Categorias
Pensamentos Com Vida Própria

O Resultado Que Você Vive é a Recorrência Que Mantém

O resultado que você vive é a recorrência que mantém através dos espasmos de motivação que fazem você acordar e levantar… porque, sem eles, o resto inexiste.

Percebe? São interdependentes.

Hábito gera recorrência e a motivação leva à superação. Ambos são necessários.

Essas frases têm implicações em TODAS as áreas da nossa vida.

Meu texto hoje é sobre argumentar como elas são importantes e como a compreensão das suas implicações podem mudar a vida de qualquer pessoa. Mas existem algumas questões não tão claras.

Temos uma concepção equivocada de que a excelência advém da prática como acúmulo.

De certo modo, faz sentido… mas não é dela… e usamo-la para medir inúmeros desempenhos profissionais que exigem proficiência.

Não vou longe para realizar o meu argumento. Um piloto de avião é considerado tão bom quanto o número de horas que tem em um determinado avião ou configuração.

Isso até pode servir de parâmetro, mas a passagem do tempo é implacável, por exemplo, no esporte  e… não é um bom denominador de proficiência ao longo do tempo, não como grandeza… Acumulada.

O que de fato mede a proficiência ao longo do tempo é…

O exercício constante vezes o tempo.

Não é o tempo total de experiência, mas quanto se dedica ao longo do tempo para a experiência.

Vejam a foto abaixo:

Tiro com arco recurvo olímpico indoor 18 metros

Aqui, vem um reconhecimento doloroso:

Ela NÃO É resultado de X horas de treino acumuladas.

Ela é o resultado de 2 horas de treino diário em média, mas todos os dias.

Dói? Sim, mas é a realidade.

Chegar a esse agrupamento à 18 metros com arco recurvo olímpico e repetir… fazendo frequentemente acima de 520 pontos, não é resultado de treino acumulado.

Ou horas de voo…

É resultado de horas de voo POR dia… por semana.

Percebem a diferença?

Não há um acúmulo de uma determinada experiência que traga máxima excelência.

Máxima excelência exige constância, dedicação o tempo todo.

Tempo vezes tempo.

Tempo ao quadrado.

E você pode querer pagar o preço ou não… tá tudo bem… é só entender o que é necessário para chegar a um determinado destino.

De tiro com o arco já entendo um pouco.

Excelência mora em treinar 8 horas por dia durante anos, algo fora das minhas próprias expectativas.

Pergunte-se: estou disposto, em minha vida, a dedicar-me à frequência necessária ao resultado procurado, mesmo sem garantia dele?

Pergunta profunda.

Fazer o que deve ser feito (se souber) provavelmente o coloca na direção adequada, mas nada garante o sucesso. Não há fórmula.

Não se engane, o caminho para o resultado idealizado é mais simples do que parece…

Mas “simples” é diferente de “fácil”.

E isso traz uma questão:

Idade.

Não é à toa que atletas olímpicos caem de rendimento com a idade.

Além do corpo fisicamente não ser o mesmo de alguns anos atrás, o tempo dedicado ao esporte cai, na média.

Mas Romulo eu quero ser uma pessoa de alto rendimento e…

Dar resultados sempre e…

Atingir minhas metas e…

Atender às expectativas e…

Entregar acima de tudo e…

Tenho 48 anos e trabalho com vendas desde os 30… já me deparei com empresas de altíssimo desempenho, de pessoas que procuravam desempenho à todo custo, fazendo o possível e o impossível para dar 100% de si 100% do tempo.

Não contei toda essa história à toa, pois continuo escutando a febre do alto desempenho todos os dias, à todo momento.

Como se as pessoas de forma generalizada não só pudessem dar 100% de si 100% do tempo, mas fossem obrigadas a tal para chegar na perseguida realização e felicidade.

Se essa é a sua conotação de “vida feliz” e com bem-estar, vai se fuder muito amigo(a), anote.

Então, contabilize em sua equação as mudanças do tempo e corporais, do contrário, só colherá frustração.

Quando eu disse que a frase do inicio tem implicações profundas, não estava brincando.

Ela vai no sentido de perguntar a você:

O que deseja de fato manter como constante em sua vida ate o leito de morte?

Além disso, o que de fato importa até lá?

Poucas coisas, certamente, não apenas pela vontade, mas pela capacidade.

Não obstante, são elas que constroem o que conquistou ou conquistará, ainda.

Injusto?

Não sei. Talvez seja mesmo, o mundo é um lugar bem injusto.

Então, ao desejar… calcular o que há por trás do objetivo a ser alcançado…  leve em consideração o caminho e aquilo que consegue ser mantido, pelo maior tempo possível constantemente.

Considere o processo porque… as experiências residem nele.

Será que a motivação não vale nada e julgar a si é em detrimento de ser?

Pelo contrário…

Vale muito, tanto quanto o suficiente ao fazer você jogar a fronteira do que consegue manter para mais adiante, não importa a idade.

Querido(a)… não existe certo ou errado aqui.

A resposta é no sentido daquilo que fará você viver melhor até o fim da vida, sem se comparar a ninguém, talvez a si próprio e… convenhamos, talvez.

Sacou?

A questão é sua, a resposta idem.

Se tive sucesso, mostrei o que de fato importa (talvez para nós), dificilmente estabelecerei uma argumentação que faça sucesso com você, especialmente se considerarmos que a natureza humana é totalmente diversa e alheia aos resultados que eu desejo, quanto mais a sociedade (injustamente, afirmo).

Será que perseguir o agrupamento me fará ter mobilidade suficiente para garantir uma boa qualidade de vida até, digamos, os 70, 80 anos?

Será que… é isso o que importa? O que de fato importa para você, que talvez não tenha a mobilidade que eu tenho?

Querer, como agente que perpetua o processo de entrega através de um próprio corpo sem limitações é muito fácil para “quem pode”.

Eu treino na média 2h todo dia, incluindo arco e musculação… e tem gente dizendo no meu insta que eu deveria treinar mais membros inferiores.

Ninguém que faz uma colocação assim faz mais do que eu faço.

Ninguém que faz uma colocação assim pensa em inúmeras pessoas que não tem a mesma capacidade, física até.

Sim, pensei em um foda-se categórico, mas ele não ajuda ninguém. É só um exercício egóico.

Isso causa uma compreensão da vida sem tamanho.

Principalmente quando se entende a necessidade de incluir e acomodar as necessidades de alguém com 1 ano ou… 90 anos diante das intempéries diversas da vida, bem distantes da equidade.

Sim, muitos de vocês passaram pelo primeiro ano, mas estatisticamente, menos de 20% passarão pelos 90.

Estendamos a compreensão… sobre quando a gente percebe que a vida é permeada de pessoas que não tem as mesmas capacidades que as nossas.

Adicionando à proposição do título, “manter’ é incompatível com uma existência humana inclusiva. E não me refiro apenas à idade.

Percebe como somos excludentes e não nos damos conta?

Invoco mais uma vez a palavra “equidade”. Talvez precisamos mais dela em nossa sociedade.

Reflita…

Mas reflita com algumas provocações finais:

  • Não há certo ou errado. Há uma penca de nuances de cinza entre os parâmetros daquilo que você ingenuamente considera o mapa de mundo… e o seu é diferente dos outros;
  • Não há concepção de perfeição em um pool de matéria humana diversa, especialmente matéria humana com capacidades distintas;
  • O máximo do seu eu exercido ao longo da sua existência SERÁ superado. É uma questão de tempo;
  • “Impossível” é um concepção pessoal, individual. O questionar dessa concepção é a prova da afirmação e a nossa história, como humanidade, fornece as evidências de quantos “impossíveis” deixaram de existir;
  • Não somos melhores ou piores do que ninguém. Somos diferentes;
  • Todas as peças voltam para a caixa depois da partida do xadrez da vida. Não importa o tamanho ou o tipo da peça.

 

Categorias
Coaching Corporações Liderança Motivação Profissional Sociedade

A Grande Confusão sobre Liderança

Já vi e ouvi inúmeras definições pra liderança.

Já ouvi que liderança é o resultado que você obtém da equipe.

Já ouvi também que liderar é persuadir e convencer, que líder é aquele que está à frente de um grupo, que tem autoridade ou que liderar é sobre servir.

Diante da leitura de inúmeros livros sobre o tema, a palavra “liderança” parece ter propriedades mitológicas e termina com um significado diferente para cada um de nós, sem mencionar que existe uma diferença gigante entre o conceito presente em livros famosos e a prática diária.

Então.

Há anos os indivíduos são medidos por valores tangíveis, seja na vida pessoal ou profissional.

Nas corporações, temos inúmeros indicadores de desempenho e métricas que são usadas para avaliar se as pessoas estão no caminho certo, se os objetivos serão alcançados dentro do prazo, permitir detectar falhas, corrigi-las e não há nada de errado com isso.

Por outro lado, no âmbito pessoal, com o surgimento das redes sociais, temos cada vez mais a ligação de coisas materiais e quantificáveis à identidade das pessoas. Temos a associação de sucesso àquilo que é possível mostrar para os outros, àquilo que é possível contar.

Isso aparece sob as mais diversas formas, como bens, provas sociais, número de seguidores ou amigos, curtidas, cursos e formações, diplomas, certificados e dinheiro.

E, como tudo aquilo que pode ser quantificado e contado, pode ser também ordenado e classificado. Seria tudo muito simples, se funcionasse.

Surgem então os pódios e as premiações, a busca pelo desempenho através da comparação e o conceito prático de que líderes são os que estão no topo da cadeia alimentar.

Eu quero estressar o argumento do conceito prático, porque apesar de termos literatura de décadas falando o contrário, esse é o comportamento hoje.

As pessoas que são consideradas de maior valor passaram a ser as de maior performance e também… aquelas que são recompensadas.

E aqui, o estado atual da sociedade mescla a questão profissional com a pessoal, associando tudo aquilo que pode ser medido à identidade, levando a um comportamento egóico e centralizador.

E se é assim que medimos e recompensamos o sucesso, cada vez mais se foca na performance à todo custo. As relações sociais e a cooperação saem prejudicadas em favor dos números.

Com critérios bem definidos e medidos de um suposto sucesso, é claro que os indivíduos buscarão a mesma métrica para benefício próprio, procurando aprender cada vez mais o que é conhecido como hard skills, ou habilidades e competências fáceis de identificar, medir e associar ao mesmo sucesso.

Perceba a equação que está em jogo aqui:

  • O sucesso passa a ser algo bem definido;
  • O sucesso pode e deve ser medido;
  • Indivíduos são recompensados e promovidos por esse sucesso;
  • A forma de chegar lá é através das competências que podem ser ensinadas, aprendidas e também medidas.

O efeito colateral disso é que os indivíduos que avançam na vida são aqueles que entenderam como essa equação funciona e tiram o melhor proveito dela.

Então, uma confusão gigantesca se instala.

Há a associação da ideia de que um líder de valor é aquele que tem sucesso… é aquela pessoa que subiu na escada da vida usando esses critérios.

Colocamos em posições de liderança indivíduos que tem ótima performance, mas não consideramos o que realmente importa para um líder.

Pior, cobramos esses líderes usando a mesma equação de sucesso e terminamos com o conceito de que o objetivo de uma liderança é dar resultado, cobrar a equipe e medir desempenho, passando a mensagem de que para crescer e se transformar em um líder deve-se usar os mesmos critérios.

Só que liderança não é um cargo ou uma função.

Liderança não é atribuída… Liderança é conquistada.

E você acha que é só isso?

Instituímos uma cultura de punição e recompensa, a famosa dupla “cenoura e chicote’.

Se no seu trabalho hoje você ganha um bônus ao atingir suas metas, então a sua empresa acredita que essa é uma boa forma de motivá-lo.

Há décadas, achamos que a melhor forma de motivar uma equipe é através da recompensa, do medo ou aversão à perda, mas não existem evidências científicas que suportem isso para atividades complexas.

Pra falar a verdade, existem evidências apontando para o oposto.

Recompensar o desempenho, quando a atividade é simples, repetitiva e não exige muito da cognição, traz resultados positivos.

Mas quando a atividade é um pouquinho complexa e exige uma análise mais profunda, a ideia da cenoura e do chicote simplesmente não dá resultado… Pelo contrário, atrapalha!

E o que isso tem a ver com liderança?

Bem…

Falamos brevemente sobre hard skills… E você já deve ter ouvido falar em soft skills também.

Eu não gosto dos conceitos de hard skills e soft skills porque eles geram uma separação que não existe quando, na verdade, estão conectados… Mas para fins de entendimento, eles servem.

Enquanto as hard skills são mais técnicas, tangíveis, objetivas e podem ser ensinadas, quantificadas e medidas, as soft skills são intangíveis e estão diretamente relacionadas com quem somos como pessoa, como nos relacionamos e agimos.

De um lado, temos coisas como aprender uma língua, fazer um curso superior, usar um computador ou programa, aprender uma linguagem de programação ou tantos outros exemplos que estão relacionados ao potencial exercício de um ofício.

É o aprendizado utilitário bem definido e avaliado.

De outro, temos a confiança, a empatia, a capacidade de se comunicar e até a inteligência emocional.

Hoje, o sucesso é medido através do exercício de hard skills. Somos quantificados e recompensados através delas.

Mas para a liderança, o que mais importa não são as hard skills.

São as soft skills.

E a explicação é simples: eles promovem a conexão entre os seres humanos, literalmente criando uma corrente do bem.

Só que ninguém recompensa por soft skills porque são difíceis de medir.

Lembra da nossa equação do sucesso? É através dela que somos julgados e consequentemente recompensados ou punidos. É esperado que essa mecânica termine como um fator de motivação, mas o que realmente traz motivação é o exercício das soft skills e por isso são tão importantes para a liderança.

Em outras palavras, não só medimos errado, como recompensamos errado.

E o resultado disso é encontrar uma epidemia de líderes egoístas que pensam apenas na autopromoção e uma cultura de crescimento profissional calçada na comparação, onde é mais do que comum pisar na cabeça dos outros para crescer ao invés de ajudar.

Você já percebeu o estado atual das postagens numa rede profissional como o LinkedIn? A grande maioria é pura autopromoção.

É a realidade de que a comunidade serve ao suposto líder… Mas deveria ser o contrário! O líder existe para servir à comunidade.

Não adianta de nada ler O Monge e o Executivo, entender o conceito de líder servidor e a prática ser outra, recompensando quem consegue mais cenouras e foge mais rápido do chicote.

O interessante é que esse conceito tem mais de 50 anos, achamos ele fantástico, mas incentivamos as coisas erradas.

Quando entendemos isso, percebemos que a conquista de objetivos e metas deve ser o efeito colateral do emprego de soft skills, de boas práticas de liderança e ainda ganhamos o bem-estar e saúde mental de bônus.

Agora, perceba a importância de quando eu disse que liderança é conquistada.

Uma pessoa é reconhecida como líder… E não auto intitulada. Ela é eleita.

Consegue perceber o conflito que vivemos hoje?

Liderança passa longe do egocentrismo… Se o papel de um líder é servir, tornar os outros capazes, habilitar e usar soft skills que estão totalmente ligadas à nossa capacidade de nos relacionarmos, justamente por isso um líder é eleito líder… porque as pessoas confiam e sabem que podem contar com ele.

E aqui, entra o conceito mais bonito de todos.

Não há métrica para confiança, empatia e comunicação. Não há métrica para inteligência emocional, honestidade e compaixão. São todos conceitos subjetivos que estão na cabeça e no coração da ponta que recebe.

Então, quando um líder é reconhecido e eleito, as respostas estão nos corações de cada pessoa que se relaciona com ele.

Não há esforço que um grupo ou organização faça para transformar alguém em líder se ele não for reconhecido como tal pelos demais membros do grupo.

Um indivíduo pode ocupar um cargo de chefia, de gestão e hierarquicamente alto. Mas ninguém pode ser colocado como líder forçadamente.

Se você acha que é um líder pelas qualificações mensuráveis que tem, é bem provável que não seja… Pelo menos não por esses critérios.

Novamente, mais uma coisa linda a respeito desse assunto: se um líder é reconhecido e eleito, ele pode ser qualquer pessoa em qualquer posição dentro de um grupo.

Qualquer um pode ser um líder, se esboçar as características adequadas e não existe associação mandatória entre liderança e posição hierárquica.

Mas os grupos, as empresas e organizações querem que você acredite que o seu chefe ou gerente é obrigatoriamente um líder.

Com isso, na realidade, estão apenas comprovando que não entendem absolutamente nada sobre o tema ou gestão de pessoas.

O que me deixa surpreso é que todos nós temos esse potencial, mas não exercemos… E pra ser um líder, ao contrário dos cargos de gestão, não precisa de um diploma, mestrado ou MBA.

Basta começar se importando com quem está ao seu lado.


Conteúdo Adicional

Artigos:

Punição e Recompensa
https://rmcholewa.com/2019/07/08/punicao-e-recompensa/

Das Métricas e Metas às Pessoas
https://rmcholewa.com/2017/09/13/das-metricas-e-metas-as-pessoas/

Vídeos:

Dan Pink e a surpreendente ciência da motivação
https://www.youtube.com/watch?v=rrkrvAUbU9Y

There’s NO Such Thing as “Soft Skills” | Simon Sinek
https://www.youtube.com/watch?v=o9uzJ0LgvT0

The Most Important Trait of a Leader | Simon Sinek
https://www.youtube.com/watch?v=eKQSLgtNcVo

Referências:

Ordonez, Lisa D.; Schweitzer, Maurice E.; Galinsky, Adam D.; Bazerman, Max H.: “Goals Gone Wild: The Systematic Side Effects of Over-Prescribing Goal Setting”. Harvard Business School NOM Unit Working Paper n. 09-083 [Online] // janeiro de 2009. Acesso em 08 de abril de 2021. DOI: 10.2139/ssrn.1332071

Sendjaya, Sen; Sarros, James C.: “Servant Leadership: Its Origin, Development, and Application in Organizations”. Journal of Leadership & Organizational Studies. 9 (2): 57–64. // setembro de 2002. doi:10.1177/107179190200900205

Suvorov, Anton: “Addiction to Rewards” [Online] // junho de 2013. Acesso em 09 de abril de 2021. DOI: 10.2139/ssrn.2308624

Livros:

O Monge e o Executivo, James C. Hunter: https://amzn.to/39XRVqm
Motivação 3.0, Daniel Pink: https://amzn.to/3uFHuQ8
Sociedade do Cansaço Byung-Chul Han https://amzn.to/38xRGSo
O Ego É Seu Inimigo, Ryan Holiday: https://amzn.to/3eb4BcJ
Líderes Se Servem Por Último, Simon Sinek: https://amzn.to/327pTWa

A GRANDE CONFUSÃO SOBRE LIDERANÇA

[O vídeo original está disponível em lider.oguiatardio.com]

O conceito de liderança servidora tem mais de 50 anos e é aceito como um modelo eficaz, amplamente difundido até em best-sellers conhecidíssimos como O Monge e o Executivo, fazendo parte inseparável das pautas de gestão e administração.

Entretanto, medimos e recompensamos comportamentos que vão na direção contrária ao ideal, criando um ecossistema prático tóxico e bem distante da teoria.

Conteúdo Adicional

Artigos:

Punição e Recompensa
https://rmcholewa.com/2019/07/08/punicao-e-recompensa/

Das Métricas e Metas às Pessoas
https://rmcholewa.com/2017/09/13/das-metricas-e-metas-as-pessoas/

Vídeos:

Dan Pink e a surpreendente ciência da motivação
https://www.youtube.com/watch?v=rrkrvAUbU9Y

There’s NO Such Thing as “Soft Skills” | Simon Sinek
https://www.youtube.com/watch?v=o9uzJ0LgvT0

The Most Important Trait of a Leader | Simon Sinek
https://www.youtube.com/watch?v=eKQSLgtNcVo

Referências:

Ordonez, Lisa D.; Schweitzer, Maurice E.; Galinsky, Adam D.; Bazerman, Max H.: “Goals Gone Wild: The Systematic Side Effects of Over-Prescribing Goal Setting”. Harvard Business School NOM Unit Working Paper n. 09-083 [Online] // janeiro de 2009. Acesso em 08 de abril de 2021. DOI: 10.2139/ssrn.1332071

Sendjaya, Sen; Sarros, James C.: “Servant Leadership: Its Origin, Development, and Application in Organizations”. Journal of Leadership & Organizational Studies. 9 (2): 57–64. // setembro de 2002. doi:10.1177/107179190200900205

Suvorov, Anton: “Addiction to Rewards” [Online] // junho de 2013. Acesso em 09 de abril de 2021. DOI: 10.2139/ssrn.2308624

Livros:

O Monge e o Executivo, James C. Hunter: https://amzn.to/39XRVqm
Motivação 3.0, Daniel Pink: https://amzn.to/3uFHuQ8
Sociedade do Cansaço Byung-Chul Han https://amzn.to/38xRGSo
O Ego É Seu Inimigo, Ryan Holiday: https://amzn.to/3eb4BcJ
Líderes Se Servem Por Último, Simon Sinek: https://amzn.to/327pTWa

Gostou?

Curte! Se inscreve! Compartilha! Ajude o canal a ganhar relevância, para que produzamos mais conteúdo e com cada vez mais qualidade!

Sobre o Autor:

Leia agora o livro O Guia Tardio: https://amzn.to/3hfHqzt

Redes sociais
Instagram: @blogderomulo
Twitter: @rmcholewa
Linkedin: /rmcholewa

Romulo é um autodidata. Começou a lidar com tecnologia aos 16 anos e, ao longo da carreira, teve a oportunidade de conhecer profundamente cada aspecto da área e, curiosamente, da natureza humana. Diante de uma crise mundial no setor, conheceu o desemprego aos 25 anos.

Durante três anos, frequentou a melhor escola: não é à toa que dizem que a necessidade é a maior de todas elas. Aprendeu muito com a vida a partir daí, até mudar de vida: entendeu que o melhor caminho para a felicidade existencial é a prática da ressignificação, a humildade e que o fracasso é um mecanismo natural do ser humano para evoluir.

Enfrentar a depressão diversas vezes e lutar por saúde mental mostrou que o nosso maior adversário… somos nós mesmos. Vencê-la ensinou, dentre tantas coisas, que a maior realização que o ser humano pode alcançar é ver o próximo crescer. É ver, acima de tudo, o próximo brilhar, superar-se e não há melhor tratamento do que doar-se.

Hoje, como Master Practitioner em programação neurolinguística (PNL), atua na área de tecnologia da informação, vendas e tem como hobby ler, escrever e estudar sobre autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e humano, motivação, mindset, coaching, liderança e alta performance.

Informações de Produção
Para conhecer mais sobre o ambiente usado para produzir conteúdo, visite o endereço:
https://rmcholewa.com/prod/

Categorias
Motivação Pensamentos Com Vida Própria Pessoal

Um Passo de Cada Vez

Comecei na área de tecnologia aos 16 anos.

Se contar dois anos de estágio, são 30 anos de estrada.

Destes, foram cerca de 4 anos e meio sem emprego, em 3 períodos (3 anos, 6 meses e 14 meses), ao longo da carreira.

Não houve período fácil.

Fui educado a ser útil. Algo profundamente enraizado em minha identidade.

Não ter emprego destruiu essa identidade e realizou profundas mudanças, construindo outras.

Aprendi, reinventei, resisti; chorei, cambaleei, cai.

Levantei.

15 anos atrás, lembro de uma palestra onde uma proeminente figura da área falou sobre o tema.

Numa paráfrase, disse respeitar aqueles que vão à falência, aqueles que quebram, ficam à margem e retornam.

Não ha maior aprendizado.

Mas hoje, olho para o passado e percebo como fui privilegiado.

Apesar dos períodos de fome, não moramos na rua.

Apesar das diversas crises de depressão, houve uma saída.

Apesar dos apertos, cicatrizes e quedas, houve uma infraestrutura mínima de sobrevivência.

Mas nem todos tem essas oportunidades.

Nem tudo o que é possível para o ser humano é possível para todos.

Meu mais profundo respeito aos milhões de pessoas que ainda lutam ou que já desistiram.

Se você está lendo esse texto, do fundo coração, mesmo desistindo, eu gostaria de dizer a você que há uma luz no fim desse túnel, apesar de só poder falar da minha limitada experiência.

Quando nos sentimos no fundo do poço, o desespero bate à porta. Lá, é um desafio gigante perceber o todo. Às vezes, tudo que a gente precisa é colocar um pé na frente do outro, dar um passo. Olhar para o pé que está atrás, movê-lo pra frente e dar outro passo.

E quando menos esperamos, não estamos apenas caminhando; estamos deixando o fundo.

#UmPassodeCadaVez #Depressão #Desemprego #Pandemia #Superação #Oportunidade #Esperança

Categorias
Motivação Pensamentos Com Vida Própria Pessoal Profissional Sociedade

Sucesso e a Epidemia de Escassez

Este texto foi publicado em vídeo no canal do Youtube. Para assistir, clique aqui.

Se você entrar em uma livraria hoje encontrará muitos livros sobre sucesso, especialmente dizendo o que é e como chegar lá.

É muito confortável cair na tentação de seguir um roteiro que já foi supostamente testado sobre como chegar ao sucesso.

Mas é bem mais desafiador olhar para dentro de si e descobrir o que é sucesso para nós mesmos e entender que cada um de nós tem a sua própria jornada.

Como se não bastasse, a sociedade, o trabalho, nossos amigos e familiares têm suas próprias definições padronizadas e existe uma associação bem direta entre cumprir metas, objetivos e como alcançar o sucesso.

Imagine: trocar o conhecido, aquilo que dá uma definição clara e mostra um caminho, versus enfrentar o desconforto do desconhecido de não saber.

Aliás, existem inúmeras definições de como “não falhar” e esconder os erros são a receita para a felicidade.

Na prática, é assim que a sociedade funciona, seja em casa ou no trabalho e esse conceito de jornada para o sucesso não poderia estar mais longe da realidade.

Para cada sucesso, existem inúmeros fracassos… E escondemos os fracassos: temos vergonha deles.

Perceba o movimento aqui.

A associação do conceito de sucesso à expectativas externas, a metas e objetivos externos.

E isso gera uma verdadeira epidemia de vazio e escassez.

O conceito prático de sucesso atual gera uma onda de tristeza e depressão porque o sucesso é externo. Vem de fora.

Cada vez que prestamos atenção a um discurso que tenta nos ensinar o que é sucesso e como alcançá-lo, estimulamos essa epidemia de escassez, olhamos para fora, esquecendo o que vai dentro da gente, lugar onde o real sucesso mora. Isso nos afasta cada vez mais da felicidade e da realização.

Eu fiz uma enquete nas redes sociais sobre o quê as pessoas entendem por sucesso, em uma frase.

As respostas variaram muito, desde a sintonia entre valores, propósito, ajudar as pessoas, até o dinheiro, passando por coisas como ser bem sucedido.

Agora, veja que curioso: apenas QUATRO pessoas disseram que o sucesso vem de dentro da gente e usaram uma metalinguagem compatível.

Ou seja, mesmo considerando questões internas como valores e propósito, apenas quatro respostas NÃO relacionaram esses fatores como dependentes direta ou indiretamente de fatores externos.

Não importa a definição de sucesso que tenha. O que realmente importa é se essa definição vem de dentro para fora ou se é algo de fora para dentro, porque é exatamente daqui que surge a epidemia de escassez, quando seguimos receitas e ideais externos apenas.

Para entender melhor essa questão, veja esse vídeo (clicando aqui) sobre felicidade material, contextual e existencial.

Não existe uma única definição de sucesso dada na enquete que não esteja adequada… porque ela deve ser individual e tá tudo bem.

O ponto é que quando abrimos mão de um conceito de sucesso próprio e abraçamos as expectativas do externo, promovemos potencialmente o desalinhamento com quem somos.

Passamos a buscar um estado idealizado pelos outros, pela sociedade e iniciamos uma corrida para querer sempre mais sucesso, sem nem saber direito o que ele significa para nós, com o terrível efeito colateral de estar sujeito a sermos manipulados pelas necessidades dos outros em favor das nossas próprias necessidades.

Aqui, abro um parêntese.

Em 2001, enfrentei dificuldades consideráveis diante do desemprego.

Uma crise de depressão que durou 3 anos e uma sensação de incompetência gigantesca.

Talvez uma das coisas que mais contribuiram para esse estado foi não poder acolher as pessoas que dependiam de mim.

E quando falo sobre isso, penso logo no sucesso e no seu antagônico clássico: o fracasso ou percepção de fracasso.

Sentia-me um inútil e, apesar de conseguir sair daquela primeira crise, apenas há pouco tempo comecei a perceber o sucesso de forma diferente.

Na verdade, comecei a percebê-los, porque só enxergava as falhas.

Considerava-me um fracasso por não atender às expectativas que eu achava que estavam depositadas em mim.

Hoje, eu olho para o passado e reconheço, como um tremendo sucesso, ter superado a depressão várias vezes.

Curioso que, ao longo dos últimos 20 anos, passei por outras crises, recebi alta e meu conceito de sucesso permaneceu o mesmo.

Sempre com foco nos fracassos ou nos conceitos de sucesso que percebia da sociedade, principalmente aqueles focados no material.

Durante tanto tempo não percebia como sucesso a superação, a reconstrução da minha carreira profissional, o alinhamento entre as minhas ações e os meus valores, o livro que publiquei, esse canal no youtube, o blog, tantos prêmios que recebi ao longo da carreira e tantos reconhecimentos, justamente por fazer aquilo que eu acho que está sintonizado com os meus valores.

Durante tanto tempo eu percebi a felicidade como obtenção do sucesso e o sucesso apenas como atingir metas, ganhar dinheiro para ter coisas, comer bem, tomar um vinho, me divertir com os amigos e eventualmente ser aplaudido.

Agora, sabe porque decidi fazer esse vídeo?

Semana passada fui caminhar cedo na praia… E vi uma praia totalmente seca… consegui andar na areia até os arrecifes sem molhar os pés.

De lá, vi o mar, vi as pedras… Vi peixes… Varas de pescar… Senti o vento forte, o cheiro de mar, o som das ondas… Dei meia volta, olhei para os prédios e pensei:

Isso é sucesso.

Foi uma das sensações de sucesso mais fortes dos últimos anos.

Então, faço um convite: que tal pensar um pouco mais sobre o que é felicidade, realização e sucesso pra você, mas com o desafio adicional de pensar nos três SEM ser algo externo, sem condicionar ao que esperam de você… Sendo algo partindo de dentro do seu peito, de dentro de você sem depender de nada ou de ninguém.

Eu tenho a certeza de que ficará surpreso e verá que você experimenta muito mais sucessos do que imagina.

Talvez a gestão das expectativas, as próprias e as dos outros, seja o fator mais importante para a felicidade, a realização e o sucesso.

Muita gente acha que o sucesso é feito uma poupança onde a gente deposita dor e sofrimento para colher juros mais pra frente.

Culturalmente somos levados a crer que não há sucesso sem dor e sofrimento e não consigo pensar em coisa mais distante do bem-estar.

O sucesso pode ser encontrado em pequenas coisas do dia a dia.

Aliás, se você conseguir encontrar sucesso nas pequenas coisas do dia a dia, a felicidade e a realização certamente lhe farão companhia.

Sucesso é uma descoberta de autoconhecimento, totalmente relativa, individual e muda assim como a vida.

Não confunda metas e objetivos com sucesso. É muito comum que o lado profissional queira que a confusão ocorra simplesmente porque isso é favorável aos interesses alheios.

É assim que nós somos transformados em números.

Você deve estar se perguntando… Então perseguir metas e objetivos não é sucesso?

Eu não vou dizer o que é sucesso e acredito que ninguém pode fazer isso. Você tem que descobrir o que é sucesso pra você e se isso é compatível com quem é.

Preste bastante atenção: depende de como reconhece o objetivo a ser alcançado.

Se for imposto e não idealizado em conjunto, sem estar sintonizado com quem somos, uma descoberta que deve acontecer antes, você pode estar indo numa direção que não trará nem felicidade nem sucesso.

E é por isso que é tão conveniente achar que sucesso depende de dor e sofrimento. Quando buscamos metas e objetivos desalinhados e fora de sintonia com nós mesmos, passamos a achar que o sacrifício de hoje é a felicidade de amanhã.

Se você pensar bem, perceberá que faz muito sentido.

Veja por exemplo este gráfico que trago no meu livro, explicado em detalhes. Perceba que ele não fala sobre o que é sucesso, apenas ajuda a classificá-lo:

Quanto mais a percepção de sucesso estiver atrelada ao material, mais ele estará relacionado ao ego coloquial e mais rápido ele desaparece, como um vício, uma droga…

Quanto mais essa percepção estiver associada ao todo e ao altruísmo, mais duradoura será sensação de sucesso, maior será a contribuição, a cooperação e as sensações de felicidade e realização.

Uma mesma situação na vida da gente pode ser percebida em qualquer lugar do gráfico, ou seja, como sucesso material, contextual ou existencial.

Darei um exemplo prático.

Em 2017, atuava como consultor na área de vendas para uma multinacional de tecnologia. Participei de um projeto para o governo de um estado aqui no Brasil, onde foi possivel economizar milhões em aquisições.

Por esse projeto e como parte do meu trabalho, eu fui remunerado e recebi uma comissão.

Eu poderia ter olhado para esse projeto apenas pelo aspecto financeiro, o que seria qualificado como sucesso material.

Mas o meu trabalho foi reconhecido e eu ganhei um prêmio por causa dele. A sensação de reconhecimento é fantástica.

Mas ao longo do tempo, enquanto o projeto era executado, eu percebi também o quanto a economia trazida beneficiou a população de uma forma geral.

A economia viabilizada pôde ser empregada em outros projetos de cunho social e isso está diretamente sintonizado com o propósito de ajudar as pessoas.

Veja como uma mesma situação, um mesmo evento gerador, pode ser percebido de diversas formas.

Se for percebido apenas como sucesso material, a sensação duraria pouco tempo.

Se usando a ótica do reconhecimento, talvez um pouco mais… Faria apenas bem ao meu ego.

Mas 3 anos após a venda do projeto, ainda sinto o bem estar de ter contribuído para algo maior.

Quero finalizar deixando as perguntas:

Quantas vezes perseguiu metas e objetivos e analisou se eles estão de acordo com quem é, com os seus valores e com o quê acredita?

Quantas vezes trabalhou para que o sucesso de fato seja uma contribuição para algo maior?

Categorias
Coaching Motivação Pensamentos Com Vida Própria Sociedade

Positividade Tóxica?

Quase 3 anos atrás, escrevi um post sobre a positividade e a sua importância.

Foi parar no livro que publiquei em maio de 2020.

Cabe revisitar o tema.

(…)

Semana passada fiz uma enquete no Instagram sobre o termo “positividade tóxica” e recebi dezenas de respostas.

A interação foi tão positiva que decidi fazer um vídeo no canal do Youtube sobre a questão.

Aqui, tenho a oportunidade de dissertar sobre o assunto.

Comecemos com uma consideração filosófica sobre o termo em si: será que podemos usá-lo? Será que “positividade tóxica” faz algum sentido, ou seja, se for “tóxico”, como pode ser “positividade” ou é apenas a forma como se percebe o comportamento do outro?

Em segundo lugar, é necessário falar um pouco sobre rapport de comportamento.

Independente da conotação positiva ou negativa de algo, existe uma tendência de nos comportarmos de forma compatível com os grupos aos quais consideramos pertencer.

Fornecerei dois exemplos típicos.

Você vai a um show e, ao final da apresentação, começam a bater palmas.

Perceba que as palmas começam em ondas… Como um contágio e, se alguém se levantar, é bem provável que outras pessoas se levantem também e até você se sinta compelido a levantar e aplaudir de pé.

Outro exemplo: você está no trabalho, em um grupo de colegas.

Alguém começa a reclamar da empresa e, em poucos segundos, várias pessoas entram na roda e iniciam um ciclo de reclamações.

De uma forma geral, os exemplos podem ser considerados opostos: um positivo e um negativo.

Existem vários estudos que apontam para duas coisas: espelhamos o comportamento dos grupos aos quais pertencemos, dos indivíduos aos quais aspiramos e não só o contágio emocional existe, como influencia nosso modo de agir.

Estar cercado de “positividade” ou “negatividade” terá um efeito sob o nosso próprio comportamento.

É fácil então concluir que, se isso de fato acontece, gerar uma espiral de coisas positivas traz a tendência de se “contaminar” e contaminar os outros com pensamentos, emoções e ações possibilitadoras.

Por outro lado, agir assim tem o potencial de nos distanciar da realidade objetiva.

Ao considerarmos o que é “negativo” em favor do que achamos ser “positivo” (ou o contrário), criamos uma bolha cognitiva em torno de nós que eventualmente prejudicará uma análise factual do que se passa.

Ferrou, então?

Pode ser.

O que acha?

Essas questões podem não ter resposta.

Não no senso comum.

Senso comum são “médias”.

Alías, podem até possuir uma média social associada a elas, mas a sua resposta é a ÚNICA que importa.

Você não é uma média até ela ser tirada.

Ops!

Seja bem vindo. Esse é o caminho.

Crie o seu,

O que é negativo para alguém, podem não ser para outro e não o é para todos. O mesmo argumento pode ser usado com aquilo considerado positivo.

Partindo desse princípio, a potencial toxicidade de uma suposta positividade não só é um campo totalmente subjetivo como resultado de julgamentos.

Em terceiro lugar, voltemos à enquete.

70% das pessoas que responderam atribuíram a positividade tóxica como sendo exercida por um elemento externo – outra pessoa. Ou seja, perceberam a si mesmas como vítimas.

30%, de uma forma direta ou indireta, admitiram fazer parte da equação – associaram o termo à fuga da realidade e a um comportamento prejudicial próprio.

Ambos os casos estão relacionados, apesar de aparentar o contrário.

O momento atual em que vivemos, do início de 2020 para cá (escrevo este texto em agosto de 2020), impôs condições de convívio social e estresse emocional há muito esquecidos.

Estamos diante de um desafio que entrará para a história; uma ameaça real à existência de cada um, um risco invisível que está presente em praticamente todos os lugares, cerceando o ir e o vir, o contato interpessoal, gerando incertezas e questionamentos sérios a respeito da própria sobrevivência, em decorrência de ameaças como o desemprego à morte.

Menciono esse fator porque ele é um perfeito exemplo aplicável à questão do conceito de positividade tóxica.

Aqui, temos a convergência e a relação das respostas da enquete.

Sentir-se com medo, ameaçado, triste, solitário e com sentimentos análogos é natural, faz parte de existir. Não reconhecer esse comportamento em si pode eventualmente gerar um afastamento da realidade. Não reconhecer esse comportamento nos outros pode classificar algumas ações como positividade tóxica.

Além do fato de que o ser humano é um ser de contrastes, somos um caldeirão de emoções.

Portanto, nada mais sadio para a nossa existência do que respeitar o que sentimos, entendendo o que vai dentro da gente e estabelecendo, através desse entendimento, um caminho possibilitador na direção do autoconhecimento.

Entretanto, prepare-se para algum desconforto. Essa jornada levanta questões e põe em dúvida crenças. De fato, se não houver desconforto e questionamentos, não há jornada, muito menos respeito ao que se sente.

Dúvidas são desconfortáveis? Certamente.

Necessárias também, assim como o ato de questionar, algo ativo, consciente, que tem o potencial de trazer mais inquietude e emoções de felicidade, tristeza, raiva e tantas outras reações totalmente naturais.

Talvez você já tenha percebido aonde quero chegar.

Não somos 100% felizes, 100% do tempo, muito menos tristes. Existe muita coisa entre os dois. Portanto, um comportamento 100% do tempo positivo é incongruente com ser humano e pode, sim, ser uma fuga. Talvez daí o termo “positividade tóxica” tenha surgido.

Se por um lado ser positivo permite encarar a vida de forma mais saudável e potencialmente mais feliz, por outro é necessário entender que coisas ruins, negativas e desagradáveis também acontecem, despertando emoções limitantes.

Isso só prova que estamos vivos.

Contudo, é um engano achar que uma coisa exclui a outra.

É um equívoco acreditar que reconhecer os desafios desagradáveis da vida impede alguém de ser positivo, assim como também é um erro crer que ser positivo faz com que se viva no mundo da lua.

Diversos autores abordam esse tema, inclusive contemporaneamente, como Mark Manson (em dois livros que avaliei aqui no blog) e Gabriele Oettingen, apesar de ambos aparentemente não concordarem com a ideia de que não há dicotomia entre ser positivo e fugir da realidade.

Ou seja, não aceite respostas prontas em mídias sociais, em casa ou no trabalho sobre o que é negativo e o que é positivo.

Aliás, se me permite uma sugestão mais abrangente, não aceite respostas prontas sobre nada.

Reserve-se sempre o direito de questionar. Se surgir algum incômodo, entenda a origem dos sentimentos que considera negativos e talvez descubra mais sobre si próprio do que imagina, mantendo um pé na positividade e outro na realidade.

Como disse na descrição do meu canal no Youtube:

Eu não tenho respostas, mas prometo provocar questionamentos apropriados.

 


 

Conteúdo Adicional Recomendado

Livros:

TEDs:

Pesquisas e Publicações:

  • Baumeister, Roy F; Finkenauer, Catrin e Vohs, Hathleen D.: Bad Is Stronger Than Good [Artigo] // Review of General Psychology. – 2001. – 4 : Vol. 5. – pp. 323-370;
  • Dimberg, Ulf; Thunberg, Monika e Grunedal, Sara: Facial Reactions to Emotional Stimuli: Automatically Controlled Emotional Responses [Artigo] // Cognition and Emotion. – 2002. – 4 : Vol. 16. – pp. 449-471;
  • Gross, J.J. & Levenson, R.W. (1997): Hiding feelings: The acute effects of inhibiting negative and positive emotion. Journal of Abnormal Psychology, 107(1), 95-103. doi: 10.1037//0021-843x.106.1.95, PubMed: 9103721;
  • Hasson, Uri; Stephens, Greg e Silbert, Lauren: Speaker–listener Neural Coupling Underlies Successful Communication [Online] // Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA (PNAS) / PubMed. – 26 de 07 de 2010. – 22 de 06 de 2018. – http://www.pnas.org/content/107/32/14425. – PubMed: 20660768;
  • Kraft, Tara e Pressman, Sarah: Grin and Bear It: The Influence of Manipulated Facial Expression on the Stress Response [Artigo] // Psychological Science. – 24 de 09 de 2012. – 11 : Vol. 23. – pp. 1372-1378;
  • Lomas, T.; Waters, L.; Williams, P.; Oades, L.G.; & Kern, M. L. (2020): Third wave positive psychology: Moving towards complexity. The Journal of Positive Psychology. doi: 10.1080/17439760.2020.1805501;
  • Rozin, Paul e Royzman, Edward B.: Negativity Bias, Negativity Dominance and Contagion [Artigo] // Personality and Social Psychology Review. – 2001. – 4 : Vol. 5. – pp. 296-320;
  • Strack, Fritz; Martin, Leonard e Stepper, Sabine: Inhibiting and Facilitating Conditions of the Human Smile: A Nonobtrusive Test of the Facial Feedback Hypothesis [Artigo] // Journal of Personality and Social Psychology. – 1998. – 5 : Vol. 54. – pp. 768-777;
  • Wells, Gary e Petty, Richard: The Effects of Overt Head Movements on Persuasion: Compatibility and Incompatibility of Responses [Artigo] // Basic and Applied Social Psychology. – 1980. – 3 : Vol. 1. – pp. 219-230;
  • Wong, P. T. P. (2011). Positive psychology 2.0: Towards a balanced interactive model of the good life. Canadian Psychology/Psychologie canadienne, 52(2), 69-81. doi: 10.1037/a0022511
Categorias
COVID19 Motivação Pensamentos Com Vida Própria Pessoal Sociedade Vida em Geral

Não Saber é o Campo da Criação

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Num dos vídeos que assisti pelo youtube do casal Flor e Manu (Maria Flor e Emanuel Aragão), eles falaram sobre mudança, no sentido de questionar até que ponto somos capazes de mudar após todo esse cenário da pandemia.

Será que nós somos capazes de transformar a nós mesmos? De efetivamente mudar, de verdade?

A nossa história como humanidade é a prova de que a mudança ocorre, seja por fatores internos ou externos. Nós nos adaptamos e adaptação é mudança.

Talvez não a mudança desejada.

Talvez uma mudança pautada na sobrevivência.

Talvez uma mudança pautada numa dor. Ou desejo. Dor ou desejo que torna-se maior do que a dor de existir onde se está ou é. Talvez uma mudança pautada no altruísmo ou na ganância, o que leva ao argumento seguinte.

Achar que necessariamente as mudanças serão no sentido da empatia, da cooperação, da admiração das pequenas coisas do dia a dia pode ser potencialmente ingênuo, assim como pensar que isso substituirá a opressão social, capitalista ou qualquer outra.

Eu particularmente gosto de acreditar nessa ingenuidade. Antropologicamente, o ser humano é um ser social e isso fez muito sentido por centenas de milhares de anos.

As mudanças ocorrerão em vários espectros e, como em um sistema caótico, essa efervescência da unicidade que reside em nós, em cada ser humano, torna impossível prever o que acontecerá em longo prazo.

Entretanto, essa busca do consumo desenfreado como base de uma felicidade efêmera fez e ainda faz muito sentido para muita gente. Quando falo “gente”, refiro-me a uma média social construída ao longo de centenas, talvez milhares de anos.

A máquina do consumo é um mecanismo de relativo “sucesso” para quem detém o poder e concordo até certo ponto com a ideia de que, dependendo de quão longe o efeito da pandemia vá, é bem provável que o retorno a esse mecanismo se dê em médio e longo prazo e uma mudança duradoura nas relações de consumo e produção não deve se sustentar.

Mas isso também não significa necessariamente que voltaremos para o mundo de ontem.

Um argumento bem direto: o mundo está percebendo que a globalização tem efeitos bastante negativos. Independente de quando essa crise acabará, tenho a plena certeza de que os governos estarão mais preocupados em cultivar nacionalmente uma independência internacional de produtos, serviços e insumos. Talvez o nacionalismo ressurja com características distintas.

Minha carreira profissional foi construída duas vezes na área de tecnologia.

Primeiro, na área mais técnica, até quebrar com a bolha da internet na virada do século. De lá para cá, voltei para a área comercial de importantes empresas multinacionais de tecnologia. Contudo, em 2018 e agora, novamente, encontro-me sem emprego e sem perspectiva de recolocação.

De fato, participei de vários processos de seleção: passei em dois que foram abortados por causa da pandemia.

Hoje, apesar de já ter entrado no dinheiro da aposentadoria, tenho saúde financeira para nos manter aqui em casa por mais alguns meses, considerando todas as economias e restrições possíveis.

Entrei numa nóia gigante de controle e isso tem trazido uma profunda tristeza ao ponto de questionar qualquer centavo gasto em qualquer coisa, até nas pequenas que podem trazer um pouco de felicidade.

Sou leitor compulsivo e tenho medido até os livros que compro no kindle, talvez uma das últimas diversões que tenha restado, além de olhar a varanda e fazer vídeo chamada com os próximos.

Ao pensar sobre isso, considero-me altamente privilegiado… e concordo com a perspectiva de que “só acho que o mundo pode eventualmente melhorar porque tenho o que comer e um teto”. Se hoje a situação fosse de completa ausência financeira e de onde morar, é bem provável que a minha perspectiva de futuro fosse bem pior.

Minha primeira crise de depressão foi quando a bolha da internet estourou e fiquei 3 anos desempregado. Ao longo dos últimos vinte anos, experimentei outras crises, mas apesar de tudo, olho para o passado e percebo claramente que sim, o ser humano é capaz de mudar. Apesar da situação atual, creio em um futuro melhor justamente por causa desse passado.

Portanto, não desistam.

Por favor, acreditem. “Não saber” é o campo da criação.

Agradeço com amor a @reebeccalouise por transformar um email para Flor e Manu em textão. <3

Categorias
Coaching Liderança Motivação Vida em Geral

A Diferença Entre Travar e Entrar em Pânico

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Sutil.

Enganosa.

Confusa.

Furtiva, mas importante.

Você estudou, aprendeu, treinou e mudou…. sabe o que fazer, como fazer e quando fazer.

Mas diante da situação que se apresenta, trava.

Os recursos estão lá, mas você não os acessa.

E, por causa disso, pode entrar em pânico.

Agora, imagine outra situação… totalmente nova, para o qual não treinou e não conhece.

O pânico se instala.

Em ambos os casos, não há ação, mas por motivos distintos.

No primeiro caso, o medo deu lugar ao pânico e ele pode surgir por vários motivos.

Dentre eles, síndrome do impostor, baixa autoestima ou a identificação, por seus sentidos e mapa, de estar diante de uma situação ameaçadora demais.

No segundo caso, o pânico surge mais rapidamente, diante de não ter a mínima ideia do que fazer.

Faço questão de apontar as similaridades das duas situações e as breves diferenças porque o que fazer na sequência depende deste entendimento.

Em ambos os casos, quanto mais a emoção dominar, mais tendencioso será o rapto do nosso comportamento por instintos básicos de sobrevivência que sempre extrapolam em duas ações possíveis:

Lutar ou fugir.

Então, a primeira coisa a fazer é descobrir se estamos falando de uma situação conhecida ou não.

Para tanto, é necessário retomar um pouco do controle, tanto quanto possível.

Respire profundamente.

Identifique a emoção despertada. Atribua uma palavra a ela.

Conte até dez, devagar.

Agora, faça-se uma pergunta simples: conheço esta situação?

Treinei para ela?

Preparei-me?

Tenho informações suficientes?

Se sim, você tem os recursos para seguir em frente. O resultado pode ser positivo ou negativo, não importa. É feedback. É insumo e aprendizado em qualquer desfecho.

Caso contrário, peça ajuda… e também aprenda.

“Aquilo que não nos mata, nos torna mais fortes.”
Friedrich Nietzsche

Peraí Romulo… E se fudeu de verdade – não sei o que fazer e não tenho a quem pedir ajuda?

Ainda assim temos opções.

Se há tempo, pense. Estude, prepare-se e crie opções novas. O contrário do medo não é a coragem. É o conhecimento. Temos medo do desconhecido e ao conhecer, a coragem aumenta.

Falei sobre isso quando abordei a procrastinação como sintoma de algo maior e a nossa capacidade de amadurecer emoções.

Perceba que, do início da argumentação até a última frase é possível eliminar praticamente todas as situações do mundo cotidiano onde usualmente travamos ou entramos em pânico.

Se não há tempo, então é exatamente a razão para o qual o instinto de lutar ou fugir existe. Abrace-o.

Lembre-se de duas coisas importantes:

  1. O ser humano tem mais medo de perder do que de não ganhar e isso influencia totalmente as nossas decisões no dia a dia;
  2. Emoção e razão são indissociáveis. O segredo é reconhecer as emoções e entender que elas fazem parte do processo.

Parece simples?

É simples.

É muito mais desafiador aceitar que assim seja.

Achar complexidade onde não existe transfere culpa e invoca a zona de estagnação existencial (ou zona de conforto, se preferir)… coloca na complexidade das coisas a motivo pelo qual achamos que não somos capazes.

 


Informações adicionais:

Categorias
Ficção

Pedro

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

O despertador tocou à meia noite.

Pedro sabia que estava na hora de ir antes mesmo de bocejar.

Ele abre os olhos, quarto escuro, aperto no peito.

Por um momento, chegou a pensar que a reunião logo mais pela manhã poderia ser algo positivo.

“A vida é louca”, pensa.

Entretanto, os pensamentos seguintes são supostamente racionais e baseados em mais de vinte e cinco anos de carreira.

Experiência que pesa.

Já passou antes por aquele ensaio e… nos últimos quatro anos, aprendeu como ninguém a ler as pessoas.

Veste-se, vai ao aeroporto, embarca.

Tenta dormir, não consegue. Tenta ler, em vão.

Em sua mente, há um sem número de teatros agitados, onde peças de futuros inexistentes repentem-se à exaustão.

Possibilidades, simulações conscientes do que pode acontecer quando, vez ou outra, uma pequena mudança na narrativa cria um novo teatro, uma nova peça, um novo dilema.

Nossa cabeça e a sua incrível habilidade de simular.

Depois de duas horas de vôo, surpreeende-se com um pensamento: como alguns cenários potenciais dias atrás eram carregados de emoções e agora encontram-se ausentes de sensação.

Mas continuam repletos de sentido.

O vôo faz o movimento inverso ao sol. Enquanto pousa, um dia lindo surge pelas janelas do avião, inundando a aeronave com uma luz branca azulada.

É quase possível tocar aquela luz que banha à todos como uma névoa.

Baque, aterrissagem.

Momento presente. Raiz.

Volta à si e agradece.

Por um breve momento, Pedro sente a sensação de gratidão que o faz esquecer de toda a pantomima mental e elocubrações perturbadoras ou não.

“Vamos em frente”, pensa.

No carro, a culpa.

O remoer, o olhar para o passado perguntando a si mesmo o quê poderia ter feito diferente.

Já te conheço, pensa. Sei das suas artimanhas, argumentos e matreirice.

Não obstante, o número de teatros e cenários explode em sua mente, em um fluxo incontrolável de ansiedade e taquicardia.

Então, ele lembra da gratidão e tudo se acalma.

A culpa se encerra por falta de lugar pra ficar.

Lembra do quanto aprendeu. Lembra dos amigos, das conversas, das experiências.

Lembra, principalmente, de ter vivido um ano sem mesquinharia, sem brigas fúteis, sem atritos maiores… sem mal querência.

A gratidão aumenta e supera quase tudo.

Pedro chega, faz o que precisa ser feito e, como esperado, o previsto se realiza.

Para sua surpresa, há calma novamente.

Todos os teatros e cenários desaparecem numa sensação gostosa… um misto de vulnerabilidade e realização.

Como pode ser assim?

Pedro não sabe. Só sabe que se sente vivo e daqui pra frente, há muito trabalho para ser feito.

Retorna para casa mais leve do que nunca…

Pensando que sofrer duas vezes é uma possibilidade bem real.

Mas Pedro já sabia disso: entre saber e exercer, existe mais aprendizado acontecendo a cada segundo.

A cada pensamento, a cada ação.

Qual realidade criamos para nós mesmos?

 


“Pedro” é uma ficção. Qualquer semelhança com fatos, ocorrências, nomes, pessoas ou situações da vida cotidiana ou do passado é mera coincidência. A escolha do nome da crônica foi baseada na lista de nomes mais comuns no Brasil, divulgada pelo IBGE.

Categorias
Coaching Motivação Pensamentos Com Vida Própria PNL Vida em Geral

Rédeas

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Como classificamos os acontecimentos em nossas vidas?

Como bons, ruins? Como possibilitadores? Limitantes? Revezes? Certos ou errados?

Como presentes do Universo? De Deus?

Como tragédias?

Não importa como chamemos o que acontece.

Será que… o que importa é como reagimos?

Veremos.

Quero explorar essa percepção.

Na verdade, quero explorar a meta-percepção.

Imagine o primeiríssimo momento consciente de um evento qualquer em sua vida.

Aquele primeiro instante, o exato milésimo de segundo em que chegou ao seu consciente o que aconteceu.

A primeira pontada.

Isso… aquela primeira imagem, o som imperceptivelmente perceptível… a sensação que arrepia (ou nem tanto).

As borboletas no estômago, o frio na espinha…

Neste momento, na fronteira do consciente com o inconsciente, existe uma densa mistura de pensamentos inquietantes e emoções.

Quando registramos o evento, ele vem tomado de toda a carga emocional que acumulamos ao longo dos anos para as situações que o inconsciente julga semelhantes.

Aliás, afirmar que o inconsciente julga algo é uma forçada de barra.

Chamemos de momentos onde a nossa mente inconsciente é capaz de, inocentemente, disparar âncoras emocionais, registros latentes ou há muito perdidos.

Algumas vezes achados até demais, involuntariamente a favor ou contrários à tantas camadas racionais e previamente racionalizadas de justificativas, crenças e supostos saberes.

Hábitos emocionais.

Porrada na cara.

Talvez êxtase, um afago na alma, um prazer repentino e momentâneo, algo agradável.

E tudo isso… muito antes dos dois segundos, nossa biologia inundada por neurotransmissores, adrenalina e uma pancada de outras químicas corporais.

A reação é involuntária.

Quem sabe contradizendo a famosa frase de Charles Swindoll, reagimos.

O que fazemos com a reação muitos autores chamam de inteligência emocional.

Melhor, o que fazemos com a inicial reação.

Percebe como antes dos dois segundos já classificamos o que há por vir?

Já qualificamos a experiência como boa, ruim, favorável ou não.

Sabemos, de fato?

Estamos sendo, desapropriadamente incompatíveis com os objetivos que eventualmente sequer planejamos?

Que resultado efetivo o ser humano é capaz de obter nessa fase, exceto pelas emoções e sentimentos, precursores de ações potencialmente irracionais no plano material, que possam servir de base para uma fundamentada conclusão?

ZERO.

Nenhum.

A equação da inteligência emocional é muito mais fácil e plausível, saída da boca de palestrantes motivacionais e dos livros de autoajuda, do que da realidade que criamos.

Quer tenha preconceituosamente ou estereotipicamente qualificada a situação conforme o mapa que lhe convém, são os resultados advindos do que se apresenta que verdadeiramente podem indicar se houve ganho ou perda… e, somente se, os objetivos estejam formulados.

Sim, algo supostamente “bom” ou “ruim” apenas por comparação do que se já viveu, sem analisar os resultados frente ao planejado dificilmente é uma coisa ou outra.

Complexo?

Nem tanto.

Digamos que… é mais simples do que desejamos e esperamos: a complexidade atribuída pela vontade de permanecer na zona de conforto… que cega.

Uma verdadeira celebração do status quo.

A manutenção do aprendido, uma justificativa para a conservação de energia.

Respire.

Ainda estamos nos dois segundos.

Isso… agora, expire.

Dê-se a liberdade de viver os resultados.

Dê-se a liberdade de viver.

Veja à sua frente as rédeas.

Tome em suas mãos, sinta a textura do couro batendo nas suas palmas.

Ouça o roçar daquele fio de controle correndo entre os dedos.

Isso.

Agora, puxe. Levemente.

Com ele, as emoções correm pelo corpo, unem-se à sua frente e, quando você abrir os olhos, estão sob seu controle.

Passamos dos dois segundos.

Passamos da reação e podemos entrar na meta-reação.

Neste exato momento, o que sente é insumo.

O que sente é matéria tangível para que você chegue numa encruzilhada:

A de decidir ou criar (e decidir).

Opções existem e elas estão diante de você.

Mas você é mais do que a vida lhe serve.

Você é um ser, antes de tudo, capaz de criar.

Então crie.

Crie oportunidades. Crie escolhas e, então, decida.

A partir de agora, você não é mais escravo da percepção momentânea.

Quem é você?

Ache-se. Exerça-se.

Você tem o poder de criar o caminho que o levará aos resultados que deseja.

Aja e quebre o ciclo do que o limita. Aprenda.

Reinterprete a sua realidade emocional através dessas rédeas que agora servem a você e… como qualifica o que promove em sua vida, terá o significado que merece.

Percebe a diferença entre ser passageiro emocional, reciclar reações e ter a chance de ser protagonista?

São em momentos como este que exercer o ser único que somos dá sentido à vida.

A bola é sua. Ou melhor, as rédeas.

#OGuiaTardio
@blogderomulo

Categorias
Coaching Motivação Pensamentos Com Vida Própria PNL

Quem É Você?

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

“O que eu estou fazendo aqui” – pensou.

Olhou para os lados e percebeu emoções à flor da pele, assim como as suas.

Transbordo quase incontrolável de sentimentos.

Viu olhares, lábios comprimidos em apreensão.

Rostos marcados pelo coração que bate forte, pelo medo.

“Será que eu quero isso para mim?”

Dúvidas.

Arrepios.

Dor de barriga.

“Não consigo. Impossível.”

Percebeu que aquela sopa de emoções tomava conta de si e de todos.

Travas. Barreiras.

Começou a notar ritmos distintos, maiores e menores poderes… gente diferente.

Pessoas… personalidades e individualidades.

“Como podemos ser tão diferentes? Isso não dará certo, não com tantas crenças estranhas amarradas a mim.”

E, como em um passe de mágica… como em metrônomos que entram em ressonância, tudo começou a mudar.

Aos poucos. Devagar, quase imperceptivelmente.

Sutileza, diante de uma vivência nada sutil… diante de provocações constantes, diante de tantos estímulos quanto um ser humano é capaz de suportar.

Surpresas.

Exaustão.

Indignação.

Lágrimas.

Aprendizado.

Mas a mente tem essa característica linda de fazer o corpo prosseguir.

E o ser humano segue.

Persevera.

Adiante, a realidade se forja.

Mais à frente, os impossíveis começam a ser substituídos pelo momento presente, uma celebração da capacidade humana de criar.

“Começo a ver quem sou, verdadeiramente.”

“Começo a ver quem são, no fundo…” – pensa.

E os metrônomos das vidas alheias se alinham.

A confiança surge.

A confiança a partir do respeito, construído em cima da diversidade.

“Somos tão iguais em nossas diferenças…”

E tão capazes de tudo em nome dessa diversidade, uma mistura sábia e ilimitada.

Empatia surge em um crescente sem limites… sem restrições.

Um grito primal, do fundo da alma, põe para fora todo o lixo carregado por décadas.

Agora, está claro o que me prende. Agora, no momento presente, identifico todas as crenças que me seguram e imagino um futuro de realizações.

Volto a sonhar. Aconteceu!

O ser humano olha para o seu sonho, no fim de uma caminhada que deixou de ser impossível e passou a ser um desafio.

O impossível vai perdendo o sentido… e transformando-se no motor da mudança. A dor vira estímulo de superação, a constatação de que ela passou a ser aliada.

Quando a mudança ocorre, temos uma segunda certeza, além da perenidade.

Somos adestrados a ter escolhas.

Mas mudança traz oportunidade de criar.

Traz o novo… e a chance de criar escolhas.

Ao ter escolhas entregues, temos a falsa sensação de liberdade inserida no ato de escolher…

Talvez a liberdade more no ato de criar.

Criar a si a partir de quem se é.

E quando finalmente percebe que o ser sai com força irrepreensível, a realidade vira um alvo móvel.

Uma nova identidade surge… uma identidade de impossíveis e “não consigos” deixados para trás, uma identidade capaz.

As dúvidas, os arrepios e a ansiedade não existem mais.

Por mais flechas que sejam atiradas, eu sobreviverei.

Agora, o que existe é o mais puro exemplo de ser humano:

Adaptação e superação.

Em um ato final de composição da alma, o ser humano bate no peito e grita: eu sou!

Naquela tarde de domingo, ao pôr do sol, sente-se sincronismo e ressonância.

Que sensação maravilhosa.

Sinto-me livre, voando para longe, como uma gaivota que conquistou a habilidade de voar mais alto.

É quase possível pegar nas mãos o sentimento de plenitude.

Cooperação.

Ele vê pessoas que fazem parte de si e vê a si em tantos…

O extraordinário… ah, esse é um destino coletivo.

O que será isso tudo, se não o próprio ato de viver plenamente?

O que é isso tudo afinal, se não aprender e viver?

 


O texto acima é a minha homenagem as pessoas que decidiram fazer o impossível acontecer e criam novas realidades para si, todos os dias.

Categorias
Coaching Comunicação Motivação Pensamentos Com Vida Própria PNL Profissional Sociedade Vida em Geral

Estímulos, Motivação e Autoajuda

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Tenho uma passagem emblemática na mente: a de um treinador, no topo dos seus pulmões, berrando para um atleta: “vaaaaai, você consegue! Você é capaz! Vaaaaamos! Assim!!! Mais um passo!! Agoooora! Issssoooo!!!!”

Nos últimos quatro anos, mais próximo da indústria da autoajuda, do coaching, das imersões e de várias outras experiências do gênero, algumas até mais espirituais, eu presenciei a mudança chegar na vida de centenas, talvez milhares de pessoas.

É uma indústria que causa transformação: a estratégia muitas vezes consiste em alterar o estado do indivíduo através de estímulos sensoriais, emoções fortes e situações de alto impacto e, aí, permitir percepções valiosas.

O caminho usado é amplamente estudado na psicologia e certamente traz mudanças. Algumas vezes positivas, outras vezes negativas… uma percepção que depende de um enorme número de fatores, como o tempo e o momento analisado, o passado, as experiências e o mapa da pessoa.

Os estímulos são apresentados em múltiplos níveis. Vão desde condições ambientais, passando por experiências comportamentais, novas habilidades, interposição de crenças e valores (ou questionamento de ambos), mudança da própria percepção de ser e de identidade e, em alguns casos, indo até o nível de pertencimento, conexões, social ou espiritual.

Nestes quatro anos, muitos continuam a me perguntar se vale a pena experimentar situações assim.

Só existe uma forma de responder a essa pergunta: para mim, valeu.

Mas a situação é mais complexa e quero fornecer elementos para uma avaliação pessoal.

Vamos por partes.

Talvez o mais importante seja a disposição de olhar para dentro.

Dores crônicas antigas são confortáveis. Se acha que não, examine-as: fortes o suficiente para serem percebidas mas fracas demais para provocar mudança. Nos acostumamos e aprendemos a lidar com elas, exatamente de onde vem o conforto.

Nossa própria identidade já conhecida é muitas vezes um desejo comum: não mexe no que tá quieto; sou assim mesmo e que me aceitem. O corpo humano tende à conservação de energia e mudar gasta energia.

Melhor dizendo, olhar para si e escavar exige coragem. Não se preocupe, apenas a coragem necessária para começar.

Em segundo lugar, temos a confusão frequente de estímulo com motivação.

E, sejamos francos, não são poucos os estímulos.

Eles alteram o estado emocional do indivíduo, fazendo-o crer que tudo é possível, está ao alcance do esforço e do trabalho, basta empenhar-se. Fazendo crer que nada pode parar uma pessoa determinada.

Pode. Ah e como pode! A vida é cheia de surpresas.

A maior força do ser humano não é determinação; é a capacidade de adaptar-se.

Portanto, estímulo que leva a uma suposta e aparente motivação momentânea apenas, é a mesma coisa que potência sem controle.

Gasto de energia.

Alguém berrando frases motivacionais no seu ouvido ou seguir perfis motivacionais nas redes sociais pode até gerar movimento, mas mudança e evolução são outras coisas.

Muito da autoajuda é essa provocação na nossa cara que causa movimento… então, você sai do lugar, age, levanta do sofá e se cadastra na academia, começa a dieta, para de fumar, para de beber, começar a ler, estudar…  mas a iniciativa, o movimento encerra-se dias depois… e nada de verdade muda. Nada em longo prazo e a maioria das pessoas nem percebe, porque nunca avaliou.

Se você já passou pela experiência e acha que estou exagerando, faça uma análise do que alcançou concretamente: você agradecerá a si por ir mais fundo, além do jargão motivacional.

Investigue quais o resultados de fato conseguiu. Isso sim é um excelente exercício para avaliar se o estímulo levou a melhoras e, olha, as emoções exacerbadas podem ocultar os reais resultados: quando estamos excitados, acreditamos que as meras possibilidades já estão realizadas.

Isso leva à motivação propriamente dita.

Os estímulos são externos, a motivação vem de dentro.

Um estímulo pode acordar uma motivação sem precendentes dentro de alguém, mas apenas ele não leva muito longe. Falei sobre isso em outro texto, sobre procrastinação.

Então, se o estímulo serve para uma busca interna, para o aprendizado e para o autoconhecimento, a motivação tão desejada será encontrada ou criada. Mas se ele estiver só, volta-se para o ponto inicial.

Pior, pode-se retornar para o início com a sensação de que muito esforço foi desprendido mas que não se chegou a lugar algum.

Em terceiro lugar, não há garantia alguma de que o estímulo levará à realização, transformação, compreensão ou mudança positiva imediata.

Eu creio que a mudança é eventualmente positiva, mas olhar para dentro pode revelar faces do nosso ser há muito ocultas, conscientemente ou não.

Trata-se de um caminho. Um caminho com algumas estradas perfeitas; outras estradas um pouco esburacadas, à beira de abismos e campos floridos. Uma jornada muitas vezes de lucidez, de tristeza, de raiva, de felicidade… de prazer e de realização.  E tudo bem, faz parte da natureza humana.

Portanto, entenda que não há nada de imediato na evolução e no crescimento.

Percebeu a implicação dessa afirmação?

Os estímulos são momentâneos.

Se eles nos colocam no caminho da evolução, ótimo. De fato, só saberemos ao avaliar os resultados obtidos. Só através deles que saberemos se houve ou não evolução. Eu particularmente não me canso de trazer a minha e a sua atenção à este ponto: quais os resultados conquistados, de curto, médio e longo prazo?

Não vale afirmar que sente-se bem somente.

Pro seu próprio bem e correndo o risco de ser qualificado como racional, meça.

O que considera um bom objetivo ou conjunto de objetivos a ser alcançado?

Emocionais? Materiais? Existenciais? Espirituais?

Chegou lá? Está chegando?

Como ouvi Sri Sri Ravi Shankar[1] falar uma vez… pergunte-se: eu estou mais feliz? Eu estou mais calmo? Quando meu humor se altera por causa das inúmeras coisas desagradáveis da vida, ele retorna à calma e à felicidade mais rápido do que antes? A sensação de pertencer a algo maior e de querer contribuir têm aumentado? A necessidade do material tem diminuído e ter saúde financeira apenas para comprar coisas e momentos se distancia?

Eu acho que muita gente menospreza tudo que é entitulado “autoajuda” justamente por isso.

Por um lado, há um número enorme de gurus vendendo estímulos e, por outro, muitos clientes achando que vão comprar a pílula da felicidade. A tal da modernidade líquida de Bauman[2].

A tão desejada solução externa.

Uma equação lucrativa e, por muitos, considerada exploratória. Junta-se a oferta perfeita para o querer desesperado.

Aqui, há uma consideração importante a ser feita.

Os que procuram as pílulas mágicas, as fórmulas encantadas e os métodos supostamente infalíveis das peças de marketing de treinamentos de autoajuda e das capas dos livros… potencialmente encontrarão decepção.

O sórdido é que a decepção não vem rápido. Demora a perceber que não se sai do lugar e o argumento do marketing vigente é que… se não funcionou, foi porque você não se esforçou o suficiente.

Clóvis de Barros Filho coloca isso muito bem.

  • Os dez passos para a felicidade…
  • A fórmula do sucesso…
  • As cinco maneiras de ser produtivo…
  • As quarenta leis da persuasão…
  • A fórmula de lançamento perfeita…
  • Os sete mandamentos da inteligência emocional…
  • O método infalível para ser rico…
  • Os doze hábitos da venda…
  • O segredo da mente produtiva…
  • Os 48 ensinamentos do poder…

Soam familiares as colocações acima?

Todos elementos externos de uma suposta mudança indolente. Todos argumentos de persuasão e manipulação emocional para vender a solução absoluta (tão absoluta quanto a peça de marketing seguinte).

Pare por um momento e me diga: qual mudança é realmente passiva?

Não se percebe uma incongruência fundamental aí?

Não adianta olhar apenas para fora. Há de se olhar para dentro. Há de se cavar. Autoconhecimento é mudar a partir de si. É enfrentar dores conhecidas, demônios pessoais, esqueletos no armário da alma…

Todas as fórmulas, métodos, passos, segredos, leis, mandamentos e maneiras têm o seu sucesso inteiramente dependente da gente.

Aqueles que procuram tais recursos no intuito de conhecer quem são, mudam de vida.

São os que estão dispostos a mudar verdadeiramente.

São os que estão dispostos a encontrar em si a motivação. A razão, o propósito e… Como já disse Viktor Frankl[3], propósitos podem ser criados. Está TUDO dentro de nós.

Mas Romulo, eu li um livro de autoajuda que mudou a minha vida! Eu fiz um treinamento que me transformou em outra pessoa!

Foi?

Certeza?

Foi o livro que mudou a sua vida?

Foi o treinamento responsável pela transformação?

Conveniente quando fazem isso com a gente, não é mesmo?

O nome “autoajuda” é extremamente apropriado, percebe?

Ajudar a si.

Permita-me entregar-lhe uma nova percepção.

Aliás, mudando de ideia, permitirei que você conclua.

Eu concluirei com parabéns, por ter se permitido e por ajudar-se.

Deixo uma reflexão, correndo o risco mais uma vez de retornar ao tema da motivação:

Diante de tudo que foi dito… se o estímulo é externo e se ele nos leva a agir, estaremos abdicando da nossa capacidade de escolha? Estaremos sendo manipulados ao permitir que estímulos externos guiem nossas ações puramente no emocional?

Será que… conseguimos usar os estímulos ao nosso favor e guiar a nossa evolução de acordo com quem somos, no fundo? Será que, com isso, mudamos quem somos?


Categorias
Pensamentos Com Vida Própria Vida em Geral

Amor Próprio

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Parece que quando uma pessoa não tem amor próprio suficiente, cede aos mais variados pensamentos, emoções e ações em favor de ser aceito e ser amado para compensar a falta do primeiro.

Talvez o equilibro seja tênue e o parágrafo anterior leve o leitor a achar que a condição acima é de não ter amor próprio.

Ao realizar uma autoanálise do passado, a impressão que tenho é de que a baixa autoestima provoca um recolhimento desse amor… mas eu não sabia o quanto. Nem por quanto tempo. Talvez apenas o suficiente para que o equilíbrio seja ameaçado.

Até agora. Agora parece que entendi. Que bom que aprendi ao perceber uma mudança potencialmente positiva.

Quando ele se torna suficientemente grande, a cessão ao externo se encerra.

Tendências de pensamentos, emoções e ações mudam, como num estalar de dedos.

Mentira.

Não foi num estalar de dedos.

Demorou.

Como uma bola arremessada ao longe, ela sobe e eventualmente desce… atraída pela força da gravidade.

Se arremessada em um ângulo fechado ou pequeno, dependendo da força, esse ponto onde ela deixa de subir e começa a descer pode ser imperceptível.

Mas ele ocorre.

É como se ele tivesse acabado de ocorrer.

Sinto isso dentro de mim.

Algo mudou, algo profundo aconteceu e eu acho positivo.

Antes só doía… dor sem sentido.

Tá, não tão ausente de sentido, afinal, ela levou ao momento presente.

Mas agora a dor é sinônimo de mudança. E…

De aceitação?

Não. Talvez a aceitação não seja parte da dor, apesar de mudança.

A aceitação parece ser a solução à dor mesmo com toda a mudança.

Categorias
Coaching Motivação Pensamentos Com Vida Própria Pessoal Profissional Vida em Geral

Deixa Que Eu Deixo

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Será que falar do lado positivo da procrastinação é tabu ou um assunto proibido?

Bem, falarei mesmo assim.

Procrastinação tem se tornado uma palavra maldita porque isso simplifica as coisas pra muita gente.

Eu gosto das coisas simples.

Infelizmente, neste caso, não é tão simples assim.

Em nome dessa simplicidade, ela tem recebido uma conotação bastante negativa, uma tendência de representar tudo de ruim que as pessoas conseguem associar à falta de ação.

Tudo aquilo ligado ao insucesso, ao fracasso, a falta de felicidade e de realização por não agir.

Um inimigo comum, objetivo, bem definido.

Solução? “Ter atitude, entrar em ação, agir!”

Não… não é apenas uma questão de convencer as pessoas a agirem de qualquer jeito.

Não é uma questão apenas de fazer alguém levantar da cama e seguir o seu dia.

Não mesmo.

E não adianta ler as receitas para “parar de procrastinar”. Não adianta que alguém berre no seu ouvido que você “tem de evitar a procrastinação a qualquer custo”.

Ou melhor, que deve ter atitude e, irremediavelmente, agir.

Em primeiro lugar, ela pode ser útil (sim, a procrastinação!)

Em segundo lugar, é necessário entender o motivo por trás da falta de motivação em agir (ou levantar da cama) e da baixa potência…  ou suas ações serão descoordenadas e improdutivas.

Potência de agir“, como diz Clóvis e Barros Filho, usando como base Spinoza.

O gato da Alice colocou a questão muito bem, dois séculos atrás:

“Se você não sabe para aonde ir, qualquer lugar serve”.

Potência de agir traduzida em ação sem objetivo… é gasto de energia.

Mas Romulo, “procrastinar” não é saber o que fazer e adiar?

Opa, esse é o ponto.

O corpo humano é uma máquina linda.

Dentro desse vaso que hoje representa milhões de anos de ajustes, temos muita água… temos carbono, oxigênio, temos ossos, músculos, sangue…

Neurotransmissores, sais minerais… temos um sem número de elementos da tabela periódica. Temos eletricidade, movimento…

E temos pensamentos. Sentimentos, emoções, identidade, ego, cognição, conhecimento…

Temos um número infinito de combinações, de formas, de  hábitos, impulsos e de conclusões.

Temos um cérebro capaz das coisas mais inacreditáveis… e que nos manteve vivo usando quatro estratégias: conservando energia, protegendo-nos das ameaças, adaptando-se e promovendo o contato social através da formação de grupos.

Quando você vai à academia pela primeira vez e, 48 horas depois não consegue levantar da cama, é o seu corpo se adaptando (e, ao mesmo tempo, dando um recado: quero conservar energia – continuar nesse ritmo vai na contra mão dessa conservação – se deseja um novo estado, trabalhe conscientemente para isso).

Aprender a dirigir? A mesma coisa.

Andar de bicicleta?

Escrever?

Pular corda?

Falar em público?

O corpo tenta conservar energia e proteger você. Em seguida, se você continuar, adapta-se, iniciando uma série de alterações e mudanças que permitam executar o que intenciona de forma mais efetiva.

Imagine o seu estado atual, chamado de ponto “A”. Imagine também o seu estado desejado, chamado de ponto “B”.

Entre A e B existe mudança, adaptação e tempo. Esse “tempo” é o necessário para que a máquina do seu corpo  promova as mudanças que o capacitam a chegar em B.

Você não tocará em B por acaso. Chegará treinando, correndo, pensando, lendo, exercitando…

Só que essas mudanças ocorrem em vários níveis dentro de nós. Elas são físicas, neurológicas, psicológicas, cognitivas e emocionais, acompanhadas de dor. Essa dor nos permite avaliar se a mudança e o esforço valem à pena ou não.

Você já se deparou com um problema que achou impossível resolver?

Ele deve ter provocado algum desconforto diante da impossibilidade… e, tempos depois, a solução surgiu em sua mente?

Acontecimentos do seu dia a dia trouxeram sentimentos e emoções insuportáveis que, com o tempo, tornaram-se suportáveis e, eventualmente… uma lembrança distante, como um luto?

Uma perda, trazendo lágrimas e sofrimento… para depois de alguns dias, semanas ou meses percebê-la como um fantástico aprendizado?

Você cria?

Escreve, pinta, esculpe, compõe?

Quem sabe… planeja, projeta ou define estratégias?

Já teve ideias e inspirações fantásticas cantando no banheiro, dirigindo (meu caso) ou, assim como no exemplo do problema, recebeu uma iluminação quase divina no meio da noite?

Sim, seu corpo se adaptou. Seus pensamentos e emoções também… e esse processo exige tempo. A questão ficou em sua mente sendo trabalhada… como em um processo dormente e ativo no fundo do inconsciente.

Chamemos de amadurecimento: o tempo necessário para que o seu corpo, o seu cérebro, a sua mente se adaptem e consigam lidar de forma adequada com exigências físicas, psicológicas ou emocionais.

Quanto tempo?

Depende.

Varia de situação para situação e de pessoa para pessoa.

Fato é, quando focamos em uma tarefa, entramos em modo de execução (e não de criação). Criatividade exige algum tempo de amadurecimento… E antes que você diga que estou ficando tantã, sugiro dar uma olhada no trabalho de Adam Grant (legendas em português) ou no seu livro, “Originais”.

“O que você chama de procrastinar, eu chamo de pensar.”
Aaron Sorkin

Agora talvez a tal da procrastinação comece a ter um sentido nunca antes imaginado por você.

Pois é, existe um lado positivo dela, quando no tamanho adequado.

Quando ela representa o respeito a essa adaptação, ela é útil.

Quando ela representa o processo de amadurecimento dos nossos músculos, da nossa mente ou das nossas emoções, ela é necessária.

Quando ela representa o tempo para reorganizar questões internas, considerar alternativas e ideias conflitantes… ela se torna mais útil ainda.

Compreende a necessidade do dia de descanso, para aqueles que fazem exercícios assiduamente?

Compreende agora a necessidade de desconectar-se, de reduzir o ruído de tudo que nos cerca, das telas em geral, da overdose de informação, interação e ter um tempo para si?

Quando a espera representa sempre um desejo irrefreável de fazer qualquer coisa, exceto aquelas que nos exigem a responsabilidade… aí ela se torna negativa.

Mas até nesse caso convém fazer algumas observações.

Se você não consegue acordar pela manhã e chama de procrastinação, pense novamente.

Se você foge das responsabilidades do seu trabalho, pense novamente…

Se você deixa para a última hora o estudo para a prova, pense novamente…

Se você deixa para a última hora preparar-se para quaisquer desafios… E, em todos esses casos chama de “procrastinação”, pense novamente.

Apenas agir, em todos os exemplos anteriores, não resolverá a sua questão.

Você conseguirá sim executar aquela atividade. Talvez uma vez… talvez duas… quem sabe três vezes.

Mais você vai parar.

E vai doer.

E você sofrerá.

Você sabe disso porque já viveu essa mesma situação um milhão de vezes.

Você agora está olhando para seu passado e lembrando quando foi que essa suposta procrastinação o impediu de alcançar os seus objetivos e quanto sofrimento você sentiu em dose dupla: o fracasso em si e a incapacidade de progredir.

Você tem absoluta certeza que a culpa foi da procrastinação?

Tem algo mais aí.

Tem incertezas.

Baixa autoestima.

Tem síndrome do impostor, ansiedade, tem depressão, tem péssimos relacionamentos.

Tem crenças limitantes, tem educação e experiências passadas.

Tem limitações físicas e emocionais.

Tem traumas.

Tem conflito de valores e de propósito.

Tem lutas internas gigantescas.

E tudo bem, faz parte de ser humano!

Eu quero que você reflita sobre o que realmente causa a procrastinação em você.

Quem sabe, depois de algum tempo identificando causas raiz, a procrastinação desapareça, mudando de nome.

Talvez você perceba a necessidade de dar tempo ao tempo na proporção adequada e… de conhecer a si próprio e suas limitações… reconhecê-las é o primeiro passo na direção de eliminá-las.

Eu acho que ouvi algum procrastinador inveterado pensando:

“Pronto, agora é só não fazer nada que as soluções chegarão até mim.”

Será?

Eu não elaborarei mais a partir daqui. O próximo passo e as próximas conclusões são suas.

Categorias
Coaching Motivação Pessoal PNL Vida em Geral

Estado: O Gestor das Nossas Experiências (*)

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Vá em busca do seu passado e lembre-se das seguintes situações que você provavelmente já viveu:

Ao chegar em casa de uma balada, seus pais lhe dão uma “dura” porque está muito tarde. Você vai dormir chateado. Apesar de ter estudado e normalmente tirar notas altas, na prova do dia seguinte você se sai mal.

Alguém tranca você no trânsito. Instantaneamente, o sangue ferve. Você fica com raiva, mas não consegue fazer nada na hora (ainda bem) por causa do caos do próprio trânsito. Ao chegar no trabalho, trata as pessoas rispidamente ou, pelo menos por algum tempo, sem a paciência e o carinho costumeiros.

Você tem uma briga com seu parceiro. Poucos minutos depois, seu(ua) filho(a) vem à sala pedir para dormir um pouco mais tarde jogando videogame, afinal, é noite de sexta. Você não reage bem e nega o pedido sumariamente.

Diante de um dia extremamente desafiante no trabalho, você termina sendo obrigado(a) a levar parte das suas tarefas para realizar em casa, pois tem uma reunião importante no dia seguinte. Ao retornar à noite, sofre uma tentativa de assalto em um local conhecidamente perigoso… Milagrosamente, você consegue escapar ileso(a) e sem perder nada. Ao tomar banho logo após chegar, percebe que ainda está tremendo e nervoso(a). Quando tenta focar nas tarefas a serem realizadas, enfrenta uma séria dificuldade para se concentrar e não consegue trabalhar.

Você vai à academia e coloca nos fones de ouvido uma música que considera empolgante. Quarenta minutos depois, deixa o treino com a impressão de que ele foi melhor da semana.

Nas situações relatadas, temos vários exemplos de estados emocionais distintos e que influenciaram o seu comportamento ainda por um bom tempo, algo que ocorre conosco diariamente e não usamos ao nosso favor.

Mas podemos e devemos.

Existem diversas formas de mudar o nosso estado ao nosso favor, para algo possibilitador, ao contrário de limitante. Não existe outra opção. As emoções influenciam o seu estado e o seu comportamento diretamente por até quinze minutos depois do evento gerador ou indiretamente por horas e dias, dependendo do impacto.

Você já viu uma a dança de guerra Maori? Ela é conhecida como Haka, e é realizada tanto para dar boas-vindas como antes de um enfrentamento. Trata-se de uma tradição mundialmente conhecida porque foi adotada pela seleção de Rúgbi da Nova Zelândia (All-Blacks) há mais de um século.

Assista a uma das apresentações (que você pode até achar estranha) e me responda: você acredita que o estado dos jogadores é empoderado? Será que o entusiasmo gerado com a dança ajuda ou atrapalha na partida?

O pulo do gato? Evite estados limitantes e incentive estados possibilitadores (ser positivo é fundamentalmente caminhar nessa direção).

Mas como?

Existe um conceito de três elementos que governam o nosso estado permitindo alterá-lo, a nossa capacidade de sermos positivos ou negativos e eventualmente chegarmos ao sucesso. Estou falando da nossa linguagem, da nossa representação interna e da nossa postura: como nos comunicamos externamente, como nos sentimos e “falamos” conosco e como nos “apresentamos para o mundo”.

Todos são igualmente importantes e o mais legal é que eles se influenciam. Um deles pode elevar os demais a um estado positivo assim como pode derrubar você. Acredito tão profundamente nesse conceito, nesses três pilares, que os tatuei no meu braço direito para sempre me lembrar de mantê-los adequadamente compatíveis com o que espero alcançar: a tríade do sucesso ou tríade da mente.

Já vimos amplamente a importância da linguagem positiva. E a representação interna? Ela pode ser reconhecida como a nossa linguagem interna. É aquela voz misturada com um pouco de emoção que sentimos ao olhar no espelho e afirmarmos ser ou não capazes de realizar algo. Às vezes não chega a ser uma voz; apenas uma sensação limitante ou possibilitadora associada a um pensamento.

É a impressão de uma coisa diante de nós ser possível ou não, ser feliz ou triste, ser calma ou agitada… e carregar uma emoção associada a uma intenção de reagir de acordo. É o estado empoderado ou limitante que surge de dentro da gente, transborda para nosso olhar, para nossas feições e… para a nossa postura!

Então vejamos. De acordo com um estudo (Carney, Cuddy, & Yap, 2010) liderado pela psicóloga social Amy Cuddy, que ficou mundialmente conhecida pela palestra no TED (Cuddy, 2012) sobre posicionamento corporal empoderado, a forma como você se porta tem profundas implicações em como você se sente e como é visto pela sociedade.

O seu estudo foi duramente criticado (Elsesser, 2018) durante anos (imagino que por causa do seu carisma e sucesso), fazendo com que ela retornasse com argumentos mais contundentes ainda em 2018 (Fosse, Cuddy, & Schultz, 2018), reforçando as suas conclusões e derrubando as objeções.

Tem muita gente que torce o nariz para essas colocações, apesar das incontáveis comprovações científicas. Além do trabalho de Amy Cuddy, estudos até mais antigos comprovaram que fazer expressões de sorriso causam uma tendência à felicidade (Strack, Martin, & Stepper, 1998) e que o oposto também ocorre com expressões negativas (Dimberg, Thunberg, & Grunedal, 2002). Ainda incrédulo? O simples ato de balançar a cabeça afirmativamente ou negativamente influencia a aceitação de que se ouve e o seu estado (Wells & Petty, 1980)!

Comece essa mudança por você. Mude a sua representação interna, sua postura e sua linguagem para algo que lhe ajude! Inicie aos poucos, evitando frases pessimistas, conteúdo negativo e pessoas como eu fui, na medida do possível.

Mas Romulo, não há garantia alguma de que fazer isso me trará resultados bons ou que evitará o fracasso! Não farei esse papelão…

Uma coisa eu garanto a você: não importa o resultado, ser positivo e cultivar um estado possibilitador lhe permitirá enxergar os sucessos com gratidão e os fracassos como aprendizado. Não importa o que aconteça, você se sentirá melhor. Sentindo-se melhor, certamente seus resultados serão eventualmente influenciados. Você estará desenvolvendo a habilidade de reagir melhor aos fatos da vida!

Em breve, postarei um texto sobre o mar de emoções que navegamos ou, em outras palavras… sobre inteligência emocional. Um abraço!


(*) Esse texto é parte do livro “O Guia Tardio

Categorias
Coaching Motivação Pensamentos Com Vida Própria

Da Vida Em Uma Nova Perspectiva

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

“De maravilha em maravilha a existência se mostra.”
Lao Tzu

Estamos tão presos em uma realidade limitante e tão ignorantes acerca da nossa existência que apenas sobrevivemos. Quando vivemos nesse estado, dificilmente enxergamos que uma mudança é necessária. Podemos viver toda uma vida assim e não contribuir para nada: nem para a nossa própria evolução nem para a evolução de ninguém. Uma existência tão inócua quanto inexpressiva e neutra.

Quanto mais eu estudo mais eu acredito na capacidade do ser humano de se transformar, de se superar e de carregar dentro de si um jardim lindo de coisas boas, de sentimentos possibilitadores, de bem querer… do amor à caridade.

Nós recebemos presentes a todo instante. Eles podem ser de inúmeros tamanhos. São mensagens que passam diante dos nossos olhos… ínfimos sussurros aos nossos ouvidos que ignoramos com frequência por estarmos totalmente absortos em um mundo repleto de estímulos e ego.

Estas mensagens vêm na forma de um por de sol, de um banho de mar… do nascimento de uma filha, da perda de alguém amado, da perda de um emprego, de um acidente, da leitura de um livro, de uma aventura como pular de paraquedas, de uma doença, de um treinamento, de uma viagem, de algum evento ou experiência mais contundente que pode se tornar uma epifania, um eriçar de pelos, um arrepio que nos percorre ao realizarmos se tratar de uma oportunidade quando prestamos atenção e temos o mínimo de maturidade para não desperdiçá-la.

Lembro-me de três destes eventos. O primeiro foi a depressão e as dificuldades enfrentadas quando perdi o emprego. O segundo foi quando quase morri por causa do meu desleixo em relação à minha saúde e o terceiro quando iniciei minha caminhada de desenvolvimento pessoal.

Desperdicei inúmeras chances e oportunidades como essas que sequer percebi como tal, só depois de muito tempo. Mas essas três me mudaram como pessoa em aspectos distintos. Ocorrências assim tem essa característica.

Passei por poucas experiências de quase morte (pelo menos conscientemente). Dizem que vivências dessa natureza têm o histórico de mudar nossas vidas profundamente. Eu não tenho dúvidas disso.

Contudo, foi pular de paraquedas no deserto de Nevada nos Estados Unidos que me trouxe uma perspectiva diferente.

Eu não achava que ia morrer então não se tratava de uma experiencia de quase morte.

Não, não é isso.

Estava relativamente calmo e bastante empolgado com a minha agenda daquele dia. Mas quando eu me senti caindo, solto naquele céu imenso diante do que talvez tenha sido a vista mais bela que já presenciei na vida, da vista da curvatura da terra eu senti a minha insignificância. A tão narrada sensação de grão de areia que tantos sentem em algum momento da vida. Uma calma inquietante, uma beleza opressora e uma sensação de humildade que é empurrada na sua existência à força, quer queira ou não.

Quando pousei, depois da euforia e da adrenalina passarem, fiquei reflexivo.

Além de todos os pensamentos, emoções e sentimentos que normalmente nos toma, um em específico me chamou a atenção: apesar de sermos tão pequenos frente a imensidão de cenário que é, por sua vez, um grão de areia diante do mundo… que é nada diante do nosso sistema solar que é outro nada diante da nossa galáxia que está entre bilhões de galáxias… o ser humano é capaz de tanto! Podemos considerar tudo isso infinito na falta de uma compreensão melhor e da nossa limitada capacidade mental, além da humildade nascida diante dessa abundância toda… para descobrirmos que também temos o infinito dentro da gente.

Percebam que perspectiva linda!

Somos seres capazes dos mais belos sonhos e dos pensamentos mais terríveis. Entre um e outro, paira uma infinitude de artefatos, um universo de combinações de percepções contido em si gerando comportamentos que nos permitem ir da maldade ao altruísmo, do pragmático à poesia, do respirar ao gerar vida. Nossa, como é irracional não exercermos o direito de realizar essa exuberância. Creio ser algo fundamentalmente contra a nossa própria origem e da razão de existirmos!

Você pode mais, sente mais e é capaz de muito mais do que foi feito a acreditar e disse para você mesmo durante tantos anos, após cada erro ou fracasso. Quando há honestidade, bondade no coração e vontade de evoluir, nos tornamos seres de luz e paz. Construímos juntos uma existência equilibrada e congruente com o universo que habitamos e nos tornamos uns aos outros livres no processo.

“A única maneira de lidar com um mundo sem liberdade é
se tornar tão absolutamente livre que sua própria existência é um ato de rebelião.”
Albert Camus

Categorias
Coaching Motivação Vida em Geral

O Que Faz Você Mudar?

Leia agora “O Guia Tardio”! (clicando aqui)
Assista ao canal no Youtube (clicando aqui)


 

Quando criança, você enfiou o dedo na tomada?

Já se queimou cozinhando?

Como ficou o seu coração depois do rompimento do seu último relacionamento ou diante da perda de um ente querido?

Ou diante de uma decepção relacionada a alguém em quem confiava ou da perda de um emprego?

Peço desculpas por ter feito você imaginar as situações acima e talvez até lembrado de algo desagradável.

Agora, me responda: o que há em comum entre os cenários acima?

Se você respondeu “dor” ou “sofrimento”, acertou.

Se você respondeu coisas como “mudança”, “aprendizado” ou “evolução”, acertou também.

Pare por um momento para compreender porque as coisas são desse jeito.

A dor é um mecanismo que surgiu da nossa evolução como animais: trata-se de um alerta, uma mensagem para que nós avaliemos o que está acontecendo. Ela é associada ao evitamento, à intenção de se afastar, tão logo seja descoberta a(s) sua(s) causa(s).

Isso pode acontecer quase que instantaneamente como, por exemplo, ao sentir o fogão aceso, impondo uma temperatura prejudicial ao tecido do seu braço. Em um reflexo, afastamo-nos.

A nossa reação varia muito e está intimamente relacionada à descoberta ou suspeita da causa. Quanto mais fugitiva, maior o desafio em reagir adequadamente. Contudo, a manifestação da dor é, na maioria das vezes, aguda e rápida.

Com as questões imateriais, do coração, do sentimento, dos valores, da ética, da moral e de tantos outros universos que podem dar origem a uma dor também imaterial, a sua manifestação tende a ser inicialmente aguda, transformando-se em crônica.

Em qualquer caso, a mensagem é clara: MUDE ALGO, AGORA! A dor é um indicador claro de que alguma coisa precisa ser feita e é necessário mudar.

“Transformação sem trabalho e dor, sem sofrimento, sem um sentimento de perda é apenas uma ilusão da mudança verdadeira.”
William Paul Young

Dor e sofrimento geram mudança.

Nas últimas três semanas, tenho me deparado com algumas literaturas que me fizeram enxergar algo.

Para explicar, temos que entender algo antes: do mesmo jeito que a dor e o sofrimento geram mudança, a nossa mudança como ser gera dor e sofrimento. Ou seja, há uma transitividade aqui e isso é muito importante.

Alguns autores afirmam que a dor da mudança é, na verdade, a resistência que oferecemos. O argumento é: sem resistência, sem dor. Entendo que essa resistência pode ser minimizada mas não eliminada. Nós, como animais, somos assim: feitos para conservar energia (e mudar gasta energia).

Não há forma de evitar isso. Mas certamente podemos agir para minimizar essa resistência. Autoconhecimento é uma delas.

Tenho escrito copiosamente por aqui sobre a dinâmica entre zona de conforto (que gosto de chamar de estagnação existencial), zona de esforço (que chamo de evolução existencial), dor, sofrimento, aprendizado e evolução.

A dor faz parte do nosso dia-a-dia e é um aprendizado útil saber lidar com isso de forma adequada. Muitos permanecem em uma estagnação existencial justamente para evitar essa dor da mudança.

Pense numa balança com dor e sofrimento de um lado e desejo e mudança (incluindo aprendizado, evolução e resultado) do outro. Se a dor for maior, você não se move. Se o desejo ou a necessidade de mudança forem maiores, você segue.

“É preciso a chuva para florir.”
Tocando em Frente – Almir Sater

Mas existe um outro elemento nessa equação de evolução, talvez o mais importante (se é que é seu interesse obter resultados): motivação.

Ela é uma grande amiga sua. Faz a balança pender para a mudança e, dependendo do seu tamanho, pode permitir suportar níveis inimagináveis de dor e sofrimento. Aliás, pode inibí-los, como um anestésico.

E aí, para contextualizar tudo que foi dito, faço uma pergunta chave: onde você quer chegar? Você quer coisas materiais, dinheiro, sucesso ou fama?

Quer ser mais amoroso, carinhoso, inteligente, culto ou companheiro? Quer mudar como pessoa?

Existe certamente um caminho de dor e sofrimento até chegar lá.

Então, a questão passa a ser: quanta motivação eu tenho dentro de mim para suportar a dor necessária a percorrer o caminho, chegar “lá” e manter ou evoluir o status?

Pense na motivação como a materialização da sua vontade, da capacidade de chegar aonde deseja, de obter o que quer ao manipular a única variável sob seu controle na equação da evolução! (A alternativa é desistir…)

“A mudança acontece quando a dor de permanecer na mesma é maior do que a dor da mudança.”
Tony Robbins

Motivação, essa coisa tão presente na vida de alguns e tão efêmera na vida de outros.

As pessoas tendem a achar motivação em fatores externos, como um pai, mãe, filho, pessoas próximas, dinheiro ou um sem número de coisas materiais. Chega a ser engraçado que muitos considerem de certa forma o objetivo como motivação.

Você chega para um indivíduo e pergunta:

“Qual a sua motivação para ser rico?” “Ah, é nunca mais pagar contas.”

“Qual a sua motivação para vencer na vida?” “Ah, é dar uma vida legal para minha esposa e filhos.”

“Qual a sua motivação para ganhar as olimpíadas?” “Ah, é por causa da minha mãe que era atleta e não conseguiu chegar aqui.”

“Por que você fez esse curso?” “Ah, porque meu pai quis.”

Nãoooooo! Não funciona assim…

“O crescimento é doloroso. A mudança é dolorosa. Mas nada é tão doloroso quanto ficar preso onde você não pertence.”
N. R. Narayana Murthy

Perdoem-me, mas as respostas acima indicam ou ingenuidade, ou desconhecimento dos próprios valores ou falta de rumo (talvez a combinação destes).

  • Nada material deve ser a origem da sua motivação.
  • Sucesso não deve ser a origem da sua motivação.
  • Dinheiro não deve ser a origem da sua motivação.
  • Ninguém deve ser a origem da sua motivação.
  • O que sua família quer não deve ser a origem da sua motivação.
  • O que alguém quer (seja pra você ou não) não deve ser a origem da sua motivação.

Eu costumo dizer que, não importa o que se acha ser uma motivação externa, um valor pessoal a precede.

Seus valores devem ser a origem da sua motivação.

Quando me refiro a pai, mãe ou filhos, penso no valor “família” como origem importante. Dinheiro e coisas materiais podem significar crescimento, estabilidade e até liberdade ou independência.

Qual a importância disso? Muito fácil: fatores externos são comumente passageiros e fraquíssimos diante de motivadores internos. Podemos ser uma fonte inesgotável de perseverança ao usarmos nossos valores como combustível.

Portanto, sugiro fortemente que você descubra quais são os seus. Eu posso ajudar você nessa jornada.

Para finalizar, se esse texto tem a intenção de deixá-lo com uma mensagem, é essa:

Se está doendo, algo precisa mudar.


Leitura sugerida:

(*) Este livro em especial traz uma ótica da vida com a qual não compactuo. Particularmente acho o texto agressivo demais e muitas vezes negativo, trazendo uma visão limitante e focando na problemática e não nas possibilidades. Entretanto, ele possui alguns insights interessantes e muitos podem se identificar com ele. Eu tenho uma teoria a respeito disso: quando estamos em dificuldades, tendemos a achar tudo uma porcaria e a usar uma linguagem muito semelhante. Entendo que pessoas nesse estado se identificarão com a linguagem e com as colocações e isso foi usado como estratégia para torná-lo um best-seller.

Na sequência, Mark Manson lançou outro livro chamado “Fodeu Geral” que, aí sim, é uma obra de arte.