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Não Saber é o Campo da Criação

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Num dos vídeos que assisti pelo youtube do casal Flor e Manu (Maria Flor e Emanuel Aragão), eles falaram sobre mudança, no sentido de questionar até que ponto somos capazes de mudar após todo esse cenário da pandemia.

Será que nós somos capazes de transformar a nós mesmos? De efetivamente mudar, de verdade?

A nossa história como humanidade é a prova de que a mudança ocorre, seja por fatores internos ou externos. Nós nos adaptamos e adaptação é mudança.

Talvez não a mudança desejada.

Talvez uma mudança pautada na sobrevivência.

Talvez uma mudança pautada numa dor. Ou desejo. Dor ou desejo que torna-se maior do que a dor de existir onde se está ou é. Talvez uma mudança pautada no altruísmo ou na ganância, o que leva ao argumento seguinte.

Achar que necessariamente as mudanças serão no sentido da empatia, da cooperação, da admiração das pequenas coisas do dia a dia pode ser potencialmente ingênuo, assim como pensar que isso substituirá a opressão social, capitalista ou qualquer outra.

Eu particularmente gosto de acreditar nessa ingenuidade. Antropologicamente, o ser humano é um ser social e isso fez muito sentido por centenas de milhares de anos.

As mudanças ocorrerão em vários espectros e, como em um sistema caótico, essa efervescência da unicidade que reside em nós, em cada ser humano, torna impossível prever o que acontecerá em longo prazo.

Entretanto, essa busca do consumo desenfreado como base de uma felicidade efêmera fez e ainda faz muito sentido para muita gente. Quando falo “gente”, refiro-me a uma média social construída ao longo de centenas, talvez milhares de anos.

A máquina do consumo é um mecanismo de relativo “sucesso” para quem detém o poder e concordo até certo ponto com a ideia de que, dependendo de quão longe o efeito da pandemia vá, é bem provável que o retorno a esse mecanismo se dê em médio e longo prazo e uma mudança duradoura nas relações de consumo e produção não deve se sustentar.

Mas isso também não significa necessariamente que voltaremos para o mundo de ontem.

Um argumento bem direto: o mundo está percebendo que a globalização tem efeitos bastante negativos. Independente de quando essa crise acabará, tenho a plena certeza de que os governos estarão mais preocupados em cultivar nacionalmente uma independência internacional de produtos, serviços e insumos. Talvez o nacionalismo ressurja com características distintas.

Minha carreira profissional foi construída duas vezes na área de tecnologia.

Primeiro, na área mais técnica, até quebrar com a bolha da internet na virada do século. De lá para cá, voltei para a área comercial de importantes empresas multinacionais de tecnologia. Contudo, em 2018 e agora, novamente, encontro-me sem emprego e sem perspectiva de recolocação.

De fato, participei de vários processos de seleção: passei em dois que foram abortados por causa da pandemia.

Hoje, apesar de já ter entrado no dinheiro da aposentadoria, tenho saúde financeira para nos manter aqui em casa por mais alguns meses, considerando todas as economias e restrições possíveis.

Entrei numa nóia gigante de controle e isso tem trazido uma profunda tristeza ao ponto de questionar qualquer centavo gasto em qualquer coisa, até nas pequenas que podem trazer um pouco de felicidade.

Sou leitor compulsivo e tenho medido até os livros que compro no kindle, talvez uma das últimas diversões que tenha restado, além de olhar a varanda e fazer vídeo chamada com os próximos.

Ao pensar sobre isso, considero-me altamente privilegiado… e concordo com a perspectiva de que “só acho que o mundo pode eventualmente melhorar porque tenho o que comer e um teto”. Se hoje a situação fosse de completa ausência financeira e de onde morar, é bem provável que a minha perspectiva de futuro fosse bem pior.

Minha primeira crise de depressão foi quando a bolha da internet estourou e fiquei 3 anos desempregado. Ao longo dos últimos vinte anos, experimentei outras crises, mas apesar de tudo, olho para o passado e percebo claramente que sim, o ser humano é capaz de mudar. Apesar da situação atual, creio em um futuro melhor justamente por causa desse passado.

Portanto, não desistam.

Por favor, acreditem. “Não saber” é o campo da criação.

Agradeço com amor a @reebeccalouise por transformar um email para Flor e Manu em textão. <3

7 comentários

  1. Este está a ser um momento de criação incrível! Enorme.
    Reconheço que nem sempre sou capaz de usar aquilo que sei em melhor benefício próprio. E às vezes contenho-me de escrever certas coisas por achar que a minha vida não é grande exemplo do quão poderosos, em termos de criação, nós realmente somos. Mas, mesmo assim, não tenho dúvidas e repito: este está a ser um momento de criação INCRÍVEL!

    1. Sem dúvida Susana! Nunca estudei tanto, li e aprendi tantas coisas novas! Escreva, expresse-se, põe pra fora! Um beijo do Brasil à Portugal!

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