Categorias
Coaching Comunicação Motivação Pensamentos Com Vida Própria PNL Profissional Sociedade Vida em Geral

Estímulos, Motivação e Autoajuda

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Tenho uma passagem emblemática na mente: a de um treinador, no topo dos seus pulmões, berrando para um atleta: “vaaaaai, você consegue! Você é capaz! Vaaaaamos! Assim!!! Mais um passo!! Agoooora! Issssoooo!!!!”

Nos últimos quatro anos, mais próximo da indústria da autoajuda, do coaching, das imersões e de várias outras experiências do gênero, algumas até mais espirituais, eu presenciei a mudança chegar na vida de centenas, talvez milhares de pessoas.

É uma indústria que causa transformação: a estratégia muitas vezes consiste em alterar o estado do indivíduo através de estímulos sensoriais, emoções fortes e situações de alto impacto e, aí, permitir percepções valiosas.

O caminho usado é amplamente estudado na psicologia e certamente traz mudanças. Algumas vezes positivas, outras vezes negativas… uma percepção que depende de um enorme número de fatores, como o tempo e o momento analisado, o passado, as experiências e o mapa da pessoa.

Os estímulos são apresentados em múltiplos níveis. Vão desde condições ambientais, passando por experiências comportamentais, novas habilidades, interposição de crenças e valores (ou questionamento de ambos), mudança da própria percepção de ser e de identidade e, em alguns casos, indo até o nível de pertencimento, conexões, social ou espiritual.

Nestes quatro anos, muitos continuam a me perguntar se vale a pena experimentar situações assim.

Só existe uma forma de responder a essa pergunta: para mim, valeu.

Mas a situação é mais complexa e quero fornecer elementos para uma avaliação pessoal.

Vamos por partes.

Talvez o mais importante seja a disposição de olhar para dentro.

Dores crônicas antigas são confortáveis. Se acha que não, examine-as: fortes o suficiente para serem percebidas mas fracas demais para provocar mudança. Nos acostumamos e aprendemos a lidar com elas, exatamente de onde vem o conforto.

Nossa própria identidade já conhecida é muitas vezes um desejo comum: não mexe no que tá quieto; sou assim mesmo e que me aceitem. O corpo humano tende à conservação de energia e mudar gasta energia.

Melhor dizendo, olhar para si e escavar exige coragem. Não se preocupe, apenas a coragem necessária para começar.

Em segundo lugar, temos a confusão frequente de estímulo com motivação.

E, sejamos francos, não são poucos os estímulos.

Eles alteram o estado emocional do indivíduo, fazendo-o crer que tudo é possível, está ao alcance do esforço e do trabalho, basta empenhar-se. Fazendo crer que nada pode parar uma pessoa determinada.

Pode. Ah e como pode! A vida é cheia de surpresas.

A maior força do ser humano não é determinação; é a capacidade de adaptar-se.

Portanto, estímulo que leva a uma suposta e aparente motivação momentânea apenas, é a mesma coisa que potência sem controle.

Gasto de energia.

Alguém berrando frases motivacionais no seu ouvido ou seguir perfis motivacionais nas redes sociais pode até gerar movimento, mas mudança e evolução são outras coisas.

Muito da autoajuda é essa provocação na nossa cara que causa movimento… então, você sai do lugar, age, levanta do sofá e se cadastra na academia, começa a dieta, para de fumar, para de beber, começar a ler, estudar…  mas a iniciativa, o movimento encerra-se dias depois… e nada de verdade muda. Nada em longo prazo e a maioria das pessoas nem percebe, porque nunca avaliou.

Se você já passou pela experiência e acha que estou exagerando, faça uma análise do que alcançou concretamente: você agradecerá a si por ir mais fundo, além do jargão motivacional.

Investigue quais o resultados de fato conseguiu. Isso sim é um excelente exercício para avaliar se o estímulo levou a melhoras e, olha, as emoções exacerbadas podem ocultar os reais resultados: quando estamos excitados, acreditamos que as meras possibilidades já estão realizadas.

Isso leva à motivação propriamente dita.

Os estímulos são externos, a motivação vem de dentro.

Um estímulo pode acordar uma motivação sem precendentes dentro de alguém, mas apenas ele não leva muito longe. Falei sobre isso em outro texto, sobre procrastinação.

Então, se o estímulo serve para uma busca interna, para o aprendizado e para o autoconhecimento, a motivação tão desejada será encontrada ou criada. Mas se ele estiver só, volta-se para o ponto inicial.

Pior, pode-se retornar para o início com a sensação de que muito esforço foi desprendido mas que não se chegou a lugar algum.

Em terceiro lugar, não há garantia alguma de que o estímulo levará à realização, transformação, compreensão ou mudança positiva imediata.

Eu creio que a mudança é eventualmente positiva, mas olhar para dentro pode revelar faces do nosso ser há muito ocultas, conscientemente ou não.

Trata-se de um caminho. Um caminho com algumas estradas perfeitas; outras estradas um pouco esburacadas, à beira de abismos e campos floridos. Uma jornada muitas vezes de lucidez, de tristeza, de raiva, de felicidade… de prazer e de realização.  E tudo bem, faz parte da natureza humana.

Portanto, entenda que não há nada de imediato na evolução e no crescimento.

Percebeu a implicação dessa afirmação?

Os estímulos são momentâneos.

Se eles nos colocam no caminho da evolução, ótimo. De fato, só saberemos ao avaliar os resultados obtidos. Só através deles que saberemos se houve ou não evolução. Eu particularmente não me canso de trazer a minha e a sua atenção à este ponto: quais os resultados conquistados, de curto, médio e longo prazo?

Não vale afirmar que sente-se bem somente.

Pro seu próprio bem e correndo o risco de ser qualificado como racional, meça.

O que considera um bom objetivo ou conjunto de objetivos a ser alcançado?

Emocionais? Materiais? Existenciais? Espirituais?

Chegou lá? Está chegando?

Como ouvi Sri Sri Ravi Shankar[1] falar uma vez… pergunte-se: eu estou mais feliz? Eu estou mais calmo? Quando meu humor se altera por causa das inúmeras coisas desagradáveis da vida, ele retorna à calma e à felicidade mais rápido do que antes? A sensação de pertencer a algo maior e de querer contribuir têm aumentado? A necessidade do material tem diminuído e ter saúde financeira apenas para comprar coisas e momentos se distancia?

Eu acho que muita gente menospreza tudo que é entitulado “autoajuda” justamente por isso.

Por um lado, há um número enorme de gurus vendendo estímulos e, por outro, muitos clientes achando que vão comprar a pílula da felicidade. A tal da modernidade líquida de Bauman[2].

A tão desejada solução externa.

Uma equação lucrativa e, por muitos, considerada exploratória. Junta-se a oferta perfeita para o querer desesperado.

Aqui, há uma consideração importante a ser feita.

Os que procuram as pílulas mágicas, as fórmulas encantadas e os métodos supostamente infalíveis das peças de marketing de treinamentos de autoajuda e das capas dos livros… potencialmente encontrarão decepção.

O sórdido é que a decepção não vem rápido. Demora a perceber que não se sai do lugar e o argumento do marketing vigente é que… se não funcionou, foi porque você não se esforçou o suficiente.

Clóvis de Barros Filho coloca isso muito bem.

  • Os dez passos para a felicidade…
  • A fórmula do sucesso…
  • As cinco maneiras de ser produtivo…
  • As quarenta leis da persuasão…
  • A fórmula de lançamento perfeita…
  • Os sete mandamentos da inteligência emocional…
  • O método infalível para ser rico…
  • Os doze hábitos da venda…
  • O segredo da mente produtiva…
  • Os 48 ensinamentos do poder…

Soam familiares as colocações acima?

Todos elementos externos de uma suposta mudança indolente. Todos argumentos de persuasão e manipulação emocional para vender a solução absoluta (tão absoluta quanto a peça de marketing seguinte).

Pare por um momento e me diga: qual mudança é realmente passiva?

Não se percebe uma incongruência fundamental aí?

Não adianta olhar apenas para fora. Há de se olhar para dentro. Há de se cavar. Autoconhecimento é mudar a partir de si. É enfrentar dores conhecidas, demônios pessoais, esqueletos no armário da alma…

Todas as fórmulas, métodos, passos, segredos, leis, mandamentos e maneiras têm o seu sucesso inteiramente dependente da gente.

Aqueles que procuram tais recursos no intuito de conhecer quem são, mudam de vida.

São os que estão dispostos a mudar verdadeiramente.

São os que estão dispostos a encontrar em si a motivação. A razão, o propósito e… Como já disse Viktor Frankl[3], propósitos podem ser criados. Está TUDO dentro de nós.

Mas Romulo, eu li um livro de autoajuda que mudou a minha vida! Eu fiz um treinamento que me transformou em outra pessoa!

Foi?

Certeza?

Foi o livro que mudou a sua vida?

Foi o treinamento responsável pela transformação?

Conveniente quando fazem isso com a gente, não é mesmo?

O nome “autoajuda” é extremamente apropriado, percebe?

Ajudar a si.

Permita-me entregar-lhe uma nova percepção.

Aliás, mudando de ideia, permitirei que você conclua.

Eu concluirei com parabéns, por ter se permitido e por ajudar-se.

Deixo uma reflexão, correndo o risco mais uma vez de retornar ao tema da motivação:

Diante de tudo que foi dito… se o estímulo é externo e se ele nos leva a agir, estaremos abdicando da nossa capacidade de escolha? Estaremos sendo manipulados ao permitir que estímulos externos guiem nossas ações puramente no emocional?

Será que… conseguimos usar os estímulos ao nosso favor e guiar a nossa evolução de acordo com quem somos, no fundo? Será que, com isso, mudamos quem somos?


Categorias
Coaching Motivação Vida em Geral

Sente-se Corajoso? Hora de Um Reality Check

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Você acordou corajoso e decidiu ler esse texto.

Chegamos a um ponto onde já temos massa crítica de informações aqui no blog para fazer algumas perguntas realmente importantes e decisivas (bem, pelo menos para algumas pessoas).

Uma checagem de realidade, talvez um wake-up call, deparando-se com as seguintes questões:

  • O que você tem feito com a sua vida?
  • Onde você tem chegado? Que resultados tem obtido?
  • Onde você quer chegar? Que resultados quer obter?
  • Que tipo de pessoa você tem sido em sua existência, até o momento? O que almeja ser?
  • Tem um plano? Está à deriva e não sabe o que fazer? Ou está sendo levado (e tudo bem)?

Você tem medo de fazer estas perguntas? Tem medo das respostas?

Já racionalizou na sua mente que você é de um jeito e não vai mudar?

Já racionalizou para os outros que todos devem aceitar você do jeito que é, porque nunca mudará?

Se você fez essas perguntas pra valer, em um momento de introspecção e deu um friozinho na barriga, continue.

Se você é indiferente a estas questões, por favor, não siga adiante, pois achará perda de tempo. Sugiro, como alternativa, ler esse texto aqui ou esse outro 🙂 Talvez mude de ideia!

Decidiu continuar?

Vamos lá!

Comecemos tornando o texto mais agradável, ao definir um conceito essencial.

Você deve estar cansado de ouvir os termos “zona de conforto” e “zona de esforço”. É, eu sei. Eu entendo você. Tem coisas que são tão repetidas que perdem o sentido. Eu estou cansado de usá-los também… apesar disso não diminuir a importância deles.

Tratam-se de termos que representam ideias complexas. Por isso é tão fácil e cômodo tirá-los da manga.

O que podemos usar no lugar deles?

Vejamos:

Zona de conforto é um estado, status, uma posição, um conjunto de pensamentos, sentimentos e ações (ou ausência delas), permitindo ao ser existir sem supostas ameaças, riscos, nervosismo, ansiedade ou insegurança. É uma zona repleta de, digamos, “tranquilidade” e de mínimo potencial para sofrimento ou dor.

É um lugar onde temos desempenho mediano ou insuficiente, relacionamentos interpessoais mornos ou frios e pouca troca. Aceitar conhecimento, trocar sentimentos e reconsiderar quaisquer coisas em nossas vidas leva ao aprendizado que, em mais ou menos intensidade, causa dor ou sofrimento (e, nesse estado, dor e sofrimento são evitados a qualquer custo).

Podemos até afirmar também que é uma zona onde existe pouco ou nenhum desejo, pois no fim das contas, desejo provoca ação, movimento, mudança e… não queremos sofrer nem gerar ansiedade, não é mesmo?

Isso tem alguns efeitos colaterais.

Lá, não há evolução. Não há crescimento e não há aprendizado. É um lugar estático e sem mudanças perceptíveis ou intencionais. Como afirmei no texto sobre valores, creio que, em alguns casos, há a “involução” do ser, afinal, tudo na vida que não é exercitado, atrofia.

Explicar a zona de esforço agora é fácil: ela é a antítese da zona de conforto.

Nela, há um esforço pela evolução. De fato, só há evolução na zona de esforço. Há um conjunto de pensamentos, sentimentos e (principalmente) ações no intuito de aprender e evoluir. Há mais troca intelectual e sentimental com quem nos cerca. Provoca mudança intencional.

Consequência?

Dor e sofrimento.

Se fosse fácil… (complete a frase).

Existe a consciência de que aprender, mudar e evoluir causam dor e sofrimento, mesmo que você ressignifique isso de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde.

Diante disso, o que são sinônimos para as zonas de conforto e esforço?

Particularmente, gosto de associar a zona de conforto a uma estagnação.  Também me identifico com o existencialismo e, ao adicionar o conceito de que nossas ações são resultados dos nossos sentimentos e pensamentos que as precedem, por que não chamar esse lugar de estagnação existencial?

E como fica a zona de esforço?

Aplicando o mesmo princípio e adicionando uma carga de positividade, acho adequado o termo evolução existencial. Existencial porque a evolução pode ocorrer em diversos aspectos da vida e usar o termo “existencial” abstrai isso para as ações que você de fato desempenha na direção de evoluir, em quaisquer áreas.

Importante registrar que existe uma consideração “filosófica” a ser feita: o resultado das nossas ações, com a intenção de evoluir, pode ser negativo ou a involução (o tiro sair pela culatra), assim como a estagnação pode levar à “atrofia”.

Em prol da simplicidade, vamos considerar que toda ação tem uma intenção positiva e que, mesmo a involução, causada com a intenção de evoluir, é um aprendizado.

Por falar nisso, lembre-se: exercitar a evolução existencial não é garantia de que nada errado acontecerá ou que fracassos não ocorrerão. Significa que eles são aprendizados e insumos para o sucesso. Já na atuação como estagnação existencial, eles são revezes muitas vezes intransponíveis. São barreiras.

Que arrodeio da bexiga Romulo! O que isso tem a ver com as perguntas tão profundas do início?

TUDO.

Para muitos, as perguntas são balela. Destes, tem gente que age assim no sentido de evitar o confrontamento (chame de manter o status quo ou… de estagnação existencial mesmo).

Tem pessoas também que acham mesmo que é balela (suspeito que pela falta de conhecimento ou pela fase em que a pessoa se encontra na vida – veja esse texto e entenderá).

Já o restante, ou está na estagnação existencial por algum outro motivo ou na evolução existencial, conscientemente ou não.

Aliás, as perguntas são um excelente “reality check”. Chame de teste, se preferir. Quem as faz com sinceridade e pensa a respeito descobre que ou está em uma zona ou em outra e termina por acordar. Despertar.

A questão é: o que você fará a partir daí?

“Ignorância é uma benção.”
Thomas Gray

… E você acaba de perdê-la.

Incomoda né? Borboletas no estômago e nem é amor.

Sou da opinião de que a base da evolução existencial é o aprendizado, a troca de pensamentos e sentimentos entre as pessoas, sempre respeitando as opiniões de cada um (que levam ao aprendizado).

Tenha em mente a necessidade de uma argumentação saudável que nem sempre se materializa. Mas ter isso em mente nos ajuda a parar, respirar e voltar ao congruente.

A melhor parte? A sua escolha exerce papel imprescindível. A partir do momento em que torna consciente tudo que foi falado até aqui, você pode escolher com quem convive (e troca), o que estuda e aprende e até com o que mantém contato frequente.

Você pode se deixar influenciar pelo meio, pelas redes sociais, pelas pessoas e comportamentos e tudo serão escolhas suas. Lembre-se, inação é uma escolha.

E, assim como tudo na vida, o que não é usado, decai. O que não é exercitado, murcha. O que não é estimulado, definha.

Com aprender, é a mesma coisa.

Usemos uma história (quase metáfora) para exemplificar.

Eu aprendi com minhas referências familiares que médico bom é médico experiente e que, segundo a consenso então vigente, são os de maior idade.

O tempo foi passando e eu desaprendi essa visão.

Terminei descobrindo que nem sempre é adequado afirmar isso. No fundo, médico bom é médico que se atualiza. Que não parou de aprender. Não parou de evoluir.

A partir daí, percebi que essa questão está presente em todas as profissões. Em algumas mais, em outras menos, dependendo da velocidade com a qual o conhecimento daquela área evolui.

Sou originalmente da área de tecnologia, que tem a condição da evolução rápida como uma parte elementar. Em outras áreas, como na saúde e na legal / jurídica, na média, a tradição fala mais alto.

“A ignorância é a mãe das tradições.”
Gustave Gounouilhou

Perceba como, nessas áreas, há um embate entre os tradicionalistas e os evolucionistas (para não usar um termo mais comum, que pode ser inadequado em algumas situações, como “entre o velho e o novo”).

Podemos até pensar que a tradição é um mecanismo que surgiu naturalmente para proteger o próprio ser humano, à medida que ele envelhece. Com a idade, tudo fica mais desafiante (inclusive aprender) e exercitar hábitos fica mais fácil do que lidar com coisas novas.

Entretanto, se o indivíduo cultivou ao longo do tempo o “hábito” de aprender, ele consegue se manter em evolução e até com mais saúde mental.

Será que você já conseguiu traçar um paralelo entre a questão acima, a estagnação e a evolução existencial?

Sim, estão relacionados.

Se a permanência em uma ou outra zona é consciente ou não…

… Não desejar aprender, manter o status quo e não aceitar a mudança é um forte indicativo de estagnação existencial. Típico comportamento do mindset fixo, explorado por Carol Dweck no seu livro “Mindset“, ou também chamado de mindset defensivo, por Chris Argyris.

… Por outro lado, ter o aprendizado como meta e hábito, questionar o status quo e aceitar a mudança (mesmo que isso inclua atritos, dor e sofrimento), é uma grande evidência da presença na zona de evolução existencial. Comportamento que aponta na direção de um mindset de crescimento (Carol Dweck) ou produtivo (Chris Argyris).

Agora, exploremos as evidências da zona de estagnação existencial no dia-a-dia.

Você convive com pessoas que se comportam como as donas da verdade. Elas apontam as mais diversas razões, como evidências científicas, reportagens, mídia, redes sociais e opiniões alheias para se comportarem de forma irredutível.

O ponto aqui é a resistência à mudança e a característica natural que a acompanha, de não aceitar muito bem a opinião alheia ou sequer deixar o interlocutor falar.

Reage ao que é dito pelo seu interlocutor com argumentos que tentam descredenciá-lo de imediato. O nível de argumentação é baixo e frequentemente está associado a provar que é melhor ou sabe mais.

Uma variação frequente desse comportamento é o ataque mais direto a ideias e pessoas, sem conhecer o assunto (o que caracteriza o preconceito) e usando de adjetivos pejorativos e que tentam desqualificar o tema pela identidade, como “isso/você é” “chato”, “ridículo”, “idiota”, dentre outros.

É aquele indivíduo que não conhece do que está falando mas, não obstante, condena, recusa ou rebaixa.

Outra reação é o afastamento verbal (fechar-se verbalmente), literalmente pedindo ao seu interlocutor para que não aborde o tema, alegando que “não quer saber”, “não interessa” e outros argumentos dessa natureza, frequentemente acompanhados de uma emoção ou exaltação.

Em outras palavras, o fato de alguém estudar bastante sobre algo, e até viver dentro uma determinada área de conhecimento, não lhe dá razão para negar o direito do próximo de se expressar.

Registre-se: não devemos confundir uma presença na estagnação existencial com um posicionamento ou opinião sólida. A diferença é fácil de detectar: uma opinião fundamentada é seguida de argumentação de qualidade e espaço para questionar. Ela não “ataca” pessoas. Se ela não existe e é substituída por adjetivos de rejeição, é um bom indicativo de mindset fixo.

A própria evolução humana (temos milhões de anos para comprovar) é o maior exemplo de que tudo está em constante mudança e nada é eternamente estático. Assumir uma postura estática, irremediável ou intransigente é um dos maiores sinais de estagnação existencial.

Há também a questão do ego.

Egos inflados estão intimamente ligados à estagnação existencial, à intransigência, ao mindset fixo e, em maior ou menor grau, à ausência de humildade, sendo a origem diversa, do sistema ao ambiente. Devo mencionar que muitas pessoas acham que grandes egos estão associados a um comportamento arrogante. Pode acontecer, mas não é a regra.

Por fim, entenda que uma pessoa (incluindo você e eu) pode exibir algum comportamento acima apenas para uma área e, não necessariamente, de forma global. Ainda, pode se comportar na zona de estagnação ou evolução em sua vida pessoal e ter um comportamento oposto na vida profissional (e vice-versa).

Com todo esse conhecimento em mãos, pergunte: conduzo-me, em relação a algum assunto, área, profissionalmente, pessoalmente ou de forma global, exibindo um comportamento ou ações compatíveis com o descrito acima?

Em caso positivo, você conhece seus valores e propósito, sabe que existem coisas que temos que fazer que não estão sempre alinhadas com eles e decidiu conscientemente se manter na estagnação existencial?

Se sim, devemos respeitar a sua decisão.

Não? Você acha que o seu mindset fixo frente a algo é involuntário ou inconsciente e o seu comportamento de estagnação é apenas consequência de você estar sendo levado pelo rio da vida?

Se este é o caso, há muito o que fazer e você tem motivos para ficar especialmente feliz! Acredito que você precisa iniciar uma jornada de autoconhecimento que ajudará a encontrar todas as respostas às questões do início desse texto.

Farei abaixo um roteiro com duas opções: um completo (e mais longo) e outro menor. O completo consiste em todos os textos recomendados, incluindo conceitos importantes para contextualizar e, o menor em verde, que são efetivamente os exercícios de descoberta e autoconhecimento.

Primeiro, alguns conceitos importantes:

  1. Use a metáfora desse texto de ficção (Patrícia) para iniciar a contextualização;
  2. Aprenda (se ainda não sabe!) a importância de sermos positivos;
  3. Entenda como errar e fracassar são mecanismos naturais de evolução. O ser humano evoluiu milhões de anos dessa forma;
  4. Perceba como aprender com outras pessoas, como a troca e a reconsideração de opiniões outrora imóveis, pode ser um renascimento;
  5. Descubra a importância do protagonismo;
  6. Vivemos uma dicotomia de certo vs. errado enquanto o universo é muito mais do que isso;
  7. Conheça o conceito de níveis neurológicos de aprendizado e talvez muitas situações em sua vida ficarão mais claras;
  8. Veja a importância da comunicação e de como somos responsáveis pelo entendimento do que comunicamos;
  9. O conceito de realidade socialmente aceito é ilusório e cada um de nós tem o seu próprio mapa de mundo. Isso tem influência direta em como nos relacionamos com o mundo que nos cerca;
  10. Existe muito menos malícia e maldade no mundo do que realmente somos levados a acreditar.

Em seguida, as ferramentas propriamente ditas:

  1. Como descobrimos os nossos valores?
  2. Como descobrimos o nosso propósito?
  3. Como lidar com a vida, nos colocando em situações onde somos levados a  tratar de coisas que não amamos ou não estão totalmente alinhadas com nossos valores ou propósito?

Não meu querido leitor, não estou de sacanagem.

Para alguns, deixei um enorme dever de casa!

Para outros, talvez uma pontada de curiosidade que levará a uma evolução.

Ainda, existem aqueles que acharão, mesmo depois do aviso, balela.

Tem também aqueles que não sabem como chegaram até aqui por causa da preguiça, quanto mais ler os demais textos e usar as ferramentas! O que importa é que chegou.

Se de alguma forma o que eu disse fez você pensar, eu cumpri minha missão. Se, como resultado desse conteúdo, você descobriu coisas importantes na sua vida ou, quem sabe, mudou-a para melhor… Nossa, estarei eu realizando um sonho e sendo ainda mais grato.

Boa sorte em sua jornada querido(a) leitor(a)!

Categorias
Corporações Liderança Motivação Pessoal Profissional Tecnologia Vida em Geral

Uma Conversa Sobre Desafios

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Muitas pessoas me perguntam o que eu faço.

Para alguns, respondo que sou vendedor (uma simplificação extrema)…

Para outros, digo que sou consultor e pergunto: sabe aquela história que, se conselho fosse bom, se vendia? Pois bem. (*)

Em 26 anos de profissão, considero a seleção profissional que fiz, para estar onde estou hoje, a mais desafiante.

Não no sentido de fazer testes, provas, conhecimento em si ou questões técnicas pontuais, mas no envolvimento das pessoas. No meu envolvimento e no de todos os profissionais que me entrevistaram e participaram do processo.

Fiz várias entrevistas por telefone, incluindo com altos gestores e, o que me chamou mais atenção, foi o cunho pessoal das interações. O interesse não era apenas debater minhas qualificações, mas descobrir quem eu era no fundo (usando intencionalmente o verbo no passado porque, claramente, sou uma pessoa diferente hoje).

Durante o processo, a pessoa que viria a ser o meu atual Gestor, falou inúmeras vezes que uma coisa, das mais importantes na seleção, é a contratação de pessoas do bem. Isso me deixou um pouco confuso: na época, perguntava-me qual seria o critério de avaliação em si, para algo tão subjetivo.

A questão também me deixou surpreso e curioso: nunca tinha ouvido algo remotamente parecido desde os 16 anos, quando entrei no meu primeiro estágio.

Hoje eu entendo.

Eu tive uma formação técnica e migrei da área de implantação para a pré-venda em 2006. Aos poucos, fui virando a chave para a área comercial, sempre ligado à empresas de tecnologia direta ou indiretamente, como IBM, Cisco, Symantec, Microsoft, Oracle e HP/HPE (tendo, inclusive, trabalhado nessas duas últimas grande escolas).

Apesar da bagagem e da experiência adquiridas, pouca coisa me preparou para essa jornada. Passei quase a minha vida profissional inteira implementando, desenhando, arquitetando e vendendo soluções de tecnologia, incluindo hardware, software e serviços, mas não tinha vivido a experiência de me envolver com pura propriedade intelectual, pura inteligência e aconselhamento em um nível estratégico, apoiando processos de tomada de decisão que certamente tem impacto na vida de muitas pessoas.

Sem dúvida, conhecer de tecnologia facilitou a caminhada. Entretanto, vender uma ideia tem muito mais a ver com confiança, rapport, empatia e desenvolvimento profissional, pessoal e humano, do que com algo tangível, como um servidor ou software de computador. Não é minha intenção desmerecer uma coisa em favor da outra, apenas evidenciar que são situações totalmente distintas. O valor que nós entregamos é percebido ao longo dos meses, quando as decisões e mudanças estratégicas começam a surtir efeito e resultados práticos.

Último dia de treinamento na Academia da empresa em Fort Myers, FL

Os primeiros dois meses foram em treinamentos fora do País. Durante todo o período, aquela afirmação do meu atual Gestor não saía da minha cabeça. Na Academia, aprendemos tantas coisas… mas o mais interessante foi começar a perceber que ela tem mérito e não é nada subjetiva.

Comecei a perceber os perfis de cada um. Totalmente heterogêneos: tínhamos na sala de vendedores de tecnologia a da indústria farmacêutica, seguros, carros e até de loja de departamentos.

Tentem adivinhar o que talvez todos tenham em comum?

Pois é.

Let’s go on an adventure!

Desde 2010 que atuo em home-office. Trata-se de uma experiência muito interessante e que tem suas peculiaridades e particularidades. Uma delas é a distância natural do escritório e do networking interno. Sua interação com pares se dá em eventos da empresa ou de forma mais objetiva por email e telefone.

Confesso que é um trabalho, muitas vezes, solitário.

Entretanto, converso até hoje com as pessoas com quem fiz a Academia. Trocamos ideias e sugestões de atuação. Realmente nos preocupamos uns com os outros, torcemos pela vitória e comemoramos cada uma delas. Sim, o trabalho é desafiante. Talvez o mais desafiante de todos, mas as pessoas se ajudam e se apoiam.

São pessoas do bem.

Oportunidade única que tive de enfrentar Darth Vader no Gartner Symposium 2017

Nos últimos dois anos, tenho aprendido bastante sobre desenvolvimento humano e pessoal, PNL e coaching. De fato, isso vem me permitindo enxergar a realidade de uma forma completamente diferente.

Em paralelo, algo começou a me chamar cada vez mais a atenção: o caráter de desenvolvimento pessoal e profissional presente no desempenhar do meu próprio trabalho.

Imagine trabalhar em uma empresa onde o seu Gestor é treinado em liderança e, ao mesmo tempo, seu mentor. Um lugar onde ele não só cobra o atingimento de metas mas se preocupa com o seu desenvolvimento profissional e pessoal. É importante mencionar que experts em liderança e inteligência emocional da atualidade, como Simon Sinek e Daniel Goleman, pregam que o foco deve ser nas pessoas e liderar significa cuidar delas e não dos números. Entretanto, ainda é raro ver esse comportamento na prática e me sinto privilegiado por ter isso hoje.

Isso me lembra uma pesquisa que li e tantos outros artigos sobre o motivo pelo qual as pessoas deixam seus empregos e a razão número um é a relação com seus chefes e gestores. De fato, esse é uma tese que vem sendo cada vez mais comprovada.

Dezesseis anos atrás, eu aprendi que a única forma de evoluir como ser é sair da zona de conforto. Eu não tinha ferramentas na época e nem até pouco tempo atrás. O que eu sabia era me jogar nos desafios. Comecei a desenvolver um comportamento de procurar por eles e a me entregar, por mais doloroso que fosse. Não foi diferente quando decidi mudar de emprego no início do ano passado.

Eu tinha um emprego excelente. Trabalhava com pessoas fantásticas e considero a empresa em si iluminada e de gente do bem. Sinto saudades e respeito cada uma das pessoas que trabalham lá. Mas quando a oportunidade de fazer algo diferente apareceu diante de mim, eu reconheci como “a grande oportunidade” de desenvolver um lado meu que se encontrava adormecido.

Meu foco era totalmente profissional mas… Nossa, como eu acertei, inclusive em patamares desconhecidos.

Recordo-me de uma máxima que diz que as empresas são feitas de pessoas. Eu já tive experiências traumáticas no passado e nunca essa frase fez tanto sentido.

Reclamamos muito quando encontramos um ambiente de trabalho incompatível com o nosso “eu” e afirmamos coisas como “essa empresa é complicada“, “essa empresa não é honesta” ou “não sou compatível com as práticas daqui” e coisas do gênero e levamos tanto tempo para perceber que essa característica é, provavelmente, herdada da maioria das pessoas que trabalham nela e, você, pode ser uma exceção (ou não).

Eu e minha esposa no Gartner Winners Circle: Evento para os melhores desempenhos em vendas

Isso também é verdade ao contrário: quando a maioria das pessoas que trabalham em um lugar são do bem, a empresa herdará essa característica.

Você pode estar se perguntando porque resolvi contar uma história tão longa para falar de zona de conforto e desafios. Talvez seja minha forma de agradecer ao universo por me guiar numa decisão tão importante e acertada. Talvez seja a minha forma, mais longa, de dizer para você a mesma coisa que Steve Jobs falou, pouco antes de morrer:

“Seu trabalho preencherá uma grande parte da sua vida, e o único caminho para ser verdadeiramente satisfeito é fazer aquilo que você acredita ser um bom trabalho. E a única forma de fazer bons trabalhos é amar o que você faz. Se você ainda não achou, continue procurando. Não se acomode. Assim como com todos os assuntos relacionados ao coração, você saberá quando achar.”
Steve Jobs

Portanto meu caro leitor, se você trabalha odiando as segundas-feiras e comemorando as sextas… Talvez seja a hora de avaliar essa questão. Talvez seja a hora de reconhecer quais os reais motivos que fazem você ser infeliz ou, quem sabe, dificultam tanto essa sua jornada em busca da sua felicidade.

Companheiros de batalha no último Gartner Symposium (2017)

Não estou aqui pregando que o seu trabalho deva, necessariamente, ser a sua fonte de felicidade (abordei o tema notadamente no meu texto anterior sobre o Natal)… mas se você não encontrou o seu porquê, reavalie e, se me permite deixar uma lição dessa história: alçar vôos em rumo ao novo pode ser justamente o desafio que você precisa para entrar na zona de esforço, crescer e ser feliz.

Se você se encontra hoje em uma empresa onde não se sente bem… Já parou para avaliar o que faz você continuar nela? Se você não está satisfeito com o que a empresa lhe proporciona mas, ao mesmo tempo, você está em sua zona de conforto… Será que você não tem mais em comum com a empresa do que gostaria?

Para finalizar, deixo vocês com um dos TEDs mais vistos de todos os tempos: Simon Sinek, falando sobre como líderes inspiram a ação (e de quebra, explicando a importância de encontrarmos o nosso porquê). Coincidência (ou não), vi o vídeo pela primeira vez na Academia.

 

Quer saber mais?

 

 


(*) É um desafio explicar de forma simples, quando o que você entrega é, muitas vezes, estratégico e, de certa forma, intangível.

O Gartner surgiu na década de 70 como uma empresa que ajudava fundos de investimento a avaliar onde colocar seus recursos no recém universo das startups de tecnologia do vale do silício. A partir daí, evoluiu para uma consultoria na área de tecnologia e não parou mais de crescer. Hoje, atua em mais de 90 países oferecendo pesquisas e aconselhamento que ditam o rumo do setor, com uma visão de futuro de 20 anos, sendo não só a maior, como a empresa mais respeitada do mercado onde atua. Com o apoio do nosso aconselhamento, o C-level toma decisões todos os dias que influenciam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.