam o que fazer até o fim da existência.

O que importava era chegar às 8 e sair as 18, onde você era medido por assiduidade e presença.

Repetição. Momentum. Status quo. Onde fica a criatividade e a inovação? Nosso sistema profissional e educacional, intimamente relacionados, não promoviam, não respeitavam e não tinham lugar para elas.

“Quando fazemos a mesma coisa repetidas vezes, você constrói momento, o que é bom para eficiência mas terrível para a inovação.”
Gus Balbontin

Convenhamos, sabemos que a natureza do trabalho está em franca evolução e mudança. Nos últimos dez anos, cada vez mais temos migrado para um trabalho relacionado a resultados e produtividade.

O tempo, que antes estava nas mãos do empregador e das instituições, está passando gradativamente para as mãos dos indivíduos. Chamemos, por questões didáticas, de mudança do paradigma do tempo. É, através dele, que as pessoas poderão desenvolver-se intelectualmente para abraçar metas cada vez mais audaciosas. Entretanto, com ele vem a responsabilidade de administrá-lo adequadamente, assim como a grande chance de nos alçarmos ao protagonismo.

De fato, sendo mais direto: tempo é uma moeda com lastro absoluto no nosso plano interpessoal, do dia a dia. O tempo não volta e, uma vez investido, ele se transforma e você tem uma perda ou um ganho, determinado por quão bem você investiu. Ao contrário do dinheiro ou bens, não há como gerar mais tempo (e o tempo ocioso é a maior perda de todas: ele vai embora sem transformação alguma).

“É o tempo que você desperdiçou em sua rosa que faz da sua rosa tão importante”.
Antoine de Saint-Exupéry

É aí onde entra o conceito por trás do talvez maior furto e do maior processo de enganação já realizados contra a humanidade.

Permita-me esclarecer.

Com a reconfiguração do paradigma do tempo em favor do indivíduo, as organizações e governos começaram a perder o acesso a mais de 50% do tempo de vida das pessoas. Chegar a esse número é fácil: você deveria dormir oito horas (desconto-as do total porque particularmente não considero dormir uma atividade pessoal ou profissional).

Desconte os intervalos do trabalho, alimentação e deslocamento e o que sobra é uma dicotomia temporal entre trabalho (expediente e horas extras) e vida pessoal (restante). Deixei o número em 50% como margem para ter uma zona que acomode os fins de semana, feriados e os workaholics.

Com isso, passa a ser cada vez mais importante onde você escolhe investir seu tempo. Lembre-se, outrora uma decisão tomada pelos outros, essa decisão está cada vez mais nas mãos do indivíduo (mas não sem esforço).

Vou ensinar como gerenciar o tempo eficientemente. Coloque todas as suas altas prioridades em uma lista e as baixas em outra. Depois, faça tudo das duas listas até isso te matar, do contrário, você é um perdedor.

Essa movimentação, sem dúvida alguma, tem chamado a atenção de governos e organizações. Evidência clara: perceba como as estratégias de marketing tem mudado nos últimos quinze anos e se tornaram tão invasivas que passaram a fazer ainda mais parte do nosso dia-a-dia e nem percebemos.

Eu lembro de uma época onde o debate na Internet era como empresas de tecnologia fariam para monetizar anúncios online, porque já estava ficando feio. Foi uma época antes do Facebook e antes do conceito do Google como motor de marketing, anúncios e notícias. Estamos falando do início do século, uma época que foi assolada pelo estouro da bolha das .com.

“Historicamente, a privacidade estava quase implícita, porque era difícil encontrar e coletar informações. Mas no mundo digital, seja através de câmeras digitais ou satélites, ou apenas o que você clica, precisamos de regras mais explícitas – não apenas para governos, mas para empresas privadas.”
Bill Gates

Em quinze anos, foi criado todo um ecossistema de captura da atenção do indivíduo, que vai do mais fundamental, como a criação do veículo em si (dispositivos móveis por exemplo), passando pelo profiling ou categorização do ser humano, criação de mecanismos de apuração de resultados até chegar à novas formas de interromper o uso do tempo no fluxo planejado por mim ou você (smartwatches e interfaces criadas com a única intenção de viciar o usuário em FOMO (Fear Of Missing Out).

Estes são alguns dos exemplos mais óbvios. A coisa está tão fora de controle que você paga pela assinatura de um produto ou serviço e, ainda assim, recebe propaganda através dele, algo inconcebível dez anos atrás. De fato, todo o argumento da indústria de TV por assinatura baseava-se em você estar livre de propaganda ou distrações (diga-se de passagem, o modelo da TV por assinatura está morrendo).

Hoje, até o menu iniciar do Windows 10 empurra anúncios na sua cara. Eu não vou nem mencionar os aparelhos celulares e seus aplicativos cheios de propaganda.

Como se não bastasse, ocorreu a transformação do indivíduo (e seu perfil de consumo / preferências) em produto. Ao usar plataformas como o Facebook, Google e tantas outras, seu perfil de utilização (tudo que você escolhe, diz, clica, comenta, compra, coloca no carrinho, cancela ou até mesmo recomenda) é associado a você, junto com informações demográficas e até o seu salário e isso é vendido livremente entre data brokers, empresas que existem com a exclusiva finalidade de saber quem você é através das suas escolhas online. Eu sequer entrarei nas implicações sobre privacidade.

“Os que podem desistir da liberdade essencial para obter um pouco de segurança temporária não merecem liberdade nem segurança”.
Benjamin Franklin

Essa é uma indústria mundial totalmente sem regulamentação ou fiscalização. De fato, dentre as seis maiores empresas de tecnologia do mundo, cinco estão relacionadas à essa prática, direta ou indiretamente.

Talvez agora, meu caro Leitor, tudo comece a fazer sentido para você. Enquanto reafirmo ser o tempo uma moeda de lastro absoluto, a atenção é o meio pelo qual o mundo retira nosso tempo do nosso bolso e deposita nas mão alheias. Trata-se de furto porque a relação que temos com o mundo que nos cerca e tais instituições não é clara e a retirada ocorre sem nosso consentimento ou percepção. Trata-se de enganação porque os termos e condições aos quais nos submetemos nos levam à conclusões equivocadas.

Permita-me agora propor uma atualização, diante de evidências mais ricas, à primeira frase do texto:

Atenção é poder.

Em uma era que se inaugura diante de nós, onde o intelecto, a capacidade de tomar decisões, de inovar e a responsabilidade do indivíduo aumentam, bem como o seu protagonismo, poderemos fazer muito mais no que diz respeito à questões como crescimento, evolução e desenvolvimento humano. Passa a existir um alinhamento fundamental entre a era que se inicia e o empoderamento individual, bem como a possibilidade, agora real, do ser humano se desenvolver pessoalmente e profissionalmente com as mesmas iniciativas e, na jornada, ajudar ao próximo e ser, de fato, feliz existencialmente.

Não entrarei no mérito da questão, mas pare por um momento e pense: vivemos em um País totalmente hostil ao empreendedorismo e, não obstante, temos mais empreendedores. Nunca se viu uma onda tão grande de treinamentos de desenvolvimento humano, pessoal, coaching e de auto conhecimento. Nunca houve uma procura tão grande por alinhar, conscientemente, a realização pessoal e profissional com a felicidade e as atividades do dia a dia que cada indivíduo ama realizar.

Você já olhou ao seu redor e se deu conta de quantas pessoas não aguentam mais seus empregos atuais tradicionais ou, colocando de uma outra forma, como a quantidade de empreendedores tem aumentado vertiginosamente nos últimos anos, mesmo diante de tantas dificuldades, como no nosso País?

A jornada requer foco. Ela requer o uso sábio do tempo e da nossa atenção, bens imateriais dos mais preciosos e que nos vem sendo furtados.

O nosso poder através do foco e da atenção é tanto que nossas escolhas determinam o sucesso ou o fracasso de produtos, serviços, empresas, governos, pessoas, políticos e tudo aquilo que compete por eles. Qual o valor que você tem dado a sua atenção?

Está na hora de fazermos algo a respeito disso. Está na hora de gerenciarmos melhor nossas escolhas, tornando-as conscientes; de gerenciar melhor quem tem acesso ao nosso foco, atenção e tempo. Está na hora de nos fazermos mais “presentes” e acordados.

Despertar é a palavra.


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Você Trabalha Ou Vive Sob Stress e Pressão?

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(*)Quero começar afirmando algo doloroso para alguns: pressão é normal, não só no trabalho, mas em diversos aspectos da nossa vida e pode ter sua fonte em diversos lugares.

Exploraremos hoje seis deles, abordagens individuais e uma potencial abordagem global:

A pressão sempre foi uma constante, provocada por algum dos pontos acima e, com o tempo (e o amadurecimento), adicionamos à equação algo que faz toda a diferença: inteligência emocional, que mencionarei por último, pois trata-se de um tema que facilita (muito) a lidar com a pressão.

Quando menciono que pressão é doloroso, não me refiro a sofrimento, necessariamente; refiro-me à mudança, um processo amplamente documentado e estudado na psicologia e que, ao longo do último século e meio, é tratado exaustivamente.

“Não há despertar da consciência sem dor.”
Carl Jung

O que é a pressão muitas vezes, se não uma comunicação desesperada de mudança direta ou indiretamente ligada à responsabilidade, visão distinta de uma realidade ou um embate de posicionamentos, provavelmente com data e hora para ocorrer?

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta à mudanças.”
Leon C. Megginson

Curiosamente, a citação acima é quase sempre atribuída a Charles Darwin mas, na verdade, ela é de Leon C. Megginson.

 

A mudança em si é um gerador fortíssimo de ansiedade. Soma-se a isso o fato de que muitos trabalham dentro de suas respectivas zonas de conforto. Mais, trabalham para se manter dentro dela. Mudar gera desafio imediato e um esforço muitas vezes indesejado, o que nos leva a talvez afirmar que a resistência à mudança é o cerne da questão, e não a mudança em si. Refratamos a mudança muitas vezes de forma inconsciente, sem sequer pensar a respeito.

Isso, meu caro amigo, não deveria ser indesejado. Pelo contrário, oportunidades de ser o protagonista lhe colocam no comando da sua vida, o que pode lhe levar a outra conclusão também dolorosa:

“A maioria das pessoas não quer verdadeiramente liberdade, porque liberdade envolve responsabilidade e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.”
Sigmund Freud

Chamo especial atenção a esse ponto porque ele transforma você em sujeito! Ele é fundamental para o nosso crescimento e ser ator principal do nosso palco exige responsabilidade.

Existem outros geradores de ansiedade e pressão, seja no ambiente de trabalho ou fora dele. Ouso afirmar: as questões e a ansiedade geradas pela falta de comunicação clara e a ausência de entendimento talvez sejam as mais presentes em nossas vidas. Abordei a comunicação em específico em dois artigos sobre como ela pode até ser considerada, quem sabe, a razão principal para a discórdia no mundo.

A minha argumentação gira em torno de dois pontos principais: em primeiro lugar, a responsabilidade do entendimento da comunicação é de quem emite a informação e essa responsabilidade (olha ela novamente!), é frequentemente negligenciada. Em segundo, elenco uma série de estratégias que podem ajudar muito a melhorar o processo de comunicação.

Além da comunicação, quero abordar três pontos adicionais que geram pressão e ansiedade, antes de retornar para a inteligência emocional. Perceba como há toda uma lógica por trás de falar de comunicação antes dos demais, pois sofrem influência direta ou indireta.

Um dos artigos mais lidos deste blog trata da gestão do tempo. Uma das reclamações mais comuns hoje em dia é a alegação de que não temos tempo para realizar o que queremos (ou devemos). No texto, repare que a conclusão fatal é de que a nossa agenda é populada pelos itens para os quais demos prioridade de forma consciente ou não. A questão toda resume-se a isso: descobrir como o tempo está sendo consumido e usar técnicas para colocar em nossas agendas aquilo que de fato é prioridade consciente.

“A falta de tempo não é uma desculpa plausível quando queremos fazer acontecer. Se assim fosse, todos os desocupados seriam bem-sucedidos.”
Tathiane Deândhela

No âmbito profissional, uma das grandes experiências que vivi foi a correta ou incorreta comunicação de prazos e a negociação de deadlines, batendo de frente com as expectativas geradas.

Quando não há uma gestão efetiva do tempo (ou comunicação ineficiente), não conseguimos medir a nossa produtividade e frequentemente comunicamos, para a cadeia de gestão, informações equivocadas, o que gera um fenômeno interessante: a equipe tem receio de comunicar e se comprometer com prazos que não conhece ou domina, simplesmente porque não há um trabalho de gestão de tempo sendo realizado e não porque a gestão é intransigente ou algo do tipo (que, por sua vez, se sente naturalmente insegura, sem evidências).

“Objetivos são sonhos com prazos.”
Diana Scharf

Mais uma vez, o que termina faltando é o protagonismo, a responsabilidade e a comunicação eficiente… grandes geradores de pressão e ansiedade, o que nos leva à próxima questão: a nossa percepção da realidade o que, para a PNL, é tratada pelo seu primeiro pressuposto, mencionando que “mapa não é território“.

É necessário entender que existe uma diferença entre a realidade objetiva (como ela de fato é) e a nossa percepção do que é realidade (chamado de realidade subjetiva). Isso ocorre porque a nossa interface com o mundo ocorre através dos sentidos e o que de fato armazenamos pode ser alterado por uma série de fatores, como questões de personalidade, sentimentos, distorções, omissões e generalizações, tema que abordei nesse outro artigo.

A questão é extremamente importante porque nos permite, de cara, entender que a percepção da realidade é subjetiva, por mais que se force a barra. A sua realidade é diferente da minha e está sujeita a um sem número de interações e experiências que você teve ao longo da vida, o que, em outras palavras, significa que o certo de alguém pode ser diferente do certo de outra pessoa por uma pura diferença de interpretação da realidade.

Isso, tomado por base, nos faz refletir e respeitar melhor as opiniões alheias.

No artigo sobre o dilema do certo versus o errado, exploro a questão, indo um pouco adiante: além das nossas representações internas sobre realidade serem potencialmente diferentes, o mundo é composto de bilhões e bilhões de variáveis, a maioria sequer conhecidas por nós, o que implica na existência de talvez milhões de “certos” e milhões de “errados”.

O ser humano, por uma necessidade fundamental de “entender” tudo que o cerca e um medo irrefreável do desconhecido, atribui muitas vezes explicações a coisas inexplicáveis. Esse é outro fenômeno bastante estudado ao longo do tempo e tem o efeito colateral de fazer com que as pessoas se agarrem às suas verdades, achando que são únicas e imutáveis, gerando conflitos de entendimento ou “mapa” e comunicação, por não conseguirem enxergar realidades ou alternativas.

É necessário, como ser humano, ter a humildade para entender que podemos não ter inteligência, conteúdo ou comportamento adequado e suficiente para compreender muita coisa no universo e isso não está, necessariamente, errado ou carente de retificação imediata e depende de um processo de evolução longo.

“A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o medo mais antigo e o mais forte é o medo do desconhecido.”
H. P. Lovecraft

Ao expor os pontos acima, há de se convir que os seis, colocados como geradores de ansiedade e pressão em nossas vidas, tem um caráter subjetivo e nem sempre uma solução clara e direta. Cada caso é um caso e precisa ser avaliado com carinho.

Entretanto, existe um fator que permeia as seis questões e pode servir como uma potencial solução mais ampla, talvez associada a uma comunicação eficaz: a inteligência emocional.

Trata-se de um conceito difundido e popularizado pelo psicólogo Daniel Goleman há cerca de 10 anos, mas que vem sendo aplicado com algumas variações deste o início do século passado.

O mais interessante do trabalho de Goleman é o fato de que, dele, derivaram-se tantos outros trabalhos (inclusive, de outros autores), evoluindo nas mais diversas direções, como o conceito de inteligência social, foco / mindfulness e tantas outras “inteligências”.

De uma forma bem prática, inteligência emocional significa avaliar, através do comportamento de um indivíduo, as emoções que estão sendo representadas, bem como o desenvolvimento da habilidade de lidar com elas e com as suas próprias (em reação a alguém ou que provoquem reação em alguém).

Permito-me adicionar um comentário à definição: ao aprender a lidar com as próprias emoções e com as do próximo, comunicar-se e apresentar-se ao próximo e à sociedade de forma mais eficiente, mantendo a fidelidade para com os seus sentimentos e opiniões originais (você agora deve estar pensando: nem todo mundo é fiel aos seus sentimentos e opiniões originais…).

De acordo com ele, o nosso “cérebro” emocional é mais rápido do que o “racional”, portanto, é tão importante na comunicação e transparência nos relacionamentos.

Perceba como o uso correto desse conceito tem o potencial de desarmar a grande maioria das situações de conflito, ansiedade e pressão que surgem no nosso dia-a-dia. Perceba talvez, como a comunicação acontece muito além da palavra (argumento principal desse outro artigo) e como a interpretação de sinais não-verbais está intimamente ligada ao conceito de inteligência emocional:

“As emoções das pessoas raramente são colocadas em palavras, muitas vezes elas são expressas através de outras pistas. A chave para intuir os sentimentos de outros é a capacidade de ler canais não-verbais, tom de voz, gesto, expressão facial e similares.”
Daniel Goleman

Identificar em nossas próprias vidas e nas relações interpessoais os seis pontos levantados aqui pode (e deve) trazer uma série de recursos adicionais para que cada um lide melhor com as pressões diárias, seja no trabalho ou fora dele. Uma vez identificados os pontos de pressão e atrito, fica mais fácil trabalhar cada um deles individualmente ou aplicar estratégias mais amplas, como a inteligência emocional por trás das relações.

Para finalizar, retorno ao início do texto: pressão deve ser natural para o ser humano e significa, dentre tantas coisas, que ajustes e mudanças estão ocorrendo. Pergunto-me: talvez não estejamos vivos até hoje por causa da nossa habilidade de lidar com isso?

Finalizando com essa linha de raciocínio, deixo você com essa apresentação para entender como o nosso corpo lida com a dor, objetivos, liderança e o amor biologicamente e as razões evolucionárias por trás do stress e da ansiedade. Como bem diz Simon Sinek no vídeo: o stress é contagioso, basta observar um grupo de gazelas, defendendo-se de um predador.

Referências adicionais:


(*) Esse texto é fruto de um processo criativo que iniciou-se a partir de conversas com ex-colegas de trabalho e amigos, e terminou gerando três artigos sobre desafios profissionais bastante comuns e com profundo impacto na vida de tantos.


(*) O texto sobre os desafios (positivos!) do meu trabalho e como isso tem me feito crescer, gerou uma procura enorme nas redes sociais, WhatsApp e ligações de voz. Foram dezenas de mensagens e conversas extremamente interessantes.

O que me surpreendeu foi o tom das conversas. Enquanto vivo um momento de crescimento e gratidão, percebo que muitos estão inseridos em um contexto mais desafiante. A maioria relata ser isso um efeito colateral da crise e ausência de oportunidades. Outros, chegaram a verbalizar que precisam mudar suas respectivas posturas e dois confessaram, depois da conversa, que precisam se empenhar mais.

Nossos bate-papos me inspiraram a escrever sobre os três dos principais temas, traduzidos em três textos semanais, cada um abordando um tema em específico. O primeiro deles é esse, sobre pressão, com foco no ambiente de trabalho.

Estes textos são dedicado a vocês, alguns ex-colegas de trabalho e amigos que encontram-se vivendo em situações que variam da pressão natural do trabalho até outras, quase que insustentáveis. Saibam meus queridos que existe, sim, saída. Ela tem diversos passos, mas começa por acreditarem em vocês mesmos.

Como cheguei a dizer a muitos: vistam as capas de mago!

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Uma Conversa Sobre Desafios

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Muitas pessoas me perguntam o que eu faço.

Para alguns, respondo que sou vendedor (uma simplificação extrema)…

Para outros, digo que sou consultor e pergunto: sabe aquela história que, se conselho fosse bom, se vendia? Pois bem. (*)

Em 26 anos de profissão, considero a seleção profissional que fiz, para estar onde estou hoje, a mais desafiante.

Não no sentido de fazer testes, provas, conhecimento em si ou questões técnicas pontuais, mas no envolvimento das pessoas. No meu envolvimento e no de todos os profissionais que me entrevistaram e participaram do processo.

Fiz várias entrevistas por telefone, incluindo com altos gestores e, o que me chamou mais atenção, foi o cunho pessoal das interações. O interesse não era apenas debater minhas qualificações, mas descobrir quem eu era no fundo (usando intencionalmente o verbo no passado porque, claramente, sou uma pessoa diferente hoje).

Durante o processo, a pessoa que viria a ser o meu atual Gestor, falou inúmeras vezes que uma coisa, das mais importantes na seleção, é a contratação de pessoas do bem. Isso me deixou um pouco confuso: na época, perguntava-me qual seria o critério de avaliação em si, para algo tão subjetivo.

A questão também me deixou surpreso e curioso: nunca tinha ouvido algo remotamente parecido desde os 16 anos, quando entrei no meu primeiro estágio.

Hoje eu entendo.

Eu tive uma formação técnica e migrei da área de implantação para a pré-venda em 2006. Aos poucos, fui virando a chave para a área comercial, sempre ligado à empresas de tecnologia direta ou indiretamente, como IBM, Cisco, Symantec, Microsoft, Oracle e HP/HPE (tendo, inclusive, trabalhado nessas duas últimas grande escolas).

Apesar da bagagem e da experiência adquiridas, pouca coisa me preparou para essa jornada. Passei quase a minha vida profissional inteira implementando, desenhando, arquitetando e vendendo soluções de tecnologia, incluindo hardware, software e serviços, mas não tinha vivido a experiência de me envolver com pura propriedade intelectual, pura inteligência e aconselhamento em um nível estratégico, apoiando processos de tomada de decisão que certamente tem impacto na vida de muitas pessoas.

Sem dúvida, conhecer de tecnologia facilitou a caminhada. Entretanto, vender uma ideia tem muito mais a ver com confiança, rapport, empatia e desenvolvimento profissional, pessoal e humano, do que com algo tangível, como um servidor ou software de computador. Não é minha intenção desmerecer uma coisa em favor da outra, apenas evidenciar que são situações totalmente distintas. O valor que nós entregamos é percebido ao longo dos meses, quando as decisões e mudanças estratégicas começam a surtir efeito e resultados práticos.

Último dia de treinamento na Academia da empresa em Fort Myers, FL

Os primeiros dois meses foram em treinamentos fora do País. Durante todo o período, aquela afirmação do meu atual Gestor não saía da minha cabeça. Na Academia, aprendemos tantas coisas… mas o mais interessante foi começar a perceber que ela tem mérito e não é nada subjetiva.

Comecei a perceber os perfis de cada um. Totalmente heterogêneos: tínhamos na sala de vendedores de tecnologia a da indústria farmacêutica, seguros, carros e até de loja de departamentos.

Tentem adivinhar o que talvez todos tenham em comum?

Pois é.

Let’s go on an adventure!

Desde 2010 que atuo em home-office. Trata-se de uma experiência muito interessante e que tem suas peculiaridades e particularidades. Uma delas é a distância natural do escritório e do networking interno. Sua interação com pares se dá em eventos da empresa ou de forma mais objetiva por email e telefone.

Confesso que é um trabalho, muitas vezes, solitário.

Entretanto, converso até hoje com as pessoas com quem fiz a Academia. Trocamos ideias e sugestões de atuação. Realmente nos preocupamos uns com os outros, torcemos pela vitória e comemoramos cada uma delas. Sim, o trabalho é desafiante. Talvez o mais desafiante de todos, mas as pessoas se ajudam e se apoiam.

São pessoas do bem.

Oportunidade única que tive de enfrentar Darth Vader no Gartner Symposium 2017

Nos últimos dois anos, tenho aprendido bastante sobre desenvolvimento humano e pessoal, PNL e coaching. De fato, isso vem me permitindo enxergar a realidade de uma forma completamente diferente.

Em paralelo, algo começou a me chamar cada vez mais a atenção: o caráter de desenvolvimento pessoal e profissional presente no desempenhar do meu próprio trabalho.

Imagine trabalhar em uma empresa onde o seu Gestor é treinado em liderança e, ao mesmo tempo, seu mentor. Um lugar onde ele não só cobra o atingimento de metas mas se preocupa com o seu desenvolvimento profissional e pessoal. É importante mencionar que experts em liderança e inteligência emocional da atualidade, como Simon Sinek e Daniel Goleman, pregam que o foco deve ser nas pessoas e liderar significa cuidar delas e não dos números. Entretanto, ainda é raro ver esse comportamento na prática e me sinto privilegiado por ter isso hoje.

Isso me lembra uma pesquisa que li e tantos outros artigos sobre o motivo pelo qual as pessoas deixam seus empregos e a razão número um é a relação com seus chefes e gestores. De fato, esse é uma tese que vem sendo cada vez mais comprovada.

Dezesseis anos atrás, eu aprendi que a única forma de evoluir como ser é sair da zona de conforto. Eu não tinha ferramentas na época e nem até pouco tempo atrás. O que eu sabia era me jogar nos desafios. Comecei a desenvolver um comportamento de procurar por eles e a me entregar, por mais doloroso que fosse. Não foi diferente quando decidi mudar de emprego no início do ano passado.

Eu tinha um emprego excelente. Trabalhava com pessoas fantásticas e considero a empresa em si iluminada e de gente do bem. Sinto saudades e respeito cada uma das pessoas que trabalham lá. Mas quando a oportunidade de fazer algo diferente apareceu diante de mim, eu reconheci como “a grande oportunidade” de desenvolver um lado meu que se encontrava adormecido.

Meu foco era totalmente profissional mas… Nossa, como eu acertei, inclusive em patamares desconhecidos.

Recordo-me de uma máxima que diz que as empresas são feitas de pessoas. Eu já tive experiências traumáticas no passado e nunca essa frase fez tanto sentido.

Reclamamos muito quando encontramos um ambiente de trabalho incompatível com o nosso “eu” e afirmamos coisas como “essa empresa é complicada“, “essa empresa não é honesta” ou “não sou compatível com as práticas daqui” e coisas do gênero e levamos tanto tempo para perceber que essa característica é, provavelmente, herdada da maioria das pessoas que trabalham nela e, você, pode ser uma exceção (ou não).

Eu e minha esposa no Gartner Winners Circle: Evento para os melhores desempenhos em vendas

Isso também é verdade ao contrário: quando a maioria das pessoas que trabalham em um lugar são do bem, a empresa herdará essa característica.

Você pode estar se perguntando porque resolvi contar uma história tão longa para falar de zona de conforto e desafios. Talvez seja minha forma de agradecer ao universo por me guiar numa decisão tão importante e acertada. Talvez seja a minha forma, mais longa, de dizer para você a mesma coisa que Steve Jobs falou, pouco antes de morrer:

“Seu trabalho preencherá uma grande parte da sua vida, e o único caminho para ser verdadeiramente satisfeito é fazer aquilo que você acredita ser um bom trabalho. E a única forma de fazer bons trabalhos é amar o que você faz. Se você ainda não achou, continue procurando. Não se acomode. Assim como com todos os assuntos relacionados ao coração, você saberá quando achar.”
Steve Jobs

Portanto meu caro leitor, se você trabalha odiando as segundas-feiras e comemorando as sextas… Talvez seja a hora de avaliar essa questão. Talvez seja a hora de reconhecer quais os reais motivos que fazem você ser infeliz ou, quem sabe, dificultam tanto essa sua jornada em busca da sua felicidade.

Companheiros de batalha no último Gartner Symposium (2017)

Não estou aqui pregando que o seu trabalho deva, necessariamente, ser a sua fonte de felicidade (abordei o tema notadamente no meu texto anterior sobre o Natal)… mas se você não encontrou o seu porquê, reavalie e, se me permite deixar uma lição dessa história: alçar vôos em rumo ao novo pode ser justamente o desafio que você precisa para entrar na zona de esforço, crescer e ser feliz.

Se você se encontra hoje em uma empresa onde não se sente bem… Já parou para avaliar o que faz você continuar nela? Se você não está satisfeito com o que a empresa lhe proporciona mas, ao mesmo tempo, você está em sua zona de conforto… Será que você não tem mais em comum com a empresa do que gostaria?

Para finalizar, deixo vocês com um dos TEDs mais vistos de todos os tempos: Simon Sinek, falando sobre como líderes inspiram a ação (e de quebra, explicando a importância de encontrarmos o nosso porquê). Coincidência (ou não), vi o vídeo pela primeira vez na Academia.

 

Quer saber mais?

 

 


(*) É um desafio explicar de forma simples, quando o que você entrega é, muitas vezes, estratégico e, de certa forma, intangível.

O Gartner surgiu na década de 70 como uma empresa que ajudava fundos de investimento a avaliar onde colocar seus recursos no recém universo das startups de tecnologia do vale do silício. A partir daí, evoluiu para uma consultoria na área de tecnologia e não parou mais de crescer. Hoje, atua em mais de 90 países oferecendo pesquisas e aconselhamento que ditam o rumo do setor, com uma visão de futuro de 20 anos, sendo não só a maior, como a empresa mais respeitada do mercado onde atua. Com o apoio do nosso aconselhamento, o C-level toma decisões todos os dias que influenciam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

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A Arte da Gestão das Prioridades (e não do tempo)

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Antes de começar, gostaria de colocar aqui uma frase que é quase uma prévia de tudo que direi adiante:

“Tudo é uma questão de prioridades. Se você não tem tempo para algo, é porque já traçou suas prioridades lá atrás, fez suas escolhas e talvez nem tenha percebido.”
Romulo M. Cholewa

Terras e tempo deixaram de fabricar há muitos anos.

O tempo é o mesmo para quaisquer indivíduos que povoam a terra ou qualquer outro lugar. Se houver vida fora do nosso planeta, o tempo será provavelmente o mesmo para eles, medidos de alguma outra forma que faça sentido no contexto deles.

O tempo é não gerenciável.

E nem adianta argumentar usando como base Einstein, a teoria da relatividade e coisas do gênero. Na nossa realidade interpessoal do dia a dia, onde as velocidades são baixas o suficiente para não alterar a relação espaço-tempo, o dia continua com vinte e quatro horas.

Isso.

Aceite.

Ele tem lastro absoluto e não há como ter mais horas no dia.

Não há banco de horas. Desperdiçou? Já era.

Há, sim, como definir prioridades.

Entretanto, há quem afirme que o tempo é relativo. De fato, a nossa representação e interpretação do tempo pode variar, assim como a nossa representação da realidade objetiva. O tempo é reconhecido pelos nossos canais representacionais (visual, auditivo e cinestésico, que inclui os demais) e interpretado pelo cérebro. Inúmeros fatores podem alterar essa percepção: para onde vão mesmo os 5 minutinhos da soneca do despertador pela manhã? Ficar um minuto embaixo de uma ducha morna agradável ou 60 segundos dentro de uma piscina gelada nos dá uma boa ideia do fenômeno.

E se eu disser a você que é possível usar isso ao nosso favor? A nossa produtividade está diretamente ligada ao quanto conseguimos fazer por fração de tempo. Se organizarmos nossas tarefas e focarmos no resultado, o tempo será melhor aproveitado e parecerá dilatar-se. Se ficamos ociosos ou mal planejados, teremos a sensação de que o tempo passou rápido e… Não deu tempo! Prestar atenção e focar também é desafiante, em um mundo onde…

Tudo luta por nossa atenção, o tempo todo.

Permitam-me uma pausa e um parágrafo para destacar essa afirmação, pois ela não só é poderosa como tem influência na vida de todos, muito além do que imaginamos. O mundo hoje é construído para atrair a nossa atenção: seja na rua, em casa, na TV, na Internet, no celular, em TODOS os lugares. A moeda do mundo hoje não é dinheiro, é tempo! A forma com a qual se tira essa moeda do seu bolso é através da sua atenção. As maiores empresas do mundo hoje negociam essa moeda.

Como tomar o controle de volta?

Calendarize

Existem duas coisas fundamentais em qualquer plano de gestão de prioridades: identificar com o quê o seu tempo está sendo gasto e quanto tempo levam as atividades que deseja desempenhar. A melhor forma de se medir as duas é calendarizando.

A técnica é simples e consiste tão e somente em anotar todos os seus compromissos em um calendário, com as durações estimadas. Ao executá-los, perceba qual o tempo máximo que você usa para cada tarefa. Lembre-se de anotar também coisas que parecem fúteis, inúteis ou sem sentido, como o tempo que você leva para se deslocar para um compromisso, o tempo que demora para se arrumar ao acordar, estacionar o carro, fazer cada refeição, lanchar, tomar café, dormir, fumar um cigarro e assim por diante. Se possível, anote até o tempo que dedica às redes sociais, seja no celular ou computador. Você irá se surpreender.

Não há outra forma de identificar onde você investe seu tempo sem fazer isso. Pode parecer ridículo anotar quanto tempo se leva pra comer, mas no final, fará sentido, pois o dia só tem 24 horas e não há como lutar contra. Calendarizar fará toda a diferença na sua vida a partir do momento em que se tornar um hábito. Visualizar onde seu tempo está indo lhe renderá boas risadas e insights.

Ferramentas

Eu recomendo usar uma ferramenta eletrônica para anotar suas atividades. Hoje em dia, qualquer celular possui calendário que sincroniza com contas online. Se você usa Apple (iPhone, iPad), pode acessar sua agenda online no site iCloud. Se você usa Android, sua agenda também estará sincronizada com o GMail. Alterações feitas na sua agenda online serão imediatamente sincronizadas com seu celular e vice-versa. Eu particularmente me sinto mais confortável em montar minha agenda no PC/Desktop e deixar apenas as pequenas correções e adições pontuais para o celular. A título de curiosidade, uso o Outlook, sincronizado com uma conta Office365.

Também uso um app chamado Hurry para Android, além da agenda. Ele permite uma visão em contagem regressiva muito útil para eventos mais importantes. Para visualizar a agenda de forma mais fácil na área de trabalho do aparelho, uso outro app (widget) chamado Event Flow.

Entretanto, anotar, organizar e acompanhar a agenda é apenas o primeiro passo e pode ser feito até em papel ou numa agenda convencional. Existem alguns fatores e abordagens que podem ajudar a realizar as tarefas mais rápido, além de organizá-las.

Rotina

Manter uma rotina ajuda muito na administração das prioridades. Além de tornar o que for possível mais previsível, a repetição é a mãe da excelência e isso fará com que tarefas sejam executadas mais rapidamente. Acorde no mesmo horário, assim como tomar café da manhã, almoçar e quaisquer outras atividades que sejam passíveis de padronização.

Evite Fazer Mais de Uma Coisa Por Vez

Você se acha a pessoa mais produtiva do universo porque consegue fazer múltiplas coisas ao mesmo tempo? Sorry amigo. Pode parecer brincadeira, mas existem inúmeros estudos que comprovam que a nossa eficiência cai até 40% ao alternar entre tarefas. Em outras palavras, fazer mais de uma coisa fará com que você consuma mais tempo e opere quase que na metade da velocidade, além de aumentar muito as chances de erro. Não caia na tentação de ficar chaveando entre tarefas ou na pressão do chefe, trabalho ou prazos. Você comprovadamente será mais eficiente ao focar em uma tarefa por vez.

Telas e mais Telas: Redes Sociais, Celulares, Alertas…

Os três itens a seguir estão intimamente ligados. São eles:

Redes Sociais

Sem sombra de dúvidas, o maior buraco negro de tempo da humanidade hoje chama-se rede social. A quantidade de tempo que dedicamos a elas, frente à sua utilidade, é uma razão indefensável. A não ser que você trabalhe diretamente com isso, não há razão para checar seu status e as mensagens dos amigos a cada 5 minutos. Isso tira mais seu foco do que alternar entre tarefas e destrói sua produtividade. Coloque em sua agenda um horário para interagir com as redes sociais.

Evite o Celular

Quando afirmo isso, é no sentido de deixá-lo relegado à sua função de falar e ser ouvido, diretamente desatrelado do uso de redes sociais. Apagá-las do aparelho pode ser drástico demais para alguns, mas sua produtividade pipocará imediatamente. Se não quer chegar a esse ponto, desligue os alertas. Mais adiante.

Ainda, Adam Alter, psicólogo, aborda o tema nesse TED maravilhoso que afirma que há uma tendência de CEOs, CIOs e altos gestores de empresas de tecnologia limitarem o seu uso em casa, junto aos seus filhos, permitindo que eles interajam socialmente com outras pessoas de forma presencial. O tempo que as “telinhas” retiram do nosso dia é assustador.

Alertas e Mais Alertas

Quando recebemos uma mensagem e ouvimos o alerta no celular, smartwatch ou notebook, desktop, laptop, tablet e etc., acionamos o centro de recompensa do nosso cérebro. Isso é um processo documentado e estudado e que leva ao vício. Estamos presos aos nossos celulares por causa desse motivo e existe até nome para essa síndrome: FoMO (Fear of missing Out ou medo de perder algo). Deixe os aparelhos e seu smartwatch configurados para alertá-lo apenas para aquilo que, de fato, merece, e não para cada curtida no Facebook, no Instagram e mensagens de cada grupo do WhatsApp. Novamente, agende suas interações com as redes sociais e com e-mail.

Planeje a Semana Posterior

Uma excelente prática é organizar a semana seguinte. À medida em que você começa a ter ciência das atividades que devem ser realizadas na próxima semana, coloque-as no calendário. Reserve talvez uma ou duas horas na tarde da sexta para organizar a agenda da semana seguinte, incluindo todas as atividades, como reuniões, refeições, academia, tempo estimado de deslocamento e etc.

Diga Não

Uma atividade que demora mais do que o esperado consome tempo de outra. Não há como recuperar esse tempo e ele prejudicará algo que já estava planejado. Se você não se organiza, não consegue dizer quanto tempo suas atividades tomam do seu tempo e não consegue dizer não ao que sai do planejamento, não pode reclamar nem justificar que está sem tempo. Lembre-se, ao afirmar que não tem tempo, é porque você já tomou a decisão de priorizar outra tarefa ou atividade. Se desejou substituir uma pela outra, por que então a tarefa substituída foi parar na sua agenda em primeiro lugar?

Quero finalizar com o excepcional TED de Laura Vanderkam, onde ela faz uma afirmação poderosa:

“Nós não construímos as vidas que queremos economizando tempo. Nos construímos as vidas que queremos E o tempo se ajustará.”
Laura Wanderkam, no TEDWomen 2016

Ela fez um trabalho com dezenas de executivos com agenda assustadoramente ocupada e conta a história de uma mulher que teve que lidar com um equipamento de arrefecimento quebrado em casa. Foi ao todo 7 horas de dedicação para consertar o que estava quebrado e livrar-se da inundação.

Se perguntassem a essa executiva na semana anterior se ela teria uma hora por dia para fazer exercícios, a resposta seria não. Mas diante da contenção, ela foi capaz de ajustar o seu tempo em torno do que era necessário fazer para dirimir a emergência e continuar com sua agenda usual. Em outras palavras, tudo é uma questão de prioridade, o que nos remete à primeira frase do texto.

Devemos parar de dizer que não temos tempo para algo, mas sim que temos tempo para o que queremos fazer (o que, de fato, acaba acontecendo), de forma consciente e passar a escolher melhor. Devemos sim, encher nossa agenda com nossas escolhas e parar de nos iludir. As ferramentas e técnicas que apresentei aqui funcionam muito bem para ajudar você a identificar para aonde seu tempo está indo e economizá-lo aqui e ali. Entretanto, serão suas escolhas que colocarão o que você quer na sua agenda. O próximo passo é seu.

“Eu não tenho tempo = não é uma prioridade.”
Laura Wanderkam, no TEDWomen 2016

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Ah, O Natal e o Fim do Ano…

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Essa época do ano é especial para mim. Não sou religioso (também não sou ateu), e me considero uma pessoa espiritualizada. Respeito as convicções religiosas de cada um, desde que elas não preguem o ódio ao próximo (acreditem, bastante comum).

E o que danado estou eu fazendo, ao escrever um post sobre Natal e o fim do ano?

Natal é lindo. O fim do ano também.

Natal é uma época do ano, na região onde vivo (Nordeste do Brasil), onde as pessoas se amam mais. Elas sorriem mais, querem mais bem umas às outras e se ajudam (exceto nos centros comerciais).

Faço questão de falar a região onde estou porque outros lugares do mundo possuem outras culturas e o Natal é uma festa cristã. Temos a tendência de achar que isso é normal, mas o “normal” mesmo, se considerarmos a maioria das práticas religiosas, é a soma do islamismo, induísmo e budismo (mais de 45%) e pessoas sem religião (12%). Cristãos são menos de 30% da população mundial.

Talvez o espírito dessa época do ano, na região onde vivo, seja uma mistura de uma maioria cristã com o balanço de nossas vidas, feito geralmente em dezembro. É agora que as pessoas olham por cima dos seus ombros e enxergam o que fizeram por 12 meses.

É agora que as pessoas olham para o futuro e planejam (e desejam) o melhor. É agora que calculamos o saldo das nossas vidas e percebemos que o bem atrai o bem.

Se o Natal é uma festa religiosa? Que seja. Se é um momento onde todos confraternizam e exercitam o bem estar? Que seja também!

Se pensarmos direitinho, o dia primeiro de janeiro é igual a hoje, igual a ontem e igual à qualquer dia da semana passada. Tem 24 horas e pode chover ou não. Tanto o Natal quanto o ano novo e nosso calendário são, historicamente, convenções. E o que realmente importa?

O fim do ano não é nem um fim nem um início, mas uma continuação. Agora, imagine o que você pode fazer daqui por diante, com toda a experiência e maturidade que você tem hoje que, certamente, há um ano atrás, julgava inatingível?

Quando as pessoas miram no Natal e no 31 de dezembro, elas exercem o direito de sonhar com um futuro melhor. Elas são contaminadas por esse desejo e entendem, por um breve momento que seja, que um futuro melhor também depende delas, mesmo que inconscientemente.

Estarei sendo eu, ingênuo, ao pensar tudo isso?

Talvez.

Estarei eu sendo leviano? Improvável.

Eu gosto de acreditar, assim como Steven Pinker, que o mundo está ficando menos violento com o tempo. Eu gosto de acreditar que as pessoas estão mais amáveis, acessíveis e mais felizes. Nunca na história da humanidade a felicidade foi tão importante. As pessoas tem uma tendência de confundir a felicidade derivada de momentos efêmeros com a felicidade oriunda do existencialismo… não obstante, felicidade.

Cabe aqui uma nota explicativa: ser feliz é diferente de estar feliz. Enquanto a primeira emana do ser, da sua condição exercida e existencial, a segunda advém de momentos passageiros, usualmente associados a festas, baladas, abuso de substâncias, aquisição de bens materiais, jogos e outras atividades que estão geralmente associadas ao status, ascensão social ou, ultimamente, ao dinheiro.

A felicidade existencial, por outro lado, normalmente não custa nada. É chegar em casa para o abraço da prole ou da cara-metade; é ouvir um eu te amo; é contribuir para a evolução ou desenvolvimento do próximo sem esperar nada em troca; é ajudar alguém na rua; é a caridade… é tudo aquilo que traz felicidade como consequência de quem você tem sido: um bom pai / mãe / filho(a), um bom marido / esposa, um bom ser humano.

É óbvio que divertir-se eventualmente patrocinando momentos felizes é fantástico. A questão é focar nisso como motor de sua felicidade e viver de altos e baixos, afinal, a felicidade perene é a existencial.

Voltando para o Natal e o ano novo, vejo uma tendência dessa época do ano em exacerbar a felicidade existencial. Claro, muitos são contaminados pela pressão comercial e cedem ao momento, esquecendo de aproveitar o espírito de bondade dessa época.

Mas nem tudo está perdido. Até meados do ano passado, o ato de abraçar para mim era um tabu. Emocionar-me, idem. De fato, demonstrações de emoção,  principalmente públicas, eram terreno proibido. Hoje, percebo que a empatia demanda aproximação e não existe caminho mais curto para ela do que demonstrar carinho e bem querer.

Por causa disso, minha vida mudou substancialmente para melhor e tenho certeza de que este natal e ano novo serão bem diferentes. Sinto-me mais próximo das pessoas. Consigo enxergá-las melhor e agradeço ao universo por não ter mais receio de me aproximar!

Para quem não está entendendo nada e nem onde quero chegar… Pense nessa época do ano como, talvez, um empurrão cósmico. Uma brisa de bons fluidos que começa a soprar nas suas velas existenciais, permitindo que você ajuste seu rumo em direção à positividade… em direção ao bem querer, em direção à um “ser” de bondade, de ajuda ao próximo e de caridade… em direção à sua evolução.

Você tem cerca de quinze dias para testar a minha teoria, aproveitar o momento e ver se gosta. Se valer a pena, quem sabe… 2018 em diante será maravilhosamente fantástico!

Um forte abraço e meu mais puro desejo de transformação positiva e bondade! Feliz Natal e um excelente ano novo!

O que você teria feito há um ano se soubesse ser impossível dar errado?

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A Representação Do Que Nos Cerca e A Realidade Tênue

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Quando você sente o cobertor macio da sua cama ao deitar-se, tem a representação dele transferida para sua mente pela sua pele em um conjunto de impulsos nervosos.

Quando você escuta aquela música preferida que arrepia a coluna,  seu ouvido está transformando o som em impulsos elétricos transmitidos também ao cérebro, que os interpreta e os armazena. O mesmo processo se dá ao abrir os olhos pela manhã e ver o teto do seu quarto ou o sol nascendo.

Isso acontece com qualquer estímulo ao seu corpo: um órgão de sentidos transforma a informação recebida em impulsos que são transmitidos para o cérebro que, por sua vez, cria representações daquele conjunto de impulsos elétricos e as armazena.

Ou seja, a realidade que nos cerca na verdade é uma representação criada pela mente.

Agora, imagine que nem todos os estímulos que chegam até nós alcançam o cérebro e são interpretados e armazenados.

De um sem número de estímulos potenciais que nos cercam, nosso corpo consegue interpretar uma fração deles e, ainda assim, lidar apenas com menos de uma dezena, simultaneamente.

Provar isso é mais do que fácil: se você está prestando atenção ao ler esse texto, provavelmente não está ouvindo a torneira que pinga, o carro que passa na rua e que buzina, uma música distante, o barulho do ar-condicionado ou até alguém chamando você. De uma forma análoga, vá ao shopping (lugar repleto de estímulos) e converse com alguém. Você provavelmente não ouvirá a música que toca ao fundo ou não verá o palhaço que passa à sua frente.

Para não ter uma representação incompleta da realidade, armazenar memórias coerentes e permitir que consigamos prestar atenção e focar em algo, a sua mente usa vários recursos para preencher as lacunas e, em especial três. Na PNL, chamamos isso de filtros GOD (Generalização, Omissão e Distorção).

Generalização

Com a generalização, comparamos novas experiências com antigas e tendemos a armazená-las como situações idênticas. Um exemplo simples é a criança que consegue abrir a porta pela primeira vez e tentará abrir todas as demais portas do mesmo jeito ou a que foi mordida por um cão e, a partir dessa experiência, fica com medo de cães. Uma boa forma de detectar situações de generalização é reconhecer expressões como “sempre”, “toda vez”, “nunca” e afins. Elas são um ótimo indicador de que a pessoa que as usa generalizou para armazenar aquela memória.

Omissão

Trata-se do exemplo que dei anteriormente. Ao prestar atenção ou focar em algo, deixamos de ouvir sons, ver ou sentir coisas ao nosso redor.

Distorção

Usamos a distorção quando alteramos a percepção da realidade por algo diferente, muitas vezes, algo familiar. É quando achamos que um ponto marrom na parede é uma barata, quando vemos uma corda e achamos que é uma cobra, quando interpretamos equivocadamente alturas, distâncias, temperaturas ou quando de uma forma geral, confundimos sons e sabores.

Recomendo fortemente os TEDs do Dr. Donald Hoffman e do Dr. Anil Seth (este último ainda mais direto sobre como alucinamos e chamados de realidade!) sobre o tema de como a realidade é uma representação da mente (possui legendas em português).

“A realidade é meramente uma ilusão, apesar de ser uma bem persistente.”
Albert Einstein

Ainda na PNL, usamos o termo “alucinação” para definir a  visão particular de realidade e o termo “calibração” para a diferença entre realidade objetiva e a nossa “visão” do que é realidade, considerando toda a nossa subjetividade.

Diante das informações acima, perceba como isso afeta a comunicação e as relações interpessoais. Como estamos lidando diariamente, múltiplas vezes, com as alucinações (calibradas ou não) das pessoas que nos cercam. Veja como o nosso universo das coisas que são certas ou erradas muda completamente e como fica bem mais fácil compreender e aceitar o próximo.

“Mapa não é território.”
Primeiro pressuposto da PNL

Para promover a auto calibração é muito mais simples do que parece e não requer nada misterioso ou complexo: partindo do princípio de que generalizamos, distorcemos e omitimos como processo natural de reconhecimento da realidade e aprendizado, devemos parar de assumir as coisas, questionar mais e melhor e investigar para obter o quadro completo e próximo da realidade objetiva. Na PNL, chamamos isso de metamodelar ou metamodelo de linguagem.

Para finalizar, uma dica que ajuda bastante é ater-se a descrições baseadas no sensorial. Sim, isso mesmo! Perguntas como…

  • O que você viu? Descreva exatamente… (alto, baixo, claro, escuro, largo, fino, preto, branco, amarelo, etc.)
  • O que você ouviu? Descreva exatamente… (alto, baixo, estridente, com ou sem ritmo, melódico, etc.)
  • O que você sentiu? Descreva exatamente… (quente, frio, apertado, frouxo, doce, azedo, etc.)

… São bem úteis. Quanto mais a descrição se afastar de características sensoriais, maior a probabilidade de estar sendo influenciada pelos filtros GOD.

“A loucura de uma pessoa é a realidade de outra.”
Tim Burton

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Coaching Comunicação Gestão Liderança PNL

Como Eu Faço Para Ser Entendido?

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Esse texto é uma continuação do dia 30/11, sobre a responsabilidade do entendimento da comunicação(*).

Existem múltiplas estratégias por trás de uma boa comunicação e algumas delas podem parecer conflitantes (e de fato, são). A ideia central que apoia uma boa comunicação começa não pelo abrir de bocas, mas pelo escutar. É através dele que se define a melhor abordagem, respeitando a opinião do próximo.

“Eu lembro a mim mesmo toda manhã: nada do que eu disser hoje me ensinará nada. Então, se eu for aprender, eu preciso fazer isso escutando.”
Larry King

A Comunicação Vai Além da Palavra

A palavra em si representa uma pequena parcela da troca da comunicação. O todo  envolve tom de voz, velocidade, ênfase, gestos, posição do corpo, movimentação do corpo, micro expressões faciais e até movimentação e direção dos olhos.

Enquanto estamos conscientemente prestando atenção no que é dito, nosso cérebro capta os demais sinais que compõem a comunicação de forma inconsciente. É por isso que, algumas vezes, seu interlocutor lhe fala algo e você fica com a pulga atrás da orelha: você provavelmente ouviu uma afirmação, mas a sua mente captou outros sinais, incoerentes. Se deseja se aprofundar no tema, recomendo começar pelo livro “A Arte de Ler Mentes”, de Henrik Fexeus.

Levando isso em consideração, é bom mencionar que existem técnicas cientificamente comprovadas para ler expressões e detectar qual a emoção por trás de uma frase, palavra ou comportamento. Neste quesito, recomendo o livro “O Corpo Fala” (clássico do tema) e  “Telling Lies”, de Paul Ekman, psicólogo considerado a maior autoridade mundial em micro expressões faciais (já assistiu a série Lie To Me? Foi baseada nele e em seu trabalho).

Ele provou que existem algumas emoções de base (raiva, felicidade, surpresa, nojo, tristeza e medo), que tem suas representações fiéis em qualquer lugar do mundo ou em qualquer comunidade onde um ser humano exista. Ele desenvolveu o Facial Action Coding System (FACS) que decodifica os micro movimentos musculares faciais.

Partindo do princípio que o nosso objetivo é uma melhor comunicação e não necessariamente detectar mentiras, é fundamental entender que, ao adotar uma inverdade ou não expressar-se de forma fiel e compatível com sua opinião e sentimentos, sim, o corpo dará pistas. Ou seja, se a sua intenção é comunicar-se eficientemente, seja verdadeiro e fiel para com você mesmo.

“Eu não estou chateado com o fato de você mentir para mim, eu estou chateado porque de agora em diante eu não posso mais acreditar em você.”
Mark Twain

De nada adianta seguir as dicas abaixo para expressar algo que está em desacordo com seu eu: fatalmente, você será traído por uma micro expressão facial ou comportamento incongruente. Não há algo mais destruidor de rapport e empatia do que uma incompatibilidade entre a palavra e comportamento (a não ser que o seu interlocutor esteja embriagado e não perceba…). Em outras palavras, se você for fiel ao que pensa e acha, não precisará se preocupar com a coerência entre o que fala e como se porta.

Para entender como tudo isso é poderoso, recomendo dar uma olhada no canal Metaforando, do excepcional Vitor Santos, no Youtube.

O Que Fazer?

Tenho certeza de que muitos olharão para os itens abaixo e acharão simples. E é! É muito mais uma questão de bom senso, congruência e equilíbrio do que qualquer fórmula mágica.

Vejamos:

Escute

“Não escute com a intenção de responder, mas com a intenção de entender.”

Como dito inicialmente, escutar não só é um sinal de respeito pelo próximo como gera rapport e empatia.

Além disso, permite que você tenha elementos sobre o outro suficientes (e tempo) para elaborar uma estratégia eficaz baseada na comunicação não verbal.

Se você está procurando uma pausa na fala do seu interlocutor para poder falar, você não está escutando como deveria.

Tenha Paciência

Uma das grandes características das pessoas extrovertidas é interromper o seu interlocutor e quebrar as linhas de raciocínio alheias, o que prejudica o escutar. “Ler” o seu interlocutor e entender a postura e posicionamento dele pode lhe dar pistas enormes sobre os argumentos necessários ao convencimento. Sem paciência para falar o que deve ser falado, no ritmo certo e sem espaço para a escuta, a probabilidade da comunicação falhar será alta.

Mantenha Contato Com os Olhos

Muitos de vocês já devem ter ouvido a expressão “fulano fala com os olhos” ou “os olhos são o espelho da alma”. A importância de manter contato com os olhos transcende a comunicação em si e está intimamente ligada à ser transparente e passar a ideia de uma pessoa confiável.

“Quando a conta de confiança é alta, a comunicação é fácil, instantânea e eficaz.”
Stephen Covey

Esqueça o Telefone Celular

Permitam-me evitar falar detalhadamente sobre esse ponto. Ele é óbvio demais: escutar e ser escutado requer atenção e não existe maior empecilho do que o seu aparelho de telefone celular. Me perdoe, mas se você acha que isso é uma besteira, prepare-se para não entender e não ser entendido. Ficar olhando a tela do celular e para o relógio também quebra o rapport e é um sinal claro de desatenção.

Seja Claro

Ser claro na comunicação é essencial. Fale de forma clara, evitando contradições, termos antagônicos e evitando também falar rápido ao ponto das palavras caírem da boca (sem acompanhar o raciocínio). Lembre-se, você fala para o outro, não para você. A comunicação tem que ser clara para o seu interlocutor e na velocidade e clareza que ele consegue compreender. De fato, tente acompanhar o ritmo da pessoa com quem está se comunicando – isso ajuda muito a construir rapport.

Seja Objetivo

Enrolar ou colocar o gato no telhado pode ser necessário, dependendo do tipo da comunicação a ser feita. Não é uma boa estratégia comunicar um óbito de alguém próximo de forma direta. É necessário preparar o terreno. Mas isso não impede que a comunicação seja objetiva. Ser objetivo evita margens de interpretação.

KISS

Keep It Simple, Stupid – mantenha simples, estúpido! Ou mantenha-se estupidamente simples. Explicar algo de forma simples é a melhor receita para ser entendido apropriadamente (mas talvez seja o maior desafio de todos). Sabemos que existem coisas complexas que exigem uma base maior de conhecimento para o perfeito entendimento… Mas já dizia Albert Einstein no século passado, se você sabe do que está falando, será capaz de explicar o que sabe para uma criança.

Use Metáforas

Usar metáforas pode ajudar muito no entendimento de diversos temas. De fato, é um recurso muito útil e poderoso para encurtar distâncias culturais e de ausência de conteúdo. Entretanto, é necessário ter a certeza de que a metáfora é válida na outra cultura ou que o seu interlocutor tem a base de conhecimento necessária para o entendimento. Se não tem, você terá que incluir na comunicação os elementos de base necessários, terminando por trazer complexidade onde não se deseja. Outro ponto importante é que você precisará julgar se abrir mão de ser simples e objetivo usando uma metáfora terá um resultado melhor.

Do ponto de vista da PNL, usar metáforas pode distanciar o que foi entendido da realidade objetiva, pois a nossa mente tende a preencher as lacunas que a metáfora provê, apesar de ser uma ferramenta poderosíssima. Ou seja, tem ligação direta com a estratégia de comunicação que você pretende usar.

Dadas as advertências, não há ferramenta mais poderosa para a comunicação e existe uma maneira fantástica de usá-las: explique o problema, desafio, proposição, condição ou afirmação que deseja que seus interlocutores entendam de forma clara, direta e objetiva. Conte as metáforas necessárias para que o entendimento ocorra e, ao final, conclua com uma amarração direta, objetiva e factual buscando a conclusão dada.

Confirme e Peça para Repetir

Confirmar o entendimento sobre o que foi dito e pedir para que repitam o que foi entendido é, sem dúvida, a técnica mais eficaz de todas. Com ela, você checa o entendimento no mapa / visão do interlocutor e tem a chance de corrigir quaisquer questões que surjam.

Importante reforçar que as sugestões acima podem não ser compatíveis entre si. Um exemplo claro disso se dá ao usar metáforas, que certamente esconderão a simplicidade e a objetividade. O ponto é ter bom senso, entender a postura do seu interlocutor e usar a estratégia mais adequada.

“A arte da comunicação é a linguagem da liderança.”
James Humes

E Se Eu Ficar com A Famosa Pulga Atrás da Orelha?

“Entendimento é mais profundo do que conhecimento. Existem várias pessoas que conhecem você, mas pouquíssimas realmente entendem você.”

Neste caso, posso apenas falar por experiência própria e vai da sensibilidade de cada um. Quando isso acontece, geralmente significa que o seu cérebro detectou alguma incompatibilidade entre o que foi dito e o comportamento do seu interlocutor. O meu gut feeling, aquela sensação de algo errado no estômago, na maioria das vezes, acerta. Com sutileza e elegância, você pode explorar um pouco mais o tema que gira em torno daquilo que despertou em você a desconfiança. Você pode metamodelar a linguagem à procura de pistas que comprovem um deslize.

Perceba que pode ser a intenção do seu interlocutor se proteger e a omissão pode provocar um comportamento incongruente e não necessariamente significar que ele(a) está mentindo. Mais uma vez, tenha bom senso e tente contextualizar o assunto. Talvez tudo se esclareça. Dê o benefício da dúvida e espaço para que seu interlocutor comente. Respeite a sua privacidade.

Por fim, não assuma. Talvez seja o maior equívoco de todos no que diz respeito à comunicação. Assumir é preencher as lacunas da falha de entendimento conscientemente e o resultado pode ser muita confusão.


(*) Pouco menos de duas semanas atrás, postei um texto falando sobre o que é talvez o pressuposto mais importante da PNL (e, certamente, um dos mais controversos).

O texto teve uma repercussão enorme e muita gente entrou em contato comigo nas redes sociais e WhatsApp, sugerindo abordar como se fazer entender. O texto original continha essa parte mas, por causa do tamanho, decidi separar.

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Comunicação: Onde, De Fato, Resta a Responsabilidade?

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Talvez um dos pressupostos da PNL mais controversos seja o que diz que…

“A responsabilidade da comunicação é SEMPRE de quem emite a informação.”

Olhar para essa frase em si já gera um mal estar em muitos.

Já vi nas mídias sociais memes, imagens e afirmações diametralmente opostas a esse pressuposto. Algo como…

“Sou responsável pelo que digo, não pelo que você entende.”

Uma rápida pesquisa no Google retornará inúmeros exemplos de imagens… confesso até que, no passado, cheguei a compartilhar algumas delas! As redes sociais estão cheias de memes que trazem essa afirmação e, hoje, agradeço ao universo por achar isso… com todo o respeito, limitante:

Meus queridos, a frase em si é contraditória! Se você é responsável pelo que diz, é claro que você é responsável pelo entendimento (afinal, para quê dizer algo se você não quer se fazer entender?)

Por que será que tanta gente acha que não é responsável pela comunicação?

A própria pergunta acima já nos dá uma clara pista do motivo: responsabilidade (ou sua isenção).

As pessoas tem o hábito de se isentarem da responsabilidade em suas vidas, de colocar o macaquinho no ombro dos outros. Ainda, evitam ser os protagonistas do seu palco e promovem a manutenção da zona de conforto, um comportamento totalmente alinhado ao vitimismo.

O processo de comunicação é transitivo e envolve, pelo menos, duas partes. Não há comunicação com o espelho. Não há comunicação com a TV ou com o travesseiro (alguns practitioners de plantão afirmarão que sim, há comunicação entre as partes de um ser, mas isso é conversa para outro post – tomei o cuidado ao mencionar “partes” na frase acima :))

Em outras palavras, a comunicação é uma ação resultante de uma intenção (a sua). Se você tem a intenção de se comunicar, é óbvio que quer se fazer entender (nos seus termos), por mais que você ache que está apenas “constatando os fatos”, um argumento muito comum [os fatos são sempre a sua versão de realidade, pois passamos não por uma, mais por DUAS situações de interpretação: quando você usa seus canais representacionais (visual, auditivo e cinestésico – que inclui os demais) para interpretar e armazenar a realidade e quando você recupera o que armazenou e traduz em palavras e outras formas de comunicação].

Se partirmos dessa ideia, o que estamos tentando transmitir é a nossa visão de algo (afinal, cada um constrói sua visão de mundo particular) que pode ser ou não próxima da realidade. Ou seja, comunicação é convencimento.

E se o ato da comunicação for intencionalmente falho de forma a provocar confusão?

Meu caro leitor, essa afirmação nada mais é do que a validação do meu argumento e do pressuposto da PNL até então.

Como assim Romulo?

A confusão só nasce justamente porque a responsabilidade da comunicação é comprovadamente de quem emite a informação. Tem o poder quem tem a responsabilidade. A prova disso é o empoderamento de quem emite – ao intencionalmente falhar, a confusão se instala através do poder que possui ao ser responsável.

Colocando de uma forma análoga, comunicar-se de forma ineficiente é uma irresponsabilidade. Ouso afirmar que a maioria dos problemas do mundo são falhas de comunicação ou iniciados por isso. Peter Drucker chegou a afirmar que giram em torno de 60%.

A responsabilidade atrai o poder?

Vencida a fase da argumentação, assim como defendi o empoderamento do protagonista, ao chamar a responsabilidade para si, imagine, como se fosse possível, o poder que ser responsável pelo entendimento da comunicação traz a quem emite a informação, pegando emprestada, de forma bidirecional, a afirmação do grande filósofo Tio Ben: “grandes poderes vem com grandes responsabilidades.”

Mas…

“Grandes responsabilidades geralmente vem com grandes poderes.”

… Principalmente ao entendermos o poder da ação e o poder de poder agir. Fácil concluir então que…

“Comunicar-se de forma eficiente nos atribui grande poder.”

Querido leitor, antes de me perguntar se estou maluco, faça uma análise da história da humanidade e me diga se os grandes comunicadores tiveram ou não grandes poderes:

  • Jesus
  • Gandhi
  • Madre Teresa
  • Mohamed Ali
  • Mandela
  • Martin Luther King
  • Kennedy

A lista é imensa. Certamente, essas pessoas sabiam se comunicar e se fazer entender.

Como isso afeta a nossa vida?

A essa altura, não preciso dizer que afeta total e profundamente. Pense comigo nas mais diversas situações da sua vida em que você conseguiu algo porque falou o necessário e as vezes que não conseguiu porque não se expressou como devia.

Quantas vezes, ao final de uma conversa, você ficou com a sensação de que não foi entendido e que, por causa disso, seu interlocutor provavelmente não fez o que você pediu? Quantas vezes, ao não se comunicar de forma eficiente, o rapport foi destruído e a relação com seu interlocutor ficou prejudicada?

Agora, pense nas consequências dessas conversas e como tudo poderia ser diferente se o entendimento fosse diverso. Não é difícil compreender a máxima que afirma que guerras foram deflagradas por falta de entendimento.

Da mesma forma que as pessoas transferem a responsabilidade do entendimento para quem recebe a informação, existem indivíduos que transferem a responsabilidade da ação para quem emite a informação e isso pode acontecer por vários motivos.

Você já deve ter ouvido a frase: “eu fiz isso ou aquilo porque fulano mandou.”

Trata-se de questão ainda mais polêmica, que nos remete ao início do texto, sobre protagonismo e responsabilidade. Se por um lado essa questão apenas corrobora o poder de quem comunica, precisamos entender que a nossa sociedade possuiu e possui sistemas inteiros construídos em cima do descasamento de quem perpetua a ação da sua responsabilidade sob as consequências dos seus atos.

Na minha humilde opinião, estamos diante de uma questão perigosa e que tem consequências bastante graves. Vemos isso no nosso dia a dia com tantos analfabetos funcionais(*), capazes de seguir ordens, mas incompetentes ao julgar ou compreender seus atos. Outro bom exemplo são as forças armadas e outras cadeias de comando inquestionáveis.

Não quero entrar no mérito sobre o que é assim e até concordo que pode haver uma boa justificativa ou necessidade por trás. Mas será que as guerras não existem justamente porque há gente sendo comandada sem usar seu bom senso? Será que elas não existem pela transferência de responsabilidade, pela concentração do poder da ação alheio nas mãos de poucos?

Encontramos situação semelhante em algumas religiões. Ela também é usada como desculpa para essa transferência de responsabilidades e algumas chegam a construir seus argumentos de crença e fé em cima dessa delegação. Se matou muito “sob a vontade de Deus” ou de divindades, de acordo com Steven Pinker, em seu fabuloso livro “Os Anjos Bons de Nossa Natureza”. De acordo com ele, os principais culpados por grandes conflitos e mortes ao longo de nossa história são as religiões e o estado.

O processo civilizador, contudo, de forma recorrente, se posiciona como responsável pela diminuição da violência. Se por um lado o estado é uma das grandes consequências do processo civilizador, um dos seus efeitos colaterais é a criação de cadeias e hierarquias de comando com a alienação do bom senso e a transferência da responsabilidade da ação para poucos.

Como eu disse, o tema é polêmico. Entretanto, resgatando a questão central, pare e pense um pouco: o que há por trás da religião e do estado, ao levar grandes multidões algumas vezes ao conflito, se não o poder da palavra e do convencimento?

O que há em comum e por trás de grandes líderes que comovem empresas e cidadãos com suas palavras, arrastando pessoas, funcionários, plateias e multidões, na direção dos seus pensamentos e do sucesso?

O poder está em suas mãos. Ou melhor, em suas palavras. Lembre-se, o poder da comunicação está em quem emite, assim como a responsabilidade de se fazer entender. Não abra mão nem delegue esse poder. Não caia na tentação de se isentar dessa responsabilidade e colocar nas mãos dos outros o que você quer.

Repita comigo, salve e poste por aí:


 

(*) A questão dos analfabetos funcionais e da responsabilidade da ação em si foi sugerida por Rafaella Lins. Obrigado pela sugestão!

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Das Encruzilhadas às Catarses

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Nossa vida é cheia de momentos onde encontramos encruzilhadas.

São situações, ou conjunto de situações, repletas de sensações, sentimentos, experiências e aprendizados que produzem descobertas e insights, permitindo toda uma série de mudanças em nossas vidas. São oportunidades de se encontrar, conhecer a si mesmo e evoluir.

É normalmente quando a catarse ocorre.

Encontrei um momento desses ano passado e não tinha parado para escrever a respeito.

Até hoje.

O processo de catarse é muito bem documentado na psicologia e psicanálise. Na maioria das vezes, temos pouco ou nenhum controle sobre ele e somos envolvidos nas circunstâncias em que ocorre. Raramente trabalhamos em prol de nos entender e provocar o surgimento desses insights. Mas não é assim à toa. Agimos para que seja dessa forma. Temos a tendência de operar na zona de conforto.

Escute as pessoas ao seu redor e perceba como a maioria vive em função da preservação do status quo, da manutenção da zona de conforto. Na verdade, as pessoas em nossa sociedade tem isso como meta!

O sonho de boa parte da população é:

  • ter dinheiro;
  • não ter responsabilidades;
  • trabalhar pouco;
  • dormir muito;
  • comer de tudo;
  • beber toda semana, mais de uma vez;
  • balada;

Veja como os pontos acima nada mais são do que uma sequência de coisas que preservam o status quo e o prazer momentâneo gerado por momentos efêmeros.

Você vive para trabalhar cinco dias e encher a cara no fim de semana? Você vive para ganhar dinheiro suficiente para usufruir da balada ou para encher sua vida de compras e bens materiais, em busca de preencher um vazio existencial com uma felicidade ligeira?

Agora, pare e pense: o que você tem dito para você mesmo? O que você tem dito para as pessoas próximas?

Que você tem “problemas”?

Que tudo é muito difícil?

Que a vida é injusta?

Que ninguém entende você?

Que não aguenta mais apenas sobreviver mas, ao mesmo tempo, se põe vítima das circunstâncias e da vida?

O que VOCÊ tem feito para mudar isso? Se você tem problemas, se está tudo muito difícil, se a vida é injusta e ninguém entende você, amigo, sinto dar más notícias, mas ESSE É o SEU status quo! Essa é a a SUA zona de conforto pela qual VOCÊ tem se esforçado para manter! Essa é a sua existência, resultado das suas ações (ou falta delas, o que para Sartre e para muitos não deixa de ser uma ação por omissão).

Agora, seja verdadeiro consigo mesmo e analise: você tem evitado entender a sua própria vida, enfrentar seu eu, seus medos, angústias ou passado porque os insights podem trazer dor e a catarse pode provocar uma mudança do seu status quo? Pode forçar o desaparecimento da sua zona de conforto? Você tem recorrido à efemeridade dos sonhos pautados por prazeres momentâneos para compensar pelo não enfrentamento de sentimentos que vão dentro do seu peito?

Não se surpreenda, isso é muito comum. Na sociedade atual, a busca pelo dinheiro é exacerbada como habilitador dos prazeres momentâneos. Não tenho problema algum com ter dinheiro, dormir muito, beber eventualmente e ir pra balada… mas meu nobre leitor, essas não podem ser as razões exclusivas de sua existência.

Pior, essa não pode ser a razão de sua existência por omissão!

(…)

E por que eu contei toda essa história?

Porque eu tive a oportunidade de mudar tudo isso e quero que você também tenha.

Eu passei por algumas dificuldades em minha vida e hoje agradeço a elas porque me fizeram crescer, além de perceber que eu precisava! A vida não só me mostrou que eu tenho muito a aprender como eu precisava mudar rapidamente. Mas até ano passado, os insights e catarses foram fruto do que aconteceu comigo. O barquinho da minha vida navegava à sorte da correnteza. Você se sente assim?

De fato, fazemos muito pouco para entender a nós mesmos. Fazemos muito pouco para criar situações onde as catarses sejam naturais porque, afinal, dói.

No terceiro fim de semana de agosto de 2016, eu vivi, provavelmente pela primeira vez, uma encruzilhada buscada por mim, com a intenção de ter insights sobre a minha vida, me entender melhor e abrir a porta para que os entendimentos ocorressem.

Eu renasci. Nossa, como minha vida mudou. Como é fantástico ouvir das pessoas, cada vez mais, que mudei para melhor. Como é engrandecedor olhar para trás e ver o caminho percorrido e a evolução obtida.

Foi um processo inesperado. Digo isso no sentido de não ter a mínima ideia do que aconteceria naquele fim de semana. E isso foi muito bom, pois além do segredo fazer parte do processo em si, ele me ajudou a compreender como situações de ansiedade afetavam a minha vida.

Eu já estava procurando algo que pudesse me mostrar o caminho. Eu já tinha achado dentro de mim a necessidade de evoluir como pessoa, melhorar minha comunicação, inteligência emocional e, principalmente, melhorar a forma de encarar o mundo, só não sabia como.

Em julho de 2016, minha querida Mirella me contou sobre o treinamento VIP. Quando ela me disse do que se tratava, procurei no site da Abriem mais detalhes e e fiquei particularmente intrigado com a proposta. Convenhamos, é desafiante participar de um treinamento sem ter maiores detalhes sobre o que acontece lá. É, digamos, não só um passo de fé como de confiança em quem recomenda.

Sem poder entrar em mais detalhes sobre o treinamento em si, acredito que o que fala mais a favor dele são as vidas que saíram de lá transformadas. São milhares de pessoas que, como eu, encontraram dentro de si a força para continuar. A força para seguir em frente, para se superar, para entender suas existências de forma mais completa e profunda e, a partir daí, poder exercer suas respectivas plenitudes equilibradamente. São milhares de vidas que, frequentemente, afirmam que vivenciaram o melhor fim de semana de suas vidas.

Hoje, vejo aquele fim de semana como o início e uma jornada. Uma jornada de auto conhecimento e desenvolvimento pessoal que não pretendo interromper. Cerca de seis meses depois, fiz outro treinamento de cunho emocional da escola, o “Titanium“, que de forma complementar, me permitiu achar dentro de de mim a atitude que eu precisava para ter sucesso na vida.

Tenho aprofundado meus estudos em desenvolvimento humano junto com a minha cara-metade e encontrado uma nova missão em minha vida, junto com ela: ajudar os outros. Ajudar as pessoas a se desenvolver, a se encontrar e encarar os desafios de frente.

Tudo que o ser humano consegue, eu também consigo!


Notas e Referências

É importante mencionar que nenhum dos treinamentos tem cunho religioso ou entra em conflito com crenças religiosas de qualquer natureza. Tanto o treinamento VIP como o Titanium são processos vivenciais de natureza emocional e pautados em neurociência e programação neuro linguística.

 

 

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O Dilema Certo vs. Errado

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Você certamente já deve ter visto um post nas mídias sociais dizendo algo assim: “hoje em dia prefiro ser feliz do que estar certo” ou “eu prefiro ser feliz a ter razão”.

Eu confesso que cheguei a pesquisar a frase no Google para ver a opinião dos outros a respeito e tudo que li remete de uma forma ou de outra ao conflito provocado pelo individualismo, egoísmo e coisas do gênero.

De fato, somos educados a levar as coisas para esse patamar, essa dicotomia, essa luta de egos ou mapas (como diz a PNL) e, mesmo aqueles que concordam ou discordam, circulam o tema em torno da dualidade em si. Até o ato de respeitar a opinião do próximo não transcende esses opostos.

Pensar em ser feliz ao invés de estar certo, na minha humilde opinião, é um passo numa direção de pensamento mais evoluído, mas pouco abrangente para incluir nuances até mais importantes do caso, inspiração para este texto.

Até o ato de respeitar a opinião do próximo, hoje em dia, apesar de louvável, não encara de frente a questão e apenas afasta o debate acalorado das resoluções individuais ainda polarizadas de sim e não, certo e errado.

Sendo mais direto, permita-me caro leitor, introduzir um conceito que me parece estar há muito perdido e esquecido: o nosso universo é infinito e, com ele, as maneiras de algo ser, fazer e estar. Em outras palavras, há um sem número de existências, de formas, de ações e estados, não necessariamente restritas aos “certos” ou “errados” e, inclusive, muitos sequer conhecemos. Há muita coisa que nos escapa a percepção e há ainda o que não foi descoberto.

Muitos enxergam isso afirmando que existem muitos tons de cinza entre o preto e o branco. Ouso afirmar que existem muitos brancos e pretos além dos cinzas. Não existe apenas uma maneira “certa” nem apenas uma maneira “errada” de fazer algo.

Quando entendemos isso, fica muito mais fácil respeitar a opinião alheia, pois mesmo se acharmos que o nosso jeito é o jeito certo, o jeito do outro também pode ser, simples assim (e, convenhamos, a probabilidade que este seja o caso é alta!).

Sem querer estender o caráter filosófico do texto, concluir isso nos leva a outra proposição libertadora que pode colocar em xeque a questão do primeiro parágrafo: a relação de causa e efeito que se pretende estabelecer, que parece uma necessidade do âmago de cada ser, não só é frágil como é, também, limitante.

Faz muito mais sentido afirmar: “prefiro ser feliz respeitando o próximo” ou, talvez melhor ainda, afirmar que “prefiro ser feliz ao ser humilde”, humilde o suficiente para admitir que não sabemos de tudo e devemos cada vez mais deixar de ver o mundo como certo e errado, passando a enxergar o universo como possibilidades.

Se eu tivesse a capacidade de ler mentes, arriscaria que a questão que está surgindo agora na sua é: mas se é assim, se existem tantas nuances de certo ou errado, não corremos o risco de ao respeitar, sermos omissos, ficar coniventes e permissivos com as coisas erradas do mundo?

Ah meu nobre leitor, não caia nessa armadilha: o que debatemos até aqui não tem a ver com o conteúdo, mas com a forma. O conflito surge de embate de opiniões, mapas e da divergência em si, como duas pessoas que brigam ao argumentar se uma comida é gostosa ou não.

A discussão é alimentada pela ausência de respeito à opinião do próximo (independente de qual seja), pelo excesso de ego, pela intolerância… isso não quer dizer que devemos ser omissos com o conteúdo e, para isso, temos todo um mecanismo próprio de bússola moral, um arcabouço de leis categóricas, sociais ou implícitas.

Respeitar a opinião do próximo não significa que devamos ser omissos com as ações decorrentes. Colocando de outra forma, podemos compreender as circunstâncias que levaram alguém a cometer um crime, mesmo não concordando com o ato (o nosso sistema de justiça é construído em torno desse conceito). Você pode respeitar a opinião de alguém, mas se essa opinião gerou uma ação ilegal, inadequada ou moralmente inaceitável, haverá consequências (na verdade, esperamos que assim seja!).

Não cabe a esse texto aprofundar-se em questões como justiça e direito ou até mesmo religiosas, mas apenas demonstrar que complicamos demais as coisas e podemos estar mais felizes no nosso dia a dia simplesmente respeitando a opinião das pessoas.

Liberte-se da armadilha de achar que deve estar sempre certo, que o seu certo é sempre mais certo do que o do próximo e você verá que o que é possível para você se multiplicará, mesmo respeitando sua identidade, as suas crenças e valores!

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Motivação Pessoal PNL

A Caminhada

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Quando perdi o emprego dezesseis anos atrás, desenvolvi um quadro de depressão profunda que me deixou em um quarto, sem coragem de sair pra muita coisa (mais detalhes nesse post).

Foi muito comum ouvir coisas como “que frescura“, “enfrente a vida“, “sai dessa!“, “você precisa ver gente, sair de casa!” etc, comentários que, frequentemente, associavam uma doença séria à preguiça, falta de motivação, ausência de “positividade” e coisas do gênero, como se, em um passe de mágica, eu fosse capaz de me levantar e ir viver minha vida.

Convenhamos, eu sei o quão desafiante é perceber que o mundo não entende o quadro que se instala e, muitas vezes, essa ausência de compreensão vem de pessoas próximas e que amamos, o que não facilita em nada (e dói muito).

A Crise

Ao longo da minha vida, fiz uns cinco anos (ao todo) de terapia e isso me ajudou bastante. Me tirou da crise inúmeras vezes e me fez sair do quarto, voltando à vida. Entretanto, quem já passou (ou passa) por isso, sabe que a depressão é um fantasma “gerenciado”: é algo que precisa de constante monitoração e de ações permanentes para mantê-lo afastado.

De fato, depois da segunda crise, passei a ficar mais afinado nas minhas percepções. Desenvolvi a habilidade de reconhecer em mim os sinais da doença e procurar ajuda em seus estágios iniciais. Isso me ajudou muito, pois encurtou bastante o tempo necessário para voltar ao meu “eu“, principalmente no que diz respeito a parar de tomar quaisquer medicações relacionadas que, me desculpem os terapeutas, afetam (e muito) a qualidade de vida do paciente.

Hoje, posso afirmar com felicidade e um sorriso no rosto que o fantasma da depressão está bem longe. Meu intuito com esse texto é descrever o que funcionou para mim e alguns pontos de atenção. Importante registrar que não sou médico, psicólogo ou psiquiatra e não cabe a mim fazer diagnóstico ou receitar nada. Apenas acredito que o relato da minha experiência pode ajudar alguém.

Os Passos – Propósito

Inicio não necessariamente em ordem cronológica. Olho para o caminho que percorri e lembro que ter um propósito é fundamental para a manutenção de uma saúde mental. Não entrarei em detalhes sobre o assunto – não por não achá-lo importante (pelo contrário), mas porque já escrevi sobre o tema. Para entender melhor, recomendo ler esse post sobre o assunto.

Os Passos – Ajuda Profissional

Em segundo lugar, é muito importante entender isso: procure ajuda profissional. Eu acredito que um sem número de coisas ajudam a manter a depressão afastada (mais adiante), mas apenas um psiquiatra (e medicação adequada), podem tirar alguém de uma crise depressiva séria, de forma eficaz.

Ainda, ao obter ajuda, faça questão de levar as pessoas mais próximas para conversar com o terapeuta. É primordial que as duas / três pessoas que mais convivem com você entendam do que se trata e saibam como se comportar e ajudar quem vive uma crise depressiva.

Os Passos – Bem Estar / Saúde Física

Ainda sobre ajuda profissional, vejo que o bem estar físico ocupa um importante lugar. Obesidade / sobrepeso não ajuda em nada em quadros depressivos e são destruidores da auto-estima. Exercitar-se e ter uma boa alimentação são a base para manter afastadas inúmeras doenças, inclusive a depressão, mesmo se você não estiver acima do peso.

Este acima sou eu, com 29 anos. Estava pesando 140 quilos. Alguns meses longe da crise, ainda lutando, mas começando a voltar para o mundo e a me relacionar novamente com a sociedade.

Hoje, com 42 anos, vou à academia religiosamente todos os dias. Acordo às 5:30, treino por uma hora e o dia começa diferente.

Para mim, exercicio físico é um remédio, apesar de amar me exercitar, ver pessoas e conversar com minha personal trainer. Tenho a consciência de que isso faz parte da terapia necessária e é indispensável à minha qualidade de vida.

Além do exercício diário, está bem documentado que a ausência de certos nutrientes pode exacerbar quadros depressivos. Uma das coisas que mais me ajudou a deixar a doença de lado foi a correta orientação médica de um nutricionista e de um ortomolecular, que enxerga o paciente de forma holística e costuma detectar deficiências nutricionais que, normalmente, os médicos tradicionais não detectam. Sei que esse é um assunto controverso; a dica aqui é: procure orientação profissional, também, para uma alimentação saudável, para exercícios físicos e para sua saúde em geral.

Os Passos – O Peso que Carregamos Conosco

Ah, o peso que carregamos nas costas.

Livrar-se dele tem implicações das mais diversas – desde selecionar melhor as amizades como a postura física e mental. Livre-se daquilo que não é seu!

Em 2001, eu posso afirmar que me achava uma pessoa realista quando, na verdade, ao tentar me “preparar” para o pior, esperava o pior, achava o pior, falava o pior e me comportava para o pior.

Quanta ingenuidade! Hoje tenho a certeza de que a melhor forma de se preparar é pensar o melhor, falar o melhor, achar o melhor e se portar como vencedor!

Aprendi, ao começar a estudar a Programação Neuro Linguística (PNL), que uma tríade de fatores, de igual importância e que mutualmente se influenciam, são a base para uma saúde física e mental.

Também chamada de tríade do sucesso ou tríade da mente, ela contém fisiologia (postura), linguagem (o que você diz e como você diz) e representação interna (como você enxerga o mundo).

Em termos práticos e de uma forma simplista, ter uma postura arqueada e cabisbaixa apenas promove a acentuação dos sintomas. Uma linguagem negativa não ajuda e uma representação interna pessimista contribui para a perpetuação do quadro.

Entretanto, como existe uma relação direta de influência entre os elementos da tríade (e é aí onde está a mágica), trabalhar cada elemento individualmente altera os demais.

Faça o teste: fique arqueado, cabisbaixo e com o semblante sisudo por poucos minutos e perceba como se sentirá triste. Agora, faça o oposto: estufe o peito, endireite a coluna, erga a cabeça e ponha um sorriso no rosto, mesmo que, inicialmente, seja mecânico: verá que, em poucos minutos, seu humor mudará positivamente.

Se você acha isso maluquice, sugiro assistir esse excelente TED de Amy Cuddy.

Tome um banho, arrume-se, corte o cabelo faça a barba… retorne a hábitos simples e saudáveis que podem parecer irrelevantes, mas que ajudam a dar cada passo importante na direção correta.

Ainda:

“Nós somos 10% o que acontece conosco e 90% como reagimos ao que acontece.”

Eu sei, para quem está em depressão, será desafiante fazer isso. Estou falando de pequenos passos! Sair de um quadro depressivo exige paciência e pequenas ações diárias. Ao tornar essas ações um hábito, ficará cada vez mais fácil mantê-lo longe.

Os Passos – a Programação Neuro Linguística (PNL)

Já que mencionei a PNL, seria no mínimo incompleto falar sobre essa caminhada sem detalhar a questão, que tem facilitado bastante o desafio de manter a depressão longe.

Fui apresentado ao tema no ano passado por uma amiga, que fez um treinamento vivencial chamado Life. A partir de então, tornei-me ávido estudante da PNL e, de fato, ela tem transformado a minha vida.

Colocando de uma melhor forma, a PNL tem me permitido ver o mundo de uma forma diferente. Mais eficiente e mais positiva, trazendo ferramentas que uso no meu dia-a-dia.

Fiz dois treinamentos vivenciais (Life e ROI – Realizando o Impossível) e estou concluindo minha formação em Practitioner.

A partir daí, encontrei toda uma nova motivação para buscar minha evolução como ser humano, estudando novos temas, voltando ao hábito da leitura e procurando compartilhar essa vivência com as pessoas com as quais me relaciono. Muitas pessoas que convivem comigo afirmam e reafirmam que as mudanças foram profundas e bastante positivas!

Os Passos – Os Sistemas Aos Quais Pertence

Jim Rohn disse que somos a média das cinco pessoas com as quais mais convivemos. Há muita controvérsia em torno dessa afirmação. Particularmente, encaro como uma linda metáfora de como somos resultado das pessoas com as quais convivemos e nos influenciamos mutuamente. Trata-se de um ciclo: atraímos as pessoas que se parecem conosco e elas nos influenciam profundamente.

Ouso afirmar que, se você está em um quadro depressivo, é provável que se relacione com pessoas negativas ou igualmente depressivas. É normal que, por exemplo, interaja socialmente (fisicamente ou pela internet) com pessoas, notícias, posts, coisas (em geral) negativas ou que fomentam o quadro depressivo.

Afastar-se disso, sim, ajuda. Mais uma vez, não é nada fácil e pode se tornar, talvez, o maior de todos os desafios e, até, fora do alcance. Entretanto, se você puder fazer algo a respeito, faça, mesmo que em ações homeopáticas diárias. Tornar a questão consciente já é um passo na direção certa.

Doar-se

Fazer a diferença na vida das pessoas, participando de ações sociais e de caridade, pode ser um grande trunfo para manter o fantasma afastado e tem o potencial de ajudar a encontrar um propósito.

Muitas pessoas encontram seus propósitos no trabalho e, quando perdem o emprego, seus mundos caem em ruínas. Isso aconteceu comigo. Encontrar algo que lhe traga felicidade fora do trabalho pode ser mais fácil do que você imagina. Não existe nada na face da terra que traga maior sensação de preenchimento e plenitude do que ajudar ao próximo. Existe, inclusive, razão fisiológica para ser assim.

Você não precisa necessariamente engajar-se numa ONG ou lutar contra o aquecimento global. Você pode adotar um gatinho ou um cão; pode ajudar lares de idosos, ensinar comunidades carentes ou até dar aulas aos amigos nos fins de semana. Pode participar de algum projeto social com ou sem fins lucrativos. O que importa, no fundo, é ajudar sem esperar nada em troca. 

O Resultado

Cinco anos sem crises. Cinco anos afastando o fantasma da depressão para cada vez mais longe, sem mais a necessidade de terapia ou medicamentos. Trata-se de um esforço constante, um conjunto de ações desempenhadas todos os dias, que começam ao acordar. A cada dia, subo mais um degrau em direção à felicidade, ao sucesso pessoal, profissional e à realização.

Acho que todos esses passos que mencionei, como grandes elementos que ajudam na luta contra a depressão, tiveram o efeito colateral de fazer de mim uma pessoa melhor.

Será que eu teria naturalmente, ao longo dos últimos quinze anos, experimentado essa caminhada, caso não tivesse depressão? Quem sabe.

Particularmente afirmo (emocionado): gosto de acreditar que esse foi o lado positivo da doença: eu evolui como ser humano, experimentei uma série de coisas que não só me devolveram o amor pela vida como me fizeram crescer.

Literatura recomendada:

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Coaching Corporações Gestão Liderança Motivação Profissional

Das Métricas e Metas às Pessoas

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Você sabe a diferença entre simpatia e empatia?

Pois bem.

Você trabalha há três anos na empresa e sempre atingiu sua cota. Está no seu quarto ano e muito longe de bater sua meta de vendas.

Chega um dia no escritório e seu gestor chama você para conversar.

Cenário 1

“O que está acontecendo meu amigo? Mais um quarter sem resultados? Desse jeito não dá pra segurar meu caro! Em qualquer empresa por aí, mais de 3 quarters sem bater a cota e a pessoa está na rua! Você precisa chegar junto! Eu estou fazendo o possível para que não demitam você, mas resultado é resultado! Me ajude a ajudar você! Eu acredito em você e sei que você pode chegar lá!”

Em sua representação interna, esse gestor pensa: “putz, desse jeito vou me ferrar. Sem esse resultado eu também não vou bater minha meta. Preciso arrumar um jeito de por a culpa em alguém e me proteger”.

Cenário 2

“O que está acontecendo meu amigo? Como eu posso ajudar você? Por favor, compartilhe comigo suas dificuldades e eu vou ajudar você. Nós somos uma família, caminhamos juntos e precisamos uns dos outros para ter resultados interessantes. Compartilhe comigo suas dificuldades e eu farei tudo que está ao meu alcance para que você chegue lá. O meu papel é dar a você as condições para que você brilhe!”

Em sua representação interna, esse gestor pensa: “ele(a) deve estar enfrentando algum problema ou deve estar desmotivado. Farei o que eu estiver ao meu alcance para entender as suas necessidades e fornecer a ele o que for necessário para que supere as dificuldades”.

Perceberam a diferença?

No primeiro cenário, seu chefe pode (dependendo do tom de voz), ter passado a impressão de estar sendo simpático, mas dificilmente foi empático.

No segundo cenário, houve envolvimento, simpatia e empatia. O seu desafio é meu desafio.

Simpatia é algo comum e fácil atualmente, mas há uma ausência fatal de empatia, algo difícil de simular ou falsificar, porque não há como se importar com o próximo e não ligar para sua situação. Importar-se é a palavra. Líderes de verdade são fundamentais aqui, pois eles são a tradução da política da empresa.

E aí meu caro, quando empatia passa a fazer parte do seu dia-a-dia, algo fantástico acontece: confiança.

Não importa a empresa da qual você faz parte. Não importa quão complexos são os papéis, processos e métodos empregados. Não importa quão vertical é sua hierarquia: TODA empresa, TODA corporação é feita por pessoas.

Trabalhamos para pessoas e, por mais engessada que seja uma empresa, nos relacionamos com elas como fruto mais íntimo do nosso trabalho. É para essas pessoas que trabalhamos e temos, como necessidade básica de qualquer ser humano, que nos sentir protegidos no ambiente de trabalho.

Ao nos sentirmos compatíveis, protegidos e seguros para desempenharmos nossos papéis profissionais, sabendo que podemos contar uns com os outros, a magia acontece.

Quando menciono se sentir seguro, não me refiro à permissividade ou à irresponsabilidade; refiro-me a um ambiente de trabalho onde a confiança é o elemento principal; onde as relações interpessoais são reais, empáticas e onde o ser humano é colocado em primeiro lugar.

É aí que resultados extraordinários nascem. E o motivo é simples.

Para que eles aconteçam, é necessário dar passos na fé, na confiança de fazer coisas ímpares, nunca tentadas antes. Experimentar e fazer o novo, coisas que só serão possíveis se a pessoa que estiver do seu lado segurar seu braço para que você não caia.

Em um ambiente corporativo onde a desconfiança reina ou onde as pessoas não tem relações positivas, os profissionais nunca trabalharão em equipe e gastarão boa parte do tempo se protegendo do ambiente e de seus colegas. Nesse lugar, tipicamente se trabalha para atingir metas apenas e não para ter realização pessoal ou profissional.

Teste simples:

  1. Você trabalha em um local onde precisa guardar evidências para provar que fez direito? Impedir que um colega passe a perna em você?
  2. Você trabalha em uma corporação onde demissões em massa ocorrem para que os números batam no fim do ano fiscal ao custo de head counts?
  3. Você trabalha em uma empresa onde existe um processo de contratações contínuo e um processo de demissões dos menores desempenhos por quarter, passando a mensagem clara de que pessoas são totalmente descartáveis em favor dos números? (Essa não é novidade – Jack Welch inventou isso na década de 70);

Em um lugar onde resultados extraordinários acontecem, o atingimento das metas é consequência do trabalho e não o contrário. Em um lugar assim, existe realização como ser humano, e não apenas dinheiro e stress no fim do mês. O foco são as relações, as pessoas e não os números. Estes são, mais uma vez, consequência da realização pessoal e profissional. Aí sim, as pessoas darão o sangue.

A diferença é fundamental, pois hoje se fala muito em amar o trabalho como se fosse responsabilidade isolada do profissional e se ele não souber se motivar suficientemente, não tem o mindset “correto”.

“Trabalhe no que ama e nunca mais precisará trabalhar”. Colocação poderosa, mas que não é uma responsabilidade isolada do profissional. Trata-se de uma responsabilidade também da organização, que precisa fazer com que seus colaboradores sintam-se à vontade para arriscar, serem criativos e saírem do quadrado. O fantástico e o extraordinário requerem falhar (rápido), aprender e seguir em frente. Em um ambiente sem confiança, falhar não é uma opção.

As corporações precisam mudar, rápido. As empresas que já entenderam isso são as que mais inovam, mais desafiam o status quo, mais dão resultados, que estão liderando seus respectivos segmentos e, claro, são mais amadas por quem faz parte dos seus quadros.

Como diz Simon Sinekempresas assim permitem que as pessoas encontrem seus “porquês“.

No mundo competitivo em que vivemos, isso deixará em breve de ser vantagem competitiva. Em algum tempo, será uma questão de sobrevivência.

Quando o foco são as metas, obtém-se resultados e o custo é em pessoas e material.

Quando o foco são as pessoas, obtém-se algo extraordinário: confiança, amor pelo que se faz, realização pessoal e profissional, resultado como efeito colateral e o custo… é apenas material.
Romulo M. Cholewa

Pra saber mais:

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Ensaio Sobre Mudanças

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Mudanças.

Elas começam ao nascermos.

Luz, barulho, frio, menos conforto.

São situações como essa que nos permitem crescer. Saímos do conforto do ventre para a dura vida aqui fora.

As mudanças não param por aí.

Nossa consciência se expande, nossos limites também e todas as coisas que virão serão apenas mais mudanças pautadas na realidade de nossa existência, mais estímulos que nos permitem crescer.

Mas o mais curioso é que, apesar do motor da vida ser essencialmente a renovação constante, nossas primeiras ações conscientes são contra o mudar, em favor do status quo.

Os exemplos são inúmeros: rejeitamos novas comidas mesmo sem provar; não jogamos coisas no lixo porque estamos habituados a elas ou achamos que podemos precisar de algo no futuro; temos frio na barriga ao mudar de sala no novo ano letivo.

As mudanças se amontoam em nossas vidas e, normalmente, a única coisa que nos vem à mente é o medo do desconhecido. É o medo de tentar, o medo de alçar voo, o receio de quebrar a cara, quase como uma certeza incômoda. Uma associação fatal entre desconhecido, inesperado, com o desagradável, negativo.

Esse provavelmente é o real motivo por trás de nossa racionalidade ser tão contra mudanças.

Permita-me contar-lhe um segredo: nada nesse mundo garante que o desconhecido será necessariamente ruim. Pelo contrário! Se usarmos a mudança ao nosso favor, ela certamente será benéfica, seja em curto, médio e longo prazo.

Raramente paramos para avaliar que o maior motor para criatividade é a mudança. Ela é responsável por forçar uma adaptação e, se bem aproveitada, maior incentivo para evolução em todos os aspectos de nossas vidas.

De fato, a capacidade de adaptação do ser humano é notória. Ela que nos define e nos diferencia da fauna do nosso planeta.

Sendo assim, por que não usar isso ao nosso favor? Por que não abraçar a mudança como estímulo para evoluir como ser, para crescer, aprender coisas novas, conhecer novos lugares ou produzir algo novo?

Não é à toa que muitos afirmam que crise é sinônimo de oportunidade. Vivemos em um momento de muitas mudanças e boa parte da ansiedade que a palavra “crise” carrega é gerada pelo medo irracional do desconhecido.

Partindo do princípio de que errar é, no mínimo, aprender, tentar e não ter sucesso é sempre um aprendizado. A real perda é nunca tentar.

* postado originalmente no Linkedin e, depois, em outras mídias sociais (como Facebook) em abril de 2016