Pensamentos Com Vida Própria

Epílogo

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11 de setembro de 2019.

Hoje escrevi o epílogo do meu livro.

Eu sentei em um café como de costume… aquela solidão criativa. Eu vou colocar aqui alguns trechos do que escrevi. Você, caro leitor, talvez nem perceba, de tão contemporâneo que o texto é… de como ele se encaixa no momento que vivo.

Nestes dois anos, os cafés mudaram de endereço. Alguns hábitos também. Mudei meu estilo de vestir, o corte de cabelo, a barba. Li mais livros, viajei mais, treinei menos, mudei a dieta. Deixei os expressos de lado; comecei a tomar mais café coado, eventualmente um vinho, raramente acompanhado fisicamente.

Pontos finais, vírgulas, três pontos… exclamações, reticências. Interrogações aos montes.

Pessoas e relacionamentos vieram e foram… e vieram.

Algumas deram contribuições inestimáveis… outras, acrescentaram indiretamente, talvez não atendendo às minhas expectativas, e por não atendê-las, somando ao meu conteúdo sim, como pessoa… que desaguou nele.

Concluí o livro no dia 31 de dezembro de 2018. Entretanto, nos últimos nove meses, cada capítulo foi revisitado. Foi revisto, alterado… coisas entraram, coisas saíram… um refinamento necessário e um amadurecimento inevitável.

Também coloquei mais emoção.

Mais de mim.

Assim como a gente. Assim como a vida é. Assim como são as coisas que amamos.

No processo, li o livro dezenas de vezes do início ao fim. Ao concluir a (assim espero) última revisão, deparei-me com os capítulos finais, quando decidi por escrever um epílogo.

A sensação é estranha.

Eu estava me sentindo desmotivado com a vida. Com defeito.

Incapaz. Pequeno. Impostor.

Apesar de achar que fiz o melhor que pude.

Então, quando concluí a leitura da última página, uma inquietação acompanhada de lágrimas involuntárias reafirmou o título. É como olhar para o passado, mas ao mesmo tempo reconhecer uma inspiração. Um dever.

Meio que um presságio, uma ratificação. Um guia.

Será que eu estava começando e entrar no ciclo existencial novamente e precisei ler a mim mesmo?

Foi quando uma emoção dotada de voz me disse: “você sabe o caminho”.

Eu senti essa frase em cada canto do meu ser… é como se eu tivesse escrito com uma finalidade adicional desconhecida, maior do que a intenção original.

Estarei eu sendo egóico ou prepotente em sentir isso ou, ainda, em achar que o que vem servindo para mim pode servir para alguém?

Sim, eu estou com medo.

Com medo de me expor, com frio na barriga, borboletas no estômago. Ansioso. Será que os meus medos serão confirmados? Será que isso importa? Sinto-me vulnerável.

Como diz Brené Brown ao citar Roosevelt (Brown, 2013), só há um jeito de descobrir: descendo para a arena e sujando a cara, com medo mesmo.

Talvez o tudo isso signifique muito mais do que o fim de um livro.

Talvez o fim de outros ciclos. A vida é cheia deles.

Escrever com lágrimas nos olhos traz uma perspectiva única da vida.

São em momentos como esse que entendemos tantas coisas… como a inspiração oculta do último capítulo do livro que passei dois anos escrevendo.

Quando escrevi, fui sincero. Você verá em breve, quando ele for lançado. Eu não sabia que a finitude representada por um epílogo estava relacionada a mais coisas em minha vida.

Então, quando li hoje essas duas últimas páginas, eu vi um reflexo de outros fins. Eu percebi que o ser humano, de fato, tem motivações que vão muto além do racional.

E assim, ao contrário do que eu imaginava e sentia, este epílogo representa o fim de inúmeros ciclos em minha vida. No texto acima, cabem todos representados e é quase sobrenatural percebê-los evidenciados sem a participação da mente consciente.

Sim, essa mesmo que vos escreve.

Paradoxal?

Nem tanto.

E pensar que as respostas que eu procuro foram escritas por mim mesmo ao longo dos últimos 700 dias. Isso sim é paradoxal.

Será que a inspiração por trás dessas palavras, como disse James Clerk Maxwell em seu leito de morte, vem de um eu alem do eu consciente?

Sei lá.

Acredito que a maior vitoria que tive de 2016 para cá foi entender que não devemos explicar o inexplicável. Humildade é evitar dar resposta para tudo… mas querer aprender para saber as respostas sem precisar falar nada para ninguém.

Quando o ego cala… só sobra o ser em comunhão. As explicações são desnecessárias.

 

2 comentários

  1. Lindo texto! <3 Sente-se a emoção.

    Sabes o caminho, sim! E é nesse mesmo saber que residem as respostas a todas as perguntas que possas ter.
    Um Ser em Comunhão, é Tudo!

    Obrigada por este bocadinho, Romulo. 🙂

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