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Modo de Sobrevivência

Em todas as crises de depressão que eu tive, exceto a primeira em 2001, ao ensaiar uma saída da situação, idealizei uma estratégia de dar um passo de cada vez.

Funcionou.

Comecei a construir minha carreira profissional em 1991 como estagiário e em 1996 no primeiro emprego na área de TI.

De 1996 para cá, reconstruí a carreira 2 vezes e estou na terceira.

Financeiramente, estou na segunda reconstrução.

Não estou falando isso pra você ter pena de mim. Não estou colocando esse relato aqui para posicionar-me como vítima, mas para fazer um alerta:

O modo de sobrevivência.

Existe algo em comum a todas essas situações.

Tanto para sair das crises de depressão, quanto para reconstruir a carreira e, principalmente, lidar com as dificuldades financeiras, tracei objetivos próximos, factíveis, visíveis e tangíveis, por menor que sejam.

Passos tão pequenos quanto levantar da cama, tomar um banho, escovar os dentes ou chegar ao fim do dia.

Pequenos para quem?

Para o âmbito aquisitivo / financeiro, reduzir os gastos ao mínimo possível para evitar ao máximo qualquer dívida.

Aí, em um mundo consumista onde tudo é uma oferta e uma relação de troca financeira e de consumo, percebi-me sem poder escutar música, ver uma série ou um filme. Ler um livro.

Cheguei ao ponto de não ter condições de tomar um café com um amigo, um coco na praia, ir a um cinema ou encontrar quem quer que seja em um local comercial.

Tudo reduzido ao mínimo e você percebe que as suas possibilidades de interação social e diversão simplesmente desaparecem.

Perspectiva de curto prazo tão imediato quanto chegar à noite. Ter o que comer, hoje.

Tem gente pior? É claro que tem. Somos quase 8 bilhões de pessoas no planeta é há muita exploração e desigualdade.

Mas devo pautar a minha existência pela existência dos outros?

Achar que sim é muita ingenuidade e julgamento.

Deixa eu tomar conta da minha vida primeiro.

Foi quando dei-me conta de que entrei em modo de sobrevivência no início de 2020 ao perder o emprego.

Voltei a trabalhar mais de um ano depois, mas ainda estou em modo de sobrevivência.

A minha visão ficou hiper focada em sobreviver ao dia. Em chegar no fim dele, dormir e acordar no dia seguinte.

Quando abro os olhos, o pensamento é: faça o necessário para chegar ao sono, à noite. Amanhã será outro dia, aí você pensa novamente como conseguirá.

Isso permeia toda a minha vida e tudo o que faço e penso, hoje.

Será que REALMENTE precisa ser assim?

Cortei no osso a minha existência, a minha diversão, as minhas possibilidades para sobreviver.

Foi uma estratégia útil em algum momento, mas ela não é duradoura. Não deveria ser.

Sobrevivência NÃO É VIVER.

Eu QUERO sair do modo de sobrevivência.

Só não sei como, ainda.

Ele pode ser necessário em algum momento, mas devemos ter muito cuidado para não transformarmos a nossa existência em sobrevivência o tempo todo.

Qualquer ser humano tem o direito de viver sem se sentir ameaçado o TEMPO TODO. Eu estou cansado de me sentir assim.

Não se sinta culpado por buscar o desejo e o prazer.

Esse é o alerta.

Talvez a caixa onde esteja hoje seja pequena para você.

Talvez a caixa seja você, construída por você e suas atuais crenças.

Talvez a caixa seja construída por aquilo que crê ser impossível.

Talvez a diferença entre o modo de sobrevivência e viver seja a nossa perspectiva.

Quem serei eu, afinal?


Imagem original do post, Shelby L. Bell:
https://www.flickr.com/photos/vwcampin/with/41220546524/

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