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O Resultado Que Você Vive é a Recorrência Que Mantém

O resultado que você vive é a recorrência que mantém através dos espasmos de motivação que fazem você acordar e levantar… porque, sem eles, o resto inexiste.

Percebe? São interdependentes.

Hábito gera recorrência e a motivação leva à superação. Ambos são necessários.

Essas frases têm implicações em TODAS as áreas da nossa vida.

Meu texto hoje é sobre argumentar como elas são importantes e como a compreensão das suas implicações podem mudar a vida de qualquer pessoa. Mas existem algumas questões não tão claras.

Temos uma concepção equivocada de que a excelência advém da prática como acúmulo.

De certo modo, faz sentido… mas não é dela… e usamo-la para medir inúmeros desempenhos profissionais que exigem proficiência.

Não vou longe para realizar o meu argumento. Um piloto de avião é considerado tão bom quanto o número de horas que tem em um determinado avião ou configuração.

Isso até pode servir de parâmetro, mas a passagem do tempo é implacável, por exemplo, no esporte  e… não é um bom denominador de proficiência ao longo do tempo, não como grandeza… Acumulada.

O que de fato mede a proficiência ao longo do tempo é…

O exercício constante vezes o tempo.

Não é o tempo total de experiência, mas quanto se dedica ao longo do tempo para a experiência.

Vejam a foto abaixo:

Tiro com arco recurvo olímpico indoor 18 metros

Aqui, vem um reconhecimento doloroso:

Ela NÃO É resultado de X horas de treino acumuladas.

Ela é o resultado de 2 horas de treino diário em média, mas todos os dias.

Dói? Sim, mas é a realidade.

Chegar a esse agrupamento à 18 metros com arco recurvo olímpico e repetir… fazendo frequentemente acima de 520 pontos, não é resultado de treino acumulado.

Ou horas de voo…

É resultado de horas de voo POR dia… por semana.

Percebem a diferença?

Não há um acúmulo de uma determinada experiência que traga máxima excelência.

Máxima excelência exige constância, dedicação o tempo todo.

Tempo vezes tempo.

Tempo ao quadrado.

E você pode querer pagar o preço ou não… tá tudo bem… é só entender o que é necessário para chegar a um determinado destino.

De tiro com o arco já entendo um pouco.

Excelência mora em treinar 8 horas por dia durante anos, algo fora das minhas próprias expectativas.

Pergunte-se: estou disposto, em minha vida, a dedicar-me à frequência necessária ao resultado procurado, mesmo sem garantia dele?

Pergunta profunda.

Fazer o que deve ser feito (se souber) provavelmente o coloca na direção adequada, mas nada garante o sucesso. Não há fórmula.

Não se engane, o caminho para o resultado idealizado é mais simples do que parece…

Mas “simples” é diferente de “fácil”.

E isso traz uma questão:

Idade.

Não é à toa que atletas olímpicos caem de rendimento com a idade.

Além do corpo fisicamente não ser o mesmo de alguns anos atrás, o tempo dedicado ao esporte cai, na média.

Mas Romulo eu quero ser uma pessoa de alto rendimento e…

Dar resultados sempre e…

Atingir minhas metas e…

Atender às expectativas e…

Entregar acima de tudo e…

Tenho 48 anos e trabalho com vendas desde os 30… já me deparei com empresas de altíssimo desempenho, de pessoas que procuravam desempenho à todo custo, fazendo o possível e o impossível para dar 100% de si 100% do tempo.

Não contei toda essa história à toa, pois continuo escutando a febre do alto desempenho todos os dias, à todo momento.

Como se as pessoas de forma generalizada não só pudessem dar 100% de si 100% do tempo, mas fossem obrigadas a tal para chegar na perseguida realização e felicidade.

Se essa é a sua conotação de “vida feliz” e com bem-estar, vai se fuder muito amigo(a), anote.

Então, contabilize em sua equação as mudanças do tempo e corporais, do contrário, só colherá frustração.

Quando eu disse que a frase do inicio tem implicações profundas, não estava brincando.

Ela vai no sentido de perguntar a você:

O que deseja de fato manter como constante em sua vida ate o leito de morte?

Além disso, o que de fato importa até lá?

Poucas coisas, certamente, não apenas pela vontade, mas pela capacidade.

Não obstante, são elas que constroem o que conquistou ou conquistará, ainda.

Injusto?

Não sei. Talvez seja mesmo, o mundo é um lugar bem injusto.

Então, ao desejar… calcular o que há por trás do objetivo a ser alcançado…  leve em consideração o caminho e aquilo que consegue ser mantido, pelo maior tempo possível constantemente.

Considere o processo porque… as experiências residem nele.

Será que a motivação não vale nada e julgar a si é em detrimento de ser?

Pelo contrário…

Vale muito, tanto quanto o suficiente ao fazer você jogar a fronteira do que consegue manter para mais adiante, não importa a idade.

Querido(a)… não existe certo ou errado aqui.

A resposta é no sentido daquilo que fará você viver melhor até o fim da vida, sem se comparar a ninguém, talvez a si próprio e… convenhamos, talvez.

Sacou?

A questão é sua, a resposta idem.

Se tive sucesso, mostrei o que de fato importa (talvez para nós), dificilmente estabelecerei uma argumentação que faça sucesso com você, especialmente se considerarmos que a natureza humana é totalmente diversa e alheia aos resultados que eu desejo, quanto mais a sociedade (injustamente, afirmo).

Será que perseguir o agrupamento me fará ter mobilidade suficiente para garantir uma boa qualidade de vida até, digamos, os 70, 80 anos?

Será que… é isso o que importa? O que de fato importa para você, que talvez não tenha a mobilidade que eu tenho?

Querer, como agente que perpetua o processo de entrega através de um próprio corpo sem limitações é muito fácil para “quem pode”.

Eu treino na média 2h todo dia, incluindo arco e musculação… e tem gente dizendo no meu insta que eu deveria treinar mais membros inferiores.

Ninguém que faz uma colocação assim faz mais do que eu faço.

Ninguém que faz uma colocação assim pensa em inúmeras pessoas que não tem a mesma capacidade, física até.

Sim, pensei em um foda-se categórico, mas ele não ajuda ninguém. É só um exercício egóico.

Isso causa uma compreensão da vida sem tamanho.

Principalmente quando se entende a necessidade de incluir e acomodar as necessidades de alguém com 1 ano ou… 90 anos diante das intempéries diversas da vida, bem distantes da equidade.

Sim, muitos de vocês passaram pelo primeiro ano, mas estatisticamente, menos de 20% passarão pelos 90.

Estendamos a compreensão… sobre quando a gente percebe que a vida é permeada de pessoas que não tem as mesmas capacidades que as nossas.

Adicionando à proposição do título, “manter’ é incompatível com uma existência humana inclusiva. E não me refiro apenas à idade.

Percebe como somos excludentes e não nos damos conta?

Invoco mais uma vez a palavra “equidade”. Talvez precisamos mais dela em nossa sociedade.

Reflita…

Mas reflita com algumas provocações finais:

  • Não há certo ou errado. Há uma penca de nuances de cinza entre os parâmetros daquilo que você ingenuamente considera o mapa de mundo… e o seu é diferente dos outros;
  • Não há concepção de perfeição em um pool de matéria humana diversa, especialmente matéria humana com capacidades distintas;
  • O máximo do seu eu exercido ao longo da sua existência SERÁ superado. É uma questão de tempo;
  • “Impossível” é um concepção pessoal, individual. O questionar dessa concepção é a prova da afirmação e a nossa história, como humanidade, fornece as evidências de quantos “impossíveis” deixaram de existir;
  • Não somos melhores ou piores do que ninguém. Somos diferentes;
  • Todas as peças voltam para a caixa depois da partida do xadrez da vida. Não importa o tamanho ou o tipo da peça.

 

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O Sucesso Como Propriedade

Nenhum sucesso é precedido impreterivelmente de sucesso.

Exceto se sucesso para você é, metaforicamente, o exercício de uma subida de escada.

Somos seres de contrastes e percebemos algo como vitória diante de uma experiência anterior de derrota.

Será?

Não quero associar esse contraste em específico com uma batalha ou competição.

Tem tropeço, tem degrau, tem erro aqui e acolá, tem falha, condição essencial de uma existência imperfeita e nada disso é competição por definição. A gente cria muitas dessas competições em nossa mente através da comparação.

Não obstante, o sucesso engloba o fracasso.

Cada algo percebido como tal é um empurrãozinho na direção adequada de uma percepção muitas vezes volátil.

Sim, porque sucesso é uma definição pessoal. Você tem essa liberdade e não deve explicações a ninguém. Esse é um direito seu do qual abre mão.

Cabe um arrazoado neste sentido. Vejamos.

Se o seu sucesso depende de plateia, está a caminho da infelicidade.

Mas cada superação é no mínimo uma insatisfação com o estado anterior.

Cada superação é uma análise comparativa, específica e pontual. Plateia e aplausos podem ser potencialmente evidências para uma avaliação.

Só que essa inquietação e insatisfação são um dos maiores artifícios de motivação que podem existir em nossas vidas e…

Tenho plena certeza, motivo pelo qual muitos superam-se.

Não tem coisa mais linda na existência humana do que olhar para trás, perceber cada momento de dúvida de si, de suposto fracasso… hesitar, respirar fundo…

Abrir os olhos… olhar para frente, para o futuro e pensar consigo: subi um degrau.

Contextualizada a questão, “subir um degrau” já é um “sucesso”. Percebem?

Fracasso sem mudança de estado é morte existencial.
Mas fracasso seguido de mudança de estado é sucesso por definição.
Só, talvez, você não perceba.

Eu falo disso com conhecimento de causa, ensinado por 22 anos de vitória sobre a depressão.

Este texto não é sobre a minha experiência com a depressão diretamente, mas como a concepção de “vitória” na frase acima, como definição de sucesso, é própria, um conceito para o qual tenho a propriedade.

E, aqui, evidencio o ponto mais importante: tomar para si através do autoconhecimento a propriedade de definições como vitória, fracasso, sucesso.

Já parou pra pensar que, de certo modo, todo ser humano é um ratinho correndo em um vídeo do genial Steve Cutts?

O que nos motiva a correr são as definições externas como no vídeo.

Estamos falando de uma indústria de 50 bilhões de dólares no mundo. Isto se consideramos apenas o lado da autoajuda.

Se tornarmos a questão mais abrangente e considerarmos todas as situações onde perseguimos uma definição externa de sucesso em um contexto de terceiros, temos 99% de todas as situações motivacionais do mundo que envolvem trabalho e falo isso só para provocar.

Sim, eu acho que aquilo que consideramos ser sucesso tem influência máxima em nossa felicidade.

Se eu abro mão de definir sucesso em favor daquilo que definem para mim, estou abrindo mão de um poder enorme.

Caramba… como fiz isso ao longo dos anos e como isso influenciou meu bem-estar.

Percebe o poder abnegado em favor do reconhecimento?

Se o sucesso é definido por um terceiro, entidade, organização, grupo ou pessoa e isso faz você ir na direção planejada (por eles) ou comportar-se de uma forma determinada, por que você acha que chegará e manterá um dia o “sucesso”, se isso mantém você sendo manipulado na direção desejada pelos outros? Pode acontecer? É claro! E certamente mudará.

Surpreso como a definição de sucesso externa é alterada à medida em que alcança seus objetivos?

Um alvo móvel e inalcancável.

Se a sua definição de sucesso é continuar a subir a escada dos outros, tá tudo bem. Se é um destino específico dos outros, não tá tudo bem assim.

Sim, chegamos ao cerne da questão: permitimos o sucesso como definição externa para também permitirmos o eventual julgamento social de nós mesmos como seres de potencial sucesso terceirizado.

Isso é insano.

Só reconhecemos como sucesso aquilo exercido pelo agente que julga, usando critérios externos de sucesso.

Só gostamos do sucesso quando há aplauso?

Eu acabei com essa concepção na época em que gravei esse vídeo para o YouTube mais de 2 anos atrás.

Colocar definições de sucesso, fracasso, vitória ou derrota no exercício  potencial de aplausos coloca todo o poder sobre nossa felicidade nas mãos dos outros.

Não permito mais essa terceirização. Não permito mais a propriedade do *meu* sucesso nas mãos de quem nem me conhece.

Quer me julgar?

Fod@-s3.

Ser aplaudido é bom. Mas acordar pela manhã sentindo-se bem sem depender de ninguém, não tem preço.

E, se para isso, precisar revisitar minhas próprias definições existenciais, respeitadas algumas convenções sociais e culturais importantes, que seja.

Se eu precisar criar uma régua para medir minha própria existência no sentido de ser mais feliz, criarei.

Só não deixarei mais essa régua nas mãos de ninguém.

Apropriei-me.

Convido-o a apropriar-se.

Como seres sociais que somos, quer saber o que traz mais realização?

Reconhecer as réguas alheias. Compartilhá-las com aceitação e respeito.

Mas isso é tema para outro ensaio.


Fonte da imagem: https://www.appalachianaxeworksshop.com/listing/738468854/vintage-folding-ruler-stanley-sweetheart

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Modo de Sobrevivência

Em todas as crises de depressão que eu tive, exceto a primeira em 2001, ao ensaiar uma saída da situação, idealizei uma estratégia de dar um passo de cada vez.

Funcionou.

Comecei a construir minha carreira profissional em 1991 como estagiário e em 1996 no primeiro emprego na área de TI.

De 1996 para cá, reconstruí a carreira 2 vezes e estou na terceira.

Financeiramente, estou na segunda reconstrução.

Não estou falando isso pra você ter pena de mim. Não estou colocando esse relato aqui para posicionar-me como vítima, mas para fazer um alerta:

O modo de sobrevivência.

Existe algo em comum a todas essas situações.

Tanto para sair das crises de depressão, quanto para reconstruir a carreira e, principalmente, lidar com as dificuldades financeiras, tracei objetivos próximos, factíveis, visíveis e tangíveis, por menor que sejam.

Passos tão pequenos quanto levantar da cama, tomar um banho, escovar os dentes ou chegar ao fim do dia.

Pequenos para quem?

Para o âmbito aquisitivo / financeiro, reduzir os gastos ao mínimo possível para evitar ao máximo qualquer dívida.

Aí, em um mundo consumista onde tudo é uma oferta e uma relação de troca financeira e de consumo, percebi-me sem poder escutar música, ver uma série ou um filme. Ler um livro.

Cheguei ao ponto de não ter condições de tomar um café com um amigo, um coco na praia, ir a um cinema ou encontrar quem quer que seja em um local comercial.

Tudo reduzido ao mínimo e você percebe que as suas possibilidades de interação social e diversão simplesmente desaparecem.

Perspectiva de curto prazo tão imediato quanto chegar à noite. Ter o que comer, hoje.

Tem gente pior? É claro que tem. Somos quase 8 bilhões de pessoas no planeta é há muita exploração e desigualdade.

Mas devo pautar a minha existência pela existência dos outros?

Achar que sim é muita ingenuidade e julgamento.

Deixa eu tomar conta da minha vida primeiro.

Foi quando dei-me conta de que entrei em modo de sobrevivência no início de 2020 ao perder o emprego.

Voltei a trabalhar mais de um ano depois, mas ainda estou em modo de sobrevivência.

A minha visão ficou hiper focada em sobreviver ao dia. Em chegar no fim dele, dormir e acordar no dia seguinte.

Quando abro os olhos, o pensamento é: faça o necessário para chegar ao sono, à noite. Amanhã será outro dia, aí você pensa novamente como conseguirá.

Isso permeia toda a minha vida e tudo o que faço e penso, hoje.

Será que REALMENTE precisa ser assim?

Cortei no osso a minha existência, a minha diversão, as minhas possibilidades para sobreviver.

Foi uma estratégia útil em algum momento, mas ela não é duradoura. Não deveria ser.

Sobrevivência NÃO É VIVER.

Eu QUERO sair do modo de sobrevivência.

Só não sei como, ainda.

Ele pode ser necessário em algum momento, mas devemos ter muito cuidado para não transformarmos a nossa existência em sobrevivência o tempo todo.

Qualquer ser humano tem o direito de viver sem se sentir ameaçado o TEMPO TODO. Eu estou cansado de me sentir assim.

Não se sinta culpado por buscar o desejo e o prazer.

Esse é o alerta.

Talvez a caixa onde esteja hoje seja pequena para você.

Talvez a caixa seja você, construída por você e suas atuais crenças.

Talvez a caixa seja construída por aquilo que crê ser impossível.

Talvez a diferença entre o modo de sobrevivência e viver seja a nossa perspectiva.

Quem serei eu, afinal?


Imagem original do post, Shelby L. Bell:
https://www.flickr.com/photos/vwcampin/with/41220546524/

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Renovação

Hoje acordei às quatro e meia como usualmente e senti algo que não costuma estar lá.

Quase dá pra pegar no ar algo diferente, uma sensação mais evidente de bem-estar.

Depois de um litro de café e de endereçar as primeiras tarefas do dia, fui à praia caminhar.

Praia vazia como é, tão cedo, junto com um mar cheio e insistente.

À cada passo em direção à água, pareço entrar em um mundo utópico e distinto.

Acaba de chover e o sol, já se fazendo presente, deixa clara a natureza da natureza, de que tudo que começa, acaba.

Areia molhada e fria, fortes sons, cheiros de sargaço e mar.

Meu olhar passeia da ponta dos dedos dos pés molhados até a linha do horizonte… quando vejo um vazio de estímulos acompanhado de um peito cheio de questões.

Os olhos mantém-se em movimento e fogem sobre o ombro… e o corpo acompanha lentamente… uma selva de pedra me encara imponente e impotente diante mais uma vez… da natureza da natureza, de que tudo que acaba, começa.

Que sensação boa, pensei.

Lembro de pouco mais de um ano atrás, ao ensaiar sair da última crise de depressão, quando o passo dado assemelhou-se ao de agora.

Então, uma ida à praia após anos, um caminhar sobre arrecifes, fortes emoções e um recomeço.

Sentir-se vivo, como hoje, a vida chegando em ciclos de altos e baixos, em ondas como as que tocam os meus pés.

Em outubro do ano passado, não queria que a sensação passasse.

Mas passou. Tudo passa.

Agora, quero o mesmo e não sei o que o futuro me reserva, mas sobra o desejo de me agarrar ao momento e não deixar passar.

Talvez a renovação, talvez o aprendizado e a aceitação sejam uma barganha.

Quem sabe a indignação, a raiva, o medo, a felicidade, a tristeza e a realização façam-se presentes.

Sejam bem-vindas.

Dissocio do momento e percebo que há algo diferente de outubro do ano passado, não importando os ciclos, as coisas que aconteceram ou a semelhança da situação.

Não houve repetição.

Não sou o mesmo. Adaptei-me. Cresci.

Talvez o dia primeiro de janeiro seja tecnicamente igual ao dia trinta e um de dezembro… mas a salutar análise do momento presente e do passado revela uma renovação acontecendo.

Deixei de ser ele para tornar-me eu, mais uma vez, pela primeira vez.

Abro os braços, emociono-me mais uma vez e começo a andar pela praia de olhos quase fechados, agradecendo pelo fim da tristeza.

Hoje… ah, hoje é diferente. percebo o sucesso.

Agora entendo, se utópico à primeira vista por preconceito, um resquício de acreditar que nada pode ser tão bom, simplesmente me permito e aceito.

Esperança, obrigado.

E se um dia não encontrá-la, lerei esse texto.

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Sobre Crenças Limitantes Autoimpostas

É inquestionável a característica de sermos seres sócio dependentes.

Nascemos incapazes de sustentar a vida autonomamente e sem o apoio dos sistemas sociais, profundas consequências ocorrerão.

Nos últimos 2 anos, emendei por um bom tempo o auto #isolamento da depressão com o isolamento da #pandemia.

Mistura perigosa.

Quem é próximo sabe que um dos recursos que mais usava era ir a um local de ampla circulação de pessoas, trabalhar e #escrever de lá.

Nossa, como sinto falta e como me fazia bem.

Cafés e shoppings eram meu ambiente preferido até a natureza da vida trazer mudanças e “sugerir” uma adaptação.

Senti a porrada. Sentimos a porrada, certamente.

Mas negar o inevitável não produz potencialmente resultados positivos.

O que produz é reconhecer o estado atual e planejar adaptações de acordo.

Caramba, como eu me impunha #comportamentos limitados sem NENHUMA base, seja prática, emocional ou racional!

Eles simplesmente estavam lá.

Hei de investigar o porquê.

Uma dessas limitações?

“Escritório não é lugar de plantas.”

Quem disse?

Outra limitação?

Conferências virtuais não são um lugar legal para fazer #brainstorm, para conversas aleatórias ou para desabafar.

Quem disse?

Quer mais uma?

“Não dá pra ter empatia através de conferências virtuais.”

Cagar regras traz um senso de mundo ordenado, algo que pode ser benéfico em um contexto desordenado.

Mas cagar regras demais pode destruir a #adaptabilidade e a #inovação.

Conheçam “Esperança”, minha mais nova companhia:

Um #Bonsai talvez seja um excepcional exemplo da capacidade de adaptação e resiliência de um ser vivo. Ele molda-se totalmente às limitações impostas, mesmo que artificiais e produz um resultado belo, elegante e duradouro.

“Não é o mais forte que sobrevive,
nem o mais inteligente,
mas o que melhor
se adapta à mudanças.”

Leon C. Megginson

Pensava que essa citação era de #Darwin?

Pois é, não é.

Questione, questione-se, reinvente-se e o número de possibilidades simplesmente explodirá.

#OGuiaTardio #Evidências #Adaptação #Depressão #Mudanças #Sociedade

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Um Passo de Cada Vez

Comecei na área de tecnologia aos 16 anos.

Se contar dois anos de estágio, são 30 anos de estrada.

Destes, foram cerca de 4 anos e meio sem emprego, em 3 períodos (3 anos, 6 meses e 14 meses), ao longo da carreira.

Não houve período fácil.

Fui educado a ser útil. Algo profundamente enraizado em minha identidade.

Não ter emprego destruiu essa identidade e realizou profundas mudanças, construindo outras.

Aprendi, reinventei, resisti; chorei, cambaleei, cai.

Levantei.

15 anos atrás, lembro de uma palestra onde uma proeminente figura da área falou sobre o tema.

Numa paráfrase, disse respeitar aqueles que vão à falência, aqueles que quebram, ficam à margem e retornam.

Não ha maior aprendizado.

Mas hoje, olho para o passado e percebo como fui privilegiado.

Apesar dos períodos de fome, não moramos na rua.

Apesar das diversas crises de depressão, houve uma saída.

Apesar dos apertos, cicatrizes e quedas, houve uma infraestrutura mínima de sobrevivência.

Mas nem todos tem essas oportunidades.

Nem tudo o que é possível para o ser humano é possível para todos.

Meu mais profundo respeito aos milhões de pessoas que ainda lutam ou que já desistiram.

Se você está lendo esse texto, do fundo coração, mesmo desistindo, eu gostaria de dizer a você que há uma luz no fim desse túnel, apesar de só poder falar da minha limitada experiência.

Quando nos sentimos no fundo do poço, o desespero bate à porta. Lá, é um desafio gigante perceber o todo. Às vezes, tudo que a gente precisa é colocar um pé na frente do outro, dar um passo. Olhar para o pé que está atrás, movê-lo pra frente e dar outro passo.

E quando menos esperamos, não estamos apenas caminhando; estamos deixando o fundo.

#UmPassodeCadaVez #Depressão #Desemprego #Pandemia #Superação #Oportunidade #Esperança

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As Cômodas Caixinhas Estereotípicas

Ser alfa, sigma, beta, magenta, extrovertido, introvertido…

Fracasso, inventivo, criativo, passivo, depressivo, proativo, preguiçoso, procrastinador…etc?

[este texto é uma continuação natural da
publicação anterior, onde falo
sobre crenças, verdades e identidades,
que pode ser lido clicando aqui]

Se querem colocar você numa caixinha, é porque alguém está lucrando com isso.

Se tem uma coisa que as redes sociais promovem, são as caixinhas, através de algoritmos que segregam as pessoas em bolhas.

Se tem algo fod@ sobre o ser humano é a diferença. A interação entre essa diversidade produz coisas absurdamente legais.

Não vejo como estereótipos NÃO serem limitantes.

Não importa quais sejam, direcionam o nosso comportamento, limitando seriamente a nossa capacidade de aprender, em favor da conformidade.

Ou limitam quem reconhece ou são usados para limitar um grupo por um terceiro e gerar comparação.

E onde há comparação… há alguém vendendo uma forma de você “se superar”.

Não. Aceite. Rótulos.

É prático e cômodo classificar-se e classificar os outros.

Enquanto não reconhecermos os benefícios da diversidade e do diferente, não evoluímos.

Hoje em dia, temos o caminho oposto: egos superfaturados impondo a mesmice.

É a oportunidade de interagir com o diferente que faz a gente sair do conforto, respeitadas as identidades.

Agora, deixo você com um pensamento a respeito das caixinhas socialmente aceitas.

Quantas vezes fez um teste de Internet para determinar características do seu próprio comportamento?

Ainda, quantas vezes fez um teste de QI, de inteligência emocional, Myers-Briggs ou qualquer outra forma de reduzir a imensa capacidade humana da adaptação, de inovar, criar, imaginar e superar-se e teve o seu comportamento limitado pelos resultados?

Dica: você é muito mais do que qualquer resultado obtido ou conjunto de letras.

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Sucesso e a Epidemia de Escassez

Este texto foi publicado em vídeo no canal do Youtube. Para assistir, clique aqui.

Se você entrar em uma livraria hoje encontrará muitos livros sobre sucesso, especialmente dizendo o que é e como chegar lá.

É muito confortável cair na tentação de seguir um roteiro que já foi supostamente testado sobre como chegar ao sucesso.

Mas é bem mais desafiador olhar para dentro de si e descobrir o que é sucesso para nós mesmos e entender que cada um de nós tem a sua própria jornada.

Como se não bastasse, a sociedade, o trabalho, nossos amigos e familiares têm suas próprias definições padronizadas e existe uma associação bem direta entre cumprir metas, objetivos e como alcançar o sucesso.

Imagine: trocar o conhecido, aquilo que dá uma definição clara e mostra um caminho, versus enfrentar o desconforto do desconhecido de não saber.

Aliás, existem inúmeras definições de como “não falhar” e esconder os erros são a receita para a felicidade.

Na prática, é assim que a sociedade funciona, seja em casa ou no trabalho e esse conceito de jornada para o sucesso não poderia estar mais longe da realidade.

Para cada sucesso, existem inúmeros fracassos… E escondemos os fracassos: temos vergonha deles.

Perceba o movimento aqui.

A associação do conceito de sucesso à expectativas externas, a metas e objetivos externos.

E isso gera uma verdadeira epidemia de vazio e escassez.

O conceito prático de sucesso atual gera uma onda de tristeza e depressão porque o sucesso é externo. Vem de fora.

Cada vez que prestamos atenção a um discurso que tenta nos ensinar o que é sucesso e como alcançá-lo, estimulamos essa epidemia de escassez, olhamos para fora, esquecendo o que vai dentro da gente, lugar onde o real sucesso mora. Isso nos afasta cada vez mais da felicidade e da realização.

Eu fiz uma enquete nas redes sociais sobre o quê as pessoas entendem por sucesso, em uma frase.

As respostas variaram muito, desde a sintonia entre valores, propósito, ajudar as pessoas, até o dinheiro, passando por coisas como ser bem sucedido.

Agora, veja que curioso: apenas QUATRO pessoas disseram que o sucesso vem de dentro da gente e usaram uma metalinguagem compatível.

Ou seja, mesmo considerando questões internas como valores e propósito, apenas quatro respostas NÃO relacionaram esses fatores como dependentes direta ou indiretamente de fatores externos.

Não importa a definição de sucesso que tenha. O que realmente importa é se essa definição vem de dentro para fora ou se é algo de fora para dentro, porque é exatamente daqui que surge a epidemia de escassez, quando seguimos receitas e ideais externos apenas.

Para entender melhor essa questão, veja esse vídeo (clicando aqui) sobre felicidade material, contextual e existencial.

Não existe uma única definição de sucesso dada na enquete que não esteja adequada… porque ela deve ser individual e tá tudo bem.

O ponto é que quando abrimos mão de um conceito de sucesso próprio e abraçamos as expectativas do externo, promovemos potencialmente o desalinhamento com quem somos.

Passamos a buscar um estado idealizado pelos outros, pela sociedade e iniciamos uma corrida para querer sempre mais sucesso, sem nem saber direito o que ele significa para nós, com o terrível efeito colateral de estar sujeito a sermos manipulados pelas necessidades dos outros em favor das nossas próprias necessidades.

Aqui, abro um parêntese.

Em 2001, enfrentei dificuldades consideráveis diante do desemprego.

Uma crise de depressão que durou 3 anos e uma sensação de incompetência gigantesca.

Talvez uma das coisas que mais contribuiram para esse estado foi não poder acolher as pessoas que dependiam de mim.

E quando falo sobre isso, penso logo no sucesso e no seu antagônico clássico: o fracasso ou percepção de fracasso.

Sentia-me um inútil e, apesar de conseguir sair daquela primeira crise, apenas há pouco tempo comecei a perceber o sucesso de forma diferente.

Na verdade, comecei a percebê-los, porque só enxergava as falhas.

Considerava-me um fracasso por não atender às expectativas que eu achava que estavam depositadas em mim.

Hoje, eu olho para o passado e reconheço, como um tremendo sucesso, ter superado a depressão várias vezes.

Curioso que, ao longo dos últimos 20 anos, passei por outras crises, recebi alta e meu conceito de sucesso permaneceu o mesmo.

Sempre com foco nos fracassos ou nos conceitos de sucesso que percebia da sociedade, principalmente aqueles focados no material.

Durante tanto tempo não percebia como sucesso a superação, a reconstrução da minha carreira profissional, o alinhamento entre as minhas ações e os meus valores, o livro que publiquei, esse canal no youtube, o blog, tantos prêmios que recebi ao longo da carreira e tantos reconhecimentos, justamente por fazer aquilo que eu acho que está sintonizado com os meus valores.

Durante tanto tempo eu percebi a felicidade como obtenção do sucesso e o sucesso apenas como atingir metas, ganhar dinheiro para ter coisas, comer bem, tomar um vinho, me divertir com os amigos e eventualmente ser aplaudido.

Agora, sabe porque decidi fazer esse vídeo?

Semana passada fui caminhar cedo na praia… E vi uma praia totalmente seca… consegui andar na areia até os arrecifes sem molhar os pés.

De lá, vi o mar, vi as pedras… Vi peixes… Varas de pescar… Senti o vento forte, o cheiro de mar, o som das ondas… Dei meia volta, olhei para os prédios e pensei:

Isso é sucesso.

Foi uma das sensações de sucesso mais fortes dos últimos anos.

Então, faço um convite: que tal pensar um pouco mais sobre o que é felicidade, realização e sucesso pra você, mas com o desafio adicional de pensar nos três SEM ser algo externo, sem condicionar ao que esperam de você… Sendo algo partindo de dentro do seu peito, de dentro de você sem depender de nada ou de ninguém.

Eu tenho a certeza de que ficará surpreso e verá que você experimenta muito mais sucessos do que imagina.

Talvez a gestão das expectativas, as próprias e as dos outros, seja o fator mais importante para a felicidade, a realização e o sucesso.

Muita gente acha que o sucesso é feito uma poupança onde a gente deposita dor e sofrimento para colher juros mais pra frente.

Culturalmente somos levados a crer que não há sucesso sem dor e sofrimento e não consigo pensar em coisa mais distante do bem-estar.

O sucesso pode ser encontrado em pequenas coisas do dia a dia.

Aliás, se você conseguir encontrar sucesso nas pequenas coisas do dia a dia, a felicidade e a realização certamente lhe farão companhia.

Sucesso é uma descoberta de autoconhecimento, totalmente relativa, individual e muda assim como a vida.

Não confunda metas e objetivos com sucesso. É muito comum que o lado profissional queira que a confusão ocorra simplesmente porque isso é favorável aos interesses alheios.

É assim que nós somos transformados em números.

Você deve estar se perguntando… Então perseguir metas e objetivos não é sucesso?

Eu não vou dizer o que é sucesso e acredito que ninguém pode fazer isso. Você tem que descobrir o que é sucesso pra você e se isso é compatível com quem é.

Preste bastante atenção: depende de como reconhece o objetivo a ser alcançado.

Se for imposto e não idealizado em conjunto, sem estar sintonizado com quem somos, uma descoberta que deve acontecer antes, você pode estar indo numa direção que não trará nem felicidade nem sucesso.

E é por isso que é tão conveniente achar que sucesso depende de dor e sofrimento. Quando buscamos metas e objetivos desalinhados e fora de sintonia com nós mesmos, passamos a achar que o sacrifício de hoje é a felicidade de amanhã.

Se você pensar bem, perceberá que faz muito sentido.

Veja por exemplo este gráfico que trago no meu livro, explicado em detalhes. Perceba que ele não fala sobre o que é sucesso, apenas ajuda a classificá-lo:

Quanto mais a percepção de sucesso estiver atrelada ao material, mais ele estará relacionado ao ego coloquial e mais rápido ele desaparece, como um vício, uma droga…

Quanto mais essa percepção estiver associada ao todo e ao altruísmo, mais duradoura será sensação de sucesso, maior será a contribuição, a cooperação e as sensações de felicidade e realização.

Uma mesma situação na vida da gente pode ser percebida em qualquer lugar do gráfico, ou seja, como sucesso material, contextual ou existencial.

Darei um exemplo prático.

Em 2017, atuava como consultor na área de vendas para uma multinacional de tecnologia. Participei de um projeto para o governo de um estado aqui no Brasil, onde foi possivel economizar milhões em aquisições.

Por esse projeto e como parte do meu trabalho, eu fui remunerado e recebi uma comissão.

Eu poderia ter olhado para esse projeto apenas pelo aspecto financeiro, o que seria qualificado como sucesso material.

Mas o meu trabalho foi reconhecido e eu ganhei um prêmio por causa dele. A sensação de reconhecimento é fantástica.

Mas ao longo do tempo, enquanto o projeto era executado, eu percebi também o quanto a economia trazida beneficiou a população de uma forma geral.

A economia viabilizada pôde ser empregada em outros projetos de cunho social e isso está diretamente sintonizado com o propósito de ajudar as pessoas.

Veja como uma mesma situação, um mesmo evento gerador, pode ser percebido de diversas formas.

Se for percebido apenas como sucesso material, a sensação duraria pouco tempo.

Se usando a ótica do reconhecimento, talvez um pouco mais… Faria apenas bem ao meu ego.

Mas 3 anos após a venda do projeto, ainda sinto o bem estar de ter contribuído para algo maior.

Quero finalizar deixando as perguntas:

Quantas vezes perseguiu metas e objetivos e analisou se eles estão de acordo com quem é, com os seus valores e com o quê acredita?

Quantas vezes trabalhou para que o sucesso de fato seja uma contribuição para algo maior?

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16+ Ficção

Márcia

Aviso: este é um texto 16+. Nada que a nossa TV contemporânea já não aborde em qualquer horário, mas se você tem questões com violência e palavrões, sugiro não continuar.


 

Caceta, que susto! – Júlia escuta uma porta batendo com o vento.

Estranho… pareceu outra coisa.

Enfim… – pensa. Acomoda-se novamente no sofá.

(…)

Um dia antes...

Márcia tem uma arma na cintura.

Enquanto está no coldre, não há ideia de autodestruição… exceto talvez por uma ou outra manifestação perene, como roer as unhas… e arrancar fios de cabelo.

Estresse.

O dia passa numa corrida contra o tempo.

Noites mal dormidas, dias frenéticos em busca de si e de justiça para um passado que não volta.

Autoafirmação desejada e exercida, publicada e reconhecida, nunca alcançada.

Perseverança – valida ela, mentalmente.

Persona, dizem.

Chega em casa, abre a porta.

Ela percebe um vazio, quase repleto de dúvidas.

Seu lar é bem diferente do que sente por dentro.

Descolamento. Eus distintos, interno e externo, percepções misturadas e contraditórias.

Se você entrar em seu apartamento, perceberá uma estética quase impecável.

Coerente.

Cores harmoniosas. Quadros e retratos alinhados à perfeição falam sobre um passado fora do alcance.

Um sofá vinho na frente da TV, um tapete creme confortável… almofadas entre amarelo e vermelho convidam ao ato de se jogar.

Um par de cadeiras sóbrias contrastam com a palheta e com o chão em madeira.

Silêncio.

Mas o sinal de uma eventual mudança é percebido ao focar no horizonte.

Uma varanda fechada com vasos e plantas… esquecidas.

Galhos secos que por semanas suplicaram por água, atenção e que agora combinam ironicamente com as cores da sala.

Será que a estética deste universo contido entre paredes existe apenas pela falta de ação ou esquecimento?

Ou reação?

Ou incômodo?

Eu não sei dizer.

Talvez Márcia saiba, no fundo… mas ignora.

Um ambiente preservado pela indiferença, exceto pela morte óbvia na sacada.

Ela entra no quarto e vê a cama desforrada… como há semanas.

Sente um aconchego tão fulminante quanto a necessidade de livrar-se das roupas que voam em direção ao canto atrás da porta.

O coldre vai ao cofre e, no exato momento em que vê a sua mão depositá-lo naquela caixinha, lembra de algumas das cenas marcantes e insolúveis que permeiam o seu dia a dia. Hoje foi especialmente difícil.

Preciso de uma ducha – pensa.

Depois de experimentar talvez o banho mais quente da sua vida, ela cai na cama com o celular na mão, na intenção não realizada de criar, estimular ou manter alguma relação social com qualquer pessoa que seja… mesmo através de uma tela de poucos centímetros… um aparelhinho repleto de imagens, letras e sons que deixam de fora tudo aquilo que ela mais precisa no momento:

Um toque, um abraço e a presença silenciosa de alguém.

Há uma desconexão em andamento por meses. Há uma separação de quem é do que representa. Da imagem que passa.

Mas antes que quaisquer interações tenham a chance de ocorrer, a agitação mental cede ao inconsciente e ela apaga.

(…)

De repente, um susto: como que sendo abduzida do corpo mais ao contrário, o som odioso do despertador acontece.

Que merda.

Sete horas de sono não são o suficiente.

Não têm sido, pelo menos para ela.

Não sente nem que dormiu.

A cozinha de Márcia é uma verdadeira ode ao prático e ao eficaz, junto daquilo que, na sua concepção, é o mais efetivo para tirá-la do torpor matinal.

Cambaleante, pega um café e o celular.

Vinte e duas mensagens, um story sorridente nas redes sociais e três canecas de café depois, sente que acordou. Morde uma maçã e abre um energético, seu companheiro até a delegacia.

Banho, roupas, maquiagem, aparência perfeita.

Trinta minutos se passam do salto do sofá vinho à chave na porta de casa.

Entre um e outro, tira o coldre do cofre, olha para a sua mão novamente e lembra como será, até o fim de mais um dia.

Mas não hoje.

Hoje será diferente.

(…)

Não dá para saber em qual momento exato, entre a lembrança antes de sair de casa e o fim do dia, que as coisas começaram a ficar estranhas.

Dor no estômago.

Mãos suando.

Ela enxerga o mundo à sua volta e sabe que ele está lá.

Mas parece distante… distorcido, surreal, sons abafados.

Lembra quando experimentou alucinógenos aos quinze anos pela primeira (e última vez).

Se eu contar a você os detalhes (sórdidos) do dia dela, não fará diferença.

Entre o sangue (literal), o suor (desconfortável) e as lágrimas (quase sempre contidas), um caleidoscópio de emoções reprimidas gira dentro dela, dando sentido à sala intocada, à cama desforrada e à natureza morta da sua varanda.

Os minutos passam, as ocorrências acontecem e a realidade se dissolve em um choro velado e breve no banheiro.

Eu não aguento mais.

Olha-se no espelho, prende o cabelo. Enxuga o rosto.

Sai dali talvez menos do que entrou, mas decidida.

O desenrolar das horas acontece tão indiferente quanto se sente agora.

Decisões têm essa característica… de serem efeitos colaterais de emoções que provocam catarses, mudanças profundas e resolutas que trazem tranquilidade e calma.

Vou por um fim nisso ainda hoje à noite.

(…)

Júlia reinicia a sua série favorita, mas não acredita na fofoca contada pelo barulho que ouviu da suposta porta do corredor.

Devagar, sai de casa… e vê a porta do hall aberta.

Mas a porta de Márcia também está aberta.

Neste exato momento, o ar fica rarefeito e foge do pulmão, assim como o sangue parece desaparecer das suas extremidades.

O frio dá uma volta em todo o corpo e concentra-se no peito e no estômago.

Júlia já tinha sentido essa mesma sensação ao pular de paraquedas.

Ela abre imediatamente a porta e grita por sua vizinha… olha a cozinha, a sala e não encontra ninguém.

Desespero.

Puta que pariu.

Entra no quarto e vê a cena… um quadro incompreensível.

A emoção é tão forte e densa que quase dá pra cortar com uma faca:

Márcia está sentada na cama, chorando compulsivamente com a arma na mão direita e, diante dela, um espelho perfurado pelo disparo.

Ela morreu hoje – balbucia entre lágrimas… quando finalmente ganha o abraço silencioso que merece.

(…)

O coldre com a arma dentro é uma lembrança distante, bem como os arrepios ao tirá-los do cofre.

Márcia lembra, contudo, do momento em que decidiu tirar a vida para finalizar o sofrimento.

Ela lembra da paz e da calma que sentiu do momento da decisão até o instante em que, ao invés de executar o plano, por algum motivo ainda desconhecido, mirou no espelho.

Sem querer, acabou com aquela imagem distorcida de realidade e de identidade.

A mesma decisão que trouxe a calma e apaziguou momentameamente a dor, mostrou o caminho.

De fato, capaz de criar uma jornada completamente nova… que ela passou a viver, apesar de não se sentir especialmente grata por estar viva… mas por ter mudado.

Mostrou que a centelha de mudança dentro dela, que trouxe tranquilidade, também torna possível alterar a própria estrada.

 


“Márcia” é uma ficção. Qualquer semelhança com fatos, ocorrências, nomes, pessoas ou situações da vida cotidiana ou do passado é mera coincidência. A escolha do nome da crônica foi baseada na lista de nomes mais comuns no Brasil, divulgada pelo IBGE.

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Quem É Você?

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“O que eu estou fazendo aqui” – pensou.

Olhou para os lados e percebeu emoções à flor da pele, assim como as suas.

Transbordo quase incontrolável de sentimentos.

Viu olhares, lábios comprimidos em apreensão.

Rostos marcados pelo coração que bate forte, pelo medo.

“Será que eu quero isso para mim?”

Dúvidas.

Arrepios.

Dor de barriga.

“Não consigo. Impossível.”

Percebeu que aquela sopa de emoções tomava conta de si e de todos.

Travas. Barreiras.

Começou a notar ritmos distintos, maiores e menores poderes… gente diferente.

Pessoas… personalidades e individualidades.

“Como podemos ser tão diferentes? Isso não dará certo, não com tantas crenças estranhas amarradas a mim.”

E, como em um passe de mágica… como em metrônomos que entram em ressonância, tudo começou a mudar.

Aos poucos. Devagar, quase imperceptivelmente.

Sutileza, diante de uma vivência nada sutil… diante de provocações constantes, diante de tantos estímulos quanto um ser humano é capaz de suportar.

Surpresas.

Exaustão.

Indignação.

Lágrimas.

Aprendizado.

Mas a mente tem essa característica linda de fazer o corpo prosseguir.

E o ser humano segue.

Persevera.

Adiante, a realidade se forja.

Mais à frente, os impossíveis começam a ser substituídos pelo momento presente, uma celebração da capacidade humana de criar.

“Começo a ver quem sou, verdadeiramente.”

“Começo a ver quem são, no fundo…” – pensa.

E os metrônomos das vidas alheias se alinham.

A confiança surge.

A confiança a partir do respeito, construído em cima da diversidade.

“Somos tão iguais em nossas diferenças…”

E tão capazes de tudo em nome dessa diversidade, uma mistura sábia e ilimitada.

Empatia surge em um crescente sem limites… sem restrições.

Um grito primal, do fundo da alma, põe para fora todo o lixo carregado por décadas.

Agora, está claro o que me prende. Agora, no momento presente, identifico todas as crenças que me seguram e imagino um futuro de realizações.

Volto a sonhar. Aconteceu!

O ser humano olha para o seu sonho, no fim de uma caminhada que deixou de ser impossível e passou a ser um desafio.

O impossível vai perdendo o sentido… e transformando-se no motor da mudança. A dor vira estímulo de superação, a constatação de que ela passou a ser aliada.

Quando a mudança ocorre, temos uma segunda certeza, além da perenidade.

Somos adestrados a ter escolhas.

Mas mudança traz oportunidade de criar.

Traz o novo… e a chance de criar escolhas.

Ao ter escolhas entregues, temos a falsa sensação de liberdade inserida no ato de escolher…

Talvez a liberdade more no ato de criar.

Criar a si a partir de quem se é.

E quando finalmente percebe que o ser sai com força irrepreensível, a realidade vira um alvo móvel.

Uma nova identidade surge… uma identidade de impossíveis e “não consigos” deixados para trás, uma identidade capaz.

As dúvidas, os arrepios e a ansiedade não existem mais.

Por mais flechas que sejam atiradas, eu sobreviverei.

Agora, o que existe é o mais puro exemplo de ser humano:

Adaptação e superação.

Em um ato final de composição da alma, o ser humano bate no peito e grita: eu sou!

Naquela tarde de domingo, ao pôr do sol, sente-se sincronismo e ressonância.

Que sensação maravilhosa.

Sinto-me livre, voando para longe, como uma gaivota que conquistou a habilidade de voar mais alto.

É quase possível pegar nas mãos o sentimento de plenitude.

Cooperação.

Ele vê pessoas que fazem parte de si e vê a si em tantos…

O extraordinário… ah, esse é um destino coletivo.

O que será isso tudo, se não o próprio ato de viver plenamente?

O que é isso tudo afinal, se não aprender e viver?

 


O texto acima é a minha homenagem as pessoas que decidiram fazer o impossível acontecer e criam novas realidades para si, todos os dias.

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Paulo

Conheci Paulo no colégio, quando tínhamos seis anos. Durante aquele período, fomos melhores amigos. Contudo, com a adolescência, mudamos de colégio e seguimos rumos profissionais ligeiramente diferentes.

Os encontros se tornaram mais escassos, mas de melhor qualidade. Preservávamos o hábito de nos encontrar pelo menos uma vez por mês para falar da vida, da família, das lembranças e dos aprendizados… e confesso que nunca vi ninguém mudar tanto, em tão pouco tempo, como ele.

A última vez que nos vimos esse ano foi em fevereiro, quando completou quarenta e três. Ele me disse que olhou para o passado e viu uma vida sem sentido. Olhou para a frente e viu uma vida com propósito. Um contraste desagradável, mas ao mesmo tempo, um alívio, segundo ele.

A primeira lembrança dele vem dos três anos. Estava no quintal de casa, levando uma bronca do seu pai por ter sujado a parede. Ele me falou diversas vezes sobre como o seu relacionamento com os pais era difícil. Não era comum valorizarem as suas conquistas.

Depois de quase quarenta anos, olhar para a infância trazia lembranças partidas. Ele lembra de não ter muitos amigos; lembra de adoecer com facilidade; lembra de viver com sono até os treze anos.

Seu pai, do interior do sul do país, descendência alemã e polonesa, veio para o nordeste exercer a carreira militar; sua mãe, do interior do norte, veio com a família em busca de oportunidades. Ambos filhos de pais brutos… encontraram-se e casaram-se… por fuga de suas respectivas famílias. Digamos que na casa de Paulo demonstrações de carinho não aconteciam.

Ele terminou crescendo uma pessoa fria, extremamente racional e podemos até afirmar que dissêmica . Seus pais fizeram questão de lhe preparar bem para a dureza da vida, sem dúvida alguma. Eu nunca entendi como consegui me relacionar com ele. Talvez pelo seu humor ácido e irônico, bastante diferente do que estava acostumado. Ria pela diferença e sempre achei interessante essa perspectiva rara de humor tão cedo na vida.

Juntando isso ao fato de que ele foi uma criança e um adolescente isolado, não posso dizer que aprendeu a ser carinhoso, pelo menos não com as suas referências familiares iniciais. O desgaste e o conflito crescentes na adolescência terminaram por afastá-lo da família e a se interessar em construir a sua própria. Fui algumas vezes na casa dele e percebi isso em segunda mão.

Por volta dos dezoito anos, a situação estava insuportável para ele: seus pais tentavam controlar todos os aspectos da sua existência, da roupa que vestia, passando pelos amigos e pela namorada até o curso que deveria fazer na universidade.

Para vocês terem a ideia, quando eu tinha meus quinze anos, bebia desesperadamente como a maioria dos adolescentes. Os seus pais tentaram inúmeras vezes minar a nossa amizade e proibi-lo de se encontrar comigo e com a nossa turma, por me considerar uma péssima influência. Foi mais ou menos aí que decidi não ir mais lá.

A sua introversão, junto com a ausência de diálogo, fizera-o procurar emprego cedo e a aceitar praticamente tudo que era imposto, como o vestibular para física porque… seus pais não acreditavam que ele fosse capaz de passar em ciência da computação (no ano seguinte ele passou para provar que podia).

A intenção de Paulo era sair de casa o mais rápido possível. Ele tinha uma meta: casar aos vinte um, para não ter que pedir autorização aos seus pais. Eu estava no auge da esbórnia e não compreendia como uma pessoa poderia “fugir” de casa por não aguentar os pais. Era uma versão de realidade inconcebível para mim.

Ele cumpriu a meta… e iniciou a busca por sucesso material e conforto para sua nova família. Entrou em um ciclo cego de viver os dias da semana em um trabalho suportável, pagar contas, dormir e se esbaldar nos fins de semana. Jornadas diárias de mais de doze horas de trabalho para compensar tantas coisas… para compensar financeiramente o incompensável.

A própria escolha da profissão foi uma questão de agilidade e praticidade: juntou a habilidade com uma referência familiar e de alguns amigos na época, como eu. Investir nisso parecia o caminho mais rápido de sucesso profissional que poderia desenvolver e, quando você está nesse famigerado ciclo existencial, você perde a perspectiva de muita coisa. Não havia tempo a perder: mergulhou de cabeça. Trabalho e fuga. Mergulhou tão profundamente que se tornou um dos melhores profissionais que conheci.

E os problemas de saúde começaram a se acumular. Foram mais de vinte anos assim.

A carreira profissional ia bem quando perdeu o emprego. Foram três anos de depressão e necessidades. Pela primeira vez, percebeu que felicidade e realização são muito mais do que comprar coisas e farrar. Fui na casa dele algumas vezes, tentar tirá-lo do quarto no pico da depressão.

Não consegui fazer muita coisa, mas consegui pelo menos que ele fosse a uma consulta com um psicólogo. Eu hoje me sinto mal por não ter sido mais próximo dele nessa fase, mas me doía ver um ser humano naquele estado. Embrulhava-me o estômago.

Naquela época, ele culpava seus pais por tudo, como disse sabiamente Renato Russo e… isso é um absurdo.

Somos filhos de vítimas. Somos vítimas de vítimas. Descobrir isso abriu toda uma linha raciocínio à sua frente. Ele vinha repetindo o comportamento dos pais fielmente sem perceber. Racional como o pai, explosivo como a mãe, autônomo e independente quando conseguia, como as exigências da vida lhe fizeram.

Sua cegueira durou dos dezoito aos quarenta, assim como seu comportamento de vítima das circunstâncias, de incompreendido e de coitado. O início e o fim do ciclo existencial automático e perverso que um dia fez também parte da minha vida. Convenhamos, acho que faz parte da de todos, em algum momento.

Voltando um pouco, ele se separou em 2005, quando passamos a nos encontrar com mais frequência. Como ele mudou – perdeu peso, passou a se alimentar direito e a se exercitar; voltou a morar com os pais, deixou de fumar e melhorou consideravelmente de vida. Apesar de ainda viver naquele ciclo existencial na época, passou a dar mais atenção à própria existência.

Mas foi em 2015 que ele começou a se transformar em outra pessoa, quando passou a questionar o seu próprio ciclo existencial.

Lembro de uma de nossas conversas onde ele me disse que se arrependia de muitas coisas… de ter casado cedo, de ter vivido uma vida voltada ao material e talvez até da profissão. Argumentei que isso poderia ser reflexo da crise dos quarenta… ele concordou, apesar de fazer uma ressalva: que tinha passado a enxergar outra pessoa no espelho e, na época, não sabia ainda se isso era bom ou ruim.

Ao longo dos últimos dois anos, ele começou a investir seriamente em seu desenvolvimento como pessoa e em autoconhecimento, algo do qual tinha preconceito. As mudanças foram tão grandes e tão abrangentes que ele passou a me aconselhar, um fato inédito! Foi por causa dele que também comecei a me interessar pelo autoconhecimento, chegando a mudar de emprego e passando a ser uma pessoa bem mais realizada… rompendo o meu próprio ciclo existencial. Até o meu relacionamento com minha esposa e meus três filhos mudou para melhor.

Em fevereiro, durante a nossa conversa, ele me confidenciou estar vivendo a melhor fase de sua vida: verdadeiramente empolgado por ter encontrado seu próprio “eu” e sua missão… ele afirmou: “compadre, eu nasci para ajudar as pessoas. É com isso que me realizo! Demorou, mas me achei!”

(…)

Não trabalho de terno. Meu emprego me dá uma certa liberdade, principalmente no que diz respeito ao meu guarda-roupa.

Abri a porta do armário à procura de algo preto. Algumas camisas de rock do Metallica, uma calça jeans e só. Pensei “Vou assim mesmo”, afinal, era como ele me conhecia: bem à vontade.

Ontem recebi a ligação da sua esposa. Paulo sofreu um acidente de carro ao retornar de uma viagem de negócios. Seu enterro é hoje.

Depois de conviver dois anos com uma nova pessoa, penso em quanta gente ele deixou de ajudar com seu novo propósito. Penso na vida nova que ele mal teve tempo de exercer… apesar de acreditar que, no caso dele, não foi tarde demais. Ele se encontrou a tempo. Ele fez a diferença em sua própria vida e na vida de muita gente antes de partir.

Como ele mesmo me falou várias vezes, tem gente que nunca acorda. Eu acordei graças ao despertar dele mesmo e sou eternamente grato, apesar de não conseguir parar de pensar em quanta gente passa pela vida anestesiado. Fico imaginando a vida que ele poderia ter levado e quantas pessoas mais poderia ter tocado.

Mais uma vez gratidão, Paulo. Vá com Deus.

(…)

E pra você? Ainda dá tempo?


“Paulo” é uma ficção. Qualquer semelhança com fatos, ocorrências, nomes, pessoas ou situações da vida cotidiana ou do passado é mera coincidência. A escolha do nome da crônica foi baseada na lista de nomes mais comuns no Brasil, divulgada pelo IBGE.