Partamos do princípio de que talvez para entender o conhecimento precisamos já ter conhecimento.
E de que para ter conhecimento é necessário entender o conhecimento que surge.
Paradigma.
Efeito Dunning-Kruger ao contrário ou do jeito concebido?
Conhecimento está ligado a explorar, não a determinar.
Se não há espaço para questionar e há apenas algo determinado por um terceiro ou por nós mesmos, não há crescimento do conhecimento.
O ponto é o quão longe as pessoas estão dispostas a ir para aprender algo novo, injetando dúvidas em seus conceitos supostamente “sólidos”?
Basta observar as pessoas falando e discutindo.
Se houver declarações mais flagrantes e vazias sobre o que é a verdade (sem evidências) em vez de questionamentos, pode ser uma indicação de um bloqueio de aprendizagem.
Isso mesmo, o que estou propondo aqui não é rebater crenças irremediáveis que levam a afirmações e argumentos sem nenhuma comprovação. É a percepção que o que está sendo dito é a identidade da pessoa e ir contra a argumentação é ir contra a pessoa.
O que realmente me incomoda é o fato de que as redes sociais como meio de comunicação fazem exatamente o oposto do que Paul Graham propõe em sua hierarquia da discordância: estamos presos na base da pirâmide (identidades).
Alguns meses atrás, fiz um post e um vídeo sobre a síndrome do impostor e lá, explico o conceito dos estágios de aprendizado (sugiro dar uma olhada ;))
Nas redes sociais, o que mais temos são identidades. As personas ideais e desejadas expostas na vitrine do algoritmo. Debater ideias no âmbito das redes sociais é uma prática rara justamente por esse motivo.
Meu ponto:
- O indivíduo que faz um argumento afirmando que algo é verdade sem colocar evidências na mesa, apenas as suas crenças, está defendendo a sua própria identidade e não a suposta verdade;
- O indivíduo que coloca evidências na mesa para afirmar que um argumento é a verdade (e não aceita que tais evidências sejam questionadas), está defendendo a sua identidade da mesma forma;
- Autoridade não surge de agarrar-se à verdades, posicionamentos irremediáveis e imutabilidade. Autoridade surge da capacidade de unir novos conhecimentos em novas abordagens.
De uma vez por todas: o método científico não aponta verdades. O método científico não atribui certeza muito menos verdades.
O método científico é uma forma de questionar, evitando vieses e influências. Ele aponta um caminho e nunca uma verdade.
Já as crenças e as verdades podem assumir a forma de serem absolutas; esse posicionamento pode surgir de qualquer um dos lados e, se detectá-lo, estamos falando de fé (em ambos os casos, até em pessoas que se denominam da ciência) e não de uma metodologia ou abordagem científica.
E como usamos as nossas verdades absolutas para construir as nossas identidades, talvez por isso que o método científico seja tão odiado.