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O Sucesso Como Propriedade

Nenhum sucesso é precedido impreterivelmente de sucesso.

Exceto se sucesso para você é, metaforicamente, o exercício de uma subida de escada.

Somos seres de contrastes e percebemos algo como vitória diante de uma experiência anterior de derrota.

Será?

Não quero associar esse contraste em específico com uma batalha ou competição.

Tem tropeço, tem degrau, tem erro aqui e acolá, tem falha, condição essencial de uma existência imperfeita e nada disso é competição por definição. A gente cria muitas dessas competições em nossa mente através da comparação.

Não obstante, o sucesso engloba o fracasso.

Cada algo percebido como tal é um empurrãozinho na direção adequada de uma percepção muitas vezes volátil.

Sim, porque sucesso é uma definição pessoal. Você tem essa liberdade e não deve explicações a ninguém. Esse é um direito seu do qual abre mão.

Cabe um arrazoado neste sentido. Vejamos.

Se o seu sucesso depende de plateia, está a caminho da infelicidade.

Mas cada superação é no mínimo uma insatisfação com o estado anterior.

Cada superação é uma análise comparativa, específica e pontual. Plateia e aplausos podem ser potencialmente evidências para uma avaliação.

Só que essa inquietação e insatisfação são um dos maiores artifícios de motivação que podem existir em nossas vidas e…

Tenho plena certeza, motivo pelo qual muitos superam-se.

Não tem coisa mais linda na existência humana do que olhar para trás, perceber cada momento de dúvida de si, de suposto fracasso… hesitar, respirar fundo…

Abrir os olhos… olhar para frente, para o futuro e pensar consigo: subi um degrau.

Contextualizada a questão, “subir um degrau” já é um “sucesso”. Percebem?

Fracasso sem mudança de estado é morte existencial.
Mas fracasso seguido de mudança de estado é sucesso por definição.
Só, talvez, você não perceba.

Eu falo disso com conhecimento de causa, ensinado por 22 anos de vitória sobre a depressão.

Este texto não é sobre a minha experiência com a depressão diretamente, mas como a concepção de “vitória” na frase acima, como definição de sucesso, é própria, um conceito para o qual tenho a propriedade.

E, aqui, evidencio o ponto mais importante: tomar para si através do autoconhecimento a propriedade de definições como vitória, fracasso, sucesso.

Já parou pra pensar que, de certo modo, todo ser humano é um ratinho correndo em um vídeo do genial Steve Cutts?

O que nos motiva a correr são as definições externas como no vídeo.

Estamos falando de uma indústria de 50 bilhões de dólares no mundo. Isto se consideramos apenas o lado da autoajuda.

Se tornarmos a questão mais abrangente e considerarmos todas as situações onde perseguimos uma definição externa de sucesso em um contexto de terceiros, temos 99% de todas as situações motivacionais do mundo que envolvem trabalho e falo isso só para provocar.

Sim, eu acho que aquilo que consideramos ser sucesso tem influência máxima em nossa felicidade.

Se eu abro mão de definir sucesso em favor daquilo que definem para mim, estou abrindo mão de um poder enorme.

Caramba… como fiz isso ao longo dos anos e como isso influenciou meu bem-estar.

Percebe o poder abnegado em favor do reconhecimento?

Se o sucesso é definido por um terceiro, entidade, organização, grupo ou pessoa e isso faz você ir na direção planejada (por eles) ou comportar-se de uma forma determinada, por que você acha que chegará e manterá um dia o “sucesso”, se isso mantém você sendo manipulado na direção desejada pelos outros? Pode acontecer? É claro! E certamente mudará.

Surpreso como a definição de sucesso externa é alterada à medida em que alcança seus objetivos?

Um alvo móvel e inalcancável.

Se a sua definição de sucesso é continuar a subir a escada dos outros, tá tudo bem. Se é um destino específico dos outros, não tá tudo bem assim.

Sim, chegamos ao cerne da questão: permitimos o sucesso como definição externa para também permitirmos o eventual julgamento social de nós mesmos como seres de potencial sucesso terceirizado.

Isso é insano.

Só reconhecemos como sucesso aquilo exercido pelo agente que julga, usando critérios externos de sucesso.

Só gostamos do sucesso quando há aplauso?

Eu acabei com essa concepção na época em que gravei esse vídeo para o YouTube mais de 2 anos atrás.

Colocar definições de sucesso, fracasso, vitória ou derrota no exercício  potencial de aplausos coloca todo o poder sobre nossa felicidade nas mãos dos outros.

Não permito mais essa terceirização. Não permito mais a propriedade do *meu* sucesso nas mãos de quem nem me conhece.

Quer me julgar?

Fod@-s3.

Ser aplaudido é bom. Mas acordar pela manhã sentindo-se bem sem depender de ninguém, não tem preço.

E, se para isso, precisar revisitar minhas próprias definições existenciais, respeitadas algumas convenções sociais e culturais importantes, que seja.

Se eu precisar criar uma régua para medir minha própria existência no sentido de ser mais feliz, criarei.

Só não deixarei mais essa régua nas mãos de ninguém.

Apropriei-me.

Convido-o a apropriar-se.

Como seres sociais que somos, quer saber o que traz mais realização?

Reconhecer as réguas alheias. Compartilhá-las com aceitação e respeito.

Mas isso é tema para outro ensaio.


Fonte da imagem: https://www.appalachianaxeworksshop.com/listing/738468854/vintage-folding-ruler-stanley-sweetheart

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Sobre Jornada, Destinos, Falhas e Arrependimentos

Sabe… Eu tenho 47 anos no momento.

Exercitei-me valeeendo por mais de 15 desses 47.

Mesmo assim, cheguei à obesidade, emagreci e recuperei algum peso.

Durante o tempo em que me exercitei seriamente, até recentemente, foquei nos resultados, como se treinar fosse um objetivo a ser alcançado.

Ficar saradão, no shape, trincado… Quanto menos porcentagem de gordura, melhor. Primeiro 20, depois 15, 10, 8.

Mas eu não chegava lá.

Aliás, cheguei várias vezes, mas nunca era o suficiente.

Eu comecei e parei várias vezes. Não era prazeroso.

A última, foi em dezembro de 2018, depois de 12 anos treinando praticamente todos os dias (confesso, no último ano farrapava mais).

Mês passado voltei a me exercitar e a treinar pesado.

Sabe do que me dei conta?

Não é apenas sobre o resultado.

É sobre a jornada.

Com sucesso, felicidade e realização é a mesma coisa.

Será por isso que antes, ir à academia era um desafio, um esforço e às vezes uma dor, enquanto hoje, é o que me faz sair mais rápido da cama às 4:20?

Então, quero colocar uma treta para vocês.

E, antes de fazer isso, definamos algumas questões.

Primeiro, vivemos em uma sociedade onde as delimitações de sucesso, felicidade e realização são como destinos a serem alcançados.

Imaginem uma prateleira e, lá, caixinhas para cada uma dessas coisas. Objetos brilhantes que nos excitam.

Uma casa, um carro, um homem ou mulher, uma bolsa, uma jóia… até status.

As narrativas desaparecem em favor de momentos estanque e voláteis para a roda girar mais rápido.

É tudo tão… líquido.

Isso é intencional e atende a uma agenda, que cria uma cenoura para você perseguir.

Quem controla o objeto do seu desejo, controla você.

Quem desperta em você o desejo por algo externo, controlado pela mesma entidade, também.

Essa cenoura parece ser o que desejamos, mas é o que uma ou mais entidades externas querem e… convencer você de que “é a mesma coisa” é uma das grandes armas de manipulação desse sistema.

Terminamos acreditando fielmente que essas definições são nossas próprias concepções de felicidade, sucesso ou realização.

Dor e desejo fazem o homem se movimentar. E nada como provocar ambos para se obter o que é planejado, movimento na direção da manipulação.

Mostram a dor, apontam para ela e fazem você sentir vergonha… Despertam o desejo e criam o movimento de afastar-se do indesejado em direção ao cobiçado.

Uma reta que alinha os dois, gerando movimento no sentido da dor para o desejo.

A cenoura perfeita.

Aceitamos isso de boas, porque dá um barato… O consumo é um exemplo clássico dessa mecânica.

Vícios também.

Aliás, como essas definições nos são entregues e estão atreladas ao desejo e ao prazer, ninguém questiona, porque faz sentido.

Apropriamo-nos dessa idealização. Percebemos como nosso.

Só faz, só corre, só persegue… E somos controlados através desses mecanismos.

E esse “corre” é tão absurdo, tão frenético que ninguém para… Ninguém olha para si, para dentro e descobre suas próprias definições.

Segundo, não existe ser humano perfeito. Todos os seres humanos, para começarem a errar e a falhar, bastam nascer.

Não entrarei no mérito de imputar responsabilidade ou culpa… A questão é que a imperfeição traz, obrigatoriamente, aquilo que reconhecemos como erro e falha.

Não existe a possiblidade de ser diferente disso.

O conceito social de imperfeição não só é ligado ao errar e ao falhar; são a mesma coisa.

Mas errar e falhar podem ser percebidos não como imperfeição, mas como algo inato da evolução.

E, se do nascimento à morte, vem a certeza de que teremos uma jornada repleta de erros e falhas, como podemos estabelecer um critério de felicidade, sucesso e realização que é um destino?

Se pensarmos sobre a existência humana, o único destino absoluto é a finitude, deixar de existir… Morrer.

Já pensou que nesse corre para o sucesso, vamos cada vez mais rápido em direção ao fim e desprezamos a caminhada?

Aqui, entram as crenças individuais de continuidade pós morte do corpo físico… Mas deixo cada um com suas crenças.

Terceiro, se para o ser humano a perfeição é inalcançável, errar e falhar é uma constante de existir.

Colocados esses pontos, lá vem a treta:

Se é impossível para o ser humano ser perfeito, por que insistimos em colocar o erro, a falha e o arrependimento como vergonhas, coisas que fazem parte da nossa natureza?

Por que insistimos em colocar a obtenção do sucesso e da felicidade como um destino definido pelo externo, contrariando aquilo que vai dentro da gente?

E olha, nem falei sobre arrependimento ainda… Mas falarei agora.

Durante anos, ouvi muita gente próxima encher o peito para falar que não se arrepende de nada do que fez na vida.

Eu aceitei isso como verdade por muito tempo.

Então resolvi dedicar uns 2 neurônios à questão e cheguei a uma opinião completamente contrária.

Olho para o meu passado e lembro de inúmeras situações das quais me arrependo.

E quando eu tenho essa sensação de arrependimento, é muito no sentido de que eu percebo o mundo hoje diferente do que percebia na época…

E essa sensação não é negativa.

Arrepender-se (4) não só é um ato de coragem: é coroar a própria evolução com aprendizado e fazer alguma coisa no sentido de corrigir as cagadas feitas.

Houve aprendizado (1), crescimento (2) e acho que evolução (3)… E essa sensação não seria possível sem os três.

Eu não consigo ver uma realidade onde os quatro não estejam associados… E, quando isso acontece, arrepender-se vira troféu.

Eu não consigo perceber como alguém cresce, evolui, desenvolve-se e não se arrepende de nada.

Na minha cabeça, as únicas formas de alguém olhar para o passado e não se arrepender são…

Não errou, não falhou ou não aprendeu e não cresceu.

Não tem como ser diferente e as duas primeiras opções não existem para quem é ser humano.

Ou seja: quem não se arrepende de nada… Errou sim, falhou sim, machucou sim outras pessoas, mas não reconhece isso.

Negação ou desconhecimento de si.

Fale-me mais então alecrim dourado, como passou pela vida, como ser imperfeito e acredita que nada poderia ser melhor ou diferente.

Que não machucou ninguém, que não pisou na bola nenhuma única vez.

Eu vou parar por aqui porque o texto não é uma determinação de caminho, mas apenas um estímulo.

Pense: se você vive em um contexto de grupo social onde errar e falhar é uma vergonha, será que esse contexto faz bem a você?

Proponho pararmos de reconhecer o erro, a falha e o arrependimento como vergonhas… E passarmos a vê-los como parte do nosso mecanismo de evolução.

E essa ideia não é minha, Brené Brown fala isso há mais de 10 anos.

Ah, mas Romulo, tem situações que errar ou falhar pode significar a morte para um monte de gente!

Sim! É por isso que existem processos e redundância… para quando as consequências de falhar e errar não são opções aceitáveis.

Parafraseando Nassim Nicholas Taleb, se um sistema não contempla a falha ou o erro humano, ele está condenado ao fracasso.

Nada que evolui retorna ao estado original. Se houve mudança, há diferença. Se há diferença, não é resiliência que busca.

Um sistema que almeja a resiliência, não evolui.


 

Para saber mais:

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“Não existe tentativa”… Existem Muitas, Mestre Jedi

“Não tente. Faça ou não faça. Não existe tentativa.”

Meu amigo verdinho, permita-me respeitosamente discordar.

Existem inúmeras tentativas, sempre existiram, sempre existirão…e a sua própria existência conceitual e criativa, como produto da mente de um homem, deve-se a isso.

A primeira vez que ouvi essa frase na pré-adolescência, incomodei-me muito e foi no próprio filme.

Um conceito com o qual não só não concordava, mas achava completamente absurdo e que não fazia sentido diante da realidade… apesar de, na época, não ter a noção de que a percepção advém da natureza humana e, consequentemente, faz parte da sua realidade também (isso mesmo caro leitor, falo de você mesmo).

Você pode não querer ou não gostar e até ser fã de Yoda, mas não há como fugir disso porque não há como fugir de ser humano.

Contudo, não gosto da palavra “tentar”.

Ela tem um exercício mental complexo e múltiplas interpretações, principalmente emocionais.

Alguns dizem que associar algo ainda não exercido ao conceito de “tentar” é uma receita para dar errado (WTF man? Já ouviu falar em PDCA?)

Uma percepção ligada à prática motivacional, uma programação da desistência, da concepção da falha e do desistir antes mesmo de colocar a mão na massa.

Uma representação do que pode dar errado como barreira ao resultado.

Sim, há essa implicação e ela é relativamente sólida.

Por outro lado, se olharmos para o passado veremos que as tentativas são as coisas mais comuns que existem.

Para cada êxito, existem inúmeras falhas e erros, formas que não deram certo traduzidas em tentativas.

Até mesmo coisas que deram relativamente “certo” podem ser vistas como tentativas, se algo mais eficiente for implementado depois.

Aliás, olhe para o seu passado, para TUDO que fez, que não saiu como planejado ou não alcançou o resultado esperado.

Olhe para o passado da humanidade… será que não foi exatamente o que fizemos há centenas de milhares de anos?

Evoluir? Errar, falhar, fazer, encontrar formas mais eficientes e chegar a melhores resultados?

Para CADA passo dado, houve, pelo menos, uma tentativa.

Na prática, para cada sucesso, objetivo, meta, destino, existem inúmeras tentativas.

Esse é o mecanismo de evolução do ser humano.

Tentar, se foder, aprender, corrigir, fazer novamente.

Não tem “feito”, sem fracasso.

Não existe um único ser humano que não tente.

Se não tenta, não está vivo.

Não há como eliminar o conceito de tentativa da existência humana enquanto formos seres imperfeitos.

O foda é que as pessoas não entendem isso e massacram indivíduos pela jornada.

O problema, exceto pela eventual programação, não é o “tentar”.

O problema é a merda decorrente de “tentar”, se ferrar e ser julgado como incompetente, incapaz e tantas outras coisas. O problema está na não aceitação da natureza humana imperfeita.

Não existe ser perfeito que não tenta e não erra.

O que a gente realmente precisa é o fim do preconceito motivacional contra a palavra “tentar” e a aceitação das diferenças, erros e falhas de todos.

O que teria sido a batalha final do nosso herói Yoda se não uma tentativa?

Pois é, a existência de um eventual sucesso não é garantia de que tentativas não existiram. Pelo contrário, tentativas sempre existirão e o sucesso não é garantido.

Não obstante, faz-se necessário considerar: sucesso pra quem? (Palpatine que o diga).

Não tenha medo de tentar. Pense na tentativa como um degrau que se sobe.

Se nos apropriarmos das tentativas como fonte de aprendizado, eu tenho a plena certeza de que os sucessos serão mais prováveis.

 


Todas as imagens usadas têm por trás a intenção do uso justo diante da argumentação. Caso entenda que alguma imagem viola direitos autorais, por favor, entre em contato para análise e remoção.

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Degraus

Comecei este texto com um spoiler gigante logo no título.

Vamos falar de sucesso e fracasso.

Só que de um jeito diferente.

Comecemos pelo sucesso.

Comemorar conquistas é essencial biologicamente falando. Disparamos toda uma química poderosíssima de bem-estar em nosso corpo com o ato de celebrar.

Traz satisfação, felicidade e realização.

Mas existe um lado do sucesso, da conquista e da celebração que não só está presente no fracasso como são idênticos.

Um lado muitas vezes sequer percebido e talvez o mais importante: o encerramento de um ciclo e o início de outro.

Pense numa escada, com vários degraus e, no topo dela, o sucesso, o objetivo a ser alcançado.

Cada degrau é um fracasso ou um pequeno sucesso na jornada.

Cada degrau é um ciclo.

A cada um deles, temos a oportunidade, a chance de aprender com o que aconteceu e subir outro degrau.

Se não houver aprendizado, a chance se esvai.

Se ele acontece, um ciclo se encerra, outro se inicia.

E quando chegamos ao topo, a mesma coisa acontece: aquele ciclo de tentativa, erro, fracasso e finalmente sucesso, se encerra. Crescemos, evoluímos e podemos agora construir algo novo, uma nova jornada à um novo sucesso.

Não existem atalhos: se você não está aberto a errar, falhar e aprender, o sucesso NUNCA chegará para você.

Lembre-se: reconheça todos os ciclos e festeje pequenas conquistas também. Trata-se de uma sinalização fundamental para a nossa percepção de realidade e evolução.

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.”
Bernardo de Chartres

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Utilidade e o Direito de Existir

Quando recebi aquela mensagem pelo LinkedIn no dia 15 de fevereiro de 2021, meu coração explodiu de emoção.

Um misto de felicidade, medo, apreensão, incompetência, competência, utilidade (e inutilidade)… um verdadeiro caldeirão de sentimentos e conceitos conflitantes.

Sensação de incompetência pelos 14 meses sem emprego; competência pelo reconhecimento do trabalho realizado no passado; utilidade pela associação imediata entre trabalho e existir.

Será mais uma entrevista infrutífera? Será mais uma das centenas de candidaturas que não dão em nada e não recebo nem um posicionamento?

Foram 14 meses de questionamentos.

Em 15 dias, estava empregado. Foi um presente de aniversário pensar em um contracheque, ainda mais em um lugar agradável e acolhedor.

Comemorei o aniversário (e o emprego) fazendo um jantar e, para meu pai… bem, talvez ele tenha entendido pouca coisa. Mas entendeu o suficiente.

Recebi uma educação extremamente utilitarista. Ele, como ex-militar que viveu uma guerra mundial quando criança, educou para “os rigores da vida”. Educou no viés da associação irremediável entre existir e ser útil.

Não lembro quantas vezes enfrentei a depressão desde a primeira crise em 2001. Tive que filar das minhas declarações de imposto de renda e só tenho registros de 2007 para cá. Incluindo os anos sabidamente problemáticos e considerando tratamento psiquiátrico como evidência, temos:

2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2013, 2014, 2018, 2019, 2020, 2021.

Aí, inclui anos em que estava em crise e anos onde paguei um profissional (ainda bem, tive condições), de acordo com as declarações.

Caraca, 14 anos?

De 20 anos, não vivi 14 em crise. Fiz pesquisa semelhante para o meu livro e concluí que, crises mesmo, foram 5 (2001, 2005, 2012, 2018 e 2020), praticamente todas relacionadas a emprego e relacionamentos.

A utilidade. A prover… e não conheço algo que afete mais o senso de utilidade e provimento do que uma depressão.

Senti-me um fracasso ao escrever esses anos aí em cima. A realidade batendo com força essa lista na minha cara, quando enfrentei uma condição por muito mais tempo do que gostaria e quando tornei a vida de muita gente um desafio (pra ser light).

Entretanto, quando me deparei com o conteúdo de Brené Brown pela primeira vez, algo em seu livro atraiu a minha atenção irreparavelmente.

Ela iniciou suas pesquisas sobre vergonha e vulnerabilidade no contexto feminino ainda na década passada, até receber a visita (e um comentário) masculino, quando expandiu sua atuação.

Essa passagem caiu como um raio na minha cabeça:

A Coragem de Ser Imperfeito, Brené Brown, Página 59

Claro que o livro contextualiza muito bem a situação e a pesquisa da vida da autora (leitura recomendada, inclusive). Mas é fato que vivemos na sociedade da produtividade, do resultado e do esconder fraquezas a qualquer custo.

Quando li isso anos atrás, comecei a refletir sobre a associação da sensação de utilidade com realização, felicidade e depressão.

Ano passado (2020), essas reflexões ficaram bem mais contundentes.

Não é razão de ser deste texto falar que homens são especiais. Pelo contrário. A questão, como bem coloca a autora ao longo do conteúdo que produziu a partir das suas pesquisas, é que essa situação descrita é apenas uma dentre tantas que existem no intuito de marginalizar a fragilidade, a vergonha e a vulnerabilidade, associando-os à fraqueza.

Trata-se de algo ainda mais perigoso se considerarmos a associação do conceito de erro ou falha à fraqueza também.

Quando decidi produzir conteúdo sobre a depressão em 2016, a vergonha tomou conta de mim e eu tenho a plena certeza que ela toma conta de cada uma das pessoas que enfrenta a condição. Vergonha de parecer frágil e vulnerável. Fazemos o impossível para esconder tudo isso do mundo criando uma persona muitas vezes bem longe das capacidades e da realidade do ser humano.

Cada um de nós tem fraquezas. Tem vulnerabilidades, erra e fracassa. Somos seres imperfeitos produzindo imagens ideais de perfeição para o consumo alheio na prateleira da sociedade, mas isso é algo impossível de sustentar em longo prazo.

Não descreverei aqui o fantástico trabalho de Brené Brown; peço com a devida reverência o seu argumento emprestado para afirmar que o ato de prover e sentir-se útil (“produzir”) são algumas das minhas vulnerabilidades. Adoeci por causa disso e é algo ainda em sedimentação dentro de mim.

No ano passado, no meio da pandemia e sem emprego, o que mais me atingiu foi a concepção de não estar sendo útil.

Logo no início de 2020, com a primeira quarentena, tomei a decisão de criar mais para as redes sociais. Voltei a escrever aqui com mais frequência, produzindo mais provocações no Instagram e até movimentando um canal no YouTube. Em paralelo, consumi dezenas de livros, um hábito há muito negligenciado.

Eu sabia desde o início do ano passado que essa atividade intelectual poderia eventualmente inspirar ou ajudar alguém. Mas confesso, a prioridade era me sentir vivo.

Acredito que o objetivo foi de certa forma alcançado, mas sobrou um gosto amargo na boca.

A realização de que, para mim, a felicidade talvez dependa da sensação de ser útil.

A compreensão de que a associação de felicidade e utilidade com sentir-se vivo liga incondicionalmente ser útil a existir e, diante do afastamento físico das poucas pessoas próximas, expor a vida nas redes sociais foi usado como ato em prol dessa existência.

O contrário, a suposta solidão, percepção de uma existência não observada, compreendida como nula.

Sim, eu sei. É aqui que comumente a pergunta vem à mente: viver para quê?

Então, a recolocação aconteceu.

A utilidade, da noite para o dia, fez-se presente: luz, guia, realização e sim, um pouco de felicidade.

Hoje, pego-me pensando sobre o tema sem aceitar essa associação, por mais que reconheça os seus efeitos práticos. Pergunto-me se não há aí um mecanismo ou argumento milenar em ação. Acho que sim.

Recuso-me a aceitar que a felicidade dependa de sentir-se útil, fazendo uma distinção importante entre utilidade e ação (algo já abordado ao longo da história por tantos filósofos como Sartre e Viktor Frankl).

Então, lembro-me do livroA Sociedade do Cansaço“, de Byung Chul Han, mentalmente associando a “utilidade” às atribuições do “sujeito de desempenho” descrito na obra.

E putz, faz um sentido absurdo.

E sabe quando esses questionamentos internos ficaram mais fortes?

Quando percebi, ainda no primeiro mês de volta ao trabalho, que não só as minhas postagens nas redes sociais caíram em frequência, como comecei a desenvolver uma rejeição a elas, em especial ao Instagram.

Será que substituí o esforço de me sentir útil através da produção de conteúdo por um emprego formal?

Será que cansei das personas perfeitas e irretocáveis, das imagens icônicas de bundas, peitorais, músculos, filtros, bens e bem-estar fabricados?

Será que… quando a gente percebe a fábrica viciada de certas coisas, não dá pra “desver”? Não dá pra ir contra valores e consumir algo que bate na trave?

Não seria essa uma reação de manutenção de uma zona de conforto sobre a qual tanto já escrevi aqui?

Ainda é cedo para responder.

Não obstante, a sensação de sentir-me útil e acolhido profissionalmente tem a sua valia.

Posso recusar-me a aceitar essa realidade, mas ela existe e sinto seus efeitos.

Então, que seja, por enquanto, a comemoração dos dias 15 de fevereiro e 1o de março de 2021.

E que eu possa olhar para o meu imposto de renda em 10 anos e ver os pagamentos para terapia com uma sensação de conquista e superação, desassociado da ideia das crises de depressão.

Quem sabe, lá, terei uma percepção mais clara do direito de existir, diferente de uma condição de utilidade.

Eu quero ter esse direito sem precisar de nada mais. Afinal, se é um direito, não há condições.

Agora, preciso descobrir se as condições são auto impostas.

Aliás, será mesmo um direito?

Parece-me uma conquista individual e diária.

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Sucesso e a Epidemia de Escassez

Este texto foi publicado em vídeo no canal do Youtube. Para assistir, clique aqui.

Se você entrar em uma livraria hoje encontrará muitos livros sobre sucesso, especialmente dizendo o que é e como chegar lá.

É muito confortável cair na tentação de seguir um roteiro que já foi supostamente testado sobre como chegar ao sucesso.

Mas é bem mais desafiador olhar para dentro de si e descobrir o que é sucesso para nós mesmos e entender que cada um de nós tem a sua própria jornada.

Como se não bastasse, a sociedade, o trabalho, nossos amigos e familiares têm suas próprias definições padronizadas e existe uma associação bem direta entre cumprir metas, objetivos e como alcançar o sucesso.

Imagine: trocar o conhecido, aquilo que dá uma definição clara e mostra um caminho, versus enfrentar o desconforto do desconhecido de não saber.

Aliás, existem inúmeras definições de como “não falhar” e esconder os erros são a receita para a felicidade.

Na prática, é assim que a sociedade funciona, seja em casa ou no trabalho e esse conceito de jornada para o sucesso não poderia estar mais longe da realidade.

Para cada sucesso, existem inúmeros fracassos… E escondemos os fracassos: temos vergonha deles.

Perceba o movimento aqui.

A associação do conceito de sucesso à expectativas externas, a metas e objetivos externos.

E isso gera uma verdadeira epidemia de vazio e escassez.

O conceito prático de sucesso atual gera uma onda de tristeza e depressão porque o sucesso é externo. Vem de fora.

Cada vez que prestamos atenção a um discurso que tenta nos ensinar o que é sucesso e como alcançá-lo, estimulamos essa epidemia de escassez, olhamos para fora, esquecendo o que vai dentro da gente, lugar onde o real sucesso mora. Isso nos afasta cada vez mais da felicidade e da realização.

Eu fiz uma enquete nas redes sociais sobre o quê as pessoas entendem por sucesso, em uma frase.

As respostas variaram muito, desde a sintonia entre valores, propósito, ajudar as pessoas, até o dinheiro, passando por coisas como ser bem sucedido.

Agora, veja que curioso: apenas QUATRO pessoas disseram que o sucesso vem de dentro da gente e usaram uma metalinguagem compatível.

Ou seja, mesmo considerando questões internas como valores e propósito, apenas quatro respostas NÃO relacionaram esses fatores como dependentes direta ou indiretamente de fatores externos.

Não importa a definição de sucesso que tenha. O que realmente importa é se essa definição vem de dentro para fora ou se é algo de fora para dentro, porque é exatamente daqui que surge a epidemia de escassez, quando seguimos receitas e ideais externos apenas.

Para entender melhor essa questão, veja esse vídeo (clicando aqui) sobre felicidade material, contextual e existencial.

Não existe uma única definição de sucesso dada na enquete que não esteja adequada… porque ela deve ser individual e tá tudo bem.

O ponto é que quando abrimos mão de um conceito de sucesso próprio e abraçamos as expectativas do externo, promovemos potencialmente o desalinhamento com quem somos.

Passamos a buscar um estado idealizado pelos outros, pela sociedade e iniciamos uma corrida para querer sempre mais sucesso, sem nem saber direito o que ele significa para nós, com o terrível efeito colateral de estar sujeito a sermos manipulados pelas necessidades dos outros em favor das nossas próprias necessidades.

Aqui, abro um parêntese.

Em 2001, enfrentei dificuldades consideráveis diante do desemprego.

Uma crise de depressão que durou 3 anos e uma sensação de incompetência gigantesca.

Talvez uma das coisas que mais contribuiram para esse estado foi não poder acolher as pessoas que dependiam de mim.

E quando falo sobre isso, penso logo no sucesso e no seu antagônico clássico: o fracasso ou percepção de fracasso.

Sentia-me um inútil e, apesar de conseguir sair daquela primeira crise, apenas há pouco tempo comecei a perceber o sucesso de forma diferente.

Na verdade, comecei a percebê-los, porque só enxergava as falhas.

Considerava-me um fracasso por não atender às expectativas que eu achava que estavam depositadas em mim.

Hoje, eu olho para o passado e reconheço, como um tremendo sucesso, ter superado a depressão várias vezes.

Curioso que, ao longo dos últimos 20 anos, passei por outras crises, recebi alta e meu conceito de sucesso permaneceu o mesmo.

Sempre com foco nos fracassos ou nos conceitos de sucesso que percebia da sociedade, principalmente aqueles focados no material.

Durante tanto tempo não percebia como sucesso a superação, a reconstrução da minha carreira profissional, o alinhamento entre as minhas ações e os meus valores, o livro que publiquei, esse canal no youtube, o blog, tantos prêmios que recebi ao longo da carreira e tantos reconhecimentos, justamente por fazer aquilo que eu acho que está sintonizado com os meus valores.

Durante tanto tempo eu percebi a felicidade como obtenção do sucesso e o sucesso apenas como atingir metas, ganhar dinheiro para ter coisas, comer bem, tomar um vinho, me divertir com os amigos e eventualmente ser aplaudido.

Agora, sabe porque decidi fazer esse vídeo?

Semana passada fui caminhar cedo na praia… E vi uma praia totalmente seca… consegui andar na areia até os arrecifes sem molhar os pés.

De lá, vi o mar, vi as pedras… Vi peixes… Varas de pescar… Senti o vento forte, o cheiro de mar, o som das ondas… Dei meia volta, olhei para os prédios e pensei:

Isso é sucesso.

Foi uma das sensações de sucesso mais fortes dos últimos anos.

Então, faço um convite: que tal pensar um pouco mais sobre o que é felicidade, realização e sucesso pra você, mas com o desafio adicional de pensar nos três SEM ser algo externo, sem condicionar ao que esperam de você… Sendo algo partindo de dentro do seu peito, de dentro de você sem depender de nada ou de ninguém.

Eu tenho a certeza de que ficará surpreso e verá que você experimenta muito mais sucessos do que imagina.

Talvez a gestão das expectativas, as próprias e as dos outros, seja o fator mais importante para a felicidade, a realização e o sucesso.

Muita gente acha que o sucesso é feito uma poupança onde a gente deposita dor e sofrimento para colher juros mais pra frente.

Culturalmente somos levados a crer que não há sucesso sem dor e sofrimento e não consigo pensar em coisa mais distante do bem-estar.

O sucesso pode ser encontrado em pequenas coisas do dia a dia.

Aliás, se você conseguir encontrar sucesso nas pequenas coisas do dia a dia, a felicidade e a realização certamente lhe farão companhia.

Sucesso é uma descoberta de autoconhecimento, totalmente relativa, individual e muda assim como a vida.

Não confunda metas e objetivos com sucesso. É muito comum que o lado profissional queira que a confusão ocorra simplesmente porque isso é favorável aos interesses alheios.

É assim que nós somos transformados em números.

Você deve estar se perguntando… Então perseguir metas e objetivos não é sucesso?

Eu não vou dizer o que é sucesso e acredito que ninguém pode fazer isso. Você tem que descobrir o que é sucesso pra você e se isso é compatível com quem é.

Preste bastante atenção: depende de como reconhece o objetivo a ser alcançado.

Se for imposto e não idealizado em conjunto, sem estar sintonizado com quem somos, uma descoberta que deve acontecer antes, você pode estar indo numa direção que não trará nem felicidade nem sucesso.

E é por isso que é tão conveniente achar que sucesso depende de dor e sofrimento. Quando buscamos metas e objetivos desalinhados e fora de sintonia com nós mesmos, passamos a achar que o sacrifício de hoje é a felicidade de amanhã.

Se você pensar bem, perceberá que faz muito sentido.

Veja por exemplo este gráfico que trago no meu livro, explicado em detalhes. Perceba que ele não fala sobre o que é sucesso, apenas ajuda a classificá-lo:

Quanto mais a percepção de sucesso estiver atrelada ao material, mais ele estará relacionado ao ego coloquial e mais rápido ele desaparece, como um vício, uma droga…

Quanto mais essa percepção estiver associada ao todo e ao altruísmo, mais duradoura será sensação de sucesso, maior será a contribuição, a cooperação e as sensações de felicidade e realização.

Uma mesma situação na vida da gente pode ser percebida em qualquer lugar do gráfico, ou seja, como sucesso material, contextual ou existencial.

Darei um exemplo prático.

Em 2017, atuava como consultor na área de vendas para uma multinacional de tecnologia. Participei de um projeto para o governo de um estado aqui no Brasil, onde foi possivel economizar milhões em aquisições.

Por esse projeto e como parte do meu trabalho, eu fui remunerado e recebi uma comissão.

Eu poderia ter olhado para esse projeto apenas pelo aspecto financeiro, o que seria qualificado como sucesso material.

Mas o meu trabalho foi reconhecido e eu ganhei um prêmio por causa dele. A sensação de reconhecimento é fantástica.

Mas ao longo do tempo, enquanto o projeto era executado, eu percebi também o quanto a economia trazida beneficiou a população de uma forma geral.

A economia viabilizada pôde ser empregada em outros projetos de cunho social e isso está diretamente sintonizado com o propósito de ajudar as pessoas.

Veja como uma mesma situação, um mesmo evento gerador, pode ser percebido de diversas formas.

Se for percebido apenas como sucesso material, a sensação duraria pouco tempo.

Se usando a ótica do reconhecimento, talvez um pouco mais… Faria apenas bem ao meu ego.

Mas 3 anos após a venda do projeto, ainda sinto o bem estar de ter contribuído para algo maior.

Quero finalizar deixando as perguntas:

Quantas vezes perseguiu metas e objetivos e analisou se eles estão de acordo com quem é, com os seus valores e com o quê acredita?

Quantas vezes trabalhou para que o sucesso de fato seja uma contribuição para algo maior?

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Coaching Motivação PNL Vida em Geral

Ressignificando o Fracasso

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Durante toda minha infância, juventude e adolescência, diante dos mais variados resultados, normalmente escolares, ouvi dos meus pais a seguinte frase: “não fez mais do que a sua obrigação“. Se eu tirava uma nota acima de sete, meu esforço era recompensado com indiferença.

Hoje entendo que esse era o melhor incentivo que eles podiam me dar, frente aos recursos que possuíam. Tenho a certeza de que muitos se identificarão com esse comportamento, que parece ser característico de uma geração.

Toda ação tem uma intenção positiva, aos olhos de quem executa e certamente a intenção deles era fazer com que eu me superasse e tirasse notas cada vez melhores. Não foi bem assim que terminei entendendo. Na verdade, foi o suficiente para enxergar o mundo sob a lente de que meus sucessos seriam pequenos fracassos.

“somos filhos de vítimas”.

Lidar com o fracasso talvez seja um dos maiores desafios para um ser humano. Por causa dele, podemos entrar em depressão, estagnar, não só parar de evoluir como ser, mas involuir, afastar os outros de nós e toda uma série de efeitos colaterais diretos e indiretos.

Isso acontece porque enxergamos o fracasso de forma ineficaz e a coisa normalmente não melhora. A quantidade de fracassos numericamente falando, frente aos sucessos que obtemos na vida, é invariavelmente maior. Essa é uma característica da vida e do fato de sermos imperfeitos.

E se eu disser a você que:

  • Errar é natural do ser humano e inevitável, o que nos permite afirmar que falhar / fracassar é algo igualmente natural em nossas vidas;
  • O erro (que leva ao fracasso) e o fracasso em si fazem parte dos nossos mecanismos de evolução e superação;
  • O próprio termo “imperfeição” como ser humano toma um sentido totalmente diferente se olharmos por essa ótica;
  • O erro, quando intencional, não é erro: é ação com um objetivo claro em mente. Se houve má intenção, chamamos de “erro” quando não conhecemos as reais intenções de quem executou a ação. De fato, tem-se um sucesso aos olhos do executor;
  • O número de erros e fracassos tende a diminuir ao tentar, praticar e repetir;
  • O fracasso é um evento e nunca uma identidade.

Quando atingimos o sucesso em nossas vidas, é muito comum a sociedade e nossos sistemas enxergarem apenas ele e somente ele. O caminho até lá é ignorado e isso deixa de lado a grande maioria das tentativas, o que forma um vácuo de compreensão levando o observador a inferir que o sucesso é maravilhoso, acontece ao seu redor e que não exige esforço. E isso é até usado como exemplo.
* Conteúdo cedido gentilmente pelo autor.

Sim, é desafiante!

Hoje, apertamos um interruptor e uma lâmpada se acende, sem nos darmos conta de que Thomas Edison levou quase uma vida para chegar lá e afirmou…

“Eu nunca falhei. Eu apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionaram.”

Não se enganem, foi errando e fracassando que o cérebro dele se reorganizou e permitiu encontrar a saída para os desafios de criar. São necessários atitude, esforço e ação!

Ainda, permitam-me afirmar que, uma vez encontrada a solução, só melhoramos ela também através da tentativa e erro, até chegar a um novo resultado. É assim que nos aperfeiçoamos e encontramos soluções cada vez melhores.

“Genialidade é um por cento inspiração e noventa e nove por cento transpiração.”

Mas… fracassar é horrível. Não é desejado e, francamente, nos dias de hoje, quanto mais se fracassa mais se perde dinheiro (o emprego, amigos…). O que fazer?

Sim, o mundo exige perfeição, resultados rápidos, eficazes e fracassar está lá, como questão principal. Eu acredito que existe um jeito de lidar com isso.

Vejamos:

  • Conforme argumentei acima, partindo do princípio de que o erro e o fracasso são mecanismos gerais necessários à nossa evolução;
  • Que errar é natural do ser humano e inevitável, o que nos permite afirmar que falhar / fracassar é igualmente natural em nossas vidas;
  • Que tentar, praticar e repetir diminui a quantidade de erros e fracassos;
  • Que errar agindo de má fé não é erro (e dificilmente pode ser classificado como falha ou fracasso, pois na ótica de quem executa, obteve êxito)…

Concluímos que agir mais deve ser incentivado. Isso aumentará a quantidade de erros e fracassos, o que necessariamente traz à mesa um novo elemento: precisamos falhar rápido.

Com isso,

  • Tenha atitude!
  • Aprenderemos com as ações e os erros, falhas e fracassos provenientes dessas ações;
  • Aceleraremos o processo de evolução!
  • Aumentaremos nossas chances, pois encurtaremos o tempo necessário ao sucesso aprendendo mais rápido!

“Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho.”

Essa frase é atribuída a Tiger Woods, mas já vi também referência a outras personalidades, como Oscar Schmidt.

Tony Robbins, também disse que…

“Não existe fracasso. O que existe são resultados.”

Ou, do sexto pressuposto da PNL: “Não existe fracasso. O que existe é feedback.”

Tenha a coragem de ressignificar o fracasso. Pense nele como uma parte natural do nosso processo evolutivo e de você, como ser. Use isso como combustível para ir mais longe!

Ao enxergar o fracasso como mola propulsora do sucesso, tudo em nossas vidas muda.

(*) Agradeço ao genial Carlos Ruas, que gentilmente cedeu a exibição da tirinha acima. Para conhecer melhor seu trabalho, siga-o no Facebook, acesse seu site!