O resultado que você vive é a recorrência que mantém através dos espasmos de motivação que fazem você acordar e levantar… porque, sem eles, o resto inexiste.
Percebe? São interdependentes.
Hábito gera recorrência e a motivação leva à superação. Ambos são necessários.
Essas frases têm implicações em TODAS as áreas da nossa vida.
Meu texto hoje é sobre argumentar como elas são importantes e como a compreensão das suas implicações podem mudar a vida de qualquer pessoa. Mas existem algumas questões não tão claras.
Temos uma concepção equivocada de que a excelência advém da prática como acúmulo.
De certo modo, faz sentido… mas não é dela… e usamo-la para medir inúmeros desempenhos profissionais que exigem proficiência.
Não vou longe para realizar o meu argumento. Um piloto de avião é considerado tão bom quanto o número de horas que tem em um determinado avião ou configuração.
Isso até pode servir de parâmetro, mas a passagem do tempo é implacável, por exemplo, no esporte e… não é um bom denominador de proficiência ao longo do tempo, não como grandeza… Acumulada.
O que de fato mede a proficiência ao longo do tempo é…
O exercício constante vezes o tempo.
Não é o tempo total de experiência, mas quanto se dedica ao longo do tempo para a experiência.
Vejam a foto abaixo:
Aqui, vem um reconhecimento doloroso:
Ela NÃO É resultado de X horas de treino acumuladas.
Ela é o resultado de 2 horas de treino diário em média, mas todos os dias.
Dói? Sim, mas é a realidade.
Chegar a esse agrupamento à 18 metros com arco recurvo olímpico e repetir… fazendo frequentemente acima de 520 pontos, não é resultado de treino acumulado.
Ou horas de voo…
É resultado de horas de voo POR dia… por semana.
Percebem a diferença?
Não há um acúmulo de uma determinada experiência que traga máxima excelência.
Máxima excelência exige constância, dedicação o tempo todo.
Tempo vezes tempo.
Tempo ao quadrado.
E você pode querer pagar o preço ou não… tá tudo bem… é só entender o que é necessário para chegar a um determinado destino.
De tiro com o arco já entendo um pouco.
Excelência mora em treinar 8 horas por dia durante anos, algo fora das minhas próprias expectativas.
Pergunte-se: estou disposto, em minha vida, a dedicar-me à frequência necessária ao resultado procurado, mesmo sem garantia dele?
Pergunta profunda.
Fazer o que deve ser feito (se souber) provavelmente o coloca na direção adequada, mas nada garante o sucesso. Não há fórmula.
Não se engane, o caminho para o resultado idealizado é mais simples do que parece…
Mas “simples” é diferente de “fácil”.
E isso traz uma questão:
Idade.
Não é à toa que atletas olímpicos caem de rendimento com a idade.
Além do corpo fisicamente não ser o mesmo de alguns anos atrás, o tempo dedicado ao esporte cai, na média.
Mas Romulo eu quero ser uma pessoa de alto rendimento e…
Dar resultados sempre e…
Atingir minhas metas e…
Atender às expectativas e…
Entregar acima de tudo e…
Tenho 48 anos e trabalho com vendas desde os 30… já me deparei com empresas de altíssimo desempenho, de pessoas que procuravam desempenho à todo custo, fazendo o possível e o impossível para dar 100% de si 100% do tempo.
Não contei toda essa história à toa, pois continuo escutando a febre do alto desempenho todos os dias, à todo momento.
Como se as pessoas de forma generalizada não só pudessem dar 100% de si 100% do tempo, mas fossem obrigadas a tal para chegar na perseguida realização e felicidade.
Se essa é a sua conotação de “vida feliz” e com bem-estar, vai se fuder muito amigo(a), anote.
Então, contabilize em sua equação as mudanças do tempo e corporais, do contrário, só colherá frustração.
Quando eu disse que a frase do inicio tem implicações profundas, não estava brincando.
Ela vai no sentido de perguntar a você:
O que deseja de fato manter como constante em sua vida ate o leito de morte?
Além disso, o que de fato importa até lá?
Poucas coisas, certamente, não apenas pela vontade, mas pela capacidade.
Não obstante, são elas que constroem o que conquistou ou conquistará, ainda.
Injusto?
Não sei. Talvez seja mesmo, o mundo é um lugar bem injusto.
Então, ao desejar… calcular o que há por trás do objetivo a ser alcançado… leve em consideração o caminho e aquilo que consegue ser mantido, pelo maior tempo possível constantemente.
Considere o processo porque… as experiências residem nele.
Será que a motivação não vale nada e julgar a si é em detrimento de ser?
Pelo contrário…
Vale muito, tanto quanto o suficiente ao fazer você jogar a fronteira do que consegue manter para mais adiante, não importa a idade.
Querido(a)… não existe certo ou errado aqui.
A resposta é no sentido daquilo que fará você viver melhor até o fim da vida, sem se comparar a ninguém, talvez a si próprio e… convenhamos, talvez.
Sacou?
A questão é sua, a resposta idem.
Se tive sucesso, mostrei o que de fato importa (talvez para nós), dificilmente estabelecerei uma argumentação que faça sucesso com você, especialmente se considerarmos que a natureza humana é totalmente diversa e alheia aos resultados que eu desejo, quanto mais a sociedade (injustamente, afirmo).
Será que perseguir o agrupamento me fará ter mobilidade suficiente para garantir uma boa qualidade de vida até, digamos, os 70, 80 anos?
Será que… é isso o que importa? O que de fato importa para você, que talvez não tenha a mobilidade que eu tenho?
Querer, como agente que perpetua o processo de entrega através de um próprio corpo sem limitações é muito fácil para “quem pode”.
Eu treino na média 2h todo dia, incluindo arco e musculação… e tem gente dizendo no meu insta que eu deveria treinar mais membros inferiores.
Ninguém que faz uma colocação assim faz mais do que eu faço.
Ninguém que faz uma colocação assim pensa em inúmeras pessoas que não tem a mesma capacidade, física até.
Sim, pensei em um foda-se categórico, mas ele não ajuda ninguém. É só um exercício egóico.
Isso causa uma compreensão da vida sem tamanho.
Principalmente quando se entende a necessidade de incluir e acomodar as necessidades de alguém com 1 ano ou… 90 anos diante das intempéries diversas da vida, bem distantes da equidade.
Sim, muitos de vocês passaram pelo primeiro ano, mas estatisticamente, menos de 20% passarão pelos 90.
Estendamos a compreensão… sobre quando a gente percebe que a vida é permeada de pessoas que não tem as mesmas capacidades que as nossas.
Adicionando à proposição do título, “manter’ é incompatível com uma existência humana inclusiva. E não me refiro apenas à idade.
Percebe como somos excludentes e não nos damos conta?
Invoco mais uma vez a palavra “equidade”. Talvez precisamos mais dela em nossa sociedade.
Reflita…
Mas reflita com algumas provocações finais:
- Não há certo ou errado. Há uma penca de nuances de cinza entre os parâmetros daquilo que você ingenuamente considera o mapa de mundo… e o seu é diferente dos outros;
- Não há concepção de perfeição em um pool de matéria humana diversa, especialmente matéria humana com capacidades distintas;
- O máximo do seu eu exercido ao longo da sua existência SERÁ superado. É uma questão de tempo;
- “Impossível” é um concepção pessoal, individual. O questionar dessa concepção é a prova da afirmação e a nossa história, como humanidade, fornece as evidências de quantos “impossíveis” deixaram de existir;
- Não somos melhores ou piores do que ninguém. Somos diferentes;
- Todas as peças voltam para a caixa depois da partida do xadrez da vida. Não importa o tamanho ou o tipo da peça.