Categorias
Pensamentos Com Vida Própria

Elos e Certezas

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Duvidamos que a mudança seja a única certeza?
Ela significa o caráter irredutível da morte.
Para alguns, destino final.
Para outros, rito de passagem.
Nos seguramos às crenças das certezas efêmeras em vida
mesmo sabendo que a única certeza é a mesma mudança
que fecha ciclos com morte e inicia com vida.

Curioso como todas as supostas certezas em vida
além da mudança
trazem a sensação de segurança que no fundo não existe.
A mudança, como certeza fundamental, tira-nos a segurança.

Então, vivemos um paradoxo existencial.
Buscamos segurança no externo
em crenças, coisas e pessoas
sujeitas às mesmas mudanças que nós
quando a mudança em direção à morte
deveria ser o incentivo supremo a uma vida plena.

Por que resistimos ao diverso?
Porque ele põe crenças em dúvida ou à prova.
Por que adotamos as coisas?
Porque a obtenção material causa euforia.
Por que queremos as pessoas?
Porque exercer poder sobre a posse causa euforia também…

E a paixão é talvez a maior euforia de todas.

A vida contida em nós é razão em si
E ela pode conter crenças, coisas e pessoas.
Receita para o desastre ou êxtase?

Depende.

Qual o norte?
A vida ou o externo das crenças, coisas e pessoas?
A vida ou o ego, reflexo do externo e de quem somos?

Pergunto-me: seria isso uma crença?
Certezas são crenças, assim como valores.
Como elos de uma corrente, elas se entrelaçam
e é necessária muita coragem para entender
que quebrar um dos elos pode provocar uma reação em cadeia
com implicações diretas em nossa identidade.

O que essa ideia provoca?

Medo? Angústia?
Ou realização?

Há encruzilhadas em nossas vidas
quando já mudamos tanto e não nos damos conta
que a saída é jogar todas as crenças para cima
questionar tudo e recriar uma realidade mais adequada
a quem somos há bastante tempo, sem perceber.

Não confundamos
a potencial confiança em uma corrente intacta
com a capacidade de viver.
Não confundamos
a estatura do ego e de supostas identidades
com quem achamos que somos.

A vida é muito mais do que um elo.
A morte é bem menos do que uma corrente.

Se a percepção da integridade de uma corrente traz conforto
Talvez seja o momento de incitar algumas dúvidas
e abrir um pouco de espaço para a humildade.
Essa, cheia de mudanças e incertezas
de caos, novidades e desconforto…
Com uma pitada de dor
e repleta de aprendizado.

#OGuiaTardio

“Não há morte, então,
nem para os vivos nem para os mortos,
porquanto para uns não existe,
e os outros não existem mais.”
Epicuro

Categorias
Coaching Motivação Vida em Geral

Felicidade, Essa Danada

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

O que é felicidade para você?

Eu já ouvi as mais diferentes opiniões. Certamente você também e ouso afirmar que você talvez tenha a sua definição particular.

Eu acredito que a fórmula para a felicidade é extremamente simples, mas desafiante de se por em prática.

“As pessoas tomam diferentes caminhos buscando satisfação e felicidade. Só porque eles não estão no seu caminho não significa que eles se perderam.”
H. Jackson Brown Jr.

Existiu uma época em minha vida onde felicidade era jantar em um bom restaurante. Era tomar um bom vinho, sair com os amigos para beber ou pra balada. Comprar um carro, passar numa prova, dormir…

Ser aceito socialmente, ser aplaudido em uma palestra, ver uma série na TV, jogar videogame, comprar e gastar dinheiro… Porque não incluir ganhá-lo?

Nossa, como pensei no meu sucesso profissional como felicidade! Você certamente já deve ter pensado algo como “tudo que eu preciso na vida é de sucesso profissional”.

Também houve uma época em que felicidade para mim era ter o suficiente para poder fazer uma refeição com minha família. Em um outro momento, conseguir sair do quarto.

Experimentei extremos.

Com a idade (e possivelmente com a maturidade), minha visão de mundo foi mudando. Fui sofrendo decepções aqui e ali e comecei a perceber que minha ideia de felicidade era um pouco vazia ou focada em elementos nada eficientes.

“Felicidade não é algo pronto. Ela surge de suas próprias ações.”
Dalai Lama

O sucesso chegou e foi embora, as coisas se foram. Até os amigos. Obtive sucesso novamente, mais coisas, mais relacionamentos. Vida que segue, ciclos que se repetem.

Eu tinha caído numa armadilha. É fácil demais cair nela, porque tudo que falei acima pode deixar você feliz, mesmo que momentaneamente.

Eu estava obtendo minha felicidade de fontes externas, de coisas que não dependiam só de mim. Coisas passageiras e que, normalmente, custam caro ou dinheiro.

Essa armadilha é muito traiçoeira. Nós somos bombardeados a todo minuto pela sociedade, pela mídia, pelas empresas e um sem número de pessoas e instituições querendo nos dizer o que é felicidade e que ela é composta por todos estes fatores alheios.

Como se não bastasse, alimenta-se o ego, esse grande vilão que precisa ser constantemente domado. O ego cresce e nosso desejo por mais cresce com ele.

“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”
Carlos Drummond de Andrade

Mas não acaba aqui.

Vivemos diariamente conectados às redes sociais que nos perseguem, sabem onde estamos, exatamente o que queremos e desejamos e colocam justamente isso na nossa frente, incitando e exacerbando nossa vontade de suprir aquela necessidade que aparece quando vemos algo em promoção ou quando “brilha” o brilho desejado. Você pode até alegar que não usa redes sociais, mas elas são nada mais nada menos do que um reflexo da sociedade em si.

Através de inúmeras telas que nos assediam, vemos um mundo perfeito de abundância, risos e poses, muitas vezes bem distante da realidade objetiva. Um universo de coisas e situações “ideais” plasticamente, um objetivo de vida feito para nós sob medida, quase divino, primoroso.

Não posso deixar de fora a expectativa social. Tanto temos uma expectativa própria de ser, fazer e estar no mundo perfeito e sermos como os “perfeitos”, quanto a sociedade espera isso de nós.

Esperam a perfeição de nós em casa, no trabalho e no shopping. Na roda de amigos e na igreja, no futebol, no metrô e também nas redes sociais.

Nós assumimos compromissos interpessoais, familiares, sociais, morais, éticos e até religiosos. É claro que isso influencia nossa capacidade de ser feliz.

“Eu não tenho que perseguir momentos extraordinários para encontrar a felicidade – ela está bem na minha frente, se estou prestando atenção e praticando a gratidão.”
Brene Brown

Eu sei, é fácil sucumbir. O sistema é projetado dessa forma. Feito com essa finalidade, empurrar você para dentro do mecanismo, transformá-lo numa das peças, das engrenagens.

Talvez seja por isso que é tão desafiante ser feliz existencialmente, sentir-se de fato realizado.

Talvez seja por isso que a grande maioria acredita que a felicidade está no objetivo, na obtenção de algo exterior… A eterna busca, o eterno correr atrás da cenoura.

Ao sair do ciclo dormir, acordar, trabalhar, comer, trabalhar, comer, dormir, ganhar dinheiro, pagar contas e repetir, eu comecei a me questionar o que de fato é felicidade.

Confesso que passei a torcer para que existisse pelo menos um tipo que não dependesse destes fatores externos. Pensava: “a vida não pode se resumir a isso. A busca por felicidade não pode ser tão efêmera, momentânea e decepcionante.”

Hoje acredito que, de uma forma geral, temos três tipos de felicidade.

Em um extremo, temos a felicidade momentânea ou material, que é associada, sem surpresas, a coisas materiais, necessariamente elementos concretos, tangíveis e externos a nós.  Comumente custa dinheiro e é temporária, porque não dizer curta e incompleta.

Estamos falando de acumular riqueza, comprar coisas (carro, casa, roupas, bolsas e tantos outros objetos), sair com os amigos pra balada, consumir drogas lícitas ou ilícitas e até o sucesso, dependendo de como você chegou lá e da sua definição dele.

“A felicidade não é algo que você adia para o futuro; é algo que você projeta para o presente.”
Jim Rohn

Mais ou menos no meio, temos a felicidade contextual. Apesar de ser também externa, ela é imaterial. Ela depende de contextos e acontecimentos não tangíveis, como a sensação de passar numa prova, ouvir ou dizer um “eu te amo“, a sensação de um abraço apertado, um olhar, um carinho, de estar com alguém, ajudar outros seres ou atos de caridade.

Ela também está presente em pequenas coisas do dia-a-dia e que não encontramos por estarmos muito ocupados e não vivermos no presente. É ver um por do sol, um céu estrelado, é andar no parque, brincar na chuva, molhar os pés no mar e sentir o seu cheiro…

O detalhe aqui é o tempo que você dedica, a emoção positiva envolvida e nenhuma relação com custo ou dinheiro… Mas há uma troca de sentimentos. Você já deve ter percebido que ela também é temporária, apesar de durar mais do que a momentânea.

E, no extremo talvez mais importante, aquela que vem de dentro de nós, que não depende de nada externo e que dura e resiste às nossas dificuldades. Uma felicidade chamada de existencial.

O nome é perfeito para caracterizá-la, pois significa exatamente isso: uma felicidade que, quando ocorre, só precisa que você exista como é, de forma congruente, para que ela se manifeste. Ela é assim porque só depende dos seus valores e do seu propósito.

“A felicidade não depende de nenhuma condição externa, é governada por nossa atitude mental.”
Dale Carnegie

Não há nada de errado em ficar feliz ao sair com amigos, comprar uma bolsa, um carro ou uma casa, beber um bom vinho, ganhar ou gastar dinheiro e tantas outras coisas materiais.

A questão é moldar a sua vida em torno disso e usar a obtenção dessa lista, e de outras coisas exteriores, como a sua prioridade ou fórmula de felicidade. Seria, no mínimo, um jeito ineficaz de viver a vida em busca de ser feliz – uma montanha russa de conquistas, que deixarão você indo da felicidade à sensação de fracasso e incompetência ou vazio, repetindo o ciclo a cada nova conquista… enquanto a sensação de vazio aumenta.

Aqui vai uma dica: se alguém lhe propõe riqueza, ganhos extraordinários, coisas materiais e o sucesso supostamente derivado também de coisas materiais, associando tudo isso a ser feliz ou afirmando que este é o caminho para a felicidade, suspeite. No mínimo, a ideia de felicidade desse alguém é deturpada. Talvez até os valores.

Pode funcionar por um tempo, mas o rebote será doloroso.

E a felicidade existencial? Por que é fácil entendê-la e tão desafiante obtê-la?

A raiz dela é uma coisa simples: o alinhamento entre nossos valores e propósito com as nossas ações.

Veja como ela precede a ideia da obtenção de algo. Ela vem até antes da ação em si.

Trata-se de uma cadeia: valores e propósito – pensamentos – sentimentos – ações.

“Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia.”
Mahatma Gandhi

Ela não custa nada.

O mais absurdo de tudo? Muita gente passa dos 50 anos sem saber quais são os seus valores e o seu propósito. Quando isso acontece, é fácil cair na armadilha.

Eu disse que era fácil entender a equação. Dedique um tempo a descobrir seus valores e propósito. Passe a considerar isso e, a partir do momento em que você torná-los conscientes, poderá trabalhar para que suas ações resultantes estejam alinhadas com eles. Mais, entre dedicar seu tempo para obter felicidade momentânea ou contextual, sugiro focar na contextual.

A razão por traz disso é que nada material lhe trará uma felicidade real ou uma realização duradoura. Entretanto, ações envolvendo sentimentos positivos e estimulando a felicidade contextual lhe trarão realização. Isso mesmo, as felicidades existencial e contextual estão intimamente ligadas.

Na verdade, ao alinhar valores e propósito com suas ações, você alcançará a felicidade existencial e, como efeito colateral, sua vida será preenchida com momentos de felicidade contextual.

O que é a eternidade afinal, se não momentos que se sucedem até o final de nossas percepções?

“A felicidade não pode ser percorrida, adquirida, usada ou consumida. Felicidade é a experiência espiritual de viver cada minuto com amor, graça e gratidão.”
Denis Waitley

Isso nos traz a outra questão: o tempo é uma ilusão que a mente cria para entender algo que não temos um sentido específico para interpretar. Não existe passado ou futuro. Só existe o momento presente. Provar isso é fácil: você não pode viver o passado ou o futuro, apenas o momento atual.

Entretanto, a mente é capaz de acessar a memória e lembrar do que já foi. Ela também é capaz de imaginar o que pode acontecer e lembrar disso da mesma forma que lembra do passado.

Não podemos mudar o passado, mas devemos aprender com ele. O ato de aprender com ele já implica uma ressignificação de situações desagradáveis. Isto serve de insumo para planejarmos o futuro.

Não sou ingênuo em afirmar que devemos esquecer de tudo e curtir o presente chutando o pau da barraca, como muitos gostam de afirmar ao encher a boca para dizer equivocadamente “carpe diem!”(*)

“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.”
Albert Einstein

A questão é que estamos perdendo a capacidade de viver o presente. Passamos o dia, a tarde, a noite e as madrugadas encharcados de pensamentos sobre o passado e o futuro, em uma quase tortura constante geradora de depressão, ansiedade e aniquiladora da felicidade.

Estamos tão condicionados a viver assim que passamos a impor esse comportamento às pessoas com as quais nos relacionamos, seja pessoalmente ou profissionalmente. Comumente agimos gerando ansiedade para pessoas próximas e nem percebemos.

Entenda que o ato de avaliar o passado e planejar o futuro não pode descontroladamente controlar você. Ele deve ser agendado. Isso mesmo, agendado. Você deve reservar horários em seu dia para pensar sobre os assuntos que necessitam de cuidado e deve tornar isso um hábito.

Deixem eu colocar de uma outra forma: não há nenhum ganho com excesso de ansiedade. Não há nenhum ganho com a insegurança. Não há nenhuma vantagem em não dormir à noite pensando no futuro, sem parar. Ao contrário do que já é aceito socialmente, isso diminui a qualidade de vida e a qualidade dos nossos resultados.

Na prática, nunca desligar, deixar a ansiedade e o stress invadir a sua vida sem início e fim nada mais é do que um sinal gigante de desorganização, falta de planejamento e desrespeito para com a sua saúde. Todos nós vivemos sob pressão, mas não confunda o stress estratégico, momentâneo e um pouco de ansiedade gerada pela pressão diária com a perda do controle ou fazer os outros perderem o controle.

Preciso dizer novamente que isso afeta diretamente a sua capacidade de ser feliz?

“As soluções sempre aparecem quando saímos do pensamento e ficamos em silêncio, absolutamente presentes, ainda que seja só por um instante.”
Eckhart Tolle

Ao reservar tempo para avaliar e planejar, você terá a mente apta a viver o presente. Desenvolver essa capacidade requer foco e prática. Destas, recomendo a meditação como caminho para desenvolver a habilidade de focar no presente e impedir que o turbilhão de pensamentos naturais da sua vida assuma o controle e o leve à ansiedade patológica, geralmente associada à depressão (mal do século XXI).

Voltemos aos compromissos que assumimos.

O que você acha que acontece quando não sabemos nossos valores ou propósito e somos levados pelas circunstâncias da vida a assumir compromissos interpessoais, familiares, sociais, morais, éticos ou religiosos, algo que acontece diariamente?

Sim meu caro, assumimos compromissos potencialmente incompatíveis com nossos valores e propósito, principalmente quando não os conhecemos.

Acho que agora ficou claro porque existe tanta gente infeliz no mundo e que diz não se sentir realizada com sua vida…

“Milhares de velas podem ser acesas de uma única vela e a vida da vela não será encurtada. Felicidade nunca diminui por ser compartilhada.”
Buda

Ao inibir a felicidade existencial de nossas vidas, seja pelo desconhecimento dos nossos valores e propósito ou por pura inconsciência do presente, deixamos de promover a felicidade contextual e recorremos apenas à felicidade momentânea para sermos felizes.

Olhe à sua volta. Analise os posts de seus amigos e conhecidos nas redes sociais. Ouça as conversas em família, no bar, na roda de amigos, no futebol. Sinta o comportamento das pessoas próximas… Veja como é fácil encontrarmos a felicidade associada ao material em todo lugar e como ela é… Lugar comum.

Pense sobre isso. Pense sobre como vem levando a sua vida e que tipo de felicidade vem perseguindo. Sinta como o mundo está influenciando a sua busca.

Talvez você se assuste um pouco no início, mas ao refletir sobre o tema, eu tenho certeza de que fará sentido.

“Não é sobre tudo que o seu dinheiro
É capaz de comprar
E sim sobre cada momento
Sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr
Contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera
A vida já ficou pra trás”

Trem-Bala, Ana Vilela

Recursos Adicionais:

 

(*) “carpe diem”: normalmente as pessoas usam como sugestão para aproveitar o dia ao máximo e, em alguns casos, dado a extremos, como se não houvesse amanhã.

A frase original era mais longa: “Carpe diem, quam minimum credula postero” e significa que você deve viver o agora e não confiar no futuro. Em outras palavras, significa que devemos planejar o futuro agora para colhermos os resultados esperados adiante.

Categorias
Coaching Motivação Vida em Geral

Sente-se Corajoso? Hora de Um Reality Check

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Você acordou corajoso e decidiu ler esse texto.

Chegamos a um ponto onde já temos massa crítica de informações aqui no blog para fazer algumas perguntas realmente importantes e decisivas (bem, pelo menos para algumas pessoas).

Uma checagem de realidade, talvez um wake-up call, deparando-se com as seguintes questões:

  • O que você tem feito com a sua vida?
  • Onde você tem chegado? Que resultados tem obtido?
  • Onde você quer chegar? Que resultados quer obter?
  • Que tipo de pessoa você tem sido em sua existência, até o momento? O que almeja ser?
  • Tem um plano? Está à deriva e não sabe o que fazer? Ou está sendo levado (e tudo bem)?

Você tem medo de fazer estas perguntas? Tem medo das respostas?

Já racionalizou na sua mente que você é de um jeito e não vai mudar?

Já racionalizou para os outros que todos devem aceitar você do jeito que é, porque nunca mudará?

Se você fez essas perguntas pra valer, em um momento de introspecção e deu um friozinho na barriga, continue.

Se você é indiferente a estas questões, por favor, não siga adiante, pois achará perda de tempo. Sugiro, como alternativa, ler esse texto aqui ou esse outro 🙂 Talvez mude de ideia!

Decidiu continuar?

Vamos lá!

Comecemos tornando o texto mais agradável, ao definir um conceito essencial.

Você deve estar cansado de ouvir os termos “zona de conforto” e “zona de esforço”. É, eu sei. Eu entendo você. Tem coisas que são tão repetidas que perdem o sentido. Eu estou cansado de usá-los também… apesar disso não diminuir a importância deles.

Tratam-se de termos que representam ideias complexas. Por isso é tão fácil e cômodo tirá-los da manga.

O que podemos usar no lugar deles?

Vejamos:

Zona de conforto é um estado, status, uma posição, um conjunto de pensamentos, sentimentos e ações (ou ausência delas), permitindo ao ser existir sem supostas ameaças, riscos, nervosismo, ansiedade ou insegurança. É uma zona repleta de, digamos, “tranquilidade” e de mínimo potencial para sofrimento ou dor.

É um lugar onde temos desempenho mediano ou insuficiente, relacionamentos interpessoais mornos ou frios e pouca troca. Aceitar conhecimento, trocar sentimentos e reconsiderar quaisquer coisas em nossas vidas leva ao aprendizado que, em mais ou menos intensidade, causa dor ou sofrimento (e, nesse estado, dor e sofrimento são evitados a qualquer custo).

Podemos até afirmar também que é uma zona onde existe pouco ou nenhum desejo, pois no fim das contas, desejo provoca ação, movimento, mudança e… não queremos sofrer nem gerar ansiedade, não é mesmo?

Isso tem alguns efeitos colaterais.

Lá, não há evolução. Não há crescimento e não há aprendizado. É um lugar estático e sem mudanças perceptíveis ou intencionais. Como afirmei no texto sobre valores, creio que, em alguns casos, há a “involução” do ser, afinal, tudo na vida que não é exercitado, atrofia.

Explicar a zona de esforço agora é fácil: ela é a antítese da zona de conforto.

Nela, há um esforço pela evolução. De fato, só há evolução na zona de esforço. Há um conjunto de pensamentos, sentimentos e (principalmente) ações no intuito de aprender e evoluir. Há mais troca intelectual e sentimental com quem nos cerca. Provoca mudança intencional.

Consequência?

Dor e sofrimento.

Se fosse fácil… (complete a frase).

Existe a consciência de que aprender, mudar e evoluir causam dor e sofrimento, mesmo que você ressignifique isso de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde.

Diante disso, o que são sinônimos para as zonas de conforto e esforço?

Particularmente, gosto de associar a zona de conforto a uma estagnação.  Também me identifico com o existencialismo e, ao adicionar o conceito de que nossas ações são resultados dos nossos sentimentos e pensamentos que as precedem, por que não chamar esse lugar de estagnação existencial?

E como fica a zona de esforço?

Aplicando o mesmo princípio e adicionando uma carga de positividade, acho adequado o termo evolução existencial. Existencial porque a evolução pode ocorrer em diversos aspectos da vida e usar o termo “existencial” abstrai isso para as ações que você de fato desempenha na direção de evoluir, em quaisquer áreas.

Importante registrar que existe uma consideração “filosófica” a ser feita: o resultado das nossas ações, com a intenção de evoluir, pode ser negativo ou a involução (o tiro sair pela culatra), assim como a estagnação pode levar à “atrofia”.

Em prol da simplicidade, vamos considerar que toda ação tem uma intenção positiva e que, mesmo a involução, causada com a intenção de evoluir, é um aprendizado.

Por falar nisso, lembre-se: exercitar a evolução existencial não é garantia de que nada errado acontecerá ou que fracassos não ocorrerão. Significa que eles são aprendizados e insumos para o sucesso. Já na atuação como estagnação existencial, eles são revezes muitas vezes intransponíveis. São barreiras.

Que arrodeio da bexiga Romulo! O que isso tem a ver com as perguntas tão profundas do início?

TUDO.

Para muitos, as perguntas são balela. Destes, tem gente que age assim no sentido de evitar o confrontamento (chame de manter o status quo ou… de estagnação existencial mesmo).

Tem pessoas também que acham mesmo que é balela (suspeito que pela falta de conhecimento ou pela fase em que a pessoa se encontra na vida – veja esse texto e entenderá).

Já o restante, ou está na estagnação existencial por algum outro motivo ou na evolução existencial, conscientemente ou não.

Aliás, as perguntas são um excelente “reality check”. Chame de teste, se preferir. Quem as faz com sinceridade e pensa a respeito descobre que ou está em uma zona ou em outra e termina por acordar. Despertar.

A questão é: o que você fará a partir daí?

“Ignorância é uma benção.”
Thomas Gray

… E você acaba de perdê-la.

Incomoda né? Borboletas no estômago e nem é amor.

Sou da opinião de que a base da evolução existencial é o aprendizado, a troca de pensamentos e sentimentos entre as pessoas, sempre respeitando as opiniões de cada um (que levam ao aprendizado).

Tenha em mente a necessidade de uma argumentação saudável que nem sempre se materializa. Mas ter isso em mente nos ajuda a parar, respirar e voltar ao congruente.

A melhor parte? A sua escolha exerce papel imprescindível. A partir do momento em que torna consciente tudo que foi falado até aqui, você pode escolher com quem convive (e troca), o que estuda e aprende e até com o que mantém contato frequente.

Você pode se deixar influenciar pelo meio, pelas redes sociais, pelas pessoas e comportamentos e tudo serão escolhas suas. Lembre-se, inação é uma escolha.

E, assim como tudo na vida, o que não é usado, decai. O que não é exercitado, murcha. O que não é estimulado, definha.

Com aprender, é a mesma coisa.

Usemos uma história (quase metáfora) para exemplificar.

Eu aprendi com minhas referências familiares que médico bom é médico experiente e que, segundo a consenso então vigente, são os de maior idade.

O tempo foi passando e eu desaprendi essa visão.

Terminei descobrindo que nem sempre é adequado afirmar isso. No fundo, médico bom é médico que se atualiza. Que não parou de aprender. Não parou de evoluir.

A partir daí, percebi que essa questão está presente em todas as profissões. Em algumas mais, em outras menos, dependendo da velocidade com a qual o conhecimento daquela área evolui.

Sou originalmente da área de tecnologia, que tem a condição da evolução rápida como uma parte elementar. Em outras áreas, como na saúde e na legal / jurídica, na média, a tradição fala mais alto.

“A ignorância é a mãe das tradições.”
Gustave Gounouilhou

Perceba como, nessas áreas, há um embate entre os tradicionalistas e os evolucionistas (para não usar um termo mais comum, que pode ser inadequado em algumas situações, como “entre o velho e o novo”).

Podemos até pensar que a tradição é um mecanismo que surgiu naturalmente para proteger o próprio ser humano, à medida que ele envelhece. Com a idade, tudo fica mais desafiante (inclusive aprender) e exercitar hábitos fica mais fácil do que lidar com coisas novas.

Entretanto, se o indivíduo cultivou ao longo do tempo o “hábito” de aprender, ele consegue se manter em evolução e até com mais saúde mental.

Será que você já conseguiu traçar um paralelo entre a questão acima, a estagnação e a evolução existencial?

Sim, estão relacionados.

Se a permanência em uma ou outra zona é consciente ou não…

… Não desejar aprender, manter o status quo e não aceitar a mudança é um forte indicativo de estagnação existencial. Típico comportamento do mindset fixo, explorado por Carol Dweck no seu livro “Mindset“, ou também chamado de mindset defensivo, por Chris Argyris.

… Por outro lado, ter o aprendizado como meta e hábito, questionar o status quo e aceitar a mudança (mesmo que isso inclua atritos, dor e sofrimento), é uma grande evidência da presença na zona de evolução existencial. Comportamento que aponta na direção de um mindset de crescimento (Carol Dweck) ou produtivo (Chris Argyris).

Agora, exploremos as evidências da zona de estagnação existencial no dia-a-dia.

Você convive com pessoas que se comportam como as donas da verdade. Elas apontam as mais diversas razões, como evidências científicas, reportagens, mídia, redes sociais e opiniões alheias para se comportarem de forma irredutível.

O ponto aqui é a resistência à mudança e a característica natural que a acompanha, de não aceitar muito bem a opinião alheia ou sequer deixar o interlocutor falar.

Reage ao que é dito pelo seu interlocutor com argumentos que tentam descredenciá-lo de imediato. O nível de argumentação é baixo e frequentemente está associado a provar que é melhor ou sabe mais.

Uma variação frequente desse comportamento é o ataque mais direto a ideias e pessoas, sem conhecer o assunto (o que caracteriza o preconceito) e usando de adjetivos pejorativos e que tentam desqualificar o tema pela identidade, como “isso/você é” “chato”, “ridículo”, “idiota”, dentre outros.

É aquele indivíduo que não conhece do que está falando mas, não obstante, condena, recusa ou rebaixa.

Outra reação é o afastamento verbal (fechar-se verbalmente), literalmente pedindo ao seu interlocutor para que não aborde o tema, alegando que “não quer saber”, “não interessa” e outros argumentos dessa natureza, frequentemente acompanhados de uma emoção ou exaltação.

Em outras palavras, o fato de alguém estudar bastante sobre algo, e até viver dentro uma determinada área de conhecimento, não lhe dá razão para negar o direito do próximo de se expressar.

Registre-se: não devemos confundir uma presença na estagnação existencial com um posicionamento ou opinião sólida. A diferença é fácil de detectar: uma opinião fundamentada é seguida de argumentação de qualidade e espaço para questionar. Ela não “ataca” pessoas. Se ela não existe e é substituída por adjetivos de rejeição, é um bom indicativo de mindset fixo.

A própria evolução humana (temos milhões de anos para comprovar) é o maior exemplo de que tudo está em constante mudança e nada é eternamente estático. Assumir uma postura estática, irremediável ou intransigente é um dos maiores sinais de estagnação existencial.

Há também a questão do ego.

Egos inflados estão intimamente ligados à estagnação existencial, à intransigência, ao mindset fixo e, em maior ou menor grau, à ausência de humildade, sendo a origem diversa, do sistema ao ambiente. Devo mencionar que muitas pessoas acham que grandes egos estão associados a um comportamento arrogante. Pode acontecer, mas não é a regra.

Por fim, entenda que uma pessoa (incluindo você e eu) pode exibir algum comportamento acima apenas para uma área e, não necessariamente, de forma global. Ainda, pode se comportar na zona de estagnação ou evolução em sua vida pessoal e ter um comportamento oposto na vida profissional (e vice-versa).

Com todo esse conhecimento em mãos, pergunte: conduzo-me, em relação a algum assunto, área, profissionalmente, pessoalmente ou de forma global, exibindo um comportamento ou ações compatíveis com o descrito acima?

Em caso positivo, você conhece seus valores e propósito, sabe que existem coisas que temos que fazer que não estão sempre alinhadas com eles e decidiu conscientemente se manter na estagnação existencial?

Se sim, devemos respeitar a sua decisão.

Não? Você acha que o seu mindset fixo frente a algo é involuntário ou inconsciente e o seu comportamento de estagnação é apenas consequência de você estar sendo levado pelo rio da vida?

Se este é o caso, há muito o que fazer e você tem motivos para ficar especialmente feliz! Acredito que você precisa iniciar uma jornada de autoconhecimento que ajudará a encontrar todas as respostas às questões do início desse texto.

Farei abaixo um roteiro com duas opções: um completo (e mais longo) e outro menor. O completo consiste em todos os textos recomendados, incluindo conceitos importantes para contextualizar e, o menor em verde, que são efetivamente os exercícios de descoberta e autoconhecimento.

Primeiro, alguns conceitos importantes:

  1. Use a metáfora desse texto de ficção (Patrícia) para iniciar a contextualização;
  2. Aprenda (se ainda não sabe!) a importância de sermos positivos;
  3. Entenda como errar e fracassar são mecanismos naturais de evolução. O ser humano evoluiu milhões de anos dessa forma;
  4. Perceba como aprender com outras pessoas, como a troca e a reconsideração de opiniões outrora imóveis, pode ser um renascimento;
  5. Descubra a importância do protagonismo;
  6. Vivemos uma dicotomia de certo vs. errado enquanto o universo é muito mais do que isso;
  7. Conheça o conceito de níveis neurológicos de aprendizado e talvez muitas situações em sua vida ficarão mais claras;
  8. Veja a importância da comunicação e de como somos responsáveis pelo entendimento do que comunicamos;
  9. O conceito de realidade socialmente aceito é ilusório e cada um de nós tem o seu próprio mapa de mundo. Isso tem influência direta em como nos relacionamos com o mundo que nos cerca;
  10. Existe muito menos malícia e maldade no mundo do que realmente somos levados a acreditar.

Em seguida, as ferramentas propriamente ditas:

  1. Como descobrimos os nossos valores?
  2. Como descobrimos o nosso propósito?
  3. Como lidar com a vida, nos colocando em situações onde somos levados a  tratar de coisas que não amamos ou não estão totalmente alinhadas com nossos valores ou propósito?

Não meu querido leitor, não estou de sacanagem.

Para alguns, deixei um enorme dever de casa!

Para outros, talvez uma pontada de curiosidade que levará a uma evolução.

Ainda, existem aqueles que acharão, mesmo depois do aviso, balela.

Tem também aqueles que não sabem como chegaram até aqui por causa da preguiça, quanto mais ler os demais textos e usar as ferramentas! O que importa é que chegou.

Se de alguma forma o que eu disse fez você pensar, eu cumpri minha missão. Se, como resultado desse conteúdo, você descobriu coisas importantes na sua vida ou, quem sabe, mudou-a para melhor… Nossa, estarei eu realizando um sonho e sendo ainda mais grato.

Boa sorte em sua jornada querido(a) leitor(a)!

Categorias
Coaching Motivação PNL Vida em Geral

O Outro Lado da Moeda

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Tratemos de um tema potencialmente polêmico e impopular.

É raro ver artigos e livros que dão atenção à questão, mesmo que indiretamente.

Durante a minha caminhada de desenvolvimento pessoal, deparei-me com muitos pensamentos e estratégias válidas, amplamente divulgadas e usadas em larga escala, com um bom apelo de marketing, mas que, de certa forma, ignoram um pouco a complexidade do ser humano, da sociedade e do mundo em que vivemos.

Eu acredito fortemente em alguns conceitos que aprendi ao longo dos anos e vivo minha vida pautada neles. No que diz respeito a esse texto, destaco:

Dito isso, perceba como a comunidade da auto ajuda, coaching e motivação repete à exaustão que, para ser feliz e ter sucesso, você deve fazer aquilo que está alinhado aos seus valores, propósito e missão. A frase comum que traduz isso é algo assim:

(*) “Se você trabalhar com o que gosta, não precisará trabalhar mais nunca na vida.”

Já viu ou ouviu isso em algum lugar? É familiar?

Eu concordo com a frase e me incluo nessas comunidades. Escrevi profilaticamente sobre o assunto aqui no blog –  ensinando o caminho das pedras direta ou indiretamente.

Entretanto, existe um lado adicional à equação que não exclui as afirmações e considerações anteriores: é apenas mais um lado, contudo, negligenciado ou omitido.

Essa é a razão deste texto. O outro lado da moeda.

De cara, faço uma constatação: não há lugar para todos se a população da terra conseguir fazer o que gosta. Essa é uma impossibilidade logística, real e, por enquanto, necessária.

Se um dia a sociedade automatizará empregos e necessidades humanas desagradáveis, substituindo-as totalmente por máquinas… Bem, é provável que isso aconteça – mas no momento, isso não nos é contemporâneo. É, sim, uma utopia.

Temos muita coisa que precisa ser feita atualmente em várias esferas da nossa existência que são dolorosas, odiosas, antipáticas, enfadonhas, irritantes, aborrecedoras, entediantes, repulsivas… A lista continua.

O que devemos dizer para as pessoas que desempenham essas tarefas, algumas de forma heroica, solitária e não reconhecida? Que só serão felizes e realizadas se encontrarem sua missão e propósito aí?

Que devem largar o que fazem imediatamente e procurar o que amam?

Que, caso desempenhem suas incumbências sem necessariamente (ênfase nessa última palavra) amarem o que fazem, serão condenadas fatalmente à mediocridade?

Achar propósito e missão, na minha humilde opinião, é a base para uma existência coerente e plena(**). Já alinhar valores, propósito e missão com o que fazemos, apesar de ideal, poucas pessoas conseguem!

Enquanto procuramos esse alinhamento, como se paga as contas? Como sobrevivemos?

Entendo também que as pessoas devem ativamente trabalhar para não só se conhecerem melhor mas realizarem a jornada em busca deste autoconhecimento e alinhamento. Ela nunca deve acabar.

A jornada em si ensina muito e faz o indivíduo amadurecer, o que por si só tem o efeito colateral de influenciar positivamente todas as áreas da vida.

“Você nasce com apenas dois medos: medo de cair e medo de barulho alto. Todo o resto é aprendido. E é muito trabalho!”
Richard Bandler

Tudo isso considerado, de tanto se repetir essa frase(*), acho que alguns andam esquecendo o que significa ser profissional: fazer o que tem de ser feito, dentro das suas atribuições e(***):

  • Que seja trabalho ético e honesto;
  • Dentro da lei;
  • Com responsabilidade;
  • Com condições básicas (risco, local apropriado, ergonomia, etc.);
  • Ausente de assédio moral e com respeito;
  • Mesmo que você não necessariamente ame o que faz.

Na vida pessoal não é diferente. Temos que realizar tarefas incômodas, que não amamos, o tempo todo, todos os dias!

Reflita comigo: o que é viver na zona de esforço, se não fazer coisas novas e certamente dolorosas ou bastante incômodas que, eventualmente, podem se tornar agradáveis e amadas como resultado do nosso crescimento e evolução e da formação de um hábito?

Levando este raciocínio adiante, considere por um momento o seguinte: vivemos dentro de “caixas“, universos individuais limitantes chamados paradigmas. Com o nosso esforço, crescimento e desenvolvimento (doloroso), superamos e quebramos.

A partir daí, teremos um novo paradigma, uma nova série de limitações maiores para serem conquistadas, como resultado da nossa constante presença na zona de esforço.

É, através dessa evolução aflitiva, que empurramos essa fronteira entre paradigmas cada vez mais para frente e para fora.

É até poético ver esse mecanismo em ação – todos nós somos impulsionados a mudar pelo desejo ardente ou pela dor e sofrimento… Para entrar em uma fase penosa e de dor, que é o aprendizado e o crescimento.

Você já se deu conta de que… as paredes do seu atual paradigma existencial são praticamente construídas pelas coisas que considera impossíveis? Trabalhemos essas crenças!

Ainda, quanto mais você trabalha dentro dos seus paradigmas atuais, mais você se sente confortável com eles e mais você transforma o que era antes um desafio em seu hábito.

A evolução está, sempre, em buscar o novo, em aprender, em crescer, em expandir e em se superar.

“É difícil dizer o que é impossível, pois o sonho de ontem é a esperança de hoje e a realidade de amanhã.”
Robert H. Schuller

Agora venha cá, vamos bater um papo.

Devemos fazer apenas o que amamos e esquecer de todo o resto? Paralisar, enquanto não está claro nosso propósito?
É claro que NÃO!

Nosso sucesso depende de amarmos o que fazermos?
Eu particularmente acho que não.

Surpreso?

Amar o que se faz é excepcionalmente bem-vindo, mas definitivamente não é requisito para o sucesso. É muito comum se confundir não amar o que se faz com odiar o que se faz.

Perceba que você pode apenas tolerar ou gostar do que faz e fazê-lo mesmo assim, sendo profissional ou simplesmente cumprindo com suas obrigações.

Isso é errado? Não meu querido leitor, é normal e comum, totalmente aceitável e tudo bem que seja assim.

De fato, isso é o que deveria ser esperado da maioria das pessoas que possuem profissionalismo.

Esse papo todo fatalmente trará a seguinte pergunta à sua cabeça:

Serei feliz apenas se amar o que faço / meu trabalho?
Definitivamente não!

Desde que existam as condições básicas(***) que mencionei acima e que seus valores estejam razoavelmente alinhados com o que faz, você não cultivará um conflito interno deixando-o triste, desmotivado ou vulnerável.

Além disso, você pode procurar a sua felicidade em outro lugar, desde que o que você faz ou o seu trabalho não sejam exatamente elementos antagônicos em relação ao que acredita.

Romulo, eu não amo o que faço. Na verdade, não gosto meeesmo. Todavia, eu continuo, porque tenho pessoas dependendo de mim e contas pra pagar. O que devo fazer?

“Nunca subestime o poder que você tem de levar a sua vida em uma nova direção.”
Germany Kent

Acho que, depois de contextualizar a questão, colocamos o dedo na ferida. Esse é o real ponto, não é? A questão principal para muitos.

Permita-me, antes de mais nada, dar os parabéns: isto significa que você é responsável! Significa, na minha cartilha, que você é um dos heróis invisíveis da vida cotidiana, uma pessoa provavelmente honrada e que cumpre com seus compromissos!

Tudo bem… Obrigado! Mas não sei qual o próximo passo…

Recomendo que você comece descobrindo quais os seus valores base, se você ainda não os conhece.

Quanto mais alinhados estamos com eles, menor a probabilidade de nos sentirmos incompletos e melhor a vida flui. Menor será aquela sensação inexplicável de conflito interno e, ao conhecê-los, você terá uma boa ideia do seu norte.

Se você precisar de ajuda neste processo de descoberta e autoconhecimento, sugiro que leia esse texto.

Em seguida, proponho uma reflexão sobre conhecer o seu propósito ou o porquê por trás da sua existência. Valores e propósito estão intimamente ligados.

Enxergá-los trará uma nova perspectiva e você pode usar esse conhecimento para ir alinhando a sua vida com seu propósito aos poucos.

Eu ajudo você com essa jornada no texto da semana passada sobre o tema.

Ok Romulo… Isto certamente me ajudará a direcionar meus esforços no futuro… Mas o que fazer AGORA?

Veja por exemplo no final do texto anterior, como coloco o meu propósito e mostro a influência dele na minha vida. Aquelas conclusões e insights que mencionei não ocorreram da noite para o dia. A ficha demorou alguns meses para cair.

Francamente, senti-me perdido de início. Quando passei naturalmente a enxergar meus pensamentos, meus sentimentos e ações sob a ótica do meu porquê, as coisas começaram a fazer sentido.

É essa perspectiva que ajudará você a realizar um feito crucial: ressignificar.

“Quanto mais você é positivo e diz: “Eu quero ter uma vida boa”, mais você constrói essa realidade criando a vida que você quer.”
Chris Pine

Percebi que o meu propósito está presente em inúmeras coisas do dia-a-dia, pequenas a grandes… Ele existe quando dou bom dia a pessoas desconhecidas, quando abraço a pessoa querida que traz o meu café aqui na lanchonete.

Ele aparece quando tomo um chopp no aeroporto e tenho uma conversa engrandecedora com pessoas lindas e amáveis e até quando presenteio meu Pai com um livro que certamente o ajudará.

Ele está presente quando oriento alguém no trabalho, quando leio e me capacito no intuito de ajudar os outros ou quando ajudo um amigo a entender algo em sua vida.

Reconheço-o quando uso o conhecimento que tenho no momento para auxiliar a jornada de alguém ou quando participo como voluntário no processo de transformação de pessoas.

Ele também está presente no meu trabalho – lá, percebi que apoio indivíduos e grupos a economizar tempo, dinheiro e a tomar decisões todos os dias, que influenciam positivamente a vida de milhares, talvez milhões de pessoas.

Você pode fazer a mesma coisa. Olhar a vida sob essa lente maravilhosa que contém um novo estímulo, uma nova motivação ou várias!

Emocionei-me ao coletar as fotos para colocar em cada um dos links nos quatro parágrafos acima. Emocionado de felicidade e de realização ao relembrar cada momento. É isso que desejo a você, meu querido leitor: a felicidade que vem de dentro.

Ressignificar é tirar do acontecimento, da memória, do objeto ou da pessoa (no fundo, do que quer que seja, tendo um significado negativo para você), a capacidade de afetar, de trazer ansiedade, nervosismo ou qualquer outro efeito desagradável ou não desejável à você.

Ao olhar para o mundo com olhos de positividade, deixar de olhar para o problema e focar no resultado, na solução, nas coisas boas que são consequência dos seus atos, você se torna capaz de atribuir um novo valor, um novo significado para aquilo que antes era doloroso ou incômodo.

A mente não sabe o que é uma memória real ou imaginação. Depois que você ‘imagina”, aquilo vira uma memória.

Baseado nisso, veja como é simples: a partir do momento em que você começar a usar a sua “lente” do propósito para enxergar estas questões por uma ótica positiva e enriquecedora, o sentimento negativo será aos poucos substituído pela nova referência alimentada. Isso mesmo! Em pouco tempo, você passará a ter uma lembrança agradável!

Quer outro exemplo?

Viajo à trabalho quase toda semana e isso tem um investimento em cansaço. Algumas vezes de carro, outras de avião, podem durar de uma hora a mais de dez horas por trecho.

É muito comum, pessoas em situação semelhante, focarem no lado doloroso. Em fazer a mala, na saudade das pessoas queridas, no cansaço da viagem em si e em tantas outras coisas que podem ser pensadas e ditas.

Ao focarem nisso, geram sentimentos negativos e fatalmente, ações no plano concreto como, no mínimo, muitas reclamações (que iniciam uma espiral negativa).

Ou… o indivíduo pode focar no benefício que traz aos clientes. Pode focar em se superar para dar o melhor para a sua família.

Pode escolher viver no presente e testemunhar coisas lindas que o Universo traz, como essa experiência que descrevi em um texto passado, essa outra, ou até divertindo-se literalmente, como fruto do seu trabalho.

Veja como encaro uma viagem de carro: como uma terapia! É um momento solitário e altamente criativo, que uso para pensar em estratégias, na vida, em como ajudar as pessoas e até em textos para o blog.

Uma viagem de avião? Momento ideal para ler e aprender mais ou conhecer pessoas fantásticas!

A PNL tem algumas  abordagens bem interessantes para a ressignificação. Talvez vire um texto futuro 🙂

Agora, comece você. Descubra o que valoriza, deseja e motiva.

Para alguns, talvez seja a hora de deixar um pouco de lado o preconceito quanto ao tema. Para outros, deixar de evitá-lo, justificando ser balela motivacional e tratar a questão de frente.

No fundo, você sabe que tudo isso faz sentido, não é? Só precisa por em prática e mudar a sua vida.

As ferramentas estão à sua disposição.

Quero terminar esse texto com uma frase de Richard Bandler, um dos pais da PNL:

“Cérebros não são projetados para obter resultados; eles vão em direções. Se você sabe como o cérebro funciona, você pode definir suas próprias direções. Se você não fizer, então alguém o fará.”
Richard Bandler


(**) Em uma nota paralela, como mencionei anteriormente o ofício, é importante registrar que o processo de coaching, por tratar-se de puro autoconhecimento e planejamento, certamente pode ajudar nessa caminhada.

Categorias
Coaching Motivação Vida em Geral

Em Busca de Propósito

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Porquê. Isso mesmo, por quê?

Me refiro ao porquê por trás do que pensamos, sentimos e fazemos. Propósito, essa palavra tão festejada nos últimos cinco a dez anos, como consequência da explosão das oportunidades de autoconhecimento. E não é pra menos, pois conhecer nossos valores e nosso propósito tem o poder de dar sentido à vida (não é à toa que esse tem sido o foco, a base e o início de qualquer processo de coaching).

“Um nobre propósito inspira sacrifício, estimula a inovação e encoraja a perseverança.”
Gary Hamel

Entretanto, trata-se de um tema bastante controverso e não há um consenso geral entre autores sobre como achá-lo. Prefiro pensar que existem diversas estradas que levam ao mesmo destino e que os múltiplos conceitos são complementares. Essa é, particularmente, a minha abordagem.

Comecemos pelo começo.

Nosso propósito está intimamente ligado aos nossos valores. Sugiro que, antes de seguir adiante, dê uma olhada nesse texto. Lá, eu explico a importância de conhecê-los e ajudo você nessa descoberta.

Vejamos agora alguns pontos que considero conceitos, premissas e informações importantes para essa jornada.

Primeiro, você pode chegar à conclusão de que tem mais de um propósito ou porquê.

Em segundo lugar, como tudo na vida, ele pode mudar.

“Qualquer ideia, plano ou propósito pode ser colocado na mente através da repetição do pensamento.”
Napoleon Hill

Terceiro, pergunte-se: estou deixando a vida me levar, como um barco na correnteza ou tenho planejado a minha existência? Isso nos leva ao ponto seguinte.

Em quarto lugar, é bem provável  que você tenha diversos bloqueios que não lhe permitem enxergar dentro de si fundo suficiente para encontrar o seu porquê.

E está tudo bem!

Somos levados pela sociedade, pelos grupos (sistemas) aos quais pertencemos, pela doutrina, trabalho, religião, casamento, família, escola, faculdade… A casar com um esterótipo de homem ou mulher, de ter um trabalho específico (normalmente atendendo à vontade da família), ter um carro do ano, gostar das músicas que pessoas perto de nós gostam, comprar roupas de alguma marca, assistir ao que nossos amigos assistem, a ler o que nossos amigos leem, comer uma dieta específica… E por aí vai.

Isso acontece porque o ser humano tem uma razão antropológica, com milhões de anos de evolução por trás, de se organizar em grupos. Isso ocorreu no nosso passado em benefício de nossa sobrevivência, continua ocorrendo e é, através de características assim, que identificamos os grupos aos quais pertencemos.

“Quando você está cercado por pessoas que compartilham um compromisso apaixonado em torno de um propósito comum, tudo é possível.”
Howard Shultz

Se esses pontos nos fazem agir de forma específica, terminam influenciando quem somos. Pense em tudo isso como um ruído de fundo que, quando está alto demais, deixamos de escutar a nossa voz interior, aquela voz que sai do nosso verdadeiro eu.

Por último, entenda que não conhecer o seu propósito não é desculpa para desistir de tudo, travar ou procrastinar. Falarei mais sobre isso no próximo texto… Mas a ideia aqui é: continue respirando! Você chegou até aqui e sobreviveu. Muita coisa acertada você fez. Parabéns! Chegou a hora de dar mais um passo, de subir de nível.

Prontos para começar?

Vamos lá!

A primeira coisa que você precisa fazer é sair desse modo automático de comportamento. Quando estamos no meio do furacão, soterrados de responsabilidades, trabalho, família e tantas outras coisas, dificilmente olhamos para dentro de nós mesmos. Trazer a questão à tona, ao consciente, por si só já é, muitas vezes, metade do caminho.

Você precisa encontrar um tempo para você, um tempo para esvaziar a mente e escutar o seu eu. Falei disso recentemente, no texto da semana passada.

Recomendo fortemente que você comece a meditar. A meditação ajuda (e muito!) a acalmar esses pensamentos relacionados ao nosso dia-a-dia que parecem não ter fim e, em alguns casos, são a causa da insônia de muita gente.

“Meditação traz sabedoria; falta de meditação deixa a ignorância. Saiba bem o que o leva adiante, o que o retém e escolha o caminho que leva à sabedoria.”
Buda

Faça tanto tempo quanto achar que deve ou possa. Use seu bom senso! O importante é fazer todos dias. Eu, por exemplo, faço pela manhã, ao acordar. Dependendo da agenda do dia, pode durar de dez minutos a uma hora.

No início, será desafiante conseguir manter a mente livre ou focada. Com o tempo, verá que o desafio desaparece e dá lugar ao foco e a serenidade, que ajudarão você a pensar com mais clareza sobre seu propósito.

Continuando, preciso registrar que gosto muito da abordagem de Simon Sinek, no que diz respeito à descoberta do porquê. Ele escreveu um livro sobre essa jornada em conjunto com mais dois autores, chamado “Encontre O Seu Porquê” que, infelizmente, ainda não possui tradução para português.

“Palavras podem inspirar, mas apenas ação cria mudança. A maioria de nós vive nossas vidas por acidente – vivemos a vida como acontece. Realização vem quando vivemos nossas vidas com propósito.”
Simon Sinek

Nele, defendem que o nosso porquê, o nosso propósito, é filho das nossas experiências passadas e entender como reagimos a cada uma nos dá um excelente indicativo.

Portanto, elenque pelo menos dez situações que ocorreram com você que considere importantes e que tenham de alguma forma lhe impactado, mudado seu comportamento, opinião ou direcionamento, profundamente. Pense naquilo que ocorreu ao longo da sua vida e que talvez o tenha transformado em quem é hoje.

Para lhe ajudar, veja alguns exemplos:

  • Um casamento;
  • O nascimento de um filho(a);
  • A perda de um ente querido;
  • O início de um trabalho;
  • Uma promoção;
  • Um treinamento, curso ou formatura;

Agora, você precisa detalhar cada experiência, à procura de padrões. Eu vejo duas formas de fazer isso: com um parceiro (opção recomendada no livro e por mim) ou escrevendo sozinho(*). A primeira opção é interessante quando existe um ambiente de coaching ou quando você deseja fazer com alguém e esse alguém com você (pode ser um amigo próximo, sua esposa ou marido, etc.).

O passo consiste em você contar, da forma mais específica possível, cada uma das histórias, sem generalizações. Faça o possível para ter em mente uma relação de causa e efeito e evidenciar seus sentimentos durante o processo, transmitindo essas informações ao parceiro.

Ele deve anotar em uma lista os temas principais de cada história, como ajudar ao próximo, quebrar barreiras, superação, cuidar de pessoas, liderar,  contribuir para a sociedade, luta por liberdade, ganhar dinheiro, realização profissional(**), ou algum outro objetivo.

Permitam-me, a partir daqui, me distanciar de Simon Sinek, simplificando as coisas um pouco.

Ao lado de cada tema, seu parceiro deve construir outra lista com os sentimentos relacionados a cada um, que ele conseguiu extrair da respectiva história original. Para ajudar o seu parceiro, considere que cada ação no plano existencial é fruto de um sentimento, que surgiu a partir de um pensamento. Use isso para entender o fluxo e informar ao seu parceiro o sentimento correspondente.

Em seguida, analise a lista de histórias, temas e sentimentos em relação aos seus valores. Perceba quais temas e sentimentos estão alinhados com os principais. Se você foi honesto no exercício de descoberta de valores, de cinco a dez histórias estarão alinhadas com eles. Escolha as cinco principais e de maior impacto. Se você não encontrar pelo menos cinco histórias alinhadas, deve repetir a coleta de mais histórias até que obtenha cinco.

“Seus sentimentos e emoções são seus indicadores mais fortes de que sua vida está se movendo em uma direção com propósito ou não… Portanto, ouça com atenção como você se sente.”
Rebecca Rosen

Essa lista de temas resultante é, na verdade, a lista dos seus motivadores. São aquelas coisas na sua vida que lhe impulsionam, fazem você se mover, dar passos, reagir, sentir, atacar, defender-se.

O próximo passo é ajudar o seu parceiro a construir uma lista de dez a quinze coisas que você odeia, que lhe incomodam,  que você mudaria ou problemas que você deseja que sejam corrigidos, sempre em um âmbito global, como na sua comunidade, na sociedade ou no mundo. Recomendo que você se permita sonhar alto!

Por último, coloque as listas uma ao lado da outra e correlacione os seus motivadores com a lista de problemas. O critério é usar o bom senso e a compatibilidade: ligue o motivador que faz sentido usar para resolver o item da lista de problemas. Você pode ter um motivador ligado a mais de um problema e não deve ligar do problema ao motivador (sempre no sentido motivador -> problema).

Talvez você já tenha percebido aonde chegaremos.

Aquele motivador que está ligado a um maior número de questões que lhe incomodam ou problemas que deseja ver resolvidos é a base do seu propósito!

Olhe para estas ligações e pergunte: como, a partir dessas conexões, posso contribuir e servir?

“A gente só dá o que tem.”
Desconhecido – Provavelmente Isabel Allende

Mas Romulo, servir a quem?

Meu caro, um propósito é justamente isso. Algo em que você é bom, valoriza, tem uma boa motivação por trás (responsável pela maioria de suas ações e alinhado aos seus valores), tem utilidade prática e serve ao próximo, à sociedade ou ao mundo! É a sua contribuição, seu legado para o bem maior.

Por fim, voltando ao Simon Sinek, você pode continuar o exercício mental de tornar o seu propósito algo mais concreto e palpável ao transformá-lo em uma frase.

A base dela deve ser algo como:  Eu ___[contribuição]____ para que ____[impacto]____.

  • [contribuição] está relacionado ao seu motivador
  • [impacto] está relacionado ao problema que quer resolvido e à forma como você servirá

Veja, por exemplo, o que considero o meu propósito:

“Ajudar, de forma inteligente e eficaz, as pessoas a evoluírem como seres, transformando a sociedade e o mundo em um lugar melhor.”

Leia a frase acima. Tente entendê-la. Interprete o que ela significa, a sua profundidade e influência.

Agora, acompanhe meu raciocínio.

Quando leio essa frase, meu peito se enche de uma sensação boa, agradável.

Para mim, ela significa que eu devo ajudar o próximo. Mas a ajuda deve ser inteligente, duradoura, de forma a provocar uma mudança positiva na vida das pessoas. Significa que eu preciso, necessariamente, ter um impacto positivo nelas, incluindo você, meu leitor. O âmago da frase é “servir”.

Entenda a repercussão disso na minha vida. No meu entendimento, denota toda uma série de consequências, de tratar bem as pessoas até escrever esse blog (que, por sua vez, é parte da minha contribuição e surgiu da descoberta do propósito!).

Há uma manifestação de sentido, fundamental em todas as ações que realizo, a partir do momento que uso a ótica do meu porquê para enxergá-las.

E sabe qual o bônus? quando executo ações alinhadas à este propósito, tenho como efeito colateral ficar verdadeiramente feliz, realizado e completo 🙂

Voltemos a você. Agora que conhece potencialmente o seu porquê, sugiro validá-lo. Certamente essa é a etapa mais fácil: aplique o mesmo princípio acima, que usei no meu exemplo pessoal. Como eu, você saberá, no seu íntimo!

Diante das situações da vida que se apresentarem, pense no seu propósito e se ele se encaixa. Pense em suas ações frente ao seu porquê e sinta se você está em um caminho congruente, que faz sentido. A partir do momento que conhecê-lo, ficará claro para você se cada ação lhe aproxima ou não dele.

“O propósito da vida é contribuir de alguma forma para tornar as coisas melhores.”
John Kennedy

Se você tem interesse em se aprofundar, sugiro a seguinte literatura, que foi usada direta ou indiretamente como referência e inspiração para esse texto:


(*)Se você não tiver um parceiro ou optar por escrever, você mesmo realizará as duas funções. Dica: o resultado é melhor com alguém e a razão é simples: a parceiro terá a capacidade de interpretar sua comunicação não-verbal e de enxergar de forma global, coisa que você provavelmente não conseguirá fazer, por estar envolvido emocionalmente.

(**) Tomei cuidado de riscar essas duas opções porque elas devem ser consequência das ações alinhadas entre valores, propósito e vida. Pense em seu propósito como algo maior, que esteja na raiz da sua motivação.

 

 

 

Categorias
Coaching Motivação Vida em Geral

A Importância dos Nossos Valores

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Ao longo da nossa vida, há algo por trás das nossas ações que norteiam as decisões que as precedem. Esse mesmo algo é responsável por orientar nossas opiniões e decisões que tomamos, também frente aos desafios e as ações dos outros.

A importância e a influência dos valores em nossas vidas é indiscutível. Mas e se eu disser a você que a grande maioria das pessoas não sabe quais são os seus e age puramente por instinto?

Quaisquer situações que demandem decisões são guiadas por eles; de fato, posso afirmar que influenciam nossos pensamentos, sentimentos e ações em cascata, tem importância gigantesca em nossa existência e são frequentemente negligenciados.

  • Você já se deparou com uma situação onde agiu de uma forma mas não se sentiu bem, ficou em dúvida ou se questionou, percebendo “algo fora do lugar”?
  • Você já viu alguém falar ou agir e ficou com uma sensação estranha, como se algo fosse incompatível ou não se encaixasse?
  • Já se arrependeu de ter falado, feito ou achado algo, sem necessariamente saber o porquê?
  • Já foi rápido em julgar alguém, por quaisquer motivos?

Provavelmente houve uma incongruência entre os seus valores e o que aconteceu e, o fato de você ter se sentido assim, decerto indica que você não os conhece. A grande maioria não sabe sequer lidar com estes cenários.

Eu tenho uma explicação para isso: na sociedade moderna, somos usualmente levados pelas circunstâncias – a pensar, sentir e agir.

A maioria passa a vida sendo levada por essas circunstâncias. Vamos sendo empurrados pela vida numa louca perseguição dos objetivos dos outros e somente aceitamos.

Alguns terminam percebendo a importância dos seus valores e da qualidade de suas decisões cedo ou tarde e passam a respeitá-los.

Em um contexto pessoal(*), temos o nosso primeiro sistema familiar (pais, irmãos, tios, etc.), onde nos dizem o que fazer boa parte dos nossos primeiros 20 anos, talvez até 30. Convém observar que a construção de nossos valores sofre influência fundamental desse sistema que, de uma forma ou de outra, eventualmente os determina.

Caso a pessoa esteja em um contexto pessoal onde o primeiro sistema familiar não existe ou é substituído por outro sistema, os seus valores serão certamente influenciados de forma semelhante pelo contexto que substituí-lo.

Famílias em conflito tendem a ser naturais à ausência de valores claros. É muito importante registrar que valores diferentes entre pessoas não significam necessariamente que uma está certa e a outra errada: temos mais de um valor e a prioridade pode ser distinta.

Enquanto uma pessoa pode valorizar mais a família, outra pode ter uma perspectiva diferente e valorizar mais a sua liberdade. Isso, por si só, pode gerar uma divergência de pontos de vista – não significando que uma ou outra está certa ou errada.

Registre-se: temos a tendência de associar valores a uma questão de certo vs. errado, (o “meu certo” contra o “seu errado”). Para esclarecer essa questão, sugiro a leitura desse texto. Lembre-se: nós vivemos em um mundo de infinitas possibilidades. É plausível afirmar que temos infinitos “certos” para cada situação. Na dúvida? Respeito.

Já em um contexto profissional(*), geralmente começamos subordinados a uma hierarquia, que dita nossas ações por um bom tempo, até termos autonomia gerencial, estratégica ou empreendedora.

Enquanto essa autonomia não vem, nadamos conforme a maré e somos levados a realizar fatalmente os planos dos outros, o que é alinhado a valores alheios e não aos nossos. Claro, isso não significa que existe um conflito entre ambos. A questão é justamente procurar o alinhamento. Mais adiante.

A existência de valores claros na cultura de uma empresa é tão importante que pode ser a razão do seu sucesso ou da sua destruição. Corporações onde os valores são claros, respeitados e alinhados, tem mais estabilidade de longo prazo e sobrevivem às mais diversas crises, sendo normalmente empresas com décadas de existência.

Corporações sem valores claros demonstram um comportamento errático, altos e baixos, conflitos, falhas de comunicação e, comumente, pessoas trabalhando umas contra as outras sem perceber ou uma enorme incidência de retrabalho. Muito comum também é a presença de assédio moral.

Mesmo tendo alguém nos dizendo o que fazer, nossos valores terão uma pequena ou grande influência em nossas ações, dependendo da nossa consciência acerca deles.

É aí que chegamos ao cerne da questão:

O alinhamento entre valores e nossa existência é a chave!

Quando me refiro à existência, penso no existencialismo de Sartre: somos o que fazemos e, principalmente, somos o que fazemos com o que fazem com a gente.

Quando esse alinhamento não existe, toda uma série de consequências negativas vem à tona, desde o desmoronamento de relacionamentos, o baixo desempenho, o isolamento social, a depressão, e até o suicídio. Como esse tipo de relação não é claro, bem como quais são os valores que nos orientam, as pessoas vão levando suas vidas de forma medíocre ou sofrida sem saber porquê.

Para evitar uma situação dessas, você deve descobrir quais são. Observe, contudo, que evidenciá-los traz uma consequência: você provavelmente não conseguirá mais aceitar fazer algo que seja contrário a eles, principalmente aqueles que considerar inegociáveis.

Descobri-los pode ser mais simples do que parece e é um exercício de autoconhecimento.

Tenha um pouco de paciência e esteja disposto a ser sincero com você durante todo o processo, mesmo descobrindo que tem agido, no seu dia a dia, aparentemente contra algum valor.

Esse é um ponto muito importante: durante o exercício, você pode terminar chegando à conclusão de que um valor é contrário a uma ação que desempenha de forma corriqueira e habitual, no ambiente pessoal ou profissional e isso certamente fará com que você passe a questionar a validade de suas ações, seu comportamento, as amizades e relações que tem e até o seu emprego.

Além disso, é certo que as circunstâncias da vida podem alterá-los – eventos traumáticos, marcantes, relacionamentos, experiências profundas ou emocionais de alto impacto, dentre outros fatores, podem fazer você considerar um valor novo ou alterar suas prioridades.

Pense neste processo como um investimento de médio a longo prazo. Pense numa descoberta, que lhe permitirá entender o que lhe faz bem ou mal. O que lhe traz felicidade e realização ou não.

O que fará a respeito, com esse conhecimento? É com você.

Primeiro Passo: O Universo

Sugiro que você pegue papel e caneta ou faça uma planilha no computador, colocando, durante alguns dias, tantos valores quantos considerar válidos.

Não estamos agora procurando quais são ou não os seus, ou qual a prioridade: apenas escreva. Gere um universo interessante de valores, como ética, liberdade, família, dignidade, lealdade, coragem, honestidade, segurança, sucesso, justiça, qualidade de vida, crescimento, amor, fidelidade,  amizade, compaixão, contribuição, caridade, status, humor, prosperidade, dinheiro, poder…

Enfim, tantos quantos conseguir! Se possível, construa a lista tendo em mente as seguintes perguntas: “O que é importante para mim?” “O que é compatível com minhas necessidades?” “Tomo decisões considerando-o?”

Se a lista contém algum nome que você sente ser inadequado, faz você se sentir estranho ou gera rejeição, remova-o.

Dica importante: os melhores valores são aqueles que dependem de você ou sejam internos a você. Se você escolher um valor externo, terá pouco poder sobre a obtenção dele como, por exemplo, popularidade.

Segundo Passo: A Escolha

O objetivo aqui é diminuir o universo de nomes criado. Diante do conjunto de possibilidades, alguns você conseguirá eliminar de cara.

Outros você terá a reação oposta – provavelmente afirmará para si: “este não consigo viver sem“.

A ideia é restar apenas de dez a quinze opções.

Importante: NÃO monte uma lista dos valores que deseja ter, mas uma lista dos valores que você possui!

Para lhe ajudar a escolher, existem algumas técnicas.

A primeira delas é verificar os valores que despertam emoções e sentimentos.

A segunda é prestar atenção naqueles que “mexem” com você, meio que sem explicação.

A terceira e reparar nos valores que talvez tragam à tona um pouco de impulsividade.

Em todos os casos, pense nas situações do seu cotidiano e, ao verificar uma reação impulsiva, reconhecer uma emoção ou sentimento despertado, perceba qual valor, ou conjunto de valores, veio à mente involuntariamente.

Em quarto lugar, pense nos momentos em que se sentiu mais feliz, realizado e orgulhoso.

Em seguida, analise que valores estavam envolvidos nesses momentos e que podem até ter guiado você em cada um deles.

Não tente construir a lista rapidamente. Dê tempo para que as escolhas amadureçam por alguns dias, quem sabe uma semana: dê-se a liberdade de ir alterando à medida que vive a sua vida.

Recomendo uma semana por causa do ciclo natural relacionado: enfrentamos desafios distintos diariamente e o ciclo se repete mais ou menos a cada semana. Assim, você abrirá espaço para viver a maioria das situações “comuns” e verificar como reage.

Terceiro Passo: A Priorização

Novamente, existem algumas maneiras de realizar essa tarefa e priorizar a lista.

É bem provável que uma olhada já lhe permita decidir algum valor em favor de outro.

Compare dois dos valores e se pergunte: numa situação onde eu tenha que colocá-los à prova, qual prevaleceria? Escolha outro valor e compare novamente. Repita até começar a enxergar o que é prioridade.

Para auxiliar, escreva ao lado de cada valor a forma com a qual você exerce ele no seu dia a dia. Escreva também, se você souber, o sistema origem (família? Igreja? Escola? Trabalho? Time de futebol? etc.). O exercício de pensar sobre isso já lhe dará uma pista sobre quais valores são mais importantes, baseados nos sistemas origem mais relevantes para você.

Ordene visualmente da melhor forma que conseguir. Sugiro retornar à tarefa durante uma semana e em horários diferentes. Em alguns dias, é bem possível que a lista acabe ordenada.

Alguns tem tanta certeza dos seus valores quando os confronta que chegam à versão final da lista em poucos minutos (mas não fique triste se ficar em dúvida por um tempo! Neste caso, “o seu jeito é o jeito certo!”)

Atribuir valores numéricos absolutos a cada nome também ajuda. Você pode escolher uma escala de zero a cem e colocar esse peso ao lado do valor na planilha. Não tente racionalizar muito, pois estamos à procura da sua reação emocional ao valor e não de uma racionalização. Depois, é só ordenar a planilha do maior peso para o menor.

Quarto Passo: A Eliminação

É ótimo que tenha chegado até aqui!

Sinto dizer-lhe, contudo, que uma lista com quinze nomes é muito extensa (confesse, a sua tem quinze!).

A boa notícia é que o trabalho já foi feito: despreze os últimos sete valores. Isso mesmo! Aqueles que realmente tem influência na sua vida estão entre os quatro a oito iniciais. Recomendo focar nos cinco primeiros.

E Agora?

Com a lista construída em mente, passe a perceber as situações de sua vida que não são compatíveis e alinhadas com ela. Veja como ficou fácil entender cada situação que lhe incomoda, em maior ou menor grau! Você pode tomar a decisão de mudar o que lhe incomoda ou conviver com ela.

Permita-me adicionar, todavia, que se você está indo contra um valor inegociável (e é bem provável que a lista contenha vários deles), está também abrindo mão da sua felicidade… (talvez lá no fundo do seu ser, você sabe que é o caso).

Avalie igualmente as situações que são agradáveis: você notará que o alinhamento com a sua lista agora lhe é óbvio! Mais, a sua capacidade de tomar decisões que lhe levarão à sua realização e à felicidade acaba de ficar ordens de grandeza maior!

Se você chegou até aqui e realizou o processo, devo parabenizá-lo. Encarar esse desafio e tomar conhecimento dos nossos valores é, certamente, um ato de sabedoria… Mas antes de mais nada, exige coragem.

Deixar a vida nos levar é um comportamento equiparado a viver na zona de conforto. Não conhecer os valores que regem a nossa existência nada mais é do que dar manutenção a esse comportamento.

É muito difundida a ideia de que devemos viver em nossa zona de esforço e que viver na zona de conforto deve ser execrado – notório que viver na zona de conforto é condenado por coaches, palestrantes e tantos livros de desenvolvimento humano e pessoal quanto se pode ler.

Eu tenho uma visão distinta, apesar de, particularmente, acreditar que viver na zona de conforto é, no mínimo, um desperdício.

É necessário conhecer a si próprio e traçar um plano existencial. Um planejamento de vida e de como se deseja vivê-la. Eu não condeno quem deseja viver na sua zona de conforto ou trabalhar para chegar lá e pendurar as chuteiras. Pelo contrário, eu respeito essa decisão!

O que precisa ficar claro são as consequências disso, dessa atitude e comportamento. Não existe aprendizado ou evolução na zona de conforto. Não existe crescimento e, ouso afirmar que, em alguns casos, há a atrofia de certas qualidades humanas.

Não obstante, é um plano existencial válido e, aceitemos, desejado por mais pessoas do que se admite abertamente…

Se esse é o seu plano de vida, parabéns! É provável que você não traga muitas contribuições para a sociedade. Estando isso claro, devemos respeitar a individualidade de cada um e invadir menos os mapas alheios.

Se você fica incomodado de estar na sua zona de conforto e age ativamente para viver fora dela, aceitando mudanças, aprendendo sempre e procurando evoluir, parabéns! Ao conhecer os seus valores, você poderá planejar a sua vida, suas ações e sua existência sadiamente. Você tem coragem de se enfrentar, de mudar e se adaptar… Mesmo que doa…

Você segue em frente… E pode talvez seguir para o próximo passo: descobrir seu propósito.


(*)Nota: alguns coaches e especialistas no tema preferem segregar valores pessoais de profissionais. Eu acredito que temos apenas um conjunto fundamental de valores.