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A Importância da Narrativa Não Mediada

O exercício da nossa essência está no discurso, quando ele exemplifica a articulação da imaginação, ideias, criatividade, consciência e… talvez o consequente debate permita o surgimento de uma nova entidade narrativa colaborativa não mediada.

Formação de opinião sem a presença do outro ou dos outros é doutrinária, absolutista e dogmática.

É masturbação.

Já a formação da opinião com a presença do(s) outro(s) em um ambiente franco, olho no olho (se possível), mas com o reconhecimento da presença de uma identidade distinta e sem mediação, produz uma narrativa com vida própria.

Aqui, entenda que qualquer manifestação em rede social que chega à você é mediada.

Se por um lado não existe uma regulação da sua mente, dos seus dedos, do teclado ou do botão de post, a sua mensagem passa por uma curadoria sempre.

Portanto, não existe discurso nem debate em rede social, nem a construção de uma narrativa nova não mediada.

O que existe?

Divaguemos… pois sempre há manipulação.

“A coisa mais poderosa no universo… ainda apenas um fantoche.”
(Laurie Juspeczyk / Espectral II)

“Todos nós somos fantoches, Laurie. Eu apenas sou um fantoche que consegue ver os fios.”
(Doutor Manhattan)”

Primeiro, entendamos que “discurso” exige sujeito e sujeitado (ou predicado, se preferir).

Debate, da mesma forma.

Ambos são construções que exigem duas coisas: consciência de si e do outro (aqui, “alguém”, indivíduo reconhecido e que reconhece-se como tal, com identidade e exercício de si).

A partir da interação dessas partes e em segundo lugar, há a construção de uma narrativa que exprime essa interação.

Ela é resultado direto da convulsão, do atrito, da mescla, do confronto, da sedição, da negociação, recomposição e até da comunhão que eventualmente surgem, quando a confluência das expressões mantém-se no âmbito das ideias.

Os termos acima parecem não se encaixar com a proposição de comportamento.

Eu sei, para muitos deles se manifestarem, há a necessidade de uma boa parcela de identidades e ego coloquial em conflito.

Exatamente: o desafio é justamente esse, manter-se no nível das ideias, esforçando-se para que o exercício egóico não seja o ator principal.

Em terceiro lugar, o reflexo da narrativa resultante, que muito tem do construtivismo, exerce um poder de construção de realidade que permite às partes a formação de opinião.

Há, neste momento, o emprego das identidades exercidas como senso crítico.

Há a pura translação da individualidade na interpretação da narrativa resultante, montando o quebra-cabeças de uma ou mais opiniões bem formadas.

Temos então um balé.

Uma dança, um ritmo, uma organização de fatores que desafia a entropia.

Por fim, chegamos ao ápice da interação humana: o cúmulo da abstração, da interatividade, da pessoalidade formando o fruto da criatividade através da diversidade.

Temos a imaginação exercida socialmente, algo novo surgido de personalidades que, por mais que contenham nuances, arestas e ressalvas, fazem destas o tempero do que surge.

Mas nada disso se faz presente na atualidade.

Nada disso dá luz a novos conceitos que tomam por base o debate, o discurso e a existência sem filtros exercendo a mais pura essência humana… porque o existir, hoje, é mediado.

Sim, uma existência terceirizada à um plano digital mediado, manipulado  e plasticamente idealizado como objetivo perfeito a ser eternamente perseguido e nunca alcançado.

Será então essa a nova essência?

Chamo especial atenção à mediação em questão simplesmente porque o conceito foge à percepção de uma sociedade não só que se permite, mas que fomenta.

Substituímos o exercício de quem somos por uma imagética desenvolvida por terceiros, para nós, através de procurações cegas.

Criamos exercícios manifestos em benefício do que nos agrada e em detrimento daquilo que está contido em nós obrigatoriamente, mas que causa desagrado.

Há a aceitação da mediação… porque ela encontra o nosso desejo de existir em perfeição através da manipulação da imagem pública.

Enquanto aceitamos sem identificar essa mediação, como quem troca um espelho pelas riquezas da terra, o que antes era privado tornou-se público na aceitação.

E não há volta.

Não há retorno à inocência, muito menos à percepção de identidade, que acaba não só manipulada, mas distorcida frente aos interesses de terceiros.

Finalizo esse ensaio com um apelo a você, leitor.

Entenda o que vem a ser mediação em um ambiente digital de redes sociais e exercícios manipulados.

Temos um teatro de manifestações públicas de supostas individualidades que coletam seguidores, likes e comentários… engajamento como exercício mensurável da atenção alheia capturada e direcionada… sendo que a talvez única coisa autêntica é a manifestação contida em si, nada mais.

Dela até você, há um sem número de intermediários que descartaram, adicionaram, filtraram, modificaram e curaram não o que quer, mas baseado no que queira, o que querem.

Não, não é sobre você. É sobre o que fazem com o que você quer.

Quem detém essa cadeia de eventos controla bilhões de pessoas.

Retornando à citação do início, parafraseando Dr. Manhattan:

Todos somos marionetes. A diferença é que alguns conseguem ver as cordas.

Sim, estou falando especificamente de cada tweet seu, foto, postagem no face, no insta, no tiktok, no linkedin… cada comportamento seu que mudou porque a reação pública ao conteúdo “exigiu” de você um comportamento levemente distinto de quem é… para garimpar visualizações, likes, mensagens ou até empregabilidade.

Eventualmente, mentiras embaladas em metal precioso que assumem o valor da média social.

Talvez não haja negligência. Talvez haja apenas uma mudança existencial na nossa essência e… sendo incapaz de percebê-la, revelo-me escrevendo em um blog que, para não ser mediado, precisa ser pago e mantido com muito suor e esforço. Percebem agora a questão, de forma bastante direta?

Não é à toa que você vem aqui, lê conteúdo desde 2016, 2017 e nunca viu um banner, uma propaganda ou uma coleta de dados escusa.

Não é à toa que consegue ler a opinião e a concepção de mundo de alguém sem intermediários ou mediação, só possível em um meio digital hoje em dia se completamente bancado de forma independente.

É meu @migo l3itor, o desafio está cada vez mai0r em escrever exercíci0s de 7ensamento que não c0ntenham pontos e números nas p@1avras s3ns1ve!s para fugir da demoção do a19oriTm0.

Sim, é claro… óbvio que o último parágrafo é pura ironia, mas uma ironia deliciosa de usar e toda vez que vejo postagens no Instagram trocando letras específicas de palavras supostamente sensíveis para não perderem exposição na rede: percebo a situação como máxima epítome de tudo o que cabo de descrever aqui.

Bem-vindo à nova realidade… ou você via aquelas postagens no Insta com escritas querendo esconder palavras críticas com essa irônica nova forma de comunicação fugindo da perseguição algorítmica e não entendia nada?


Leitura recomendada:

A Era do Capitalismo de Vigilância, Shoshana Zuboff: https://amzn.to/3cKNZeh
Algoritmos de Destruição em Massa, Cathy O’Neil: https://amzn.to/3fF4LxA
Hiperculturalidade: Cultura e Globalização, Byung-Chul Han: https://amzn.to/3Cf3gxH
Homo-deus Yuval Harari: https://amzn.to/2BWAmt5
Infocracia, Byung-Chul Han: https://amzn.to/3t7qIOo
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Lições

Para muitos, as lições abaixo farão sentido.

Para outros, parecerão apenas bom senso e, para alguma parcela, causarão incômodo, desconforto e talvez discordância e rejeição.

São coisas que aprendi ao longo da vida e muitas destas lições solidificaram-se nos anos recentes e, principalmente, de 2020 para cá.

Deixarei a lista aqui, mesmo assim. Será que tem coragem de ler até o fim?

Lá no final tenho uma surpresa para você, mas só vai funcionar se ler o texto antes:

Achar que o Universo nos deve alguma coisa é um dos exercícios e comportamentos mais egóicos que existem. Não somos o centro do Universo… somos menores do que grãos de areia no grande esquema das coisas;

Aprenda a separar aquilo que controla do que não controla. Aplique energia naquilo que controla;

Não existe poupança de dor e sofrimento, muito menos são moedas de investimento. Sofrer hoje não garante o futuro, do contrário o mundo seria um exemplo de igualdade e justiça. Em outras palavras, não existe mecanismo que recompense dor e sofrimento e tenho minhas dúvidas quanto ao esforço. Sim, muita coisa na vida depende de esforço, mas achar que TUDO depende de esforço torna você o peão perfeito no xadrez da vida;

Inteligência emocional não é sobre o controle das emoções. Ninguém controla as emoções. Elas são reações neurofisiológicas do nosso corpo que nos aproximam do bem-estar e nos afastam daquilo que potencialmente nos prejudica ou ameaça a nossa existência. Podemos, no máximo, aprender a reagir melhor quando elas ocorrem;

Não gerenciamos o tempo. Ele tem lastro absoluto. Gerenciamos prioridades e eventualmente, escolhas. E sim, tem muita gente na face da terra que precisa usar de 20 a 40% do seu tempo (talvez mais) em tarefas desumanas e voltadas à sobrevivência. Pense nisso;

Procrastinação é um sintoma, nunca uma causa. No momento atual de coaches afirmando que basta agir para resolver a questão, sugiro ver o vídeo e ler novamente: procrastinação é um sintoma, nunca uma causa;

Ter opções e poder escolher dentre elas não é liberdade se as opções forem previamente escolhidas para nós por alguém. Somos seres com o poder da imaginação, consciência e criatividade. Somos capazes de conceitos abstratos e de comunicá-los. Crie opções e oportunidades e não se limite as opções apresentadas;

A identidade, o eu é transitório. Quem achamos que somos e que o outro é nada mais é do que uma construção nossa que atualizamos sempre que podemos, baseado no comportamento;

E, por causa disso, criamos expectativas demais, que levam a decepções demais. Isso não é conteúdo do outro;

O que nos leva à seguinte consideração: quando sofremos uma decepção com alguém, é muito mais conteúdo nosso do que do alguém. A decepção acontece porque a identidade exercida pelo outro não condiz com as expectativas de identidade que temos para o outro. No fundo, decepcionamo-nos com nós mesmos, não com o outro. E já que falamos sobre isso, pense no conteúdo nosso que projetamos na identidade do próximo através das expectativas. Se não é capaz de enxergar ainda, tente novamente;

O “foda-se” mental, não no sentido da agressividade, xingamento ou adjetivação de alguém, mas no sentido do desapego, é terapêutico;

Por sinal, se uma conversa cai na adjetivação negativa das partes, a comunicação caminha para a direção da agressão, para o  desentendimento e não terá utilidade para ninguém. Conversas inteligentes, produtivas e altamente criativas focam nas ideias e argumentos e nunca na identidade ou autoridade;

Nada é automaticamente verdade por causa da suposta autoridade de quem diz. O ser humano faz o possível para economizar energia (pensar gasta energia), tem preguiça de pensar e mais do que gostaríamos, ignora as ideias e argumentos em si em favor dessa autoridade. Isso tem nome: viés da autoridade e é usado extensivamente nas redes sociais;

Algo que “faz sentido” não é um indicativo inequívoco de verdade. Pelo contrário, é um afago ao ego, manutenção da zona de conforto e também tem nome: viés da confirmação. Esse é especialmente perigoso;

Como seres humanos capazes de criar conceitos abstratos, conseguimos idealizar as mais belas concepções e os mais vis desejos. Entre um e outro resta a individualidade (no sentido de sermos únicos) da existência humana. É exatamente por isso que a comparação é destrutiva e potencialmente leva a obliteração de praticamente todos aqueles opostos a nós, “concorrentes“… já a cooperação é fundamental para a nossa evolução;

Todas as redes sociais, sem exceção, são uma projeção idealizada de identidade, uma imagem de um alter ego de perfeição e desejo, uma produção maquiada, filtrada e produzida;

Identidades virtuais ou alter egos nas redes sociais onde a suposta felicidade, sucesso, goodvibes, positividade, bem-estar e realização são constantes, são o perfeito exercício de uma fuga e não representam a existência humana. Não compare a sua despensa com o palco de ninguém;

Por outro lado, nem tanto, nem tão pouco. Equilíbrio é a chave. Se a positividade pode ser tóxica ao realizar uma busca insana por ela, 100% do tempo, o conteúdo que consumimos também pode ser tóxico. O nosso estado emocional é influenciado a todo o momento (as propagandas são especialistas nisso). Nem sempre conseguimos reagir da forma como planejamos, mas muitas vezes consumimos aquilo que não levará aos resultados que desejamos e não nos damos conta. Dá uma olhada nesse texto aqui;

Como disse Kierkegaard, “A raiz da infelicidade humana está na comparação”;

E essa comparação acontece de inúmeras formas, até em nosso nome. Se alguém chegar e disser que deveria estar feliz (tem a obrigação de sentir-se feliz ou não tem o direito de estar triste) porque você “tem tudo” ou tem gente na merda ou pior do que você, cuidado: isso pode ser inveja, mas certamente é julgamento, comparação e falta de empatia por parte desse alguém (nenhuma pessoa tem a capacidade nem o direito de julgar a dor de ninguém – dica: se não há compreensão, que haja silêncio). Somos mais de 7,5 bilhões de pessoas únicas, com seus próprios desafios e questões. Cuide do seu corre, agradeça pelo que tem (pois são as ferramentas e recursos que pode usar, principalmente as internas) e se tem gente na merda, ajude (o que trará bem-estar), mas não use como critério de comparação;

Você tem o direito de ficar puto, com raiva, triste, revoltado e de luto. Faz parte de ser humano. Aceite. Não caia na armadilha de reprimir emoções e sentimentos negativos, achando que a positividade (tóxica) resolverá todos os seus problemas. Não resolverá, da mesma forma que reclamar também não. Entretanto, se sente-se triste e sem energias por longos períodos de tempo (mais do que duas semanas), consulte um especialista;

Quem cuida de saúde mental primariamente são os psicólogos e psiquiatras. Este deve ser o tratamento principal e prioritário. Caso não tenha condições financeiras, procure os departamentos de psicologia e psiquiatria das universidades e faculdades em sua região. Todo e qualquer suposto tratamento fora dessa área de conhecimento pode ajudar (e muitos ajudam, de fato), mas são alternativos, coadjuvantes e secundários. Veja este vídeo;

Não há felicidade perene nem desespero ou tristeza eterna. Tudo passa. A vida é constituída de ciclos e contrastes, mesmo motivo pelo qual a representação de perfeição das redes sociais é uma falácia que leva à depressão para quem produz conteúdo e para quem consome;

Se por qualquer motivo, crença ou comportamento você pensa em alguém ou um grupo como superior, inferior, melhor, pior, mais ou menos evoluído, houve comparação. Não somos melhores ou piores, somos diferentes;

Se por causa de uma religião você deseja o mal a alguém, vai contra a própria concepção etimológica do termo, que vem de “religare“. Pesquise no Google, ouça a música “Manifesto” (Vintage Culture, Anmari, Wolfire), lendo a letra;

A cooperação da diversidade, de existências e pensamentos leva a resultados extraordinários;

Somos mais em grupo do que a soma das individualidades;

Aceitar não é igual a concordar;

É possível aprender sem necessariamente agir, mas não existe aprendizado sem mudança;

Se você não se permite questionar o que acha que sabe, pouco aprenderá;

Humildade, caridade, doação e altruísmo anunciados não são nenhuma dessas coisas. É fomento ao ego;

Vulnerabilidade não é vergonha, mas a sociedade fará você acreditar que é, porque isso atende a uma agenda de manipulação e comparação. Muitas pessoas procuram sentir-se “melhores” do que alguém agindo para “rebaixar” o próximo. Vulnerabilidade pode ser uma enorme fonte de aprendizado e força. Aliás, se não reconhece as próprias vulnerabilidades por causa da vergonha imposta por fatores externos, a jornada de autoconhecimento pode sequer ter começado;

Olhar para o passado e ter um pouco de vergonha do que fez ou pensou um dia é um excelente sinal de que hoje está melhor do que ontem. Houve evolução;

Arrepender-se é avaliar quem foi, reconhecer as merdas que fez e trabalhar para reparar. Quem não se arrepende de nada não aprendeu nada também… e a prova disso é mais simples do que imagina: não há ser humano perfeito. Se acha que não fez merda um dia com alguém, não é um ser humano (ou há uma tendência sociopata aqui);

Ninguém sabe totalmente o que está fazendo. Ninguém. Por mais autoridade, sapiência ou eloquência que a pessoa demonstre, todos estamos perdidos em algum nível, ampliando horizontes, exercitando o encontro com algo ou alguém, passíveis de falhas, erros e acertos. De fato, estamos todos fazendo o melhor que podemos, com os recursos que temos disponíveis e… é exatamente esse o motor da nossa evolução;

Propósito não precisa ser externo, muito menos entregue a nós. Isso é apenas confortável: isenta-nos da responsabilidade de olhar para dentro e descobrir quem somos. Se você procura respostas em algo ou alguém, talvez esteja evitando conhecer quem é ou tenha medo do que descobrirá. Perceba como talvez pule de galho em galho, procurando uma pílula mágica que resolva instantaneamente todas as questões, uma resposta no externo para explicar a forma como sente e age e, toda vez que não concorda ou “não faz sentido”, pula para outro galho. Não há pílula mágica. A busca mais importante é para dentro, não para fora. Busque o que habita em si, reconhecendo os vales e montanhas, os lugares claros e escuros, os monstros e os anjos. Todos são… você;

É possível encontrar sucesso, felicidade e realização dentro da gente, nas pequenas coisas e na jornada em si, não apenas no alcançar de objetivos;

Aliás, objetivos são importantes no contexto da vida, mas a jornada ensina mais do que o alcançar deles. O aprendizado da jornada permite o sucesso.

Chega de lições. Agora, encontramos o presente… e ele é uma reflexão:

Concordou ou discordou de mim em algum momento e, por causa disso, agora quer me seguir nas redes sociais ou pensou involuntariamente “que idiota”, “ridículo”, “que maluco” ou outro adjetivo? Sugiro ler este texto sobre punição e recompensa.

Sugiro ler este outro também, onde falo sobre a Pirâmide da Discordância de Graham.

Chegamos ao fim, na parte onde desconstruo tudo que foi dito aí em cima. É isso mesmo…

Quando falei em uma das lições que todos estamos de certa forma perdidos, fazendo o melhor que podemos, incluo-me no grupo.

Não há regras para a vida e as lições acima são individuais. Se você chegou até aqui achando que essas lições irremediavelmente se aplicam a você e que eu tenho as respostas, bem… você pode até sentir-se inspirado, mas a jornada é sua e as minhas palavras são apenas minhas. Também estou no trabalho de me encontrar.

Entretanto, isso não nos impede de darmos as mãos e seguirmos juntos. Podemos, inclusive, trocar ideias em busca de novas respostas. Nossas verdades podem ser diferentes, mas a interação dessa diversidade, com respeito, permite o desenvolvimento mútuo.

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Desculpas como Azeite Social

Temos uma prática socialmente aceita de usar desculpas longe do seu significado: como um apaziguador, como argumento para desarmar ânimos exaltados ou alterar a dinâmica de poder de uma conversa, assumindo uma postura passivo-agressiva.

Isso é muito comum.

“Desculpa se…”
“Desculpa, mas…”

NÃO SÃO desculpas… são a transferência da culpa para o interlocutor ou algo externo.

São uma expressão de que a pessoa tem dúvidas de se realmente fez algo pelo qual desculpar-se e dizem muito sobre o estado atual de quem fala que, naquele momento, não deseja ser totalmente transparente.

Se este é o caso, não peça desculpas.

Converse.

Aliás, pense sobre o que está sentido e porquê não se sente à vontade de ter uma conversa franca.

Desculpas sinceras são sobre tomar a responsabilidade pelos seus atos para si e não fazem sentido com uma condição ou dependência de algo externo.

“Desculpe-me por…”

Sem condições. Ponto.

Pensem comigo: se depende de algo externo, qual sentido há em desculpar-se por outra pessoa?

Se a culpa e a responsabilidade por algo existem, você só pode agir sobre aquilo que é seu.

Além disso, desculpas sem ações para corrigir o rumo, reparar o dano ou no sentido de não repetir a situação original não têm utilidade alguma.

Outra prática comum é pedir desculpas por uma questão de baixa autoestima.

Sim, isso acontece, principalmente se você está em uma conversa onde se sente inferior em relação aos seus interlocutores, pontuando praticamente todas as frases com um pedido de desculpas.

Neste caso, o que fazer a respeito?

Sugiro ver esse vídeo:

sindromeimpostor.oguiatardio.com

#Comunicação #Autorresponsabilidade #Metalinguagem


Crédito da imagem: unsplash.com, Luis Villasmil
@luisvillxsmil

 

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Marketing Digital: Anúncios e Mais Anúncios

Acho que li o clássico do marketing digital “Jab, Jab, Jab, Right Hook“, de Gary Vaynerchuk (mais conhecido como Garyvee) uns bons 6 anos atrás.

A partir dele, todo um mercado foi escrito.

Toda uma série de métodos, processos e técnicas para vender através das redes sociais e do digital.

A técnica é, em resumo, simples:

  1. Entregue;
  2. Entregue mais;
  3. Entregue mais uma vez;
  4. Então, faça um pitch de vendas subliminar.

De lá para cá, percebo que muitos questionam a validade da técnica e alguns argumentam que, no mundo atual, já não é mais necessário fazer os “jabs”: o negócio é o gancho de direita o tempo todo e nada subliminar.

Quem sou eu para argumentar qual técnica funciona.

Mas como potencial consumidor, sinto-me cada vez mais acuado.

Os feeds estão saturados de pitches de venda o tempo todo e, hoje, quando reconheço um deles, a rejeição é imediata.

Não há entrega.

Não há valor.

O marketing digital virou o produto em si e sozinho.

Há o requentar de frases de efeito, paráfrases de supostas novidades exclusivas que, na grande maioria, nada mais são do que os velhos conteúdos reembalados.

E olha que antes tínhamos pelo menos o efeito remix, mas atualmente não há sequer interpretação de texto.

Há cópia com uma nova roupagem.

Sinto-me enganado, bombardeado com variações da frase “mude sua vida” seguida de “compre agora”.

E você, como se sente?

Eu entendo que, com a pandemia, muita gente migrou para o digital como forma de sobreviver e isso pode ter influenciado a questão.

Será que a realidade foi sempre assim e os argumentos de venda apenas mudaram de lugar?

É possível.

Entretanto, tomei uma decisão depois de respirar fundo.

Se não há conteúdo, coerência entre ele e o pitch de vendas, clareza da entrega, mas apenas um gancho de direita, gatilhos para capturar meu clique, deixo de seguir.

Resultado?

24h depois, sinto-me mais leve, menos saturado e, confesso, um pouco mais distante dos feeds manipulativos.

A rejeição dos argumentos de venda vazios me trouxe uma vida mais saudável, um pouquinho afastada das redes sociais (e um feed cheio de amigos, gatos, cachorros e filosofia!)

Como anda o seu feed?

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Olá, Como Você Está?

Sobre simpatia e empatia.

“Oi, tudo bem?”
“Olá, você tá bem?”

As duas perguntas acima vão na direção da simpatia e levantam respostas sociais.

Respondemos no automático: “tudo bem e você?”

Programamos a potencial resposta na pergunta.

Raramente tais proposições provocam um olhar para dentro, uma análise sobre a percepção de si.

Além disso, uma resposta do tipo “tudo bem (…)” é confortável para quem pergunta.

Permite uma conversa evitando potenciais temas desconfortáveis

Mas constroem um afastamento do reconhecimento das emoções, dos altos e baixos que todo ser humano enfrenta.

Laços humanos saudáveis passam pela compreensão mútua.

Manter a conversa no nível da simpatia tem suas vantagens, mas estimular a empatia através da aceitação das emoções alheias estabelece um vínculo duradouro.

Se me permitem uma breve sugestão, substituir o…

“Oi, tudo bem?”

por

“Olá, como você está?”

… Abre a porta para a comunicação empática.

Não é garantido obter uma resposta agradável, mas o respeito pelo momento de cada um é compatível com a existência humana e dá a liberdade à quem responde de fornecer aquilo que achar apropriado compartilhar.


Crédito da foto: https://comunicandopararefletir.blogspot.com/2015/08/voce-quer-um-abraco-amigo-alegres.html

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O Cartesianismo como Estereótipo

Durante algum tempo em minha carreira, havia um lugar onde eu era frequentemente chamado de “cartesiano” de forma pejorativa e, sem dedicar um tempo a entender a questão aprofundadamente, simplesmente reagi negativamente ao estereótipo do cartesianismo.

Na época, o termo era usado em um contexto para descrever uma suposta inflexibilidade de pensamento ou estratégia, comportamento que me incomodou bastante, pois o prático “assédio moral” culminou em frequentes questionamentos de valores e identidade.

Como disse o próprio Alhazen, considerado o primeiro cientista, somos seres humanos falíveis e, por causa disso, o foco no argumento deve preceder a crença na autoridade e como outras tantas coisas que disse Tales de Mileto. ainda antes.

“Nossa, devo ter problemas mesmo”, pensava e pensei por muito tempo… por pura baixa autoestima.

Até descobrir que meus valores estavam adequados e que aquilo não passava de assédio moral, um argumento para validar um dos lados de pontos de vista discordantes.

Há muito aqui a explorar.

O que temos de individualidade ao ponto de interpretar se algo vai contra a nossa própria escala de valores? Como definir uma linha que separa a nossa moral da moral alheia e de uma potencial ética duvidosa?

Como julgar uma moral adequada diante de uma ética questionável? Aliás, como analisar opiniões divergentes sem descambar para o embate de identidades ou, melhor, como detectar quando esse movimento é provocado por divergências de valores?

Se voce já leu “O Erro de Descartes” de António Damásio, deve estar se perguntando o que danado estou fazendo eu, defendendo ideias cartesianas.

Pois bem.

Descartes defendia a separação da mente e do corpo, algo que ficou simbolizado ao longo dos anos como a separação da racionalidade e da emoção em favor do primeiro.

Portanto, uma mente cartesiana é, dentre inúmeras coisas, suposta e equivocadamente uma mente racional, mas inflexível, que obedece a um plano de coordenadas pré-definidas e previsíveis, imutáveis e sem emoções.

Isso acontece não porque hoje em dia duvida-se da separação da racionalidade e das emoções, mas porque Descartes foi o cara que criou toda uma metodologia de questionamento e, basicamente, o que conhecemos como ciência (pelo menos no Ocidente – afinal, Alhazen chegou quase 900 anos antes).

Sim, você entendeu certo: questionar é a base da mudança e era o que Descartes fazia de melhor, por mais ultrapassados que consideremos alguns conceitos deixados por ele.

Aliás, questionar como base da ciência é algo que causa muito mal-estar diante da manutenção das identidades autoritárias e egos, algo totalmente oposto à busca pelo conhecimento fundamentada no questionamento. Autoridade não é evidência e se alguém a coloca como base do argumento ou crença, vai contra mais de 2500 anos de história e aprendizados.

Se por um lado há inúmeras crenças filosóficas e até estudos que demonstram como a racionalidade é indissociável das emoções, bem como o corpo da mente ou tantas características do pensamento cartesiano, isso não significa necessariamente inflexibilidade.

Equívocos certamente foram cometidos por Descartes… mas muitos cometem equívocos ao associar o conceito cartesiano com a defesa do status quo.

Particularmente, saio feliz desse rápido insight. Se tem uma coisa que aprendi ao longo dos anos é que descobrir os nossos valores e respeitá-los é fundamental para a saúde mental, assim como aceitar diferenças e estar aberto ao novo e às mudanças.

Uma aparente antítese, mas que revela uma especial complementariedade.

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As Cômodas Caixinhas Estereotípicas

Ser alfa, sigma, beta, magenta, extrovertido, introvertido…

Fracasso, inventivo, criativo, passivo, depressivo, proativo, preguiçoso, procrastinador…etc?

[este texto é uma continuação natural da
publicação anterior, onde falo
sobre crenças, verdades e identidades,
que pode ser lido clicando aqui]

Se querem colocar você numa caixinha, é porque alguém está lucrando com isso.

Se tem uma coisa que as redes sociais promovem, são as caixinhas, através de algoritmos que segregam as pessoas em bolhas.

Se tem algo fod@ sobre o ser humano é a diferença. A interação entre essa diversidade produz coisas absurdamente legais.

Não vejo como estereótipos NÃO serem limitantes.

Não importa quais sejam, direcionam o nosso comportamento, limitando seriamente a nossa capacidade de aprender, em favor da conformidade.

Ou limitam quem reconhece ou são usados para limitar um grupo por um terceiro e gerar comparação.

E onde há comparação… há alguém vendendo uma forma de você “se superar”.

Não. Aceite. Rótulos.

É prático e cômodo classificar-se e classificar os outros.

Enquanto não reconhecermos os benefícios da diversidade e do diferente, não evoluímos.

Hoje em dia, temos o caminho oposto: egos superfaturados impondo a mesmice.

É a oportunidade de interagir com o diferente que faz a gente sair do conforto, respeitadas as identidades.

Agora, deixo você com um pensamento a respeito das caixinhas socialmente aceitas.

Quantas vezes fez um teste de Internet para determinar características do seu próprio comportamento?

Ainda, quantas vezes fez um teste de QI, de inteligência emocional, Myers-Briggs ou qualquer outra forma de reduzir a imensa capacidade humana da adaptação, de inovar, criar, imaginar e superar-se e teve o seu comportamento limitado pelos resultados?

Dica: você é muito mais do que qualquer resultado obtido ou conjunto de letras.

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Crenças, Verdade e Identidade

Quem procura verdades absolutas talvez procure por estabilidade.

Serenidade, tranquilidade, paz.

Ou a segurança de reafirmar o próprio ego, apoiado em crenças irredutíveis.

Tudo do que menos temos.

Não é porque vivemos tempos especialmente difíceis.

Não é porque o mundo está pior do que era.

É porque a mudança é a única coisa que faz parte da vida de qualquer ser vivo.

Aliás, faz parte de qualquer coisa que você já tenha imaginado, esteja imaginando e possa um dia sequer imaginar.

Perceba que pensamento forte.

Tudo muda.

E é exatamente por isso que verdades absolutas não existem.

Se você baseia a sua existência em verdades absolutas, ou arrumará muita confusão ou quebrará a cara (o que, de certa forma, não deixa de ser confusão).

É preciso ir longe para compreender isso, mas é fácil.

Sim, é fácil.

História.

Não importa se você não acredita em parte dela.

Basta entender como as coisas mudam.

Quanto mais para o passado, mais mudanças.

Agora, voltemos ao ego.

O meu, o seu, o nosso, construído sobre as crenças que apoiam as verdades absolutas, para muitos.

É, existe uma relação direta entre essas mesmas verdades e o nosso ego, a nossa própria identidade.

Elas são construídas sobre as mesmas crenças.

E faz todo sentido não querer mexer nelas.

Mexer em crenças profundas pode transformar quem somos.

Pense em como isso pode ser um paraíso ou um inferno, dependendo da pessoa.

Pode ser o caminho para o crescimento, mas pode ser também a destruição da identidade.

Então uma pergunta válida passa a ser: o que o ser humano é capaz de fazer para proteger a própria identidade em destruição?

Quão longe alguém pode ir para defender com unhas e dentes aquelas crenças que servem de alicerce para quem achar ser?

Quantas percepções de autoridade são construídas em cima dessas crenças e, pior, quantos argumentos vencidos pelo poder resultante da atribuição da mesma autoridade?

Quantas pessoas recusam-se a mudar por acreditar que qualquer argumento discordante é um ataque pessoal?

Em uma época de teorias da conspiração e fakenews, só o fato de entender esse fluxo é o suficiente para compreender o próximo e relacionar-se melhor.

Mas a resistência será enorme. Em um mundo de redes sociais que exacerbam o ego, cada vez mais classificamos a nós mesmos e aos outros em caixinhas.

Esse texto continua.

 

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Foco Na Solução?

Você já deve ter ouvido inúmeras vezes afirmações sobre como deve-se focar na solução e não no problema.

Um líder que fala para um liderado não trazer problemas, mas soluções, é um líder que corre o sério risco de ver a bomba explodir em seu colo ou nunca ter uma visão global da situação.

Uma suposta solução idealizada por um indivíduo é certamente menos eficaz do que uma pensada em equipe.

É cômodo: delega-se, gera-se distância da equipe, terceiriza-se a responsabilidade.

Quando se fecha o canal de comunicação para os “problemas” e aceita-se apenas o que é considerado “solução”, a cooperação é destruída.

Seja transparente e permita que todos sejam também.

É muito melhor que alguém conte para você sobre um problema (hoje) do que permiti-lo trabalhar sozinho numa solução que chegará (amanhã) e poderia ser pensada em grupo (hoje).

Lembre-se: um líder normalmente tem uma visão mais ampla. O que é um problema para alguém, pode ser parte de uma solução para outro e é tarefa do líder realizar essa conexão.

Mas não mencionei onde focar, apenas onde não focar. Permita-me corrigir esse deslize.

Uma excelente solução parte de uma análise adequada do problema e é exatamente o motivo pelo qual considero ser venenoso o foco na solução. Sem entender a raiz da questão, a solução será, no mínimo, incompleta.

Voltando ao foco, ele deve estar na execução e no processo. Uma vez investigado o problema (passado) e idealizada a solução (futuro), a execução está no presente, nas ações que levam à saída.


Texto postado originalmente nas redes sociais (Instagram / Facebook / Linkedin).

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O Futuro do Trabalho Se Parecerá Com o Quê?

Texto criado e publicado originalmente para a Ace Cloud Hosting. Acesse o link abaixo e leia o artigo completo:
https://www.acecloudhosting.com/blog/future-of-work/

O argumento também foi a base para este vídeo (clique aqui).


 

A mudança pede a adaptabilidade e exige a inovação mais do que nunca (e isso requer diversidade, criatividade e empatia)… E é inegável que estamos passando não só por mudanças profundas, mas muito mais rápido.

Existe atualmente uma força que afasta as pessoas do contato físico e que pode ser prejudicial para os relacionamentos de médio e longo prazo, devido à falta de comunicação não verbal e da empatia.

Todo o conceito de “trabalho remoto” desaparecerá em breve das nossas vidas diárias em favor de ser chamado apenas de “trabalho”.

Apesar de trabalhar remotamente na última década em grandes multinacionais, percebi que as empresas mais bem-sucedidas não faziam isso apenas para economizar dinheiro: nelas, existe uma cultura sólida onde a tecnologia é usada para permitir que os indivíduos compartilhem e aceitem também quem são, emocionalmente e entre si.

Os líderes devem criar uma plataforma onde os colaboradores se sintam livres para serem eles próprios além do aspecto profissional e técnico, base da equação e um dos pontos mais importantes para a criatividade e o intercâmbio intelectual.

Canais de comunicação que permitam essa troca são essenciais para relacionamentos de longo prazo.

Mas isso não se aplica apenas aos líderes formais – todos nós somos líderes e protagonistas das nossas próprias vidas.

Gosto bastante do conceito de liderança horizontal: se você tem a capacidade de cooperar com os seus pares no intuito de crescerem juntos.

E isso exige compreensão e aceitação das individualidades. De fato, exige que o líder seja capaz de evitar a repreensão e estimular a cooperação.

Os resultados positivos surgem muito mais do incentivo à cooperação, do estímulo daquilo que é considerado um bom resultado do que do ato de coibir divergências, erros e falhas.

A capacidade de lidar com divergências, ideias e emoções diferentes fomenta a inovação.

Sugiro que você assista esse vídeo sobre comunicação. Lá, falo da pirâmide da discordância de Graham, ferramenta fundamental para permitir que exista uma convergência de ideias diferentes.

Curioso como a sensação de compreensão mútua da diversidade (que pode ser interpretada como divergência em uma primeira impressão) resulta em convergência e em um sólido trabalho de equipe em longo prazo.

As organizações que adotarem esses conceitos serão capazes de fracassar rapidamente, promover a adaptação às demandas futuras e alcançar o sucesso, não apenas aprendendo a lidar com as mudanças que a sociedade está vivendo agora, mas também ficando preparadas pra tudo.

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Vulnerabilidade, Empatia e o Desafio da Recolocação

Em 2006, fiz uma transição gradual em tecnologia, da área técnica e de pós-venda para a área comercial, passando pela pré-venda.

Um momento de incertezas, dúvidas e medo, como normalmente o desconhecido se apresenta e que certamente já experimentou. Sabe como é.

Foi até uma transição tranquila (ao contrário do que os conselhos indicavam na época) e que contou com a ajuda de diversos mentores.

Confesso, tive bons professores e muita sorte nesse quesito.

A área comercial trouxe sucesso, inúmeras vantagens, uma natural instabilidade e, como tive a oportunidade de aprender ao longo dos anos, diante de inúmeros relatos de colegas e experiência própria, geradora de ansiedade e estresse. Acho a questão tão importante que boa parte do conteúdo que produzo desde 2017, incluindo um livro, giram em torno do tema.

Conquistei certa liberdade no passado e hoje, diante da situação em que vivemos no globo e da inegável retração do mercado, mesmo em busca de recolocação, consigo evitar o desespero do desemprego, apesar do convívio com mais um momento de incertezas, dúvidas e medo (olá desconhecido, seja bem-vindo).

Algum planejamento e a reserva financeira promovem mágicas.

Infelizmente, não é a situação de muitos colegas com quem me relaciono e onde a ajuda mútua é fantástica.

O teor deste texto é um pedido (pensei em usar o termo “apelo”, mas temo soar negativo).

Encontro-me vivendo uma situação curiosa, mas que já vi relatada inúmeras vezes:

A participação em processos seletivos que desaparecem.

Trata-se de uma situação extremamente desafiadora para todos nós e com impacto emocional absurdo.

Para quem está em busca de recolocação, participar de processos onde não há feedback, retorno ou quaisquer informações sobre o que está acontecendo pode ser desesperador.

Temos a situação típica de passar pelo processo, não ser aprovado e não receber a razão pelo qual não foi aprovado.

Temos a aprovação para oportunidades em empresas que viraram da contratação à demissão sumindo, de março para cá.

Temos, por outro lado, a situação onde não há retorno algum, dentre outras variações.

Então, dando um passo atrás na decisão de não usar a palavra “apelo”, retifico-me:

Se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos 27 anos é que vivemos uma realidade cada vez mais dinâmica.

“Vulnerability is the birthplace of innovation, creativity and change.”
Brené Brown

Quem hoje entrevista pode ser entrevistado amanhã (inclusive pela mesma pessoa).

Aos envolvidos atualmente em processos seletivos, qualquer que seja o caso, permitam que os profissionais usem a oportunidade para aprender no que melhorar.

Não só deem retorno sobre o status do processo, mas contribuam para a evolução de cada indivíduo que fizer interface com vocês.

Melhor, através da empatia, permitam também que a saúde emocional seja mantida.

Por favor, tenham respeito pelo ser humano que está do outro lado da negociação e que está lidando com anseios consideráveis no momento.

Quando há retorno, troca empática, compreensão e ajuda, todos saem ganhando – construímos um ecossistema duradouro e sadio.

Percebo que há um esforço de excelentes profissionais em promover essa mensagem. Deixo aqui a minha mais profunda admiração e agradecimento por olharem além das relações profissionais.

“There are only two ways to influence human behavior: you can manipulate it or you can inspire it.”
Simon Sinek


Texto postado originalmente no Linkedin.

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Identidade, Crenças e Equilíbrio Emocional

O assunto abaixo é abordado no livro “O Guia Tardio”, já disponível.


Em junho, fui convidado para uma live sobre comunicação.

O vídeo não ficou salvo, mas fiz outro sobre o mesmo tema que pode ser visto clicando aqui.

Lá, levantei uma questão importantíssima acerca dos requisitos para uma excelente comunicação interpessoal: um paralelo entre identidades, crenças e argumentação, assunto para o qual dediquei um capítulo inteiro do meu livro.

A inteligência emocional (que também mereceu um capítulo específico no livro, assim como o ego) é um tema que anda bem na moda há mais de 20 anos.

Nas últimas semanas, pensei bastante a respeito da íntima relação dela com a comunicação, crenças e à argumentação em si.

Eu proponho uma reflexão sobre o tema que transcende o papo motivacional e da autoajuda.

Em primeiro lugar, é importante falarmos um pouco sobre a pirâmide da discordância de Graham. Não entrarei em detalhes – sugiro que veja primeiro o vídeo sobre o assunto.

Percebam que no topo da pirâmide temos o foco nas ideias. Na base dela, o foco na identidade, no ego coloquial.

Enquanto no topo o foco é o argumento central da comunicação, na base o foco está na desqualificação do comunicador e até a agressão.

Em segundo lugar, trago o desafio de manter-se no topo da pirâmide.

Uma opinião é normalmente resultado de quem somos, do conjunto de crenças que carregamos e potencialmente ligado às identidades que temos. Surge daí o conflito entre indivíduos e a tendência de levar o debate naturalmente para as camadas mais baixas da pirâmide.

Quando ouvimos um argumento contrário, nossos viéses cognitivos carregam a comunicação ao nível do desafio à própria identidade, afinal, a nossa opinião é fundamentada em nossas crenças que são, por sua vez, os tijolos que constróem as nossas identidades.

Quando as crenças estão alinhadas entre indivíduos, as opiniões seguem e as emoções resultantes são naturalmente positivas, como a realização, a felicidade, a autoafirmação e a comunhão.

Mas quando as opiniões são divergentes, surge o conflito, assim como as reações emocionais limitantes e negativas, como a raiva, a tristeza e o medo. Se forem fortes o suficiente, podem ativar o nosso instinto de sobrevivência e provocar a entrada em um estado de luta ou fuga.

Contudo, sem o conflito não há evolução.

Em terceiro, exploremos um pouco o conceito de inteligência emocional: a habilidade de reconhecer as próprias emoções, a capacidade de regular as emoções apropriadamente, a de auxiliar os outros nessa tarefa e a habilidade de usar as emoções adequadamente no dia a dia para resolver problemas, conflitos e até ajudar em questões como o pensamento criativo, motivação e empoderamento.

Para ajudar no entendimento do conceito de inteligência emocional e a relação com os demais temas trazidos até aqui, observe este gráfico:

 

Diante do estímulo da comunicação (verbal ou não-verbal) à esquerda, em até dois segundos, temos as reações mais ligadas ao emocional. Com o passar dos segundos, mais temos o resgate do estímulo para o consciente e a capacidade de interpretá-lo racionalmente.

Essa questão é tão importante que analistas comportamentais de linguagem corporal buscam exatamente por essas reações para julgar se somos congruentes (meta-comunicação e conteúdo compatíveis).

Em quarto, abordemos a questão do ego coloquial, da adaptabilidade e da empatia.

Há um monte de interpretações sobre o que significa “ego” e normalmente o debate surge sem fazer referência a qual definição ele está associado, gerando uma confusão danada.

Portanto, antes de prosseguirmos, vamos combinar qual usaremos:

  1. Etimologicamente, ego vem do latim e significa simplesmente eu;
  2. Já a alusão filosófica aponta de uma forma geral para o eu que somos ou a nossa personalidade. Particularmente credito a esse eu a nossa autoestima que, na minha opinião, é o efeito colateral do autoconhecimento, salvo as psicopatologias.
    Ela também pode representar a separação que existe entre nós, dada a unicidade característica da nossa individualidade. O eu que nos define únicos e que nos separa como consequência;
  3. Sigmund Freud, ao idealizar a teoria do modelo psíquico, instituiu três elementos que ajudam a regular o nosso comportamento. De forma altamente simplista, temos o “id”, que representa nossos impulsos; temos o “ego”, que representa nossa racionalidade e o “superego”, que representa nossa moral;
  4. E ainda existe o conceito de ego que é coloquial, popular, ligado ao culto a si próprio, associado a termos como egolatria e egocentrismo. Este é o conceito que trataremos aqui.

No primeiro e no segundo casos é totalmente compreensível e aceito que o ego exista sob tais conotações. Ele apenas representa quem é, a sua personalidade exclusiva e a sua individualidade, características que fazem de você um ser único (fantástico que assim seja!).

Conhecer a si mesmo permite a construção da própria autoestima que, antes de mais nada, representa o respeito e o amor que temos por nós mesmos e, em segunda instância, a ideia calibrada de nossas capacidades e habilidades, o que gera confiança e crenças possibilitadoras. Quando essa “calibração” não existe, o ego do quarto tipo, indesejado e coloquial, surge.

No terceiro caso não é uma questão de bom ou ruim – trata-se de uma definição, de um conceito usado na psicanálise.

No entanto, no quarto e último significado temos justamente o nosso alvo. Falho em achar algo positivo acerca dele e não consigo imaginar algo possibilitador que possa ser proveniente de se instigar esse ego em específico.

Há quem afirme que um pouco de ego é necessário para que se tenha autoconfiança, motivação, energia e garra para seguir em frente, argumento que só faz sentido se for referente ao primeiro e ao segundo conceitos. Eu particularmente acredito que, ao invés de fomentar o ego, a humildade seja uma espiral positiva mais adequada.

Ser questionado (o que na cabeça do egocêntrico significa que estamos colocando à prova o que ele sabe) passa a ser um desrespeito capital.

A autoestima vira ego quando não nos conhecemos e quando nossa percepção do eu não está calibrada (ou está depositada numa representação externa de ser, como no ter, por exemplo).

Em outras palavras, o egocêntrico dificilmente consegue adaptar-se, muito menos ser empático.

Agora, finalizando os conceitos, permitam-me falar um pouco sobre a psicologia envolvendo a conotação de mindset.

Como o ego distorce a realidade, um dos seus efeitos é provocar no egocêntrico a justificativa de que está apenas sendo “realista” quanto às suas capacidades, deliberações e ganhos.

Pessoas egocêntricas vivem em mundos particulares. O egocêntrico acredita ter o “dom”, a habilidade nata para determinadas tarefas, alguém que verdadeiramente acredita ser o melhor e, fatalmente, há muito tempo longe da posição de aprendiz, eliminando qualquer convívio, mesmo que remoto, com algum traço de humildade.

Ter o aprendizado como meta e, aí sim, um hábito super saudável, questionar o status quo e aceitar a mudança (mesmo que isso inclua atritos, dor e eventualmente sofrimento), são grandes evidências da presença na zona de evolução existencial, comportamento que aponta na direção do mindset de crescimento (Dweck, 2017). Você pode também encontrar referências para esse comportamento como mindset produtivo (Stark, 2004).

Não desejar aprender, manter o status quo, achar que sabe tudo, não aceitar a mudança e usar frases como “eu sou assim mesmo e nunca mudarei” são fortes indicativos de estagnação existencial. Típico comportamento do mindset fixo (Dweck, 2017) ou mindset defensivo (Stark, 2004).

O ponto aqui é a resistência à mudança e a característica natural que a acompanha de não aceitar bem a opinião de alguém. Uma consequência direta de achar que se sabe de tudo é ficar totalmente fechado ao aprender e isso tem uma profunda ligação com o ego.

  • Mindset fixo = zona de estagnação = vítima = ego
    Mentalidade = “eu sei de tudo”. “Sou assim mesmo e não vou mudar”
    Passivo, “o mundo me serve”, “eu basto”
    Se eu chego ao sucesso é porque eu sou bom naturalmente. Tenho o “dom”, nasci assim
    Se eu não chego ao sucesso, é culpa do externo, culpa dos outros ou das circunstâncias (e nunca minha), afinal, eu tenho o “dom”
    Sou incompreendido e injustiçado
  • Mindset de crescimento = zona de evolução = protagonista = humildade
    Mentalidade = “eu não sei, mas posso aprender”. “Mudanças são bem-vindas”
    Ativo, “eu vou atrás do que preciso”, “sou um eterno aprendiz”, “peço ajuda”
    Se eu chego ao sucesso é porque me empenhei, porque fiz acontecer e porque aprendi o que foi necessário
    Se eu não chego ao sucesso, devo analisar o que ocorreu e aprender, colher feedbacks, reagrupar, mudar a estratégia, me esforçar mais, pedir ajuda
    Eu posso

Se você chegou até aqui, brindá-lo-ei com uma conclusão rápida e simples.

Você deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com inteligência e equilíbro emocional?

Perceba como há uma relação íntima entre todos eles.

Pessoas egóicas agarram-se as suas crenças e, cosequentemente, as suas opiniões. O desafio de focar em ideias, adaptar-se, aprender e aceitar o conjunto que encerra o próximo (emoções, sentimentos e ações) é praticamente impossível de realizar.

Ou seja, egocêntricos são praticamente incapazes de atuar nos 3 níveis mais altos da pirâmide da discordância de Graham.

Colocando de outra forma, inteligência e equilíbrio emocional estão totalmente ligados à aceitação e entendimento do próximo (empatia) e são incompatíveis com cultos à identidade, pois quaisquer discordâncias estarão associadas irremediavelmente à identidade do egocêntrico.

O egóico percebe invariavelmente a opinião do outro como uma desqualificação de quem é.

Então, é plausível afirmar que, para ter inteligência emocional, é necessário adaptar-se, ater-se as ideias, deixar o ego de lado e permitir novos conceitos ao ponto de colocar as suas próprias crenças em jogo, mesmo que isso direta ou indiretamente vá contra uma das nossas identidades. Se a troca intelectual despertou questionamentos em você, está no caminho certo.

“Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante o teu direito de dizê-la.”
Evelyn Beatrice

 


Leitura recomendada:

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O texto acima contém trechos do livro “O Guia Tardio“.

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O Guia Tardio

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É uma realização e uma felicidade imensa apresentar o resultado de quatro anos de pesquisa e trabalho, algo que surgiu da semente plantada aqui, neste blog.

Como sair da zona de conforto e criar para si uma nova realidade?

Em seu livro de estreia, Romulo Cholewa oferece um caminho de conscientização e, ao mesmo tempo, um valioso guia de desconstrução do nosso modo automático de viver a realidade que nos cerca.

Ao quebrar seu próprio ciclo existencial contemporâneo, você vai aprender a superar o próprio ego, compreender seus erros e vencer obstáculos da vida moderna que para muitos parece impossível, como a depressão, vitimização e procrastinação.

O Guia Tardio é um livro urgente para quem busca autoconhecimento e o desenvolvimento de relações saudáveis e duradouras com os outros e consigo mesmo.

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O Kindle é uma estante de livros digitais que podem ser lidos em qualquer dispositivo, seja móvel (celular, tablet) ou no PC/Mac. Ele é capaz de gerenciar toda a sua biblioteca de conteúdo e permite o sincronismo entre leituras (você pode começar a ler no PC e continuar a leitura no celular, por exemplo).

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Ditadura de Risos e Aparências

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Como aficionado por tecnologia, assíduo participante de fóruns e debates online desde a época das BBS (isso tem bem mais de 20 anos), das pessoas que conheço, fui um dos primeiros a entrar nas redes sociais, ainda quando cada uma delas surgiu.

Em algum momento do passado (por volta de 2005), apaguei boa parte e fui recriando ao longo dos anos (Eu sei exatamente porquê apaguei minhas contas).

Dos debates enviados através do protótipo do que viria a ser o email de hoje, através das BBS até as redes sociais, a comunicação virtual mudou totalmente.

Mensagens demoravam dias para chegar e assemelhavam-se literalmente ao processo de escrever e enviar uma carta, só que eletrônica.

Na época, existia ego, sim. Mas pela ausência de uma série de coisas que se fazem presentes hoje, ele estava associado irremediavelmente aos bons (ou ruins) argumentos apresentados.

Dica: se sua vida online é… digamos, forte, presente e contundente, leia este artigo, procure pela pirâmide da discordância de Graham ou, se me permite, leia o livro que lançarei em breve (O Guia Tardio).

Agora, a comunicação é instantânea e volátil.

Mais, existe uma associação íntima entre a mensagem, o veículo e a identidade.

Mais ainda, existe uma confusão entre identidade, imagem e mensagem. Aparentemente, tudo tornou-se uma coisa só, a personificação da perfeição.

Isso posto (retornaremos ao tema adiante), mudemos de assunto.

Estamos vivendo um momento que é único para todos.

Não que os momentos vividos não sejam únicos, mas a pandemia que se instala nunca foi vivida pela grandiosíssima maioria da população.

Na verdade, não foi vivida por ninguém, afinal, qualquer situação anterior, de magnitude semelhante, foi em um mundo totalmente diferente do atual.

Estou há 40 dias em quarentena.

Achava que gostava de ler.

Até não aguentar mais.

Fiz cursos, MasterClasses, assisti a lives.

Apesar de fazer conferências diariamente, a ansiedade ainda avisa que está presente.

Apesar de ter visto séries, filmes, caminhado dentro de casa, cozinhado, limpado, inventado, virado tudo que é eletrônico de cabeça para baixo e muito mais, estou algumas vezes triste. Algumas vezes ansioso, outras com medo.

E tem dias que acordo feliz.

O que há de errado comigo!!!!?

Vocês conseguem adivinhar?

Absolutamente NADA.

Estamos enfrentando uma situação de calamidade e é totalmente natural do ser humano sentir-se triste, ansioso, talvez desesperado em alguns casos, cauteloso.

É da natureza humana vivenciar emoções diante das adversidades da vida. É natural de existir, ter sentimentos, emoções que afloram, tomam conta e podem nos controlar.

Faz parte.

Então, apesar de não estar tudo bem…

Está tudo bem.

Repita comigo: está tudo bem. Você é um ser humano.

Este é o ponto onde começaremos a conversar sobre aceitação.

Aceitar não significa concordar com um conteúdo desagradável, incompatível com suas metas ou objetivos.

Não significa baixar a cabeça para o que considera incongruente, errado, contra os seus valores ou na contramão do seu propósito.

Aceitar é entender as circunstâncias, a realidade objetiva de forma calibrada para, aí sim, agir da forma mais adequada possível.

Significa não se apegar ao ego, ao material, aos julgamentos e ao preconceito. Você pode estar se perguntando se consegue fazer isso.

O desafio é considerável e muitas vezes precisamos do luto, de passar por um período de negação e de rejeição do que é, pela dor, pela raiva ou pelo medo. Você não está com defeito… é assim mesmo.

Aceitar a realidade, aceitar quem somos e que temos momentos felizes, tristes, ansiosos, com medo e, mais uma vez…

Faz parte.

Então, voltamos para o início, sobre a confusão entre identidade, imagem e mensagem.

O que isso tem a ver com a internet?

Aparentemente nada, mas ao consideramos a saúde mental, tudo.

Confesso que tenho sentido uma certa aversão às redes sociais.

Nelas, vive-se em um mundo de aparências.

Vive-se em um mundo do esteticamente belo, dos sorrisos, da positividade e da abundância.

Nós, como seres humanos, não somos assim.

Não, não somos assim.

Essa é uma estratégia de marketing, de promoção e de prova social.

Quem sou eu para falar o que um digital influencer pode ou não fazer nas redes sociais?

Ninguém… a minha preocupação é com você, a pessoa fora das redes, seja influenciador digital ou não (não seremos todos nós?).

Ser humano igual a mim, que tem suas preocupações, anseios e desafios do dia a dia, que vive em um mundo longe da perfeição.

O ser humano é imperfeito.

Qualquer um.

Onde quer que esteja.

E, confesso, dentro de mim, em um canto profundo do meu ser, eu acredito que relacionar-se com essa suposta realidade da perene sublimação das redes sociais provoca efeitos diversos em nossa mente, seja conscientemente ou inconscientemente.

Eu tenho a plena certeza de que há uma persona de qualquer influenciador digital que tem seus momentos de tristeza. Assim como eu, como você, chora no banho ou ao dormir, diante de uma situação praticamente insustentável de uma dura realidade objetiva opressora, em algum momento do dia.

Pergunto a você… será que em algum canto do seu próprio ser, você não sente eventualmente a mesma coisa?

Já refletiu sobre o termo em si (influenciador digital)? Você se permite influenciar por uma realidade falsa ideal, perfeita e que não existe?

Será que essa ditadura de risos e de uma suposta e aparente felicidade nos afeta?

Eu acho que sim.

Ela nos afasta de nós mesmos e nos aproxima de uma realidade efêmera. Ela configura ideais inalcançáveis de perfeição e… sejamos honestos, se você, assim como eu, busca conhecimento e autoconhecimento, reconhecer felicidade, tristeza, ansiedade, o nosso lado positivo e negro faz parte da compreensão de uma série de interações que vão dentro da gente.

Faz parte de olhar para a imperfeição de dentro, não para a suposta perfeição externa.

Além disso, o processo em si também permite reconhecer esses mesmos processos no próximo. A pessoa diante de você tem as MESMAS questões. Isso gera empatia, gera reconhecimento de emoções.

Depois desse desabafo, permita-me uma sugestão: não importa o que veja nas redes sociais. Olhe para dentro de você. Reconheça-se como ser humano e todo o pacote que vem junto. Em você E nos OUTROS.

Se precisar de ajuda, peça. Sério. Do outro lado, encontrará sinceridade. Se entrar em contato, saiba que provavelmente vou falar coisas que doem (e ouvirei coisas que doerão).

Aceite-se. Abrace essa dor. Entenda-se.

Mas faça isso tomando por base quem é, e não o ideal de perfeição das provas sociais ou do mundo digital, um objetivo inalcançável, intangível e surreal.

 


Atualização em 20200426 1429 -0300GMT: No dia 25 de abril de 2020, o Prof. e Dr. Pedro Calabrez postou um áudio em seu grupo do Telegram, abordando o tema da aparência perfeita das redes sociais. Esse Áudio foi a inspiração para o texto acima.

No mesmo áudio, ele relata que faria na sequência um vídeo sobre o tema. Hoje, dia 26 de abril, ele foi publicado e você pode assisti-lo clicando aqui.


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Estímulos, Motivação e Autoajuda

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Tenho uma passagem emblemática na mente: a de um treinador, no topo dos seus pulmões, berrando para um atleta: “vaaaaai, você consegue! Você é capaz! Vaaaaamos! Assim!!! Mais um passo!! Agoooora! Issssoooo!!!!”

Nos últimos quatro anos, mais próximo da indústria da autoajuda, do coaching, das imersões e de várias outras experiências do gênero, algumas até mais espirituais, eu presenciei a mudança chegar na vida de centenas, talvez milhares de pessoas.

É uma indústria que causa transformação: a estratégia muitas vezes consiste em alterar o estado do indivíduo através de estímulos sensoriais, emoções fortes e situações de alto impacto e, aí, permitir percepções valiosas.

O caminho usado é amplamente estudado na psicologia e certamente traz mudanças. Algumas vezes positivas, outras vezes negativas… uma percepção que depende de um enorme número de fatores, como o tempo e o momento analisado, o passado, as experiências e o mapa da pessoa.

Os estímulos são apresentados em múltiplos níveis. Vão desde condições ambientais, passando por experiências comportamentais, novas habilidades, interposição de crenças e valores (ou questionamento de ambos), mudança da própria percepção de ser e de identidade e, em alguns casos, indo até o nível de pertencimento, conexões, social ou espiritual.

Nestes quatro anos, muitos continuam a me perguntar se vale a pena experimentar situações assim.

Só existe uma forma de responder a essa pergunta: para mim, valeu.

Mas a situação é mais complexa e quero fornecer elementos para uma avaliação pessoal.

Vamos por partes.

Talvez o mais importante seja a disposição de olhar para dentro.

Dores crônicas antigas são confortáveis. Se acha que não, examine-as: fortes o suficiente para serem percebidas mas fracas demais para provocar mudança. Nos acostumamos e aprendemos a lidar com elas, exatamente de onde vem o conforto.

Nossa própria identidade já conhecida é muitas vezes um desejo comum: não mexe no que tá quieto; sou assim mesmo e que me aceitem. O corpo humano tende à conservação de energia e mudar gasta energia.

Melhor dizendo, olhar para si e escavar exige coragem. Não se preocupe, apenas a coragem necessária para começar.

Em segundo lugar, temos a confusão frequente de estímulo com motivação.

E, sejamos francos, não são poucos os estímulos.

Eles alteram o estado emocional do indivíduo, fazendo-o crer que tudo é possível, está ao alcance do esforço e do trabalho, basta empenhar-se. Fazendo crer que nada pode parar uma pessoa determinada.

Pode. Ah e como pode! A vida é cheia de surpresas.

A maior força do ser humano não é determinação; é a capacidade de adaptar-se.

Portanto, estímulo que leva a uma suposta e aparente motivação momentânea apenas, é a mesma coisa que potência sem controle.

Gasto de energia.

Alguém berrando frases motivacionais no seu ouvido ou seguir perfis motivacionais nas redes sociais pode até gerar movimento, mas mudança e evolução são outras coisas.

Muito da autoajuda é essa provocação na nossa cara que causa movimento… então, você sai do lugar, age, levanta do sofá e se cadastra na academia, começa a dieta, para de fumar, para de beber, começar a ler, estudar…  mas a iniciativa, o movimento encerra-se dias depois… e nada de verdade muda. Nada em longo prazo e a maioria das pessoas nem percebe, porque nunca avaliou.

Se você já passou pela experiência e acha que estou exagerando, faça uma análise do que alcançou concretamente: você agradecerá a si por ir mais fundo, além do jargão motivacional.

Investigue quais o resultados de fato conseguiu. Isso sim é um excelente exercício para avaliar se o estímulo levou a melhoras e, olha, as emoções exacerbadas podem ocultar os reais resultados: quando estamos excitados, acreditamos que as meras possibilidades já estão realizadas.

Isso leva à motivação propriamente dita.

Os estímulos são externos, a motivação vem de dentro.

Um estímulo pode acordar uma motivação sem precendentes dentro de alguém, mas apenas ele não leva muito longe. Falei sobre isso em outro texto, sobre procrastinação.

Então, se o estímulo serve para uma busca interna, para o aprendizado e para o autoconhecimento, a motivação tão desejada será encontrada ou criada. Mas se ele estiver só, volta-se para o ponto inicial.

Pior, pode-se retornar para o início com a sensação de que muito esforço foi desprendido mas que não se chegou a lugar algum.

Em terceiro lugar, não há garantia alguma de que o estímulo levará à realização, transformação, compreensão ou mudança positiva imediata.

Eu creio que a mudança é eventualmente positiva, mas olhar para dentro pode revelar faces do nosso ser há muito ocultas, conscientemente ou não.

Trata-se de um caminho. Um caminho com algumas estradas perfeitas; outras estradas um pouco esburacadas, à beira de abismos e campos floridos. Uma jornada muitas vezes de lucidez, de tristeza, de raiva, de felicidade… de prazer e de realização.  E tudo bem, faz parte da natureza humana.

Portanto, entenda que não há nada de imediato na evolução e no crescimento.

Percebeu a implicação dessa afirmação?

Os estímulos são momentâneos.

Se eles nos colocam no caminho da evolução, ótimo. De fato, só saberemos ao avaliar os resultados obtidos. Só através deles que saberemos se houve ou não evolução. Eu particularmente não me canso de trazer a minha e a sua atenção à este ponto: quais os resultados conquistados, de curto, médio e longo prazo?

Não vale afirmar que sente-se bem somente.

Pro seu próprio bem e correndo o risco de ser qualificado como racional, meça.

O que considera um bom objetivo ou conjunto de objetivos a ser alcançado?

Emocionais? Materiais? Existenciais? Espirituais?

Chegou lá? Está chegando?

Como ouvi Sri Sri Ravi Shankar[1] falar uma vez… pergunte-se: eu estou mais feliz? Eu estou mais calmo? Quando meu humor se altera por causa das inúmeras coisas desagradáveis da vida, ele retorna à calma e à felicidade mais rápido do que antes? A sensação de pertencer a algo maior e de querer contribuir têm aumentado? A necessidade do material tem diminuído e ter saúde financeira apenas para comprar coisas e momentos se distancia?

Eu acho que muita gente menospreza tudo que é entitulado “autoajuda” justamente por isso.

Por um lado, há um número enorme de gurus vendendo estímulos e, por outro, muitos clientes achando que vão comprar a pílula da felicidade. A tal da modernidade líquida de Bauman[2].

A tão desejada solução externa.

Uma equação lucrativa e, por muitos, considerada exploratória. Junta-se a oferta perfeita para o querer desesperado.

Aqui, há uma consideração importante a ser feita.

Os que procuram as pílulas mágicas, as fórmulas encantadas e os métodos supostamente infalíveis das peças de marketing de treinamentos de autoajuda e das capas dos livros… potencialmente encontrarão decepção.

O sórdido é que a decepção não vem rápido. Demora a perceber que não se sai do lugar e o argumento do marketing vigente é que… se não funcionou, foi porque você não se esforçou o suficiente.

Clóvis de Barros Filho coloca isso muito bem.

  • Os dez passos para a felicidade…
  • A fórmula do sucesso…
  • As cinco maneiras de ser produtivo…
  • As quarenta leis da persuasão…
  • A fórmula de lançamento perfeita…
  • Os sete mandamentos da inteligência emocional…
  • O método infalível para ser rico…
  • Os doze hábitos da venda…
  • O segredo da mente produtiva…
  • Os 48 ensinamentos do poder…

Soam familiares as colocações acima?

Todos elementos externos de uma suposta mudança indolente. Todos argumentos de persuasão e manipulação emocional para vender a solução absoluta (tão absoluta quanto a peça de marketing seguinte).

Pare por um momento e me diga: qual mudança é realmente passiva?

Não se percebe uma incongruência fundamental aí?

Não adianta olhar apenas para fora. Há de se olhar para dentro. Há de se cavar. Autoconhecimento é mudar a partir de si. É enfrentar dores conhecidas, demônios pessoais, esqueletos no armário da alma…

Todas as fórmulas, métodos, passos, segredos, leis, mandamentos e maneiras têm o seu sucesso inteiramente dependente da gente.

Aqueles que procuram tais recursos no intuito de conhecer quem são, mudam de vida.

São os que estão dispostos a mudar verdadeiramente.

São os que estão dispostos a encontrar em si a motivação. A razão, o propósito e… Como já disse Viktor Frankl[3], propósitos podem ser criados. Está TUDO dentro de nós.

Mas Romulo, eu li um livro de autoajuda que mudou a minha vida! Eu fiz um treinamento que me transformou em outra pessoa!

Foi?

Certeza?

Foi o livro que mudou a sua vida?

Foi o treinamento responsável pela transformação?

Conveniente quando fazem isso com a gente, não é mesmo?

O nome “autoajuda” é extremamente apropriado, percebe?

Ajudar a si.

Permita-me entregar-lhe uma nova percepção.

Aliás, mudando de ideia, permitirei que você conclua.

Eu concluirei com parabéns, por ter se permitido e por ajudar-se.

Deixo uma reflexão, correndo o risco mais uma vez de retornar ao tema da motivação:

Diante de tudo que foi dito… se o estímulo é externo e se ele nos leva a agir, estaremos abdicando da nossa capacidade de escolha? Estaremos sendo manipulados ao permitir que estímulos externos guiem nossas ações puramente no emocional?

Será que… conseguimos usar os estímulos ao nosso favor e guiar a nossa evolução de acordo com quem somos, no fundo? Será que, com isso, mudamos quem somos?


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Das Metáforas da Vida e a Nossa Real Visão de Jornada

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Como está a vida, na sua opinião?

Já se deu conta de que é bastante comum usarmos metáforas para qualificar nossa vida pessoal e profissional?

Como andam essas metáforas?

São positivas ou são negativas? São em detrimento de algo ou alguém ou somam positividade? São polarizadas?

A sua vida é uma batalha, uma guerra, onde há mortos, feridos e gente sangrando para todos os lados?

Está repleta de sangue, suor e lágrimas?

Antes de prosseguir, é muito importante diferenciar a luta natural e inerente à nossa vida com a associação dessa luta a situações negativas. Faz parte do ser humano lutar pelo que se acredita, lutar por propósitos e ideais. Lutar contra a natureza e pela nossa sobrevivência. Lutar pelo que achamos ser o certo e contra a maldade. A nossa própria evolução está muitas vezes associada ao lutar, ao vencer e a um sucesso através de vitórias. Somos predadores e por milênios caçamos outros animais para sobreviver.

Sendo mais objetivo: certamente existem momentos em nossas vidas onde essa luta terá consequências para você e para pessoas que você ama. Existem momentos onde os inimigos se apresentarão e você terá que necessariamente lutar contra eles e pelo que você acredita, para sobreviver e proteger os seus.

“Assim que você substituir os pensamentos negativos com positivos, você começará a ter resultados positivos.”
Willie Nelson

Entretanto, o fato de uma situação assim ser possível não significa que temos que usá-la como modelo e padrão para qualificar nosso dia a dia.

Você costuma encarar pessoas da sua família, parceiros de negócio, parentes, clientes ou colegas de trabalho frequentemente como soldados ou inimigos em uma guerra?

Veja como isso diz muito sobre a forma atual como você encara os desafios e, se esse for um hábito seu, pode indicar também uma visão negativa e não muito saudável da vida. Se em algum momento da nossa história a guerra foi relatada com romantismo, convenhamos, não há forma de vê-la positivamente e ela retrata, na minha humilde opinião, o pior estágio que o ser humano pode chegar. Apesar disso, perceba como muita gente à nossa volta usa esse tipo de colocação.

Faça uma auto análise do momento que vive e das pessoas que cercam você: marido, esposa, namorada, chefe, funcionários… Especialmente a forma de se comunicar: você tem pensado ultimamente em um modo polarizado, preto no branco, certo vs. errado?

“Ódio. Já causou muitos problemas nesse mundo mas ainda não resolveu nenhum.”
Maya Angelou

Para que você tenha sucesso é necessário que alguém fracasse? Para que seus planos tenham sucesso, você precisa sacrificar alguém que não cometeu erro algum, direta ou indiretamente? Sua vida resume-se a um campo de batalha com vencedores e derrotados?

Entenda que, apenas em nome da figura de estilo e linguagem, você está sendo levado a instaurar crenças limitantes, dor e dificuldade onde não há necessidade.

Se você ainda acha que está tudo bem, que usar metáforas negativas não tem impacto na sua vida, sugiro ler um pouco sobre o erro de otelo, algo que já mencionei antes. Trata-se de um termo usado inicialmente pelo renomado psicólogo Paul Ekman no livro “Telling Lies“.

Dele, temos duas questões pertinentes aqui: a primeira é a tendência de agirmos como culpados quando sob stress. Em outras palavras, é a tendência de agirmos de forma incompatível com o nosso sucesso ao sentir que fracassaremos.

A segunda é a tendência de ver tudo negativamente se assumirmos uma premissa ou postura negativa. Ao usar metáforas negativas e associar um desafio a situações de perda, confronto e tantas outras, estamos nos condicionando a uma espiral negativa.

Ou seja, iniciamos um ciclo negativo, entramos nele e nós mesmos tornamos difícil sair dele. De fato, nossa realidade passa a ser moldada pela visão negativa que temos. A metáfora pode surgir em um momento doloroso da nossa vida, provocada por uma perda por exemplo, mas ela fomentará a dor e moldará nossa visão de realidade, iniciando uma cadeia de percepções cada vez mais danosa.

 “Não enxergamos as coisas como são; enxergamos as coisas como somos.”
Anaïs Nin

Além disso, ao usar metáforas negativas para exemplificar nossas experiências, adicionamos sofrimento, morte, elementos intransponíveis e somos levados a separar as pessoas com as quais convivemos entre amigos e inimigos. Qual a real necessidade disso? A frase ficar bonita? A colocação ressoar?

Talvez seja a nossa necessidade de provar e mostrar para todos que estamos dando o máximo de nós mesmos ao ponto de sacrificar tudo aquilo que nos é raro e caro?

Um concorrente seu não precisa ser necessariamente um inimigo e você pode aprender muito com o seu comportamento. Quem dirá pessoas que estão ao seu lado! Evite julgá-las como inimigos poque não compartilham da mesma opinião que você. A diversidade não só é necessária como fundamental nos dias de hoje.

Pessoas que pensam diferente, reunidas, tem o potencial para realizar o fantástico. A diversidade é a massa crítica para coisas extraordinárias!
Romulo M. Cholewa

Pensar diferente não torna ninguém seu inimigo (mas é assim que tendemos a nos comportar). Na realidade, trazer uma opinião nova à mesa pode ser o fator fundamental para o SEU sucesso. E se você se permitir mudar de opinião, pode experimentar uma sensação de renovação única!

Então você acha que há malícia e maldade para todos os lados? sugiro ler o texto da semana passada sobre a Navalha de Hanlon.

Se me permite uma sugestão simples e super saudável: use metáforas positivas! Procure encarar os seus desafios e, principalmente, as pessoas ligadas a eles, como parceiros! Elimine barreiras!

Procure associar os seus desafios a coisas prazerosas. Enxergue o bônus e não o ônus. Motive e incentive mostrando o melhor das situações e não pelo medo! Esconda o chicote, trabalhe no sentido da colaboração, do aprendizado constante. Ensine, compartilhe! Dê exemplos de superação, associe a luta de cada um à evolução, ao sucesso, à vitória, à conquista! Mostre o crescimento (profissional, pessoal, material, interno, etc.) que será obtido com o esforço.

Ao tocar nesse tema, permitam-me uma divagação:

Diante de um desafio, de um evento, teremos perdas e ganhos. Em um primeiro plano, conseguimos enxergar apenas a parte racional. Mas o que realmente importa, o driver real, está abaixo da superfície. Ele está escondido no seu cérebro reptiliano, onde está seu instinto, seu sexto sentido. Enxergar isso é fundamental para que você consiga se motivar de forma positiva e usar as metáforas apropriadas. Se você é um líder, é muito importante enxergar isso nas pessoas.

Um exemplo prático do que ocorre tipicamente nas empresas hoje em dia:  um bônus para quem encerrar março com 25% da cota de vendas batida.

Para a maioria das pessoas que lê essa frase, pensará que a motivação é o dinheiro. Agora, tente visualizar o que você pode fazer com esse dinheiro. Pense que você pode colocar seu filho uma escola melhor, fazer aquela viagem com sua esposa, contratar um melhor plano de saúde ou comprar um carro maior para a família.

Uma pessoa que foca no tangível pessoal percorreu metade do caminho. Mas a cereja do bolo é outra. Quem focar nos benefícios que dizem respeito ao bem estar da sua família, acertará em cheio e tornará a pessoa muito mais motivada do que pela cifra em si ou bens materiais.

Um líder que mostra bônus dessa forma para seus colaboradores certamente terá um argumento mais forte e motivará melhor sua equipe, muito mais  do que demitir aqueles que ficarem entre os 20% piores (prática comum hoje em dia, instituída na década de 70 por Jack Welch, então presidente da GE).

Voltando à questão, lembre-se: linguagem, postura e representação interna se influenciam. Isso é totalmente documentado na literatura há dezenas de anos. O que o impede de usar exemplos e metáforas positivas e saudáveis, permitindo que isso permeie a sua existência de forma positiva? Não temos nada a perder.

Ah! Antes que eu me esqueça, vou soltar uma frase aqui para vocês pensarem:

Dizem por aí que…

A felicidade está na jornada e não no destino.

Se as metáforas são a verbalização da sua ideia de jornada, talvez… apenas talvez, seja possível verificar se estamos felizes pela qualidade das metáforas que usamos.

 


A imagem desse texto foi extraída do site DevianArt. O original e detalhes sobre a obra podem ser acessados clicando aqui.
https://djahal.deviantart.com/art/R-U-S-E-Matte-painting-01-184248835

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A Navalha de Hanlon

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Nem todo mundo está familiarizado com o conceito de “navalha” usado na filosofia.

Em termos gerais, “navalhas” são princípios ou guias para eliminar (cortar) explicações não tão plausíveis para um fenômeno.

Se você é fã de ficção científica e assistiu (ou leu) o fabuloso “Contato“, de Carl Sagan, deve lembrar da Navalha de Occam (Occam’s Razor) que, na obra, afirma que “a explicação mais simples normalmente é a correta”(*).

Semana passada, uma dessas orientações filosóficas me chamou a atenção. Trata-se da Navalha de Hanlon. Nela, o óbvio é exercido. Aquele óbvio que e tão óbvio que cega. Tão simples que assusta:

“Nunca atribua à malícia o que pode ser adequadamente explicado pela estupidez.”

Eu particularmente acredito que a grande maioria dos problemas da humanidade deve-se à falha na comunicação ou ao não entendimento do ponto de vista do próximo.

Quando partimos do princípio de que não existe uma mesma realidade compartilhada por todos os seres humanos e, de que de uma forma ou de outra, cada ser humano tem a sua própria realidade, sua representação do mundo, fica mais fácil de aceitar que a comunicação é a base para o entendimento ou a discórdia. Para a convivência sadia ou a disputa (não acredita? Leia isso).

A questão (que não ajuda) é que as pessoas estão tão bélicas que até mesmo perguntar para obter um melhor entendimento gera conflito. Você começa a questionar no intuito de compreender o que se deseja e seu interlocutor acha que há segundas intenções no questionamento.

Uma vez que esse texto tem a intenção de explorar a Navalha de Hanlon, você já deve ter sentido onde quero chegar.

Não estou sendo particularmente ingênuo. Estou, de fato, sendo prático.

Não mencionei também a Navalha de Occam à toa.

A razão por trás do meu argumento traz a simplicidade que consterna: não obstante ser a malícia fruto de pessoas com intenções usualmente obscuras, ela requer elaboração. Ela é complexa, pode envolver a mentira e toda uma série de artifícios, bem como planejamento que a sustente.

Caímos, pela falha em nos comunicar e pela incompetência em compreender a realidade subjetiva do ser humano, na armadilha de complicar tudo, adicionando maldade à equação.

E olha que nem cheguei a mencionar a estupidez. Mas convenhamos, esse é filho bastardo da ignorância. Nossa incapacidade em compreender e em nos comunicar de forma eficaz são parentes próximos, fazem parte da mesma família.

Ouso afirmar que as duas navalhas fazem parte do mesmo conjunto. Dada a natureza humana, afirmar que a estupidez (e variações dela) são a explicação mais plausível para muita coisa que julgamos ser maldade, nada mais é do que afirmar que essa É a explicação mais simples.

Meu querido leitor, sinto que a essa altura você deve estar se perguntando o quê me fez pensar na Navalha de Hanlon ou que situação inspirou essa linha de raciocínio.

Peço-lhe o perdão que é exigido pela ética em não revelar partes. A potencial sabedoria da generalização, nesse caso, trouxe-me lições importantes, entendimentos e mudanças de opinião acerca de situações e pessoas. Porque não dizer, ainda sem implicar alguém, trouxe aceitação e perdão, ao entender que a ignorância é a raiz de tanta coisa em nosso mundo… e não a maldade.

Assim como a ignorância é uma benção, há toda uma nação de pessoas que buscam ser abençoadas diariamente; fogem do conhecimento como quem foge da morte, uma fé em manter-se alheio, uma estratégia quase perfeita para que o seu contexto existencial seja facilmente justificado para si e para os sistemas aos quais pertence.

Talvez essa minha conclusão seja um traço do meu romantismo, um raio de esperança em usar a Navalha de Hanlon para justificar a existência, segundo Sartre, de alguns indivíduos. Particularmente não conseguiria viver sob um contexto desses. Mas como argumentei (e acredito), cada ser humano tem a sua realidade individual e a sua subjetividade protegida por suas convicções.

No fim do dia, elas quem determinam a sua realidade através de quem você é ao existir e, (porque não afirmar) através de suas ações. Se somos reflexos dessas ações, para muitos é o que há de mais confortável: entender o mundo da forma que agrada,  manter-se ignorante ou omisso diante das situações antiéticas, conflitantes e que incomodam para que a existência seja perfeitamente justificável.

No fim, estupidez é a palavra que define. Mais uma vez, não estou sendo ingênuo em achar que a maldade não existe. Ela existe sim, mas sua incidência é bem menor do que a nossa própria ignorância/incompetência nos leva a crer.

Agora, para dar um nó cego e contabilizar o custo das minhas ações, me respondam: estarei eu sendo estúpido, ignorante, conivente ou omisso, ao enxergar tudo isso e eventualmente decidir não agir?

 


(*) A Navalha de Occam não afirma explicitamente que a solução mais SIMPLES é a correta. Ela afirma que a explicação com menos “componentes” deve ser a correta. A diferença é sutil, mas importante de se registrar.

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Mais ou Menos 150

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Você certamente é usuário de redes sociais.

Veja quantos amigos possui em cada uma.

Se você respondeu que tem algo acima de 150 amigos, precisa revisitar a definição de “amizade”.

Uma que gosto bastante, como ponto de partida, é de que uma amizade é, pelo menos, uma relação social estável.

Você consegue dizer isso dos mais de mil contatos que possui ou, como a maioria das pessoas, tem gente lá que nunca viu na vida?

Se você é feito eu, tem uma distinção mental entre contatos em redes sociais e amigos. Isso abre espaço e coerência mental, social e até antropológica para ter pessoas que fazem parte do seu “networking”, mas que não são, necessariamente, amigos.

E isso é muito importante, porque o ser humano precisa de relacionamentos estáveis em qualquer esfera, seja pessoal ou profissional. Temos a necessidade de pertencer a grupos onde nos sintamos seguros.

É, ao pertencer a contextos sociais de segurança, que as pessoas conseguem ousar, sair da caixinha e se tornarem extraordinárias. É, ao não precisar lidar com a sua sobrevivência e outras questões básicas, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, que nos transformamos em nossas melhores versões.

Isso acontece quando estamos dentro de um contexto social ou um grupo onde as pessoas se ajudam mutualmente. É o equivalente, em nosso passado, à troca saudável (e inteligente) entre os que dormem enquanto alguns vigiam.

Quando nos entregamos à efemeridade das redes sociais, estamos sujeitos a esquecer disso. Pior, estamos usando um artifício tecnológico incompetente (uma trapaça) para substituir um mecanismo antropológico construído por milhões de anos de evolução.  Se o nosso foco é uma vida virtual, longe do contato físico, o nosso senso de pertencimento a um grupo, onde existe segurança, se esvai, promovendo o stress contínuo e suas consequências.

As redes sociais fomentam o contato virtual, que é estabelecido sem uma série de elementos essenciais à construção de relacionamentos duradouros.

Para citar alguns, apenas no aspecto estritamente individual, observe que através das redes sociais não olhamos nos olhos, não sentimos cheiro, não percebemos micro expressões faciais, o posicionamento do corpo, a cor da pele ou mudanças suaves de tonalidade. Tão pouco ouvimos o tom, a força e outras características da voz.

Falta a maior parte da comunicação e, sem ela, relacionamentos sólidos não são estabelecidos. Tudo o que eu falei acima e tantos outros sinais são interpretados pelo seu corpo, sua mente e levados em consideração na hora de se relacionar com alguém.

É por esse motivo que algumas pessoas despertam, de início, ou desconfiança ou o contrário, mesmo você não tendo tanta certeza do porquê. Parece ser um feeling, um sentimento ou um sexto sentido quando, na verdade, é o seu corpo tentando se comunicar com você, dando uma resposta a uma análise criteriosa, através da “intuição”.

Mas e o número 150?

Como animais que somos, existe um número limite de pessoas com as quais conseguimos nos relacionar e formar laços estáveis de relacionamento, diante de limitações cognitivas e biológicas.

Esse número varia um pouco, mas se remete à quantidade de indivíduos formando um grupo onde, de uma forma simplista, o senso de pertencimento se estabelece ou onde de fato conhecemos e nos relacionamos ao ponto de lembrar de cada um, incluindo características individuais mais detalhadas. Acima dessa quantidade, os laços se enfraquecem e um novo grupo se forma (ou, pelo menos, deveria).

Conhecido como o número de Dunbar, foi descoberto pelo antropólogo e psicólogo Robin Dunbar na década de 90 e tem servido de base e inspiração para um sem número de descobertas. Mas o mais curioso é que a sua hipótese tem resistido bravamente ao tempo e as múltiplas tentativas de derrubá-la (e, registre-se, não são poucas).

Ele tem sido usado, intencionalmente ou empiricamente, em aplicações que vão desde o âmbito militar até pequenas e grandes corporações, com implicações profundas no que diz respeito às questões de liderança.

Estamos inseridos em contextos pessoais e profissionais globalizados, onde as ferramentas de comunicação permitem contato com um número cada vez maior de indivíduos. As próprias redes sociais são uma boa forma de comunicação. O efeito colateral disso é a tendência de que mais pessoas estejam envolvidas em projetos cada vez maiores.

De acordo com Dunbar, de uma forma geral, essa não é uma boa estratégia. Ter células de até 150 pessoas promove toda uma série de benefícios, que vão desde uma comunicação mais eficaz, uma proximidade entre as partes e um entendimento ímpar, incluindo a ausência de conflitos e discriminação típicos e inevitáveis da natureza humana.

Isto não significa que o número máximo de pessoas envolvidas em um projeto deva ser 150. Podemos ter múltiplas células de até 150 pessoas e uma interface de comunicação e gestão entre elas.

Mas o mais interessante é que o número de Dunbar tem sido efetivamente usado ao longo da história repetidas vezes, muito antes da sua “descoberta” ou dos estudos que o envolvem.

Desde a organização de aldeias primitivas a unidades militares, agrupamentos de até 150 pessoas são uma constante ao redor do mundo, nas mais diversas culturas. E o motivo por trás é simples: são estruturas sociais sólidas, que funcionam muito bem na prática.

Antes de finalizar, permitam-me mencionar dois excepcionais livros sobre liderança que são quase que complementares: “Líderes se Servem por Último” de Simon Sinek e “Tribal Leadership“, de Dave Logan, John King e Halee Fischer-Wright.

Enquanto o primeiro estuda as raízes que fazem alguém se tornar um líder e como construir as bases de uma equipe de sucesso, o segundo é um tratado sobre a maturidade de equipes (seus líderes) e como evoluí-la. Em ambos, o número de Dunbar não só é fundamental como parte prática da história.

Portanto, agora que você conhece o número de Dunbar, ignorá-lo pode não ser uma boa ideia. Se você for um gestor ou líder, agradecerá. Aliás, agradeça ao Robin 🙂

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Quando Se Misturam as Bolas: Coaching, Psicoterapia e Hipnose

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(*) No início de fevereiro de 2018, a Rede Globo, um dos maiores conglomerados midiáticos do planeta, abordou o tema do coaching e da hipnose em uma de suas novelas (“O Outro Lado do Paraíso”) como peça de merchandising, atraindo a atenção da sociedade e, em especial, dos profissionais de coaching, hipnólogos e de saúde / psicólogos.

Quando uma das instituições mais poderosas do País(*) em que vivemos decide abordar um tema em um de seus folhetins típicos, certamente chamará a atenção e atingirá uma fatia gigante da população.

E quando a mesma instituição decide abordar um tema polêmico de uma forma ainda mais polêmica, a coisa pega fogo. Isso já aconteceu inúmeras vezes, com temas como preconceito, família, traição, homossexualismo e tantos outros.

Com coaching não é diferente.

Convenhamos, uma novela tenta retratar o nosso cotidiano. Se foi a intenção do autor retratar essa confusão preexistente, dando destaque à questão (apesar de ter sido uma peça de merchandising), francamente não sei e, por desconhecer a real posição do autor, concedo o benefício da dúvida. Contudo, a confusão entre a psicoterapia, coaching e a hipnose existe na sociedade há algum tempo e precede os holofotes da TV.

Fato desagradável: existe uma área de interseção entre psicoterapia, coaching e hipnose, provocada pela falta de clareza na percepção popular. Também é impossível controlar o que as pessoas de fato fazem. Em outras palavras, além da falta de conhecimento, muitos profissionais não respeitam o que podem ou estão capacitados a fazer.

Além disso, nada impede que alguém seja Psicólogo, Coach e Hipnoterapeuta. De fato, é algo que está se tornando cada vez mais comum.

Coloquemos a novela um pouco de lado. Agora, vejamos algumas definições, partindo do princípio de que eu não sou formado em psicologia. Meu ponto de vista é calçado sobre minha formação em PNL e coaching, o conhecimento que tenho (e busco) sobre desenvolvimento humano e pelos anos de terapia que fiz (e, francamente, por estudar bastante os temas de forma autodidata).

A psicologia mexe com o passado. Você entrará em contato com um conteúdo relacionado a lembranças, situações, sentimentos e, diante da orientação de um profissional, ganhará elementos que lhe permitirão tratar sintomas que estão relacionados a esse conteúdo do passado. O Psicoterapeuta pode potencialmente ajudar a intervir no conteúdo e na forma e as catarses e insights advindas do tratamento podem mudar a vida do paciente.

A psicologia e a psiquiatria são profissões regulamentadas e existem formações universitárias por trás do seus exercícios.

O coaching é orientado ao futuro. É um processo onde o cliente (Coachee) reconhece seu estado atual (através de exercícios e ferramentas de auto conhecimento), define um estado desejado e, usando dinâmicas, exercícios e a orientação do Coach, traça e percorre o caminho até esse estado desejado. O Coach NÃO intervém no conteúdo NEM na forma. Ele NÃO sugere ações, não chega a conclusões pelo Coachee nem toma decisões por ele. Tudo isso é feito pelo cliente. Coaching é autoconhecimento, definição de metas, planejamento, execução e avaliação. Obviamente, isso tem o potencial de mudar a vida do Coachee.

É exatamente por esse motivo que o processo de coaching não exige do Coach conhecimento na área que o Coachee deseja atuar ou trabalhar. Na verdade, não faz a menor diferença, pois não cabe ao Coach ensinar um ofício ao seu cliente, muito menos pegar sua mão e conduzi-lo (para fazer uma analogia, o Coach anda ao lado do Coachee). Se essa é a necessidade, o cliente precisa de uma formação adicional, mentoria ou transferência de conhecimento propriamente dita.

O coaching não é uma profissão regulamentada, apesar de existir alguma padronização relacionada às escolas mais influentes. Entretanto, existem sim diferenças entre as abordagens e entre o conteúdo das diversas formações presentes no mercado. Por exemplo, algumas incluem programação neurolinguística (PNL) e outras não.

A essa altura, você já deve ter ouvido em sua mente a pergunta: mas como assim? Tomando por base as informações acima, psicoterapia e coaching são duas coisas TOTALMENTE diferentes e com objetivos distintos. Pois é, de fato, são!

Agora, falemos sobre hipnose, o que pode ser a raiz do tumulto.

Hipnose é uma ferramenta que pode ser usada tanto no coaching quanto na psicoterapia.

Em primeiro lugar, se você já dirigiu, leu um livro concentradamente ou foi ao cinema e ficou vidrado em um filme, você estava hipnotizado.

Hipnose nada mais é do que um estado alterado de consciência, onde você tem o seu foco em algo, sua atenção periférica e faculdade crítica reduzidas. Alguns autores inclusive defendem que não há a necessidade de alteração de estado; se há um rebaixamento da faculdade crítica, isso pode ser considerado hipnose.

A hipnose vem sendo desenvolvida há séculos. Existem diversos conceitos, tipos, aplicações, teorias e resultados documentados dessa poderosa ferramenta. Como a grande maioria das ferramentas, ela pode ser usada em conjunto com a psicologia, coaching, PNL ou associada a outras estratégias.

A página em português da Wikipedia é muito boa em trazer o embasamento teórico inicial e esclarecimentos adicionais.

Como assim, Romulo? Não pode ser! Eu nunca fui hipnotizado! Eu não acredito em hipnose! Eu sou imune à hipnose! É tudo armação!!!!!111!!!1!!!!11

Meu caro, o assunto é tão estudado que existe até escala de susceptibilidade à hipnose. Fato: 95% da população responde a algum tipo de sugestão hipnótica.

Na realidade, muita gente tem um preconceito enorme contra a hipnose, talvez por causa da hipnose de palco (que é uma coisa totalmente diferente da hipnoterapia) ou dos mitos que circulam em torno do tema.

Dito isso, pode uma pessoa que possui uma formação em coaching e hipnose, usar a hipnose para fazer uma intervenção que apenas um Psicólogo pode? Melhor, que apenas alguém da área de saúde pode?

Sim, pode, mas não deve. Pode ser até preso por isso.

A área de interseção se estabelece porque a hipnose como ferramenta pode ser usada tanto na psicologia / psicoterapia quanto no coaching (apesar do coaching e da psicoterapia serem atividades distintas). De fato, a hipnose pode ser usada como ferramenta em inúmeras situações, desde a hipnose de palco, contra a dor e até para tratar, por exemplo, de várias condições relatadas na psicologia.

O que dá autoridade ao Hipnólogo de usar a hipnose como ferramenta terapêutica é a sua formação em hipnose E em saúde.
O que dá autoridade ao Hipnólogo de usar a hipnose como ferramenta no coaching é sua formação em hipnose E em coaching.

Por ter seu exercício livre, o desalinhamento surge através do fato de que algumas condições devem, em princípio, ser tratadas por alguém da área de saúde, como um Psicólogo ou Psiquiatra (seja usando a hipnose como ferramenta ou qualquer outra – se ele for Psiquiatra e julgar adequado e necessário poderá usar até medicação).

Pode a hipnose ser usada, em um processo de coaching, no caminho de autoconhecimento do Coachee ou para acelerar mudanças? Claro! Desde que não como terapia.

Alberto Dell’Isola, Psicólogo especialista em hipnose,  aborda o tema e fala do assunto nesse vídeo, ao estabelecer a diferença entre terapia e mudança, ou “changework”. Eu poderia explicar aqui em detalhes, mas acredito que ele faz isso tão bem no vídeo que seria como reinventar a roda. Quadrada.

Agora, permitam-me colocar uma verdade incômoda e bem estabelecida:

Através da PNL e da hipnose, é possível ajudar as pessoas a superar certas dificuldades rapidamente (apesar de ambas não serem respostas para tudo como muitos pregam). Isso incomoda muitos psicólogos, que estudaram vários anos numa Universidade e, de repente, se veem numa situação de perder um paciente que, tipicamente, requer (mais adiante) anos de terapia.

Eu particularmente chamo isso de zona de conforto e reconhecer quando estamos em uma, dói. Dói muito mais agir para sair dela. É natural que, com o tempo, o ser humano evolua e, com ele, as abordagens. Alguns psicólogos e psiquiatras tratam pacientes hoje com conceitos ultrapassados, estabelecidos há mais de um século.

Funcionam? Sim! Mas existem caminhos mais rápidos e mais eficientes para certas mudanças, caminhos estes que podem ser, inclusive, usados com as ferramentas terapêuticas que já possuem.

Reflitam comigo: o que impede um Psicólogo, Psiquiatra ou qualquer outro indivíduo, de procurar aprender mais, novas técnicas e adquirir novos conhecimentos, especializando-se em PNL, coaching, hipnose ou qualquer outra coisa que desejar, que possua resultados comprovados?

Zona de conforto?

Preconceito?

Lembrando:

O coaching NÃO intervém no conteúdo NEM na forma. O Coach NÃO sugere ações, não chega a conclusões pelo coachee nem toma decisões por ele. Tudo isso é feito pelo cliente. Coaching é auto conhecimento, definição de metas, planejamento, execução e avaliação.

E se o paciente precisa de terapia, não tem processo de coaching que ajude. Coaches que se posicionam como solução para tudo sem a devida formação são criminosos.

Para finalizar, a disputa entre psicoterapia, coaching e hipnose não é nova e nem é da novela, mas foi evidenciada por ela. Se partirmos do princípio de que novelas focam em assuntos contemporâneos e que incomodam na nossa sociedade, ela fez muito bem o seu papel, trazendo luz à algo controverso. Entretanto, não se esqueçam: tudo foi parte de uma ação de merchandising.

 


 

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Você Trabalha Ou Vive Sob Stress e Pressão?

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(*)Quero começar afirmando algo doloroso para alguns: pressão é normal, não só no trabalho, mas em diversos aspectos da nossa vida e pode ter sua fonte em diversos lugares.

Exploraremos hoje seis deles, abordagens individuais e uma potencial abordagem global:

A pressão sempre foi uma constante, provocada por algum dos pontos acima e, com o tempo (e o amadurecimento), adicionamos à equação algo que faz toda a diferença: inteligência emocional, que mencionarei por último, pois trata-se de um tema que facilita (muito) a lidar com a pressão.

Quando menciono que pressão é doloroso, não me refiro a sofrimento, necessariamente; refiro-me à mudança, um processo amplamente documentado e estudado na psicologia e que, ao longo do último século e meio, é tratado exaustivamente.

“Não há despertar da consciência sem dor.”
Carl Jung

O que é a pressão muitas vezes, se não uma comunicação desesperada de mudança direta ou indiretamente ligada à responsabilidade, visão distinta de uma realidade ou um embate de posicionamentos, provavelmente com data e hora para ocorrer?

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta à mudanças.”
Leon C. Megginson

Curiosamente, a citação acima é quase sempre atribuída a Charles Darwin mas, na verdade, ela é de Leon C. Megginson.

 

A mudança em si é um gerador fortíssimo de ansiedade. Soma-se a isso o fato de que muitos trabalham dentro de suas respectivas zonas de conforto. Mais, trabalham para se manter dentro dela. Mudar gera desafio imediato e um esforço muitas vezes indesejado, o que nos leva a talvez afirmar que a resistência à mudança é o cerne da questão, e não a mudança em si. Refratamos a mudança muitas vezes de forma inconsciente, sem sequer pensar a respeito.

Isso, meu caro amigo, não deveria ser indesejado. Pelo contrário, oportunidades de ser o protagonista lhe colocam no comando da sua vida, o que pode lhe levar a outra conclusão também dolorosa:

“A maioria das pessoas não quer verdadeiramente liberdade, porque liberdade envolve responsabilidade e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.”
Sigmund Freud

Chamo especial atenção a esse ponto porque ele transforma você em sujeito! Ele é fundamental para o nosso crescimento e ser ator principal do nosso palco exige responsabilidade.

Existem outros geradores de ansiedade e pressão, seja no ambiente de trabalho ou fora dele. Ouso afirmar: as questões e a ansiedade geradas pela falta de comunicação clara e a ausência de entendimento talvez sejam as mais presentes em nossas vidas. Abordei a comunicação em específico em dois artigos sobre como ela pode até ser considerada, quem sabe, a razão principal para a discórdia no mundo.

A minha argumentação gira em torno de dois pontos principais: em primeiro lugar, a responsabilidade do entendimento da comunicação é de quem emite a informação e essa responsabilidade (olha ela novamente!), é frequentemente negligenciada. Em segundo, elenco uma série de estratégias que podem ajudar muito a melhorar o processo de comunicação.

Além da comunicação, quero abordar três pontos adicionais que geram pressão e ansiedade, antes de retornar para a inteligência emocional. Perceba como há toda uma lógica por trás de falar de comunicação antes dos demais, pois sofrem influência direta ou indireta.

Um dos artigos mais lidos deste blog trata da gestão do tempo. Uma das reclamações mais comuns hoje em dia é a alegação de que não temos tempo para realizar o que queremos (ou devemos). No texto, repare que a conclusão fatal é de que a nossa agenda é populada pelos itens para os quais demos prioridade de forma consciente ou não. A questão toda resume-se a isso: descobrir como o tempo está sendo consumido e usar técnicas para colocar em nossas agendas aquilo que de fato é prioridade consciente.

“A falta de tempo não é uma desculpa plausível quando queremos fazer acontecer. Se assim fosse, todos os desocupados seriam bem-sucedidos.”
Tathiane Deândhela

No âmbito profissional, uma das grandes experiências que vivi foi a correta ou incorreta comunicação de prazos e a negociação de deadlines, batendo de frente com as expectativas geradas.

Quando não há uma gestão efetiva do tempo (ou comunicação ineficiente), não conseguimos medir a nossa produtividade e frequentemente comunicamos, para a cadeia de gestão, informações equivocadas, o que gera um fenômeno interessante: a equipe tem receio de comunicar e se comprometer com prazos que não conhece ou domina, simplesmente porque não há um trabalho de gestão de tempo sendo realizado e não porque a gestão é intransigente ou algo do tipo (que, por sua vez, se sente naturalmente insegura, sem evidências).

“Objetivos são sonhos com prazos.”
Diana Scharf

Mais uma vez, o que termina faltando é o protagonismo, a responsabilidade e a comunicação eficiente… grandes geradores de pressão e ansiedade, o que nos leva à próxima questão: a nossa percepção da realidade o que, para a PNL, é tratada pelo seu primeiro pressuposto, mencionando que “mapa não é território“.

É necessário entender que existe uma diferença entre a realidade objetiva (como ela de fato é) e a nossa percepção do que é realidade (chamado de realidade subjetiva). Isso ocorre porque a nossa interface com o mundo ocorre através dos sentidos e o que de fato armazenamos pode ser alterado por uma série de fatores, como questões de personalidade, sentimentos, distorções, omissões e generalizações, tema que abordei nesse outro artigo.

A questão é extremamente importante porque nos permite, de cara, entender que a percepção da realidade é subjetiva, por mais que se force a barra. A sua realidade é diferente da minha e está sujeita a um sem número de interações e experiências que você teve ao longo da vida, o que, em outras palavras, significa que o certo de alguém pode ser diferente do certo de outra pessoa por uma pura diferença de interpretação da realidade.

Isso, tomado por base, nos faz refletir e respeitar melhor as opiniões alheias.

No artigo sobre o dilema do certo versus o errado, exploro a questão, indo um pouco adiante: além das nossas representações internas sobre realidade serem potencialmente diferentes, o mundo é composto de bilhões e bilhões de variáveis, a maioria sequer conhecidas por nós, o que implica na existência de talvez milhões de “certos” e milhões de “errados”.

O ser humano, por uma necessidade fundamental de “entender” tudo que o cerca e um medo irrefreável do desconhecido, atribui muitas vezes explicações a coisas inexplicáveis. Esse é outro fenômeno bastante estudado ao longo do tempo e tem o efeito colateral de fazer com que as pessoas se agarrem às suas verdades, achando que são únicas e imutáveis, gerando conflitos de entendimento ou “mapa” e comunicação, por não conseguirem enxergar realidades ou alternativas.

É necessário, como ser humano, ter a humildade para entender que podemos não ter inteligência, conteúdo ou comportamento adequado e suficiente para compreender muita coisa no universo e isso não está, necessariamente, errado ou carente de retificação imediata e depende de um processo de evolução longo.

“A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o medo mais antigo e o mais forte é o medo do desconhecido.”
H. P. Lovecraft

Ao expor os pontos acima, há de se convir que os seis, colocados como geradores de ansiedade e pressão em nossas vidas, tem um caráter subjetivo e nem sempre uma solução clara e direta. Cada caso é um caso e precisa ser avaliado com carinho.

Entretanto, existe um fator que permeia as seis questões e pode servir como uma potencial solução mais ampla, talvez associada a uma comunicação eficaz: a inteligência emocional.

Trata-se de um conceito difundido e popularizado pelo psicólogo Daniel Goleman há cerca de 10 anos, mas que vem sendo aplicado com algumas variações deste o início do século passado.

O mais interessante do trabalho de Goleman é o fato de que, dele, derivaram-se tantos outros trabalhos (inclusive, de outros autores), evoluindo nas mais diversas direções, como o conceito de inteligência social, foco / mindfulness e tantas outras “inteligências”.

De uma forma bem prática, inteligência emocional significa avaliar, através do comportamento de um indivíduo, as emoções que estão sendo representadas, bem como o desenvolvimento da habilidade de lidar com elas e com as suas próprias (em reação a alguém ou que provoquem reação em alguém).

Permito-me adicionar um comentário à definição: ao aprender a lidar com as próprias emoções e com as do próximo, comunicar-se e apresentar-se ao próximo e à sociedade de forma mais eficiente, mantendo a fidelidade para com os seus sentimentos e opiniões originais (você agora deve estar pensando: nem todo mundo é fiel aos seus sentimentos e opiniões originais…).

De acordo com ele, o nosso “cérebro” emocional é mais rápido do que o “racional”, portanto, é tão importante na comunicação e transparência nos relacionamentos.

Perceba como o uso correto desse conceito tem o potencial de desarmar a grande maioria das situações de conflito, ansiedade e pressão que surgem no nosso dia-a-dia. Perceba talvez, como a comunicação acontece muito além da palavra (argumento principal desse outro artigo) e como a interpretação de sinais não-verbais está intimamente ligada ao conceito de inteligência emocional:

“As emoções das pessoas raramente são colocadas em palavras, muitas vezes elas são expressas através de outras pistas. A chave para intuir os sentimentos de outros é a capacidade de ler canais não-verbais, tom de voz, gesto, expressão facial e similares.”
Daniel Goleman

Identificar em nossas próprias vidas e nas relações interpessoais os seis pontos levantados aqui pode (e deve) trazer uma série de recursos adicionais para que cada um lide melhor com as pressões diárias, seja no trabalho ou fora dele. Uma vez identificados os pontos de pressão e atrito, fica mais fácil trabalhar cada um deles individualmente ou aplicar estratégias mais amplas, como a inteligência emocional por trás das relações.

Para finalizar, retorno ao início do texto: pressão deve ser natural para o ser humano e significa, dentre tantas coisas, que ajustes e mudanças estão ocorrendo. Pergunto-me: talvez não estejamos vivos até hoje por causa da nossa habilidade de lidar com isso?

Finalizando com essa linha de raciocínio, deixo você com essa apresentação para entender como o nosso corpo lida com a dor, objetivos, liderança e o amor biologicamente e as razões evolucionárias por trás do stress e da ansiedade. Como bem diz Simon Sinek no vídeo: o stress é contagioso, basta observar um grupo de gazelas, defendendo-se de um predador.

Referências adicionais:


(*) Esse texto é fruto de um processo criativo que iniciou-se a partir de conversas com ex-colegas de trabalho e amigos, e terminou gerando três artigos sobre desafios profissionais bastante comuns e com profundo impacto na vida de tantos.


(*) O texto sobre os desafios (positivos!) do meu trabalho e como isso tem me feito crescer, gerou uma procura enorme nas redes sociais, WhatsApp e ligações de voz. Foram dezenas de mensagens e conversas extremamente interessantes.

O que me surpreendeu foi o tom das conversas. Enquanto vivo um momento de crescimento e gratidão, percebo que muitos estão inseridos em um contexto mais desafiante. A maioria relata ser isso um efeito colateral da crise e ausência de oportunidades. Outros, chegaram a verbalizar que precisam mudar suas respectivas posturas e dois confessaram, depois da conversa, que precisam se empenhar mais.

Nossos bate-papos me inspiraram a escrever sobre os três dos principais temas, traduzidos em três textos semanais, cada um abordando um tema em específico. O primeiro deles é esse, sobre pressão, com foco no ambiente de trabalho.

Estes textos são dedicado a vocês, alguns ex-colegas de trabalho e amigos que encontram-se vivendo em situações que variam da pressão natural do trabalho até outras, quase que insustentáveis. Saibam meus queridos que existe, sim, saída. Ela tem diversos passos, mas começa por acreditarem em vocês mesmos.

Como cheguei a dizer a muitos: vistam as capas de mago!

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A Representação Do Que Nos Cerca e A Realidade Tênue

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Quando você sente o cobertor macio da sua cama ao deitar-se, tem a representação dele transferida para sua mente pela sua pele em um conjunto de impulsos nervosos.

Quando você escuta aquela música preferida que arrepia a coluna,  seu ouvido está transformando o som em impulsos elétricos transmitidos também ao cérebro, que os interpreta e os armazena. O mesmo processo se dá ao abrir os olhos pela manhã e ver o teto do seu quarto ou o sol nascendo.

Isso acontece com qualquer estímulo ao seu corpo: um órgão de sentidos transforma a informação recebida em impulsos que são transmitidos para o cérebro que, por sua vez, cria representações daquele conjunto de impulsos elétricos e as armazena.

Ou seja, a realidade que nos cerca na verdade é uma representação criada pela mente.

Agora, imagine que nem todos os estímulos que chegam até nós alcançam o cérebro e são interpretados e armazenados.

De um sem número de estímulos potenciais que nos cercam, nosso corpo consegue interpretar uma fração deles e, ainda assim, lidar apenas com menos de uma dezena, simultaneamente.

Provar isso é mais do que fácil: se você está prestando atenção ao ler esse texto, provavelmente não está ouvindo a torneira que pinga, o carro que passa na rua e que buzina, uma música distante, o barulho do ar-condicionado ou até alguém chamando você. De uma forma análoga, vá ao shopping (lugar repleto de estímulos) e converse com alguém. Você provavelmente não ouvirá a música que toca ao fundo ou não verá o palhaço que passa à sua frente.

Para não ter uma representação incompleta da realidade, armazenar memórias coerentes e permitir que consigamos prestar atenção e focar em algo, a sua mente usa vários recursos para preencher as lacunas e, em especial três. Na PNL, chamamos isso de filtros GOD (Generalização, Omissão e Distorção).

Generalização

Com a generalização, comparamos novas experiências com antigas e tendemos a armazená-las como situações idênticas. Um exemplo simples é a criança que consegue abrir a porta pela primeira vez e tentará abrir todas as demais portas do mesmo jeito ou a que foi mordida por um cão e, a partir dessa experiência, fica com medo de cães. Uma boa forma de detectar situações de generalização é reconhecer expressões como “sempre”, “toda vez”, “nunca” e afins. Elas são um ótimo indicador de que a pessoa que as usa generalizou para armazenar aquela memória.

Omissão

Trata-se do exemplo que dei anteriormente. Ao prestar atenção ou focar em algo, deixamos de ouvir sons, ver ou sentir coisas ao nosso redor.

Distorção

Usamos a distorção quando alteramos a percepção da realidade por algo diferente, muitas vezes, algo familiar. É quando achamos que um ponto marrom na parede é uma barata, quando vemos uma corda e achamos que é uma cobra, quando interpretamos equivocadamente alturas, distâncias, temperaturas ou quando de uma forma geral, confundimos sons e sabores.

Recomendo fortemente os TEDs do Dr. Donald Hoffman e do Dr. Anil Seth (este último ainda mais direto sobre como alucinamos e chamados de realidade!) sobre o tema de como a realidade é uma representação da mente (possui legendas em português).

“A realidade é meramente uma ilusão, apesar de ser uma bem persistente.”
Albert Einstein

Ainda na PNL, usamos o termo “alucinação” para definir a  visão particular de realidade e o termo “calibração” para a diferença entre realidade objetiva e a nossa “visão” do que é realidade, considerando toda a nossa subjetividade.

Diante das informações acima, perceba como isso afeta a comunicação e as relações interpessoais. Como estamos lidando diariamente, múltiplas vezes, com as alucinações (calibradas ou não) das pessoas que nos cercam. Veja como o nosso universo das coisas que são certas ou erradas muda completamente e como fica bem mais fácil compreender e aceitar o próximo.

“Mapa não é território.”
Primeiro pressuposto da PNL

Para promover a auto calibração é muito mais simples do que parece e não requer nada misterioso ou complexo: partindo do princípio de que generalizamos, distorcemos e omitimos como processo natural de reconhecimento da realidade e aprendizado, devemos parar de assumir as coisas, questionar mais e melhor e investigar para obter o quadro completo e próximo da realidade objetiva. Na PNL, chamamos isso de metamodelar ou metamodelo de linguagem.

Para finalizar, uma dica que ajuda bastante é ater-se a descrições baseadas no sensorial. Sim, isso mesmo! Perguntas como…

  • O que você viu? Descreva exatamente… (alto, baixo, claro, escuro, largo, fino, preto, branco, amarelo, etc.)
  • O que você ouviu? Descreva exatamente… (alto, baixo, estridente, com ou sem ritmo, melódico, etc.)
  • O que você sentiu? Descreva exatamente… (quente, frio, apertado, frouxo, doce, azedo, etc.)

… São bem úteis. Quanto mais a descrição se afastar de características sensoriais, maior a probabilidade de estar sendo influenciada pelos filtros GOD.

“A loucura de uma pessoa é a realidade de outra.”
Tim Burton

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Como Eu Faço Para Ser Entendido?

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Esse texto é uma continuação do dia 30/11, sobre a responsabilidade do entendimento da comunicação(*).

Existem múltiplas estratégias por trás de uma boa comunicação e algumas delas podem parecer conflitantes (e de fato, são). A ideia central que apoia uma boa comunicação começa não pelo abrir de bocas, mas pelo escutar. É através dele que se define a melhor abordagem, respeitando a opinião do próximo.

“Eu lembro a mim mesmo toda manhã: nada do que eu disser hoje me ensinará nada. Então, se eu for aprender, eu preciso fazer isso escutando.”
Larry King

A Comunicação Vai Além da Palavra

A palavra em si representa uma pequena parcela da troca da comunicação. O todo  envolve tom de voz, velocidade, ênfase, gestos, posição do corpo, movimentação do corpo, micro expressões faciais e até movimentação e direção dos olhos.

Enquanto estamos conscientemente prestando atenção no que é dito, nosso cérebro capta os demais sinais que compõem a comunicação de forma inconsciente. É por isso que, algumas vezes, seu interlocutor lhe fala algo e você fica com a pulga atrás da orelha: você provavelmente ouviu uma afirmação, mas a sua mente captou outros sinais, incoerentes. Se deseja se aprofundar no tema, recomendo começar pelo livro “A Arte de Ler Mentes”, de Henrik Fexeus.

Levando isso em consideração, é bom mencionar que existem técnicas cientificamente comprovadas para ler expressões e detectar qual a emoção por trás de uma frase, palavra ou comportamento. Neste quesito, recomendo o livro “O Corpo Fala” (clássico do tema) e  “Telling Lies”, de Paul Ekman, psicólogo considerado a maior autoridade mundial em micro expressões faciais (já assistiu a série Lie To Me? Foi baseada nele e em seu trabalho).

Ele provou que existem algumas emoções de base (raiva, felicidade, surpresa, nojo, tristeza e medo), que tem suas representações fiéis em qualquer lugar do mundo ou em qualquer comunidade onde um ser humano exista. Ele desenvolveu o Facial Action Coding System (FACS) que decodifica os micro movimentos musculares faciais.

Partindo do princípio que o nosso objetivo é uma melhor comunicação e não necessariamente detectar mentiras, é fundamental entender que, ao adotar uma inverdade ou não expressar-se de forma fiel e compatível com sua opinião e sentimentos, sim, o corpo dará pistas. Ou seja, se a sua intenção é comunicar-se eficientemente, seja verdadeiro e fiel para com você mesmo.

“Eu não estou chateado com o fato de você mentir para mim, eu estou chateado porque de agora em diante eu não posso mais acreditar em você.”
Mark Twain

De nada adianta seguir as dicas abaixo para expressar algo que está em desacordo com seu eu: fatalmente, você será traído por uma micro expressão facial ou comportamento incongruente. Não há algo mais destruidor de rapport e empatia do que uma incompatibilidade entre a palavra e comportamento (a não ser que o seu interlocutor esteja embriagado e não perceba…). Em outras palavras, se você for fiel ao que pensa e acha, não precisará se preocupar com a coerência entre o que fala e como se porta.

Para entender como tudo isso é poderoso, recomendo dar uma olhada no canal Metaforando, do excepcional Vitor Santos, no Youtube.

O Que Fazer?

Tenho certeza de que muitos olharão para os itens abaixo e acharão simples. E é! É muito mais uma questão de bom senso, congruência e equilíbrio do que qualquer fórmula mágica.

Vejamos:

Escute

“Não escute com a intenção de responder, mas com a intenção de entender.”

Como dito inicialmente, escutar não só é um sinal de respeito pelo próximo como gera rapport e empatia.

Além disso, permite que você tenha elementos sobre o outro suficientes (e tempo) para elaborar uma estratégia eficaz baseada na comunicação não verbal.

Se você está procurando uma pausa na fala do seu interlocutor para poder falar, você não está escutando como deveria.

Tenha Paciência

Uma das grandes características das pessoas extrovertidas é interromper o seu interlocutor e quebrar as linhas de raciocínio alheias, o que prejudica o escutar. “Ler” o seu interlocutor e entender a postura e posicionamento dele pode lhe dar pistas enormes sobre os argumentos necessários ao convencimento. Sem paciência para falar o que deve ser falado, no ritmo certo e sem espaço para a escuta, a probabilidade da comunicação falhar será alta.

Mantenha Contato Com os Olhos

Muitos de vocês já devem ter ouvido a expressão “fulano fala com os olhos” ou “os olhos são o espelho da alma”. A importância de manter contato com os olhos transcende a comunicação em si e está intimamente ligada à ser transparente e passar a ideia de uma pessoa confiável.

“Quando a conta de confiança é alta, a comunicação é fácil, instantânea e eficaz.”
Stephen Covey

Esqueça o Telefone Celular

Permitam-me evitar falar detalhadamente sobre esse ponto. Ele é óbvio demais: escutar e ser escutado requer atenção e não existe maior empecilho do que o seu aparelho de telefone celular. Me perdoe, mas se você acha que isso é uma besteira, prepare-se para não entender e não ser entendido. Ficar olhando a tela do celular e para o relógio também quebra o rapport e é um sinal claro de desatenção.

Seja Claro

Ser claro na comunicação é essencial. Fale de forma clara, evitando contradições, termos antagônicos e evitando também falar rápido ao ponto das palavras caírem da boca (sem acompanhar o raciocínio). Lembre-se, você fala para o outro, não para você. A comunicação tem que ser clara para o seu interlocutor e na velocidade e clareza que ele consegue compreender. De fato, tente acompanhar o ritmo da pessoa com quem está se comunicando – isso ajuda muito a construir rapport.

Seja Objetivo

Enrolar ou colocar o gato no telhado pode ser necessário, dependendo do tipo da comunicação a ser feita. Não é uma boa estratégia comunicar um óbito de alguém próximo de forma direta. É necessário preparar o terreno. Mas isso não impede que a comunicação seja objetiva. Ser objetivo evita margens de interpretação.

KISS

Keep It Simple, Stupid – mantenha simples, estúpido! Ou mantenha-se estupidamente simples. Explicar algo de forma simples é a melhor receita para ser entendido apropriadamente (mas talvez seja o maior desafio de todos). Sabemos que existem coisas complexas que exigem uma base maior de conhecimento para o perfeito entendimento… Mas já dizia Albert Einstein no século passado, se você sabe do que está falando, será capaz de explicar o que sabe para uma criança.

Use Metáforas

Usar metáforas pode ajudar muito no entendimento de diversos temas. De fato, é um recurso muito útil e poderoso para encurtar distâncias culturais e de ausência de conteúdo. Entretanto, é necessário ter a certeza de que a metáfora é válida na outra cultura ou que o seu interlocutor tem a base de conhecimento necessária para o entendimento. Se não tem, você terá que incluir na comunicação os elementos de base necessários, terminando por trazer complexidade onde não se deseja. Outro ponto importante é que você precisará julgar se abrir mão de ser simples e objetivo usando uma metáfora terá um resultado melhor.

Do ponto de vista da PNL, usar metáforas pode distanciar o que foi entendido da realidade objetiva, pois a nossa mente tende a preencher as lacunas que a metáfora provê, apesar de ser uma ferramenta poderosíssima. Ou seja, tem ligação direta com a estratégia de comunicação que você pretende usar.

Dadas as advertências, não há ferramenta mais poderosa para a comunicação e existe uma maneira fantástica de usá-las: explique o problema, desafio, proposição, condição ou afirmação que deseja que seus interlocutores entendam de forma clara, direta e objetiva. Conte as metáforas necessárias para que o entendimento ocorra e, ao final, conclua com uma amarração direta, objetiva e factual buscando a conclusão dada.

Confirme e Peça para Repetir

Confirmar o entendimento sobre o que foi dito e pedir para que repitam o que foi entendido é, sem dúvida, a técnica mais eficaz de todas. Com ela, você checa o entendimento no mapa / visão do interlocutor e tem a chance de corrigir quaisquer questões que surjam.

Importante reforçar que as sugestões acima podem não ser compatíveis entre si. Um exemplo claro disso se dá ao usar metáforas, que certamente esconderão a simplicidade e a objetividade. O ponto é ter bom senso, entender a postura do seu interlocutor e usar a estratégia mais adequada.

“A arte da comunicação é a linguagem da liderança.”
James Humes

E Se Eu Ficar com A Famosa Pulga Atrás da Orelha?

“Entendimento é mais profundo do que conhecimento. Existem várias pessoas que conhecem você, mas pouquíssimas realmente entendem você.”

Neste caso, posso apenas falar por experiência própria e vai da sensibilidade de cada um. Quando isso acontece, geralmente significa que o seu cérebro detectou alguma incompatibilidade entre o que foi dito e o comportamento do seu interlocutor. O meu gut feeling, aquela sensação de algo errado no estômago, na maioria das vezes, acerta. Com sutileza e elegância, você pode explorar um pouco mais o tema que gira em torno daquilo que despertou em você a desconfiança. Você pode metamodelar a linguagem à procura de pistas que comprovem um deslize.

Perceba que pode ser a intenção do seu interlocutor se proteger e a omissão pode provocar um comportamento incongruente e não necessariamente significar que ele(a) está mentindo. Mais uma vez, tenha bom senso e tente contextualizar o assunto. Talvez tudo se esclareça. Dê o benefício da dúvida e espaço para que seu interlocutor comente. Respeite a sua privacidade.

Por fim, não assuma. Talvez seja o maior equívoco de todos no que diz respeito à comunicação. Assumir é preencher as lacunas da falha de entendimento conscientemente e o resultado pode ser muita confusão.


(*) Pouco menos de duas semanas atrás, postei um texto falando sobre o que é talvez o pressuposto mais importante da PNL (e, certamente, um dos mais controversos).

O texto teve uma repercussão enorme e muita gente entrou em contato comigo nas redes sociais e WhatsApp, sugerindo abordar como se fazer entender. O texto original continha essa parte mas, por causa do tamanho, decidi separar.

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Comunicação: Onde, De Fato, Resta a Responsabilidade?

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Talvez um dos pressupostos da PNL mais controversos seja o que diz que…

“A responsabilidade da comunicação é SEMPRE de quem emite a informação.”

Olhar para essa frase em si já gera um mal estar em muitos.

Já vi nas mídias sociais memes, imagens e afirmações diametralmente opostas a esse pressuposto. Algo como…

“Sou responsável pelo que digo, não pelo que você entende.”

Uma rápida pesquisa no Google retornará inúmeros exemplos de imagens… confesso até que, no passado, cheguei a compartilhar algumas delas! As redes sociais estão cheias de memes que trazem essa afirmação e, hoje, agradeço ao universo por achar isso… com todo o respeito, limitante:

Meus queridos, a frase em si é contraditória! Se você é responsável pelo que diz, é claro que você é responsável pelo entendimento (afinal, para quê dizer algo se você não quer se fazer entender?)

Por que será que tanta gente acha que não é responsável pela comunicação?

A própria pergunta acima já nos dá uma clara pista do motivo: responsabilidade (ou sua isenção).

As pessoas tem o hábito de se isentarem da responsabilidade em suas vidas, de colocar o macaquinho no ombro dos outros. Ainda, evitam ser os protagonistas do seu palco e promovem a manutenção da zona de conforto, um comportamento totalmente alinhado ao vitimismo.

O processo de comunicação é transitivo e envolve, pelo menos, duas partes. Não há comunicação com o espelho. Não há comunicação com a TV ou com o travesseiro (alguns practitioners de plantão afirmarão que sim, há comunicação entre as partes de um ser, mas isso é conversa para outro post – tomei o cuidado ao mencionar “partes” na frase acima :))

Em outras palavras, a comunicação é uma ação resultante de uma intenção (a sua). Se você tem a intenção de se comunicar, é óbvio que quer se fazer entender (nos seus termos), por mais que você ache que está apenas “constatando os fatos”, um argumento muito comum [os fatos são sempre a sua versão de realidade, pois passamos não por uma, mais por DUAS situações de interpretação: quando você usa seus canais representacionais (visual, auditivo e cinestésico – que inclui os demais) para interpretar e armazenar a realidade e quando você recupera o que armazenou e traduz em palavras e outras formas de comunicação].

Se partirmos dessa ideia, o que estamos tentando transmitir é a nossa visão de algo (afinal, cada um constrói sua visão de mundo particular) que pode ser ou não próxima da realidade. Ou seja, comunicação é convencimento.

E se o ato da comunicação for intencionalmente falho de forma a provocar confusão?

Meu caro leitor, essa afirmação nada mais é do que a validação do meu argumento e do pressuposto da PNL até então.

Como assim Romulo?

A confusão só nasce justamente porque a responsabilidade da comunicação é comprovadamente de quem emite a informação. Tem o poder quem tem a responsabilidade. A prova disso é o empoderamento de quem emite – ao intencionalmente falhar, a confusão se instala através do poder que possui ao ser responsável.

Colocando de uma forma análoga, comunicar-se de forma ineficiente é uma irresponsabilidade. Ouso afirmar que a maioria dos problemas do mundo são falhas de comunicação ou iniciados por isso. Peter Drucker chegou a afirmar que giram em torno de 60%.

A responsabilidade atrai o poder?

Vencida a fase da argumentação, assim como defendi o empoderamento do protagonista, ao chamar a responsabilidade para si, imagine, como se fosse possível, o poder que ser responsável pelo entendimento da comunicação traz a quem emite a informação, pegando emprestada, de forma bidirecional, a afirmação do grande filósofo Tio Ben: “grandes poderes vem com grandes responsabilidades.”

Mas…

“Grandes responsabilidades geralmente vem com grandes poderes.”

… Principalmente ao entendermos o poder da ação e o poder de poder agir. Fácil concluir então que…

“Comunicar-se de forma eficiente nos atribui grande poder.”

Querido leitor, antes de me perguntar se estou maluco, faça uma análise da história da humanidade e me diga se os grandes comunicadores tiveram ou não grandes poderes:

  • Jesus
  • Gandhi
  • Madre Teresa
  • Mohamed Ali
  • Mandela
  • Martin Luther King
  • Kennedy

A lista é imensa. Certamente, essas pessoas sabiam se comunicar e se fazer entender.

Como isso afeta a nossa vida?

A essa altura, não preciso dizer que afeta total e profundamente. Pense comigo nas mais diversas situações da sua vida em que você conseguiu algo porque falou o necessário e as vezes que não conseguiu porque não se expressou como devia.

Quantas vezes, ao final de uma conversa, você ficou com a sensação de que não foi entendido e que, por causa disso, seu interlocutor provavelmente não fez o que você pediu? Quantas vezes, ao não se comunicar de forma eficiente, o rapport foi destruído e a relação com seu interlocutor ficou prejudicada?

Agora, pense nas consequências dessas conversas e como tudo poderia ser diferente se o entendimento fosse diverso. Não é difícil compreender a máxima que afirma que guerras foram deflagradas por falta de entendimento.

Da mesma forma que as pessoas transferem a responsabilidade do entendimento para quem recebe a informação, existem indivíduos que transferem a responsabilidade da ação para quem emite a informação e isso pode acontecer por vários motivos.

Você já deve ter ouvido a frase: “eu fiz isso ou aquilo porque fulano mandou.”

Trata-se de questão ainda mais polêmica, que nos remete ao início do texto, sobre protagonismo e responsabilidade. Se por um lado essa questão apenas corrobora o poder de quem comunica, precisamos entender que a nossa sociedade possuiu e possui sistemas inteiros construídos em cima do descasamento de quem perpetua a ação da sua responsabilidade sob as consequências dos seus atos.

Na minha humilde opinião, estamos diante de uma questão perigosa e que tem consequências bastante graves. Vemos isso no nosso dia a dia com tantos analfabetos funcionais(*), capazes de seguir ordens, mas incompetentes ao julgar ou compreender seus atos. Outro bom exemplo são as forças armadas e outras cadeias de comando inquestionáveis.

Não quero entrar no mérito sobre o que é assim e até concordo que pode haver uma boa justificativa ou necessidade por trás. Mas será que as guerras não existem justamente porque há gente sendo comandada sem usar seu bom senso? Será que elas não existem pela transferência de responsabilidade, pela concentração do poder da ação alheio nas mãos de poucos?

Encontramos situação semelhante em algumas religiões. Ela também é usada como desculpa para essa transferência de responsabilidades e algumas chegam a construir seus argumentos de crença e fé em cima dessa delegação. Se matou muito “sob a vontade de Deus” ou de divindades, de acordo com Steven Pinker, em seu fabuloso livro “Os Anjos Bons de Nossa Natureza”. De acordo com ele, os principais culpados por grandes conflitos e mortes ao longo de nossa história são as religiões e o estado.

O processo civilizador, contudo, de forma recorrente, se posiciona como responsável pela diminuição da violência. Se por um lado o estado é uma das grandes consequências do processo civilizador, um dos seus efeitos colaterais é a criação de cadeias e hierarquias de comando com a alienação do bom senso e a transferência da responsabilidade da ação para poucos.

Como eu disse, o tema é polêmico. Entretanto, resgatando a questão central, pare e pense um pouco: o que há por trás da religião e do estado, ao levar grandes multidões algumas vezes ao conflito, se não o poder da palavra e do convencimento?

O que há em comum e por trás de grandes líderes que comovem empresas e cidadãos com suas palavras, arrastando pessoas, funcionários, plateias e multidões, na direção dos seus pensamentos e do sucesso?

O poder está em suas mãos. Ou melhor, em suas palavras. Lembre-se, o poder da comunicação está em quem emite, assim como a responsabilidade de se fazer entender. Não abra mão nem delegue esse poder. Não caia na tentação de se isentar dessa responsabilidade e colocar nas mãos dos outros o que você quer.

Repita comigo, salve e poste por aí:


 

(*) A questão dos analfabetos funcionais e da responsabilidade da ação em si foi sugerida por Rafaella Lins. Obrigado pela sugestão!

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O Dilema Certo vs. Errado

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Você certamente já deve ter visto um post nas mídias sociais dizendo algo assim: “hoje em dia prefiro ser feliz do que estar certo” ou “eu prefiro ser feliz a ter razão”.

Eu confesso que cheguei a pesquisar a frase no Google para ver a opinião dos outros a respeito e tudo que li remete de uma forma ou de outra ao conflito provocado pelo individualismo, egoísmo e coisas do gênero.

De fato, somos educados a levar as coisas para esse patamar, essa dicotomia, essa luta de egos ou mapas (como diz a PNL) e, mesmo aqueles que concordam ou discordam, circulam o tema em torno da dualidade em si. Até o ato de respeitar a opinião do próximo não transcende esses opostos.

Pensar em ser feliz ao invés de estar certo, na minha humilde opinião, é um passo numa direção de pensamento mais evoluído, mas pouco abrangente para incluir nuances até mais importantes do caso, inspiração para este texto.

Até o ato de respeitar a opinião do próximo, hoje em dia, apesar de louvável, não encara de frente a questão e apenas afasta o debate acalorado das resoluções individuais ainda polarizadas de sim e não, certo e errado.

Sendo mais direto, permita-me caro leitor, introduzir um conceito que me parece estar há muito perdido e esquecido: o nosso universo é infinito e, com ele, as maneiras de algo ser, fazer e estar. Em outras palavras, há um sem número de existências, de formas, de ações e estados, não necessariamente restritas aos “certos” ou “errados” e, inclusive, muitos sequer conhecemos. Há muita coisa que nos escapa a percepção e há ainda o que não foi descoberto.

Muitos enxergam isso afirmando que existem muitos tons de cinza entre o preto e o branco. Ouso afirmar que existem muitos brancos e pretos além dos cinzas. Não existe apenas uma maneira “certa” nem apenas uma maneira “errada” de fazer algo.

Quando entendemos isso, fica muito mais fácil respeitar a opinião alheia, pois mesmo se acharmos que o nosso jeito é o jeito certo, o jeito do outro também pode ser, simples assim (e, convenhamos, a probabilidade que este seja o caso é alta!).

Sem querer estender o caráter filosófico do texto, concluir isso nos leva a outra proposição libertadora que pode colocar em xeque a questão do primeiro parágrafo: a relação de causa e efeito que se pretende estabelecer, que parece uma necessidade do âmago de cada ser, não só é frágil como é, também, limitante.

Faz muito mais sentido afirmar: “prefiro ser feliz respeitando o próximo” ou, talvez melhor ainda, afirmar que “prefiro ser feliz ao ser humilde”, humilde o suficiente para admitir que não sabemos de tudo e devemos cada vez mais deixar de ver o mundo como certo e errado, passando a enxergar o universo como possibilidades.

Se eu tivesse a capacidade de ler mentes, arriscaria que a questão que está surgindo agora na sua é: mas se é assim, se existem tantas nuances de certo ou errado, não corremos o risco de ao respeitar, sermos omissos, ficar coniventes e permissivos com as coisas erradas do mundo?

Ah meu nobre leitor, não caia nessa armadilha: o que debatemos até aqui não tem a ver com o conteúdo, mas com a forma. O conflito surge de embate de opiniões, mapas e da divergência em si, como duas pessoas que brigam ao argumentar se uma comida é gostosa ou não.

A discussão é alimentada pela ausência de respeito à opinião do próximo (independente de qual seja), pelo excesso de ego, pela intolerância… isso não quer dizer que devemos ser omissos com o conteúdo e, para isso, temos todo um mecanismo próprio de bússola moral, um arcabouço de leis categóricas, sociais ou implícitas.

Respeitar a opinião do próximo não significa que devamos ser omissos com as ações decorrentes. Colocando de outra forma, podemos compreender as circunstâncias que levaram alguém a cometer um crime, mesmo não concordando com o ato (o nosso sistema de justiça é construído em torno desse conceito). Você pode respeitar a opinião de alguém, mas se essa opinião gerou uma ação ilegal, inadequada ou moralmente inaceitável, haverá consequências (na verdade, esperamos que assim seja!).

Não cabe a esse texto aprofundar-se em questões como justiça e direito ou até mesmo religiosas, mas apenas demonstrar que complicamos demais as coisas e podemos estar mais felizes no nosso dia a dia simplesmente respeitando a opinião das pessoas.

Liberte-se da armadilha de achar que deve estar sempre certo, que o seu certo é sempre mais certo do que o do próximo e você verá que o que é possível para você se multiplicará, mesmo respeitando sua identidade, as suas crenças e valores!

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Tratar Bem É Um Investimento

Hoje vivenciei duas situações inusitadas.

Viajei de Recife à Porto Velho e, em um dos vôos, durante o serviço de bordo, fui abordado pelo comissário usando meu nome.

Meu cérebro deu tilt. Levei alguns segundos para achar estranho e, quando finalmente achei, perguntei como ele sabia.

Sérgio me explicou que, como parte de sua rotina, decora os nomes dos clientes diamante (que viajam muito e são classificados como tal no programa de milhagens da companhia aérea). Achei aquilo fantástico.

Romulo Cholewa e Sérgio da Gol, tratando bem o seu cliente

Confesso que não sei dizer se aquela atitude é uma iniciativa de Sérgio ou da empresa, mas pude reparar que, durante seu atendimento, tratou a todos de forma sorridente, solicita e impecável. Levou humor ao dia de tantas pessoas no avião quanto pude perceber.

Saí do avião com outra imagem da companhia. Tenho escolhido essa empresa em específico porque, ultimamente, é a que vem me tratando melhor, mas nada nesse nível. Um gesto tão simples que mudou a minha percepção da marca.

Fui pegar o carro na locadora e encontrei a experiência oposta à vivida em vôo. Uma moça irritada que não sabia responder às minhas perguntas e que me pareceu cada vez mais fora de si, à medida que lhe perguntava as coisas.

O ultimato veio com a frase “São as normas da empresa Sr. Se quiser alugar o carro, é assim.”

Isso apenas por que perguntei o motivo de deixar um calção de R$ 1.800,00, já que os seguros deveriam cobrir as situações de risco.

Igualmente simples, o gesto da funcionária da locadora também alterou minha percepção da marca, mas negativamente.

Da mesma forma que Sérgio mudou meu dia, imprimindo em meu rosto um sorriso, a moça tinha o potencial de roubar esse sorriso (e, francamente, imagino que ela tenha conseguido roubar o de outras pessoas).

Peguei o carro e vim para o hotel pensando em como temos o potencial de afetar o dia do outro com um cumprimento (quem dera uma conversa ou uma interação mais longa) e em como não consigo enxergar uma única razão que justifique tratar o próximo mal.

Profissionalmente, esse tipo de atitude destrói o rapport, afasta literalmente as pessoas e proíbe qualquer negociação saudável e alguns profissionais recorrem a essa estratégia com a intenção de fato de afastar o outro.

Particularmente, trabalho na área de TI e o turnover é muito alto, seja no governo ou no setor privado. De fato, essa é uma situação cada vez mais comum. Foi-se o tempo onde as pessoas passavam 30 anos no mesmo lugar.

Hoje você está numa empresa em um cargo operacional e amanhã pode ser um alto gestor e tratar as pessoas bem e com respeito só ajudará no seu crescimento. Portanto, usar a tática de tratar mal para evitar um contato indesejado é uma péssima ideia.

Vejo que algumas empresas entendem isso e tentam entubar um comportamento plástico de bem-estar em seus funcionários e a coisa sai meio forçada.

Entretanto, por um momento pense em si. Esqueça uma eventual obrigação corporativa de sorrir e entenda como isso afeta a sua imagem. Muito na linha do que defendi em outro texto sobre ser positivo, comportar-se de forma a ser mais acessível, receptível e respeitar o próximo aumentam e muito suas chances de sucesso em qualquer aspecto da sua vida.

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O Poder de Ser Positivo, Parte 1

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Querido Leitor,

Nas duas últimas semanas, interagi muito com as pessoas por causa do meu post, onde descrevi o esforço em manter a depressão afastada. Foram muitos debates, trocas de ideias e experiências pelo Messenger, WhatsApp e Instagram e um assunto dominou: como manter-se positivo diante do desafio.

Não só foi uma rica troca de ideias como algo se encaixou dentro de mim.

Diante das dificuldades da vida, eu costumava racionalizar e tentava me preparar para o pior. Cheguei a comentar isso no post sobre minha caminhada: no intuito de me preparar, pensava em todas as formas possíveis (ou não) de algo dar errado. Planejava pensando o pior e achava uma irresponsabilidade pensar algo diferente do pior cenário.

Minha negatividade não parava por aí. Eu hoje sei que influenciava os outros e achava uma tremenda irresponsabilidade quem não se planejasse também, pensando nos piores cenários.

Meu caro leitor, eu era uma pessoa nada positiva, provavelmente aquela pessoa tóxica com a qual muitos não querem conviver por opção.

Diante de vocês, peço minhas sinceras desculpas. Devo isso não só às pessoas com as quais me relacionei até hoje, mas ao universo. Devo isso a todos que eventualmente influenciei com esse comportamento. Cabe a mim reconhecer e evoluir com o erro. Cabe a mim não só pedir desculpas, mas agradecer ao universo por essa catarse.

Como cheguei a essas conclusões?

É onde mora a melhor parte: resultados práticos.

Fazendo um balanço, esse tipo de atitude diante dos desafios da vida NUNCA me trouxe nada de útil. Considerando os últimos quarenta e dois anos, pensar no que poderia dar errado nunca me trouxe nenhuma vantagem sequer, nenhum insight ou nenhuma preparação, de fato, contra as intempéries da vida. Sem dúvida, hoje tenho a certeza de que me comportar assim só me presenteou com resultados negativos.

Isso não acontece por acaso. É bastante comum uma convivência negativa com o mundo estar associada a sentimentos negativos. Quando esses sentimentos são gerados, temos a tendência de enxergar o mundo através deles e agir de acordo.

Em 2013, um estudo observacional com mais de trinta mil pessoas (Kinderman P, Schwannauer M, Pontin E, Tai S) indicou que eventos negativos em nossas vidas, junto com o “ruminar” de pensamentos compatíveis e o sentimento de culpa, servem como bons indicadores de problemas mentais futuros, como depressão. Além dos fatos em si, o que pensamos e como reagimos a estes eventos modelam o nosso bem-estar psicológico.

Ou seja, intenções que surgem de pensamentos, geram sentimentos que geram ações. Se a cadeia for negativa meu caro, o resultado também será.

Ao longo dos últimos dezesseis anos, a vida tem tentado (inicialmente com muito esforço!), me ensinar que a gente atrai o que transmite. Essa é uma das leis mais antigas do universo. Aos poucos, fui percebendo que não só ser negativo não me ajudava, como pensar e desejar o melhor invariavelmente traz resultados melhores.

O primeiro passo dado foi rever os sistemas aos quais pertencia e as conexões que tinha com a sociedade. Essa revisão provocou uma mudança na forma com a qual eu interagia com outras pessoas, ao vivo e remotamente (pelo celular, internet etc.) e, aos poucos, esses sistemas foram sendo alterados, cada vez mais passando a serem populados por pessoas de bem com a vida, positivas e felizes.

Foi quando decidi conscientemente me afastar daquilo que julgava negativo, pessimista ou limitante. Aprendi que nós temos, como dizem lá fora, um “gut feeling“, um frio na barriga… uma espécie de alerta natural contra essas coisas que nós frequentemente subjugamos. É necessário escutar mais nosso “eu” interior, essa intuição que nos alerta para o perigo (sim, perigo!). Quando me refiro a afastar-se daquilo que é negativo, refiro-me a desde um vídeo aparentemente inocente em um grupo do WhatsApp à convivência com determinados perfis de pessoas.

Cometi erros de julgamento? Certamente. Quando somos ácidos e negativos, nosso poder de análise fica prejudicado e é natural que, em um momento inicial, nos afastemos de pessoas ou coisas que não são tão prejudiciais assim. Se usarmos educação e respeito ao próximo, isso não será uma questão importante com a qual deva se preocupar. Você sempre pode rever sua posição e se reaproximar. A questão aqui é: você não precisa ofender ninguém ou tomar ações irremediáveis.

Trata-se de auto preservação.

Não consigo afirmar se essas mudanças foram provocadas por minha nova postura (positiva) ou o contrário. Mas elas ocorreram e, hoje, olhando para o passado, consigo afirmar quando, com uma precisão de semanas, elas ocorreram. Fui, pouco à pouco, me livrando da toxicidade.

A partir daí, as mudanças começaram a aparecer de forma menos dolorosa e mais fácil. Uma coisa puxou a outra: cercar-me de pessoas positivas tornou mais fácil ter uma postura positiva frente à vida; tornou também mais fácil pensar positivamente, agir positivamente e falar uma linguagem de empoderamento ao invés de continuar a usar termos limitantes. A roda começa a girar e uma ação beneficia a próxima. É assim que funciona e é necessário atitude da nossa parte para agir e quebrar o ciclo. Esse pode ser o maior desafio de todos: apostar na mudança e agir. Pagar para ver.

O mais curioso disso tudo é a mudança interna provocada. Quando o novo alinhamento interno (positivo) ocorre, a lente que você enxerga o mundo mudará também e você passará a ver as coisas de forma mais bonita, mais possibilitadora.

[Este post tem duas partes. Esta é a primeira parte. Para continuar e ler a segunda parte, clique aqui.]

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O Poder de Ser Positivo, Parte 2

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[este post é uma continuação. Para ler a parte 1, clique aqui]

Dias atrás li um artigo na Entrepreneur sobre uma linha de raciocínio liderada pela psicóloga Gabriele Oettingen da Universidade de Nova York, afirmando que pensar positivo pode prejudicar o atingimento de metas e objetivos. Na minha humilde opinião, o artigo falha semanticamente ao confundir pensamento positivo com sonhar acordado. Não li ainda o livro dela que fala a respeito e prefiro acreditar se tratar de uma má interpretação.

É muito importante fazer uma distinção entre os dois: concordo com o artigo quando afirma que desviar recursos para ficar sonhando com uma realidade alternativa (positiva) pode prejudicar o atingimento dos seus objetivos. Mas pensar positivo faz muito mais parte do motor que deve existir por trás de ações objetivas do que do motivo para se mudar para um canto da sua mente, onde sempre faz sol e você está tomando mojitos à beira da praia.

Ter positividade frente à vida não significa que você deve ser irresponsável e ignorar evidências de algo que pode dar errado. Aqui, as coisas podem ficar um pouco mais complexas, pois podem faltar recursos em nós mesmos para avaliar objetivamente uma situação e concluir o que fazer.

No momento atual da minha vida, acredito que é melhor ser positivo sempre e influenciar positivamente tudo em que se toca, correndo o risco de falhar e não estar necessariamente “preparado“. Entenda, pois são coisas distintas – preparar-se para o pior (como eu fazia) não evita a falha em si. Ou seja, não serve para nada.

“It’s your unlimited power to create and to love
that can make the biggest difference in the quality of your life.”
Tony Robbins

Ser positivo ajudará você, inclusive, a ressignificar o ocorrido de forma a encontrar feedbacks úteis e seguir em frente. Algo tão óbvio, mas que muitos teimam em não enxergar: falhar não é agradável nem desejado, mas é um processo natural da evolução! Entenda como um aprendizado.

Agora, amigo leitor, pode restar a dúvida: como faço então para analisar objetivamente uma situação e decidir como agir, se ser negativo / pessimista pode me influenciar negativamente e ser positivo / otimista pode me influenciar positivamente (em ambos os casos, avaliando equivocadamente uma realidade)?

Existem inúmeras respostas a essa pergunta. Sugiro ler o fantástico “Originais” de Adam Grant para alguns insights. Contudo, como bom estudante da PNL, não poderia deixar de sugerir a estratégia ou Método Disney.

Criada em 1994 por Robert Dilts ao modelar como Walt Disney trabalhava, consiste em separar o processo criativo em partes: o sonhador, o realizador e o crítico.

Walt Disney possuía salas para cada uma dessas tarefas. Na primeira, seus parceiros de trabalho eram responsáveis por sonhar livremente sobre um determinado tema, irrefreáveis, sem se preocupar com a forma de executar ou quaisquer questões que poderiam eventualmente impedir a realização do sonho.

A segunda etapa consistia em pegar “o sonho” e submeter à equipe realizadora, responsável por elencar todos os passos necessários à criação do sonho, sem nenhum espírito crítico, apenas reunindo tudo aquilo necessário para tornar o sonho da primeira sala realidade.

Por fim, na sala da equipe crítica, o sonho e suas etapas de realização eram testados à procura de falhas e objeções. Ciclo concluído, as sugestões eram passadas adiante e o processo se repetia.

As interações das equipes em ciclos eram realizadas até Walt Disney ficar feliz com o resultado. Reza a lenda que, de tanto andar entre as salas, o chão era desgastado.

O ponto importante da estratégia é dar o tempo necessário para que cada etapa seja realizada completamente, algo que não acontece quando temos essa luta dentro de nós ou quando o sonhador, o realizador e o crítico estão no mesmo ambiente.

Agora, pare um pouco e pense em como um processo criativo se desenvolve dentro de sua mente. Perceba que a luta mental é constante e estamos ao mesmo tempo tentando sonhar, pensar nas etapas e criticá-las. Isso torna todo o processo pouco eficiente. Ao separar as etapas, não só ele se torna mais fácil e eficaz, como o impacto de uma característica de seu funcionamento, do seu estado momentâneo ou personalidade (como ser positivo, favorecendo o sonhador ou negativo, favorecendo o crítico), é minimizado.

Com isso em mente, não há desculpas a favor de não tomar uma atitude positiva por padrão. Mas se tem uma coisa que eu aprendi ao ser pessimista durante a maior parte da minha vida é que, quando os argumentos acabam, ouvem-se as generalizações.

É aí onde você começará a escutar argumentos do tipo “como é possível pensar positivamente, ser otimista em um mundo repleto de violência?” “Ah, não dá pra ser otimista com tanta tragédia acontecendo no mundo“.

Permita-me afirmar que esse argumento também é equivocado.

Steven Pinker escreveu um livro chamado “Os Bons Anjos da Nossa Natureza”, onde ele prova que, ao contrário do senso comum, a violência no mundo está diminuindo, e não aumentando.

Ele faz isso embasado em fatos, do início ao fim de sua obra de mais de mil páginas. De uma forma geral, o processo de civilização é responsável pela redução da violência por cem mil habitantes, estatística mais apropriada para avaliar a questão.

Ele também afirma, em um dado momento, uma suspeita antiga: a globalização e a velocidade com a qual a informação é difundida, juntamente com a mídia e um interesse maior por notícias negativas, nos dá a impressão de que o mundo está pior quando, na verdade, não está.

Sem querer entrar em outro tema mas pare por um momento e reflita: na Roma antiga, a diversão era jogar gente dentro do Coliseu e simular batalhas onde não só o sangue jorrava como partes de corpos voavam para todos os lados e eram estraçalhados por animais, algo inconcebível culturalmente por mais de mil anos recentes.

Não precisa ser estudante de história para pensar em pelo menos mais duas situações de violência corriqueira culturalmente aceitas nos últimos mil anos e que são impensáveis nos dias de hoje.

Em outras palavras: tragédia vende jornal (e não é, necessariamente, culpa da mídia).

Entretanto, somos bombardeados por notícias negativas, que só contribuem para uma espiral negativa.

Convido você a começar essa mudança. Comece aos poucos, evitando frases pessimistas, conteúdo negativo e pessoas como eu fui, não necessariamente nessa ordem.

Acorde pela manhã, olhe-se no espelho e dê um sorriso. Respire fundo, erga o peito e o queixo, assuma uma postura de vencedor e empodere-se: pense em como as coisas darão certo nesse dia maravilhoso que está à sua frente!

Aquele grupo do WhatsApp que só tem acidente e gente morta? Saia dele. E do grupo que só tem gente reclamando da vida? A mesma coisa.

Aquelas pessoas no Facebook que só falam dos seus problemas ou contam miséria? As que postam sobre como a vida é injusta ou ruim? Pare de seguir. Gente que só reclama no Twitter? Pare de seguir também. Substitua o jornal da TV à noite por uma boa leitura. Aproveite para estudar ou ler um bom livro!

Eu desafio você a me contar uma única coisa boa que aconteceu em decorrência de algum conteúdo negativo ou pessimista. E não, você não corre o risco de ficar “alienado” como alguns pensam – no mundo globalizado de hoje em dia, nem se você parar em uma ilha deserta.

E daí que o mundo não é só flores? Se está provado que isso pode influenciar seu dia, seu humor, seus sentimentos e seus resultados, escolha contaminar-se COM BONDADE!

Pense positivamente, use isso como combustível para todas as suas ações, conscientemente ou não. Escolha ser essa a influência que deseja carregar para além das suas ações – seus resultados. Você não tem absolutamente nada a perder, não esquecendo de ser grato ao universo (e a você!) quando as coisas derem certo. Se não derem? Seja grato pelo aprendizado, da mesma forma.

“Trade your expectation for appreciation and the world changes instantly.”
Tony Robbins.

Dedico esse texto (partes 1 e 2) à pessoa que tem, nos últimos sete anos, sido uma das minhas maiores fontes de positividade: minha Abacaxi com Canela.

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Sobre Algumas Frases e Ditos Populares

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“No final, tudo dá certo.”

Permitam-me educadamente discordar. Se a sua experiência pessoal diz que você passou por momentos realmente ruins onde tudo deu certo no final, principalmente se a postura adotada foi a de passageiro, ou foram poucos ou foi uma sorte estatística. Se deu certo, foi porque alguém trabalhou para tal (pode ter sido você mesmo), ou alguma força interna ou externa contribuiu para este resultado. Não se engane: tome o controle da sua vida, as rédeas do seu eu e faça o seu final. Lembre-se:

“você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas”.

Isso vale para todas as frases do tipo, como “se não está bom, é porque ainda não acabou” e afins.

“O ótimo é o inimigo do bom”.

Muito cuidado com essa afirmação. Se é para dar moral a frases assim, prefira essa, pelo motivo correto:

“Seja o melhor – o mundo está cheio de nota 7”.

Acho que o raciocínio aqui é auto explicativo. A idéia é simples – se você pratica arco e flecha e mira na mosca, nunca acertará. Você precisa compensar pelas intempéries da vida, pelas coisas inusitadas, imprevistas ou, de forma mais direta, pelas forças contrárias. Claro, bom senso sempre (e em qualquer situação), é fundamental, para não se correr o risco de buscar a perfeição e nunca acabar.

Mas não concorde com a afirmação de que SEMPRE é preferível acabar. Essa frase virou desculpa para a incompetência de muitos! Na maioria das vezes, temos, sim, que criar as situações e oportunidades, ACABAR, não importa o que aconteça, e entregar resultados fantásticos. Viva para se superar e ser o melhor, não para ser mediano ou medíocre.

Ah! Não se esqueça: não confunda falhar com não acabar algo ou fazer mal feito. Falhar faz parte do processo de evolução humana e deve ser visto como algo positivo.

Aproveitando: você conhece alguém que usou essa frase, voltou e melhorou o que tinha sido feito?

Se me permitem, na minha opinião, o certo é: “o bom é inimigo do ótimo”.

“Não me traga problemas; me traga soluções”.

Um pedido frequente que parece invocar o pensamento pró-ativo, mas que traz uma situação inusitada: promove uma cultura justificatória e limita a solução ao conhecimento de um indivíduo ou de poucos. Está mais para desculpa da alta gestão em não se envolver ou transferência de responsabilidades.

Não perca a oportunidade de colher problemas! De fato, entenda-o e permita que uma visão global e participativa encontre a melhor solução. Crie a cultura de envolver as pessoas certas e recompense a honestidade e as soluções originais… Mas não se arrisque a ter um problema se transformando em um problemão ou ser varrido pra debaixo do tapete porque alguém resolveu se abraçar à ele com medo de você ou do “chefe”.

 “Contra fatos não há argumentos”

Essa precisa ser bem usada. Muitas vezes, é colocada para proteger o status quo e isso deve ser evitado. Se você olhar um pouco para o passado, verá que a nossa história é repleta de exemplos onde os ditos “fatos” foram derrubados por alguém que não acreditava em alguma impossibilidade, pelo avanço da ciência ou pela própria evolução do ser humano em tantas áreas.

O fato de ontem pode ser argumento de hoje e a piada de amanhã.