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Será que falar do lado positivo da procrastinação é tabu ou um assunto proibido?

Bem, falarei mesmo assim.

Procrastinação tem se tornado uma palavra maldita porque isso simplifica as coisas pra muita gente.

Eu gosto das coisas simples.

Infelizmente, neste caso, não é tão simples assim.

Em nome dessa simplicidade, ela tem recebido uma conotação bastante negativa, uma tendência de representar tudo de ruim que as pessoas conseguem associar à falta de ação.

Tudo aquilo ligado ao insucesso, ao fracasso, a falta de felicidade e de realização por não agir.

Um inimigo comum, objetivo, bem definido.

Solução? “Ter atitude, entrar em ação, agir!”

Não… não é apenas uma questão de convencer as pessoas a agirem de qualquer jeito.

Não é uma questão apenas de fazer alguém levantar da cama e seguir o seu dia.

Não mesmo.

E não adianta ler as receitas para “parar de procrastinar”. Não adianta que alguém berre no seu ouvido que você “tem de evitar a procrastinação a qualquer custo”.

Ou melhor, que deve ter atitude e, irremediavelmente, agir.

Em primeiro lugar, ela pode ser útil (sim, a procrastinação!)

Em segundo lugar, é necessário entender o motivo por trás da falta de motivação em agir (ou levantar da cama) e da baixa potência…  ou suas ações serão descoordenadas e improdutivas.

Potência de agir“, como diz Clóvis e Barros Filho, usando como base Spinoza.

O gato da Alice colocou a questão muito bem, dois séculos atrás:

“Se você não sabe para aonde ir, qualquer lugar serve”.

Potência de agir traduzida em ação sem objetivo… é gasto de energia.

Mas Romulo, “procrastinar” não é saber o que fazer e adiar?

Opa, esse é o ponto.

O corpo humano é uma máquina linda.

Dentro desse vaso que hoje representa milhões de anos de ajustes, temos muita água… temos carbono, oxigênio, temos ossos, músculos, sangue…

Neurotransmissores, sais minerais… temos um sem número de elementos da tabela periódica. Temos eletricidade, movimento…

E temos pensamentos. Sentimentos, emoções, identidade, ego, cognição, conhecimento…

Temos um número infinito de combinações, de formas, de  hábitos, impulsos e de conclusões.

Temos um cérebro capaz das coisas mais inacreditáveis… e que nos manteve vivo usando quatro estratégias: conservando energia, protegendo-nos das ameaças, adaptando-se e promovendo o contato social através da formação de grupos.

Quando você vai à academia pela primeira vez e, 48 horas depois não consegue levantar da cama, é o seu corpo se adaptando (e, ao mesmo tempo, dando um recado: quero conservar energia – continuar nesse ritmo vai na contra mão dessa conservação – se deseja um novo estado, trabalhe conscientemente para isso).

Aprender a dirigir? A mesma coisa.

Andar de bicicleta?

Escrever?

Pular corda?

Falar em público?

O corpo tenta conservar energia e proteger você. Em seguida, se você continuar, adapta-se, iniciando uma série de alterações e mudanças que permitam executar o que intenciona de forma mais efetiva.

Imagine o seu estado atual, chamado de ponto “A”. Imagine também o seu estado desejado, chamado de ponto “B”.

Entre A e B existe mudança, adaptação e tempo. Esse “tempo” é o necessário para que a máquina do seu corpo  promova as mudanças que o capacitam a chegar em B.

Você não tocará em B por acaso. Chegará treinando, correndo, pensando, lendo, exercitando…

Só que essas mudanças ocorrem em vários níveis dentro de nós. Elas são físicas, neurológicas, psicológicas, cognitivas e emocionais, acompanhadas de dor. Essa dor nos permite avaliar se a mudança e o esforço valem à pena ou não.

Você já se deparou com um problema que achou impossível resolver?

Ele deve ter provocado algum desconforto diante da impossibilidade… e, tempos depois, a solução surgiu em sua mente?

Acontecimentos do seu dia a dia trouxeram sentimentos e emoções insuportáveis que, com o tempo, tornaram-se suportáveis e, eventualmente… uma lembrança distante, como um luto?

Uma perda, trazendo lágrimas e sofrimento… para depois de alguns dias, semanas ou meses percebê-la como um fantástico aprendizado?

Você cria?

Escreve, pinta, esculpe, compõe?

Quem sabe… planeja, projeta ou define estratégias?

Já teve ideias e inspirações fantásticas cantando no banheiro, dirigindo (meu caso) ou, assim como no exemplo do problema, recebeu uma iluminação quase divina no meio da noite?

Sim, seu corpo se adaptou. Seus pensamentos e emoções também… e esse processo exige tempo. A questão ficou em sua mente sendo trabalhada… como em um processo dormente e ativo no fundo do inconsciente.

Chamemos de amadurecimento: o tempo necessário para que o seu corpo, o seu cérebro, a sua mente se adaptem e consigam lidar de forma adequada com exigências físicas, psicológicas ou emocionais.

Quanto tempo?

Depende.

Varia de situação para situação e de pessoa para pessoa.

Fato é, quando focamos em uma tarefa, entramos em modo de execução (e não de criação). Criatividade exige algum tempo de amadurecimento… E antes que você diga que estou ficando tantã, sugiro dar uma olhada no trabalho de Adam Grant (legendas em português) ou no seu livro, “Originais”.

“O que você chama de procrastinar, eu chamo de pensar.”
Aaron Sorkin

Agora talvez a tal da procrastinação comece a ter um sentido nunca antes imaginado por você.

Pois é, existe um lado positivo dela, quando no tamanho adequado.

Quando ela representa o respeito a essa adaptação, ela é útil.

Quando ela representa o processo de amadurecimento dos nossos músculos, da nossa mente ou das nossas emoções, ela é necessária.

Quando ela representa o tempo para reorganizar questões internas, considerar alternativas e ideias conflitantes… ela se torna mais útil ainda.

Compreende a necessidade do dia de descanso, para aqueles que fazem exercícios assiduamente?

Compreende agora a necessidade de desconectar-se, de reduzir o ruído de tudo que nos cerca, das telas em geral, da overdose de informação, interação e ter um tempo para si?

Quando a espera representa sempre um desejo irrefreável de fazer qualquer coisa, exceto aquelas que nos exigem a responsabilidade… aí ela se torna negativa.

Mas até nesse caso convém fazer algumas observações.

Se você não consegue acordar pela manhã e chama de procrastinação, pense novamente.

Se você foge das responsabilidades do seu trabalho, pense novamente…

Se você deixa para a última hora o estudo para a prova, pense novamente…

Se você deixa para a última hora preparar-se para quaisquer desafios… E, em todos esses casos chama de “procrastinação”, pense novamente.

Apenas agir, em todos os exemplos anteriores, não resolverá a sua questão.

Você conseguirá sim executar aquela atividade. Talvez uma vez… talvez duas… quem sabe três vezes.

Mais você vai parar.

E vai doer.

E você sofrerá.

Você sabe disso porque já viveu essa mesma situação um milhão de vezes.

Você agora está olhando para seu passado e lembrando quando foi que essa suposta procrastinação o impediu de alcançar os seus objetivos e quanto sofrimento você sentiu em dose dupla: o fracasso em si e a incapacidade de progredir.

Você tem absoluta certeza que a culpa foi da procrastinação?

Tem algo mais aí.

Tem incertezas.

Baixa autoestima.

Tem síndrome do impostor, ansiedade, tem depressão, tem péssimos relacionamentos.

Tem crenças limitantes, tem educação e experiências passadas.

Tem limitações físicas e emocionais.

Tem traumas.

Tem conflito de valores e de propósito.

Tem lutas internas gigantescas.

E tudo bem, faz parte de ser humano!

Eu quero que você reflita sobre o que realmente causa a procrastinação em você.

Quem sabe, depois de algum tempo identificando causas raiz, a procrastinação desapareça, mudando de nome.

Talvez você perceba a necessidade de dar tempo ao tempo na proporção adequada e… de conhecer a si próprio e suas limitações… reconhecê-las é o primeiro passo na direção de eliminá-las.

Eu acho que ouvi algum procrastinador inveterado pensando:

“Pronto, agora é só não fazer nada que as soluções chegarão até mim.”

Será?

Eu não elaborarei mais a partir daqui. O próximo passo e as próximas conclusões são suas.

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